quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

SUA REDE, SUA VIDA

Muito cedo deu seu grito de independência, sabia por extinto que havia chagada a hora de viver sua proporia vida, sem depender de seus pares.
Ainda era bastante jovem, mas havia aprendido tudo que sua mãe havia lhe ensinado, e por certo conseguiria viver, mesmo nos lugares mais estranhos, para isso havia aprendido a arte de confeccionar rede, tirando a matéria prima do que havia de melhor nos arredores do local onde tinha resolvido residir.
Alimentar-se, isso seria no momento seu maior problema, mas tentaria passar a maior parte do tempo, trabalhando ou descansando, e assim pouparia suas forças, para continuar a labuta diária, sabia que jamais receberia da família ajuda, haja vista que com sua saída, seria logo esquecida, e também sabia que estaria correndo risco de vida, se aparecesse novamente na casa de onde havia acabado de sair.
Conformada, porem sem demonstrar nenhum arrependimento, e sem ao menos se voltar para olhar, o lugar onde viveu durante para ela, um longo tempo. Já havia escolhido o lugar onde iria viver, era um local onde durante o dia ela estaria protegida; e a noite? Como seria? É, durante o dia estaria protegida dos malfeitores, e trabalharia para ter sempre seu sustento, à noite, mesmo as mais escuras, estaria atenta para não ser surpreendida, estaria sempre na defesa, mesmo deitada em sua sede, construída de forma esmerada, o que lhe dava muito orgulho.
Sua casa era sua rede, dela, desde que a construiu sabia que estaria dependente, tanto para se alimentar quanto para descansar, (o que fazia na maioria das horas do dia), sabia que em seu caso, havia um ditado popular que definia muito certo sua existência, que era: crias fama e deitas na cama.
Por isso, não precisava trabalhar tanto, apesar de saber que a tarefa de esta sempre aperfeiçoando a forma de fazer redes, era interminável, jamais durante sua existência pararia de confeccioná-las.
Estaria sempre de mudanças, até encontrar um companheiro, que a ajudaria a construir nova família, e sabia também que ele não a ajudaria a criar sua prole, mas mesmo assim a vida tinha que continuar.
E, levando uma vida que para uns era bastante monótona, para ela era bastante sacrificada, e perigosa, pois tinha que se defender de inimigos muitas vezes mais forte que ela, e bem maiores. Mas ela tinha uma defesa que nunca falhava, “sua rede”, construída com os mais fortes fios, tirados de suas entranhas, rede essa tecida de forma perfeita, onde qualquer um que tivesse a desventura, de tentar molestá-la seria sem dúvidas, seu alimento do dia seguinte.
É dessa forma que vivem as tarântulas. Espécie da qual ela se orgulhava de pertencer, seus parceiros só teriam o prazer de tê-la em seus braços apenas uma vez, ela não daria para ele outra chance, e todas as vezes que ela estivesse; “disponível para o amor”, teria uma alimentação dos deuses durante e pós-ato sexual, devoraria com o maior prazer, a cabeça daquele que com ela se entregou, ao ato perfeito de amar, porque ela é uma “viúva negra”.

TRAIÇÃO VIRTUAL


A cada dia nos aparecem casos que não consigo absolver, talvez pela forma que se dão os fatos, ou porque ainda não me adaptei completamente ao mundo virtual.
No caso em tela, poderá até ser um caso real, vai depender apenas da forma de julgamento ao qual o leitor proceda.
É um casal “quase” perfeito, ela, bastante ativa, ele calmo, extrovertido, ela batalhadora, ele de uma inércia de dar dor de cabeça, ela alegre, festiva, ele pacato, moroso, “tímido”, ela uma lagarta taturana, ele uma minhoca da lama, como os opostos se atraem, foi dessa forma que os dois se encontraram.
No inicio, com sua timidez ele não conseguia se aproximar dela, sim estava bastante difícil, afinal ela era a filha do patrão. Ela por sua vez sentia por ele uma forte atração, afinal ele não era “de se jogar fora”, então partiu para o ataque. Vamos nos conhecer melhor, (falou ela), ele assustado ficou na duvida, então, ela pegou em seu braço, olhou no fundo de seus olhos e disse: quero e preciso de você! E estamos conversados! Naquele mesmo dia se amaram, com a maior intensidade que dois amantes possam ter, era suas primeiras vezes.
Casaram mesmo contra a vontade dos pais dela, (ele é um banana, falavam seus irmãos), e ela como adorava frutas, não se importava com os comentários os quais ela chamava de maledicente. Logo vieram os filhos, um a cada ano, no inicio todos da mesma cor, depois do segundo, foram aparecendo variedades de cores, o terceiro, mulato; o quanto cafuzo, mais um, nissei, foi quando ele resolveu parar de fazer filhos, (ele resolveu), e ela? Não sabia, e teve mais uma, com os olhinhos rasgados, perecia uma chinesa.
Passam-se os anos, ela trabalhando, ele tomando conta da casa e das crianças; aos pouco foi se adaptando com a figura de um computador instalado no quarto de trabalho, foi teclando, foi se familiarizado, e em pouco tempo, já estava dominando o PC de forma quase profissional, criou uma pasta exclusiva sua, com senha de acesso, e iniciou uma navegação que para ele era o máximo, conheceu algumas “gatinhas”, e com elas passava os dias à espera da esposa, mas teclando com suas “mulheres”, como ele as classificava, se eu tenho algumas dúvidas quanto a paternidade de meus filhos, porque não trair minha amada virtualmente? Sexo em casa nunca mais.
Todo isso durou pouco tempo, até um dia, inadvertidamente deixou sua pasta exposta a visitação de qualquer um, e a primeira visita foi feita por ela, que quando viu na tela a nova amante do esposo, (mesmo sendo virtual), ela não admitiu, era uma falta de respeito e principalmente de criatividade, por parte dele.
Dele ela admitia tudo, menos traição virtual, até admitiria se tivesse agido como ela, traição real, sem intermediários, sem senhas de acesso, mas, sentado, em frente ao computador, isso para ela era inadmissível, teriam que separarem-se imediatamente. Nunca esperei isso de você! Se ao menos tiveste criatividade em tua traição, até aceitaria, mas fiques sabendo que de mim não restará nem lembranças, retirou de casa todos os móveis e partiu para um bairro bem distante de onde eles moravam.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A VACA DA ÍNDIA


Em ambientes onde houvesse alegria, por certo lá estaria presente Felícia, sim porque essa jovem como seu nome, era sinônima de alegria, de felicidade; felicidade essa que ela espalhava com sua presença.
Sempre alvo dos comentários de todos seus amigos. Que forma é essa adotada pela “Lili”? Não a encontramos nunca triste, está sempre de bom humor, duvido que alguém e tenham visto chorar, a alegria é seu lema.
Eu sou como a “vaca na Índia”, (afirmava a Felícia), querida por todos, até “adorada” por alguns; tenho livre acesso a locais onde muitos são impedidos de freqüentar, chego à casa dos amigos e não preciso tirar os sapatos para adentrar, às vezes nem preciso me anunciar, vou chegando e entrando.
São esses os motivos, que me permitem, ser feliz trezentos e sessenta e cinco dias por ano, e de quatro em quatro anos me permito ser feliz trezentos e sessenta e seis dias, assim sigo minha vida, procurando sempre dar bom humor as coisas, por mais tristes que possam parecer.
Os jovens gostavam de conversar com a “Lili”, davam a ela carinho maior que davam para as outras jovens da mesma idade, isso porque ela era uma espécie de confidente, e retribuindo, dava pra eles conselhos “sempre bem humorados”, de como poderiam superar aqueles momentos tristes.
Não notava, mas, enquanto suas amigas (que dela não tinham o menor ciúme), namoravam bastante, para ela era raro namorar, nunca deixou de ter sempre alguém que mantivesse por ela uma paixão; paixão essa, que com o passar dos dias ia se transformando em amor fraterno, seus ex-namorados transformavam-se rapidamente em “irmãos”.
E assim foi passando o tempo, horas, dias, meses, anos, décadas e a felicidade d’aquela, agora senhora, permanecia a mesma, as amizades cresceram, as pessoas continuavam, venerando o bom humor da Felícia, e com ele também a sua dona.
Passa o tempo, agora a anciã “Lili”, beira os cem anos, sempre esbanjando humor e felicidade, rodeada permanentemente por amigos, sabia que muito em breve teria de deixá-los, iria se reunir aqueles que já haviam partido, mas sabia encarar a realidade. Temos todo o mesmo destino, a certeza é a morte, mas quando partir, eu quero em minha lápide o seguinte epitáfio:
AQUI SE ENCONTRAM OS RESTOS MORTAIS DE FELICIA ALEGRETE RISO, AQUELA QUE VIVEU COMO AS VACAS NA ÍNDIA, E ASSIM COMO ELAS, “MORREU”.
E justificou: na Índia as vacas são consideradas animais sagrados, portanto morrem de velhas, e ninguém come.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Seu Lunga - A galinha e a bacia


Estávamos vivendo momentos de completa calmaria, naquele domingo, ao longe ouvíamos sons diversos, uma música antiga, o ladrar de um cão, ou até a zoada de um motor que passava ao longe, dona Nanci falou: deve ser o carro de dona Odete, esta com o motor um pouco avariado, ela me falou ontem quando nos encontramos na feira, até me ofereceu carona, mas eu rejeitei, porque precisa muita coragem para entrar naquele calhambeque, todos riram com o tom de brincadeira como foi dita a frase.
E aí? Falou o Nivson; os visinhos têm estado sempre presentes? É claro respondeu a dona da casa, nossa vizinhança é bastante unida, e uns ajudam os outros, é uma comunidade bastante agradável de conviver. Às vezes um destoa, saindo das regras, mas nada que venha afetar o restante do pessoal, sabes como é, a convivência onde as pessoas têm quase a mesma idade, cada um vive em sua casa, e conversam sempre no final das tardes, aqui funciona quase como um condomínio fechado.
Nesse instante se ouviu uma gritaria vinda da casa do Amaurycio, eram gritos de raiva, com alguns impropérios, todos os visinhos se dirigiram para frente das casas, para ver o que estava acontecendo, isso porque não eram comuns, esses acontecimentos. Os gritos continuaram e vinham mesmo do quintal da casa do Amaurycio, que de repente aparece com uma bacia na mão, correndo atrás não se sabia de quem, logo atrás vinha a sua esposa, dona Sida, segurando o vestido longo, e pedindo: deixa ela, véio! Deixa ela!
Quem seria “ela”? O muro alto não permitia que víssemos quem era o alvo da fúria do Amaurycio, “corre para lá, corre para cá”, só se via a Sida, pedindo para que não fizesse nada com “ela”.
Foi quando vimos alçando vôo por cima do muro, totalmente desesperada, a peladinha, uma galinha caipira de estimação da Sida, e logo atrás dela voando na mesma altura, mas com velocidade muito maior, a bacia, que o homem até aquele momento tinha mantido nas mãos, como uma arma demolidora.
Mas, a experiente galinha desviou no momento exato que seria atingida, e a bacia novinha, continuou voando, e como um disco voador, posou sobre uma mangueira a metros de distancia da casa do Amaurycio, e em um local onde o velho “Lunga” só poderia alcançar se subisse na arvore (coisa impossível para o ancião Amaurycio), que em seguida apareceu no portão, tentando justificar para a vizinhança seu ato.
Pessoal, imaginem que essa galinha de uns dias para cá, tem ficado muito desobediente, estava ciscando no quintal; eu pedi para ela parar, uma, duas, três vezes, ela não obedeceu, quando eu pedi pela quarta vez, ela ficou zombando de mim, cantando sem parar, quanto mais eu falava mais ela cantava, então não tive outra alternativa senão, dando-lhe uma surra de bacia.
Só que a Sida passou a semana toda chorando, porque a sua galinha de estimação, passou por cima do muro, e continuou em sua fuga salvadora, caindo no quintal não se sabe de quem. Só que na quarta feira, apareceu no lixo da casa do Amaurycio uma sacola com as penas da peladinha, que em sua fuga louca foi parar exatamente no quintal de quem gostava bastante de comer galinha caipira.

UMA FÁBULA - FUGA ESTRATEGICA


Depois de 40 anos de labuta, estava aquele executivo, pronto para sua aposentadoria, trabalhou durante tudo o tempo, sem se importar com esse momento, dizia ser um premio, por ter conseguido se manter no mesmo emprego, e com uma dedicação impar.
É chegado o momento de mais 40 anos apenas no lazer, e sorria feliz; os amigos davam o maior apoio. Pronto chefe: agora esperamos encontrá-lo, sem esse terno quente, vestindo uma roupa esporte e dando suas voltas pela praia, apreciando as belezas da natureza, e das garotas de fio dental, desfilando somente para o senhor, (e todos riam dando tapinhas de carinho nas costas do executivo).
Então chegara o dia tão esperado, sexta feira, 21 de dezembro, final de ano, festas natalinas, confraternização universal, início do verão, tudo contribuindo para que desse certa a nova vida do Dr. Wallace.
Na empresa, prepararam uma festa de despedida, do patrão recebeu de presente, um carro zerinho, e dos companheiros, assinatura anual dos dois maiores jornais da cidade, (esse presente é para que o senhor esteja sempre atualizado), e para não perder o costume que é bastante salutar, (falaram), e nesse clima de total alegria vai para casa, o Dr. Wallace Nunes de Melo, engenheiro e administrador de uma grande empresa.
Final de semana tranqüilo, com os amigos sempre presentes, desejando bons dias futuros para o novo aposentado, quando chega à primeira segunda feira do aposentado. Como de costume, acorda cedinho, toma banho e vai ou quarto por o terno para mais um dia de labuta, quando é surpreendido pela esposa que diz: agora, estás aposentado homem! Põe o short e vá a praia aproveitar teu primeiro dia da aposentadoria, (ele havia esquecido).
Foi para o terraço, leu os dois jornais, tomou um suco trazido pela empregada, chamou a esposa e comunicou: vou fazer uma caminhada, aproveitar o sol que está bastante convidativo. Pôs um tênis, colocou o gorro sobre a cabeça e saiu, algum tempo depois volta, e olhando para o relógio vê que ainda são dez horas da manhã. Senta novamente no terraço, tira os tênis, apanha um dos jornais já lido, abre na página de entretenimentos, faz as palavras cruzadas, volta o olhar para o relógio; 10h30min, (o que fazer)?
Foi nesse exato momento que o seu cão, um perdigueiro “de raça pura”, passa por ele abanando a calda alegremente, quem sabe dando a ele as boas vindas, seria para o cão uma companhia bastante agradável, e para ele, o cão seria de agora em diante sua válvula de escape contra o stress.
Ato contínuo; pôs a coleira no animal, caminhou em direção a torneira do jardim, retirou dos pés o chinelo, apanhou a mangueira e deu “aquele” banho no cachorro, banho com direito a xampu e tudo mais.
- Na terça feira, o mesmo ritual do dia anterior: banho matinal, desjejum, terraço, leitura dos jornais, e inovou. Antes de sair para caminhar, fez as palavras cruzadas, olhou para o relógio, 8h15min, chamou o cachorro, colocou a coleira no animal, e saíram os dois a passear pela praia.
Quando cansou de idas e vindas, tendo sempre ao lado seu companheiro, resolveu voltar para casa; no portão, olha para o relógio, l0h30min, deixa o perdigueiro “de raça pura”, amarrado junto a torneira do jardim, retira o par de tênis, volta e da aquele banho no cachorro, (era dia de natal).
Quarta feira, após uma noite de festa, acordou um pouco mais tarde; antes do banho, sentou no terraço, leu os jornais, voltou ao quarto, tomou banho, sentou-se à mesa para tomar o café da manhã, (estava um pouco ressacado), tomou apenas um suco de laranjas, foi ate a casinha de seu “amigão”, ele não estava, resolveu sair sozinho, comunicou a esposa, e foi fazer uma pequena caminhada, voltou logo em seguida. Como de costume, consultou o relógio para sabes a hora: l0h35min abanou a cabeça e se dirige ao quintal.
Foi até a casinha do velho perdigueiro, não o encontrou, procurou por toda a casa, nada do cão, busca d’ali, busca d’aqui, (nada), foi quando a babá, gritou: ele está aqui em baixo da minha cama, todo amuado, tentei tirá-lo,quis me morder. Deve estar doente; está nada! Ele está com medo de tomar banho, (afirmou o aposentado), mas ele não vai me escapar, gosto de cachorro limpo, e, retirou o animal de baixo da cama, levou-o ate o jardim, e nesse dia caprichou no banho.
Quinta feira, 26 de dezembro, aniversário de seu irmão caçula, hoje teria o dia cheio de “trabalho”, o irmão estava de férias, e tinha solicitado sua ajuda, para organizar a comemoração de logo mais a noite, marcou para se encontrarem às 13h30min. Logo após o desjejum, resolveu que antes de sair para a caminhada, ou ler o jornal, daria logo banho no perdigueiro “de pura raça”, preparou o ambiente, abriu o xampu novo, conferiu o cheiro, e foi em busca de seu “parceiro de caminhadas”, ele o esperava de dentes a amostra, os olhos do animal demonstrava que aquele ritual, não o agradava de forma nenhuma. Banho todos os dias, em um cachorro? A esposa olhava preocupada.
Mas depois de muita luta o homem, totalmente suado, conseguiu retirar o bicho de seu refúgio, e a grandes brigas, deu no animal o banho de todos os dias. Durante o restante do dia ninguém viu mais o cachorro perambulando por dentro de casa. Quase a noite foi visto escondido na área de serviço, por trás da máquina da lavar, (naquele dia ele não comeu nada).
Sexta feira, o aposentado só voltou para casa depois do almoço; quando entrou em casa, foi logo perguntando para a empregada, onde estará aquele vira-latas perdigueiro “de raça pura”? - Esteve por aqui o dia todo (respondeu a mulher), mas, quando ouviu o motor do carro foi direto para o fundo do quintal. Se ele pensa que hoje vai escapar do banho está completamente enganado, (retrucou o dono da casa), e, do jeito que estava vestido, apanhou a coleira e foi buscar o animal, que resignado, e arrastado como se fosse um brinquedo, deixando as marcas de suas paras riscadas no chão, foi conduzido ao jardim, e lá, sem esboçar nenhuma reação, deixou que o aposentado externasse todo seu stress, dando-lhe banho.
Sábado; a Sr. Dr. Wallace Nunes de Melo, (agora apenas um aposentado), resolveu: iria ao shopping comprar presentes para ser distribuídos no ultimo dia do ano. Foi até a garagem, ligou o motor do veículo, acionou o controle remoto, para abrir o portão, foi devagar, movimentando o carro, para fora da casa. Não notou que logo atrás, toda agachada, seguindo o carro, uma figura branca, toda malhada com pontos pretos, e de quatro patas, se esgueirava de mansinho, e num passe de mágica, saiu, em desabalada carreira, no sentido contrário ao do veículo, o senhor voltou a acionar o controle, e o portão se fechou logo em seguida.
Quando de sua volta, procurou “seu amigo” para juntos fazerem sua caminhada (só que naquele dia seria a tarde), não o encontrou dentro e nem fora da casa, apesar de ter percorrido todo o bairro, de pé e de carro, ninguém tinha visto o animal de estimação do casal, Wallace e Lucia Nunes de Melo.
Dois dias depois receberam uma ligação telefônica de um amigo que tinha ido passar o final de ano no estado visinho, afirmando que havia visto o perdigueiro “de raça pura”, e quando ele parou o carro e chamou o animal pelo nome, ele olhou, e sem pensar, entrou no mate em desabalada carreira.
O casal Nunes de Melo, definitivamente, tinha perdido seu animal de estimação.
E como toda fábula tem que terminar com uma frase, que é característica.
Moral da história: Aposentado em casa, nem o cachorro agüenta.

CORDEL MÁXIMO


Agora vou lhes contar
um causo muito importante,
que aconteceu na cidade,
de um lugar muito distante,
quem souber onde ela fica,
é que foi participante
e fez parte da história,
que é muito interessante.

A historia aqui contada,
me leiam com atenção,
só quero causar transtorno
a quem ler na contra-mão,
vou começar a narrar,
a historia do Janjão,
morador dessa cidade,
bem no meio do sertão.

João Maria Machado,
filho do velho Zezão,
sujeito bem conhecido,
no meio da multidão,
por ser valente e calado
pra não chamar atenção,
teve apenas um filho,
com Maria Canelão.

A cidade é conhecida
e fica do outro lado
do riacho piancó,
mas tomem muito cuidado.
Os que nascem na cidade,
nascem meio avantajados,
tanto eles quanto elas,
por todos muito invejados.

As mulheres da cidade
se acham boas demais,
pra agüentar os jumentos,
velho, menino ou rapaz,
que já nascem bem dotados,
com bilau grande demais,
elas, bem apessoadas.
E não ficam para traz.

O garoto João Maria,
parecia diferente
dos homens desse lugar,
mas vivia bem contente,
andava bamboleante,
no meio de toda gente,
não ligava pras fofocas,
do povão ou de parente.

As pessoas assim falavam:
prestem atenção minha gente,
as mulheres aqui se queixam,
do que agüentam na frente,
imaginem esse garoto,
de trejeito diferente,
agüentando no traseiro,
a rajada do Vicente.

O Vicente era famoso,
por ser, MUITO, ATÉ DEMAIS,
só quem podia com ele
era Maroca do Brás,
a quenga mais afamada,
da rua dos carcarás,
que é onde fica a zona,
da cidade meu rapaz.


Maroca tinha um parceiro,
o garoto diferente,
que dividia com ela,
os carinhos do Vicente,
semana comia um,
o outro ta no pendente,
nenhum deles reclamava,
pois viviam bem contente.

Alem de tudo o rapaz,
que era bem delicado,
agradava todo mundo,
dentro do povoado,
quem quisesse tinha vez,
menos quem fosse casado,
porque o Janjão falava,
sou homem, não sou viado.

Os homens se reuniram,
mesmo no meio da praça,
do jeito que a coisa vai,
vamos ficar na desgraça,
vamos expulsar o Janjão,
para limpar a nossa raça,
temos que tirá-lo daqui,
nem que seja por pirraça.

Calma, amigos! Por favor,
vamos falar com Zezão,
pai do garoto sapeca,
será que ele sabe ou não?
Se souber vai ser danado,
ele é valente e brigão,
tanto ele quanto a mãe,
a Maria Canelão.

Biu mago formou o grupo,
criaram uma comissão,
foram pra casa do Zé,
parecia procissão,
havia gritos de comando,
nessa organização,
hoje expulsamos a bichinha,
conhecida por Janjão.

Quando chegaram na casa,
o Janjão pulou na frente,
mas me digam por favor,
o que ta havendo, gente?
Você ta dizendo que é homem,
falando feito o tenente,
se puder provar que prove,
ou então saia da frente.

Provo sim, que eu sou homem,
e já vou lhe definindo,
sou homem sim meu senhor,
tanto indo quanto vindo,
que dê um passo a frente,
quem achar que estou mentindo,
que ele agüente chorando,
o que eu agüento sorrindo.

Todos ali se calaram,
e olharam para o chão,
alguém gritou: ta é certo,
a garotinha Janjão,
vamos voltar lá prá praça,
tomar nosso chimarrão,
depois é que vamos ver,
se tem outra solução.

Vamos torná-la mascote,
filha única do Zezão,
propagar por todo canto,
que o nosso garanhão,
não é homem nem mulher,
e diz que é bem machão,
ele anda para traz,
de RÉ, E NA CONTRA MÃO.

E assim ficou definido,
tudo sério e sem graça,
o maior homem do lugar,
é homem de muita rala,
toma cana de cabeça,
não tem medo de cachaça,
vamos homenageá-lo,
com uma estátua na praça.

Cento e trinta e dois


Chegaram os sessenta e seis, / motivo pra me alegrar,/ fizemos muitos amigos,/ e poucos, deixa pra lá, /aqueles que ainda estão, /servem para amenizar,/ os momentos de tristezas,/ o resto da pra agüentar.
Lembro-me quando criança, /brincava muito, e corria, /meus velhos sempre ensinavam,/ande em boa companhia,/com os bons terás o bom,/ com os maus só covardia,/ aqueles que são amigos,/ terás sempre todo dia.
Assim foi passando o tempo,/ até me tornar rapaz,/ jovem, belo e vigoroso,/ fazia o que o jovem faz,/ namorar, dançar, curtir,/ estudar até demais,/ e assim seguia a vida,/ nem olhava para traz.
Com vinte e um me casei,/amava e continuo amar,/ minha eterna namorada,/ carinho demais pra dar,/vivemos muito unidos,/ nada tenho a reclamar,/ se ela não existisse,/ eu mandava fabricar.
É minha melhor amiga,/ uma esposa perfeita,/ dona de casa sem par,/ carinho nunca rejeita,/nos momentos de tristezas,/ transforma tudo e ajeita,/ deixando-me mais seguro,/meu Deus, que mulher porreta.
Fizemos juntos três filhos, /dois homens e uma mulher,/ orgulhos do velho pai,/você sabe como é,/ nos deram mais cinco netos,/fora os de contra pé,/ até bisneto já tenho,/flores lindas alegram nosso sapé.
Alegria é o meu lema./ respeitador com prazer,/ amigo de meus amigos,/ inimigos nem pra ver,/ minha família é meu dia,/ minha noite, o amanhecer,/ minha estrada, meu rumo,/meu destino meu lazer.
Quando olho para traz,/ não vejo missão cumprida,/olho pra frente, e vejo,/ uma estrada bem comprida,/ cheia de altos e baixos,/mas tem que ser percorrida,/ quem quiser aprender muito,/ não tenha medo me siga.
Vou lhes contar um segredo,/ e digo a todos vocês,/ medo da morte não tenho,/ digo isso com altivez,/ sei que vou muito mas longe,/ pra isso me preparei,/ estou na metade da vida,/ tenho mais sessenta e seis.

Réquiem para uma mãe


Amanhece; um sol exuberante ilumina com seus raios tudo que esta ao seu alcance, é de fato algo indescritível; para uns o máximo de exuberância, para outros apenas mais um dia que esta começando.
Será que aquele que vibra com o raiar de mais um dia é alienado, ou apenas uma pessoa, que tem a natureza como um símbolo de beleza? Como vamos identificar quem é ou não seu amante? Muito fácil: quem vibra canta hinos em louvor a mãe suprema é, e quem não, canta o réquiem à mãe natureza.
Como estamos nos comportando, ao certo em breve não conseguiremos mais ver tudo de belo que hoje temos o privilégio de ver, pois somos responsáveis diretos, e estamos assistindo a natureza aos poucos agonizando diante de nossos olhos, sem que tomemos uma atitude para salvar aquela que nos mantém vivos, parece um paradoxo, estamos matando nossa mãe.
Quando o ser humano visa apenas seu bem estar, esquece que sua sobrevivência depende da natureza; o homem sente-se feliz quando em finais de semana junta sua família e se refugia em lugares bucólicos, onde a mãe natureza mostra toda sua exuberância, sem cobrar dele nada, apenas que contribua para preservá-la sempre bela. Logo que se afasta do lugar conta aos amigos sempre vibrando do local onde esteve, mas em seguida começa a destruição, poluindo, degradando o meio ambiente, danificando as paisagens, sem o menor escrúpulo. Mas isso ele não conta para os amigos.
Estamos todos vendo ela aos pouco sendo destruída, sem a menor piedade, as autoridades que deveriam criar leis de preservação, criam leis que favorecem a destruição, o desmatamento.
Onde estão as matas ciliares, que favorecem a preservação das nascentes, a manutenção das margens, protegendo os rios contra o assoreamento.
Temos que tomar imediatamente uma atitude, sob pena de que as gerações futuras não tenham o direito como nós estamos tendo de convivermos e interagirmos com o que existe de mais belo, a natureza.
Estamos caminhando a passos largos, no sentido de não permitirmos que nossos “filhos” sobrevivam, estamos sendo mentores de uma fase em que mata atlântica, nascente de rios, manguezais, caatingas, vales, pantanais, lagos, florestas, geleiras, paraísos naturais e outros, sejam apenas fotos e pinturas expostas em grandes museus, para serem observadas por indivíduos que sejam obrigados a manter sobre seu corpo, tanques ou reservatórias de oxigênio que auxiliem sua respiração, isso porque sem o uso permanente desse apetrecho, os homens estarão condenados a não sobrevivência em um planeta inóspito, e totalmente inviável a sobrevivência do ser humano.
Seremos um planeta onde montanhas de sal serão observadas, por telescópios, super potentes localizados a milhares de quilômetros acima de nossas cabeças, sal esse advindo do sistema de dessalinização dos oceanos, que aos poucos irão sumindo, provocando grandes catástrofes que em progressão geométrica vão eliminando a grande população de um planeta outrora chamado terra.

Um perfume para Gardeania


1
Esse causo, não é causo,
lhes conto com emoção,
quero que todos entendam.
e prestem bem atenção,
é fato bem verdadeiro,
que aconteceu no sertão,
por volta do mês de junho,
pós festa de são João,
2
Os garotos festejavam,
e comiam pra valer,
de tudo comiam um pouco,
canjica, pamonha, pavê,
bacalhau feito na panela,
com azeite de dendê,
o Cardoso comeu tanto,
que chegou adoecer.
3
No dia seguinte Cardoso,
teve que ir trabalhar,
pois tinha serviço certo,
e tinha que entregar,
senão perdia o contrato,
e não podia falhar,
desse, viriam mais outros,
e grana para comprar,
4
sapato e vestido novo,
pra mais bela do lugar,
sua amada , namorada,
a Gardeania Guaraná,
irmã do Zeca paçoca,
empresário popular,
que fabricava bonecos,
pro povo mamulengar.
5
0 Zeca olhava Cardoso,
de um jeito diferente,
o Cardoso era gordinho,
mas um cara boa gente,
namorava a sua mana,
ele ficava contente,
sabia que era a chance,
dela não virar semente.
6
Mas vamos voltar ao Cardoso,
com sua barriga inchada,
ele peidava demais,
mesmo estando na calçada,
os colegas reclamavam,
manda o Cardoso pra casa,
e o Cardoso respondia,
parece que comi brasa
7
O gorducho procurou,
o banheiro no quintal,
mas ele estava ocupado,
pelo famoso Pascoal,
que esteve também a noite,
na festa do arraial,
foi cagar dentro da lata,
tapem a venta pessoal!
8
E dessa forma foi feito,
o despacho do Cardoso,
cagou tudo numa lata,
e não pediu nem socorro,
pois estava aliviado,
de todo aquele transtorno,
depois do serviço feito,
limpou o “seu” com o gorro.
9
Cardoso fechou a lata,
tampando bem direitinho,
colocou atrás do muro,
e saiu bem de mansinho,
amanhã eu volto aqui,
deixo tudo bem limpinho,
agora volto ao trabalho,
terminar meu bonequinho.
10
Os dias foram passando,
sem o Cardoso lembrar,
do que estava na lata,
que ele tinha de limpar,
7 dias se passaram,
ele lembrou e foi lá,
quando olhou para a lata,
disse ela vai é estourar.
11
Mal ele saiu d’ali,
um estrondo aconteceu,
e quem estava na rua,
pra casa logo correu,
parece que é trovão,
mas a chuva não choveu,
em vez de cair água,
só mal cheiro aconteceu.
12
Durante mais de 10 dias,
a catinga foi geral,
fedia em todo o bairro,
fedia na capital,
mandem chamar o bombeiro,
gritava o pessoal,
já localizamos a fonte,
ta no fundo do quintal.
13
O Cardoso todo sem graça,
só fazia comentar,
quem terá sido o artista,
que não quer se identificar,
vamos dar a ele um premio,
como o primeiro lugar,
inventor dessa aroma,
a qual vamos batizar.
14
E foi assim dessa forma,
que surgiu novo perfume,
o perfume de Gardeania,
feito com um bom estrume,
do Cardoso tocador,
que não tinha nem ciúme,
por isso ficou feliz,
pois saiu dessa impune.
15
Parece que era segredo,
a historia aqui contada,
fiquem certo que a verdade,
um dia é revelada,
mesmo sendo do Nordeste,
o autor dessa jornada,
que revelou o segredo,
do Cardoso camarada.
16
Jovens, prestem atenção,
O que passou ta passado,
Tamos só de brincadeira,
Agora é ele afamado,
Conhecido no lugar,
Eita cabra arretado,
Seu nome esta bem acima,
E muito bem revelado.

Angu sem Caroço


Quando o Cabral que era Pedro,/ quis descobrir o Brasil,/ escolheu um dia bom,/ era primeiro de abril,/ saiu de Lisboa manguaçado,/ assim mesmo conseguiu,/ em sua jangada tosca,/ formar um bom pastoril.

Chamou Dom Pedro segundo,/ pra tocar seu violão,/ pediu a dona Izabel,/ segura meu rabecão,/ que hoje aqui vai ter festa,/ brincadeira de salão,/ seu par vai ser Tiradentes,/ o Sardinha, capelão.

Oh Pero! Vás, com a minha,/ lá pro fundo do quintal,/ avisa que o Conde deu,/ a guitarra e o berimbau,/ pro Padre Feijó, sem saia,/ que escondia o bilál,/ fantasiado de Adão,/ pra brincar no carnaval.

Escreve aí, Deodoro,/ o que vamos descobrir,/ começamos na Bahia,/ e vamos pro Piauí,/ piar de ponta cabeça,/ correr, trepar, e subir,/ no pau de sebo da praça,/ beber, pagar, e sair.

Dom João Sexto olhava o Quinto,/ olhava e não via nada,/ tinha perdido os óculos,/ na festa da madrugada,/ a carraspana foi boa,/ com cana bem preparada,/ pelo Getulio, o Vargas,/ o melhor da cachaçada.

A frota foi preparada,/ com três jangadas bonitas,/ Maria, Pinta e Nina,/ de velas muito esquisitas,/ feitas com rede de pesca,/ e enroladas com fitas,/
bordadas com lantejoulas,/ construídas por Anita.

O Luiz, que é bom de tapa,/ conhecido Por Caxia,/ gritava, todos a bordo,/ a jornada se inicia,/ vamos atravessar o mangue,/ cantando a Ave Maria,/ não tenham medo do vento,/ aqui tudo é calmaria.

Viajaram por três dias,/ e foi assim pessoal,/ que durante essa viagem,/ de festança e bacanal,/ que os índios brasileiros,/ com suas nudez total,/ criaram o Pierro ut,/ inventaram o carnaval.

Quando chegaram; a praia/ estava quase um deserto,/ desceram de seu transporte,/ que já estava repleto,/ de presentes e bugigangas,/ distribuídos correto,/ com os farofeiros na areia,/ que protestavam, por certo.

Cabral ficou arretado,/ gritava: assim não vai dar!/ Vamos formar uma fila,/ temos que organizar,/ primeiro chamem o Lula,/ que gosta de enrolar,/ o povo besta e pacato,/ deste país popular.

No Lula faltava o dedo,/ mindinho em uma mão,/ quem foi que comeu o dedo?/ O Felipe Camarão,/ queria comer Lula todo,/ mas ele deu um puxão,/ deu um pulo do riacho,/ tu vai é comer é o cão.

Deodoro deu um grito./ INDEPENDÊNCIA OU MORTE!/ Se alguém escapar dessa,/ é que vai ter muita sorte,/ sorte ali e pegue aqui,/ quero fugir desse corte,/ depois de toda essa trama,/ não tem pau que não entorte.

Os Conselhos do Antonio,/ era para apaziguar,/ os ânimos que no momento,/ estavam pra estourar,/ tira d’alí, e põe aqui,/ todos queriam enricar,/ o ouro corria solto,/ se roubam, vamos negar.

O Dom João tomou ciência,/ do que estava acontecendo,/ chamou logo o Calabar,/ e foi logo lhe dizendo,/ vá direto pro Brasil,/ e logo vás escrevendo,/ me diz tudo direitinho,/ como eles estão procedendo.

Cala; cala, esse safado,/ gritou alguém na retreta,/ cortemos a perna dele,/ ela vai ficar perneta,/ leva ele lá pra mata,/ só com a perna direita,/ será o Saci agora,/ do folclore, um capeta.

De repente fez-se silêncio./ era Mauricio, o Nassau,/ que chegou de bicicleta,/ com sua perna de páu,/ trazia junto o Pereira,/ que Duarte pega mal,/ com todas as prostitutas,/ vindas lá de Portugal.

O frade foi pro convento,/ que fica lá na charneca,/ e foi se infiltrar na turma,/ conhecida por careca,/ se escondeu da batalha,/ feita com arco e fecha,/ quando o povo o encontrou,/ botaram o Frei na Caneca.

Estava desorganizado/ alguém tem que organizar,/ chamemos o Borba Gato,/ ele é quem vai desbravar,/ do Oiapoque ao Chuí,/ teremos que conquistar,/ são as ordens do monarca./ nosso rei, mas popular.

O Barba, Sena e Quina,/ que jogava dominó,/ pegou, três índias novinhas,/ enroladas com cipó,/ dizia ninguém encosta,/ se chegar vai ter nopró,/ não tirem minhas meninas,/ essas são de um cara só.

Tentaram, fazer chantagem,/ o Barba não consentiu,/ armaram ate cilada,/ mas o Barba não caiu,/ olhava só de relance,/ lá para a beira do rio,/ quando tentaram lhe roubar,/ pegou as índias e fugiu.

Quando Dona Leopoldina,/ chegou naquela estação,/ já estavam lhe esperando,/ João Cabral, o Neto do escrivão,/ dona Beija a beijoqueira,/ que cantava o capitão,/ conhecido por Bondoso,/ Virgolino o Lampião.

J K, plantava as arvores,/ que chegavam de Natal,/ capital da Paraíba,/ rainha do laranjal,/ local onde um boi voava,/ bem na beira do canal,/ puxado por uma corda,/ por Mauricio de Nassau.

Onde esta o presidente?/ perguntaram abismado,/ ele deve estar voando,/ como? Se ele não é alado!/ Mas ele nunca trabalha!/Assim mesmo ele é amado,/ quem trabalha não tem tempo,/ de ficar, rico abastado.

Quando aportaram em Minas,/ no meio de matagal,/ chamaram o comandante,/ o Pedro Álvares Cabral,/ aqui estamos no centro,/ desse país colossal,/ que vamos fazer agora?/ Construir a capital!

Vamos chamar de Brasília,/ será um lugar bonito,/ sem cruzamentos de vias,/ quero deixar tudo escrito,/ construiremos o Congresso,/ esplanada pra ministro,/ um palácio pra ex operário,/ que é pra ele ficar rico.

Vamos construir um lago,/ cheio de caldo de cana,/ onde todos os trambiqueiros,/ lavarão, a sua grana,/ ganhas de forma espúrias,/ mas serão só os bacanas,/ os pobres ficam de fora,/ tomando banho na lama.

Será um país bonito,/ com praias de norte a sul,/ sol durante o ano todo,/ e não haverá buruçu,/ mesmo os grandes roubando,/ não querem fazer zunzum,/ os ladrões estão é certos,/ prisão? Não sai pra nenhum.

É assim meu pessoal,/ que formaram nosso país,/ que lá fora é conhecido,/ como lar dos cariris,/ que furtam em todos os estágios,/ larápios, que assalta em xis,/ quem observa de longe,/ vê que somos dois Brasis.

Um que muitos só trabalham,/ outro pra poucos ganhar,/ um onde o povo sofre,/ com impostos pra pagar,/ no outro ficam com tudo,/ com políticos a gargalhar,/ ficando com toda a grana,/ mas se elegem sem parar.

É assim que funciona,/ 509 anos de carnaval,/ o povo, todos, palhaços,/ políticos, cara-de-pau,/ porta bandeira sem dedo,/ politicagem total,/ a música em forma de frevo,/ é o Hino Nacional.

De escrever essa história,/ fiquei com dor no pescoço,/ dizem que é torcicolo,/ quem diz é doutor de osso,/ mas essa dor não é dor,/ de certa forma, é o esforço,/ de mexer essa panela,/ com nosso ANGU SEM CAROÇO.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Simplicio


Conheci o Simplício em um parque zoo-botânico, figura tranqüila, andava de mansinho, assobiando, imitando o canto dos pássaros, acompanhava-o uma cadela, da raça pastor alemão, pela aparência do animal era muito bem tratada, pelos brilhantes, caminhava ao lado se seu proprietário, que era nada mais nada menos que o Simplício.
No parque todos os funcionários conheciam o jovem, sim, o Simplício era jovem, jovem na idade, jovial em seu semblante, e esbanjava juventude em seus atos, moderno, atual, esses eram os adjetivos que acompanhavam o jovem Simplício. Como seu nome sugeria era ele de todos, com seu carisma, conquistava com a maior tranqüilidade as pessoal que dele se aproximavam.
Filho único de uma família bem sucedida financeiramente. Herdara do pai, o tino administrativo, e da mãe a tranqüilidade e a benevolência.
Seu nome poderia ser até diferente, mas não o era, isso porque, apesar de ser rico, não era arrogante, era uma pessoa que respeita as diferenças, nunca foi preconceituoso, para ele cada pessoa é uma pessoa, e assim convive em ambientes bem diferentes, mas sempre respeitado por todos, independente de classe social, credo religioso ou partidário político, e ate independente da cor da pele, para Simplício (como costumava afirmar), todos têm a mesma cor, são azuis, isso porque para ele o mundo é azul.
Dizer que ele era uma pessoa ingênua, jamais, boba, nunca, crédulo, só ate certo ponto, o Simplício jamais seria simplório, apesar de seu nome ser: Simplício Simplório.
Em sua índole, possuía algumas qualidades, era o Simplício Simplório, uma pessoa natural, sincera, espontânea, e franca, assim era o Simplício Simplório da Simplicidade.
De todo seu nome, procurou sempre dentro do possível seguir a risca, os sinônimos adaptando-os ao comportamento do dia-a-dia, sempre foi modesto, singelo em seu proceder, quase um ingênuo, desprovido de ambição, era assim o Simplício Simplório da Simplicidade Simples.

O pior predador


Existem várias diferenças entre o predador nato e o nosso predador.
O nosso é considerado (e deve assim o ser) o pior, o mais perverso, e mais terrível dos predadores. O predador nato mata para se alimenta e alimentar seus filhos, muitas vezes defende com vigor sua caça, esconde de outros predadores. O nosso é totalmente diferente, ele caça, não para se alimentar, não para alimentar seus filhos, mas para satisfazer seu extinto de perversidade, ele é único, isso porque consegue ser seu próprio predador, sente-se satisfeito quando executa muitas vezes de forma perversa, seu próprio semelhante.
Assim é o homem, um ser quase perfeito, segundo alguns, a própria semelhança do Altíssimo
Será que tinha razão o poeta que afirmava que quem vive nessa terra miserável entre feras, sente a inevitável necessidade de também ser fera?
Será que se agirmos com mais cautela poderemos viver em paz com nossos semelhantes? Isso não pode ser uma dúvida e sim uma afirmação.
Devemos pensar sempre antes para agirmos depois, e nunca praticarmos o contrário, e assim afirmo que poderemos com certeza viver dias melhores.
É apenas uma questão de princípio, quando o homem tomar consciência de que o risco que ele corre ao se confrontar direto com outro, e sente que deve agir de forma violenta, pode encontrar aquele que revide de forma ainda mais violenta, pois a violência atrai a violência, e a cautela nunca fez mal a alguém.
Tudo melhorará quando as pessoas estiverem bem consigo mesma, quando o respeito aos outros for o lema de cada um, quando entendermos que as desigualdades fazem parte do dia a dia de cada um, quando a intolerância for substituída pela calma, e ajudar o próximo seja uma constante e não apenas nas calamidades, e soubermos que todos têm o direito de ir e vir.
E quando não precisemos nos refugiar dentro de nossas casas para fugirmos dos inimigos que nem conhecemos, então aí teremos eliminado definitivamente dentro de nós mesmos, o nosso maior inimigo, que somos nós mesmos.
O amor a vida é inerente de todo ser vivo, e o extinto de preservação esta inserido no contexto de cada um, más não façamos disso um corolário, e então teremos sempre uma análise antes de uma ação mais irracional
Portanto para todos que lêem esse artigo, que tenha dentro de si, um propósito único, AMAREM a DEUS sobre todas as coisas, e ao PROXIMO como a si mesmo...

Um presente do céu


Quando Riachão Seco completava 100 anos, todos os habitantes estavam em completo estado de festas, era motivo de alegria não só pelo fato de estarem comemorando seu primeiro centenário, como pelo prazer de receberem depois de 20 anos seu mais velho filho, o também centenário o Sr. Amâncio Benévolo.
Velho conhecido de todos no pacato vilarejo, seu Mancinho, como era conhecido, gostava (quando solicitado), contar fatos ocorridos em Riachão, que marcaram em sua trajetória de vida, momentos de alegrias, e até alguns de tristezas; mas naquele momento no coração já cansado de seu Mancinho, só alegrias brotavam. Seu Amâncio Benévolo é no momento o homenageado por todos. O mais respeitado cidadão Riachãoense, estava ali diante de todos seus admiradores sendo homenageado.
Como era de se esperar, o velho senhor, de cabelos totalmente brancos, iniciou seu tão esperado relato. Seria mais um relato, da história de Riachão Seco: “Meus filhos, (pois assim os considero), hoje é o dia mais bonito e feliz de toda a minha vida, isso porque estou tendo a oportunidade de contar para todos a verdadeira origem do nome de nossa querida vila, essa história tem que ficar gravada na mente de todos vocês, filhos de Riachão. Foi a 99 anos passados que pela primeira vês a sexta feira da paixão caiu no dia primeiro de abril.
Nosso “quase rio” corria mansinho nas terras dessa vila, dando aos habitantes, peixes, que saciavam a fome de todos, e água em abundancia que servia tanto para matar a sede como para regar as plantações que existia nos arredores de nossa vila. Só que naquele ano algo diferente aconteceu.
No dia 25 de março, (sete dias antes da sexta feira da paixão), apareceu no céu uma nuvem muito branca que ficou parada sobre nosso rio, durante cinco dias, a qual aos poucos foi sugando toda a água do nosso ribeirão, transformando aquela nuvem branquinha em uma escura, escura, mas brilhante, diferente. Diferente pelo fato de que o seu brilho se movia, eram muitos pontos brilhosos, um fenômeno indescritível, (porém narrável), o fato é que no dia 31 de março, por volta das 23 horas, começaram os relâmpagos e trovões sobre o céu da vila, e no primeiro dia do mês de abril, uma sexta feira da paixão, aqui em nossa tão querida vila, choveu, choveu tanto que inundou tudo, e com a água derramada pela nuvem escura brilhante, vieram também os peixes, que foram sugados por aquela nuvem, e que ficaram brilhando dentro dela durante 5 dias, e assim depois desse milagre, em nosso “quase rio” nunca mais correu uma gota sequer d’água.
È por esse fato que nossa vila recebeu o nome de Riachão Seco.
Todos que ali se encontravam, reprimiram seu riso, mas voltaram para suas casas felizes por saberem da origem do nome de sua vila.
Seu Amâncio Benévolo, como premio pela sua longevidade, ganhou em plena praça central da pacata vila, uma estátua toda esculpida com as pedras brilhantes que os habitantes daquele lugar, costumavam colher no leito seco do “ex quase rio” para trabalhar seus artesanatos que eram os mais famosos e procurados por todos que visitavam aquele bonito e singelo lugar.
Diz à lenda que aquelas pedras brilhantes são as escamas dos peixes que foram sugados pela nuvem que cobriu durante 5 dias a vila de Riachão seco.

A Grande Rocha



Anteriormente, quando comecei a relatar o que vocês estão lendo nesse momento, não tive o cuidado de escolher uma fonte (tipo de letra), que retratasse a personalidade da figura em foco, limpo, e com espaços bem transparentes.
Nasceu no final século IXX, precisamente em 1898, dia 2, mês de novembro (um dia de finados), viveu até 8 de novembro de 198l, quem teve a felicidade de tê-lo conhecido, sabe exatamente de quem estou tentando falar,tentando porque, é,muito difícil falar de uma rocha, os sentimentos de carinho, amor e apreço, vêem a tona,então tenho que parar, até que novamente possa voltar a escrever.
Essa rocha chama-se (porque continuará sempre vivo), Vitorino (de vitória), de Oliveira (arvore venerada), Melo (doce, macio, agradável), assim era meu velho e amigo PAI; uma verdadeira rocha, sobre a qual toda a família construiu sua vida. Sempre pregou para os filhos o senso de honestidade, caráter forte, perseverança, respeito, ehombridade e justiça.
Durante sua trajetória de vida, nunca o vi baixar a cabeça, e nem nunca o vi olhar para cima para encarar alguém, falava sempre: só devemos olhar para cima quando olhamos para DEUS, encarem sempre as pessoas no mesmo nível seu; ninguém pode ser mais que você a não ser DEUS, e assim seguimos seus ensinamentos, preservando a justiça acima de tudo.
Como toda pessoa normal tinha virtudes e defeitos, mas suas virtudes superavam em muito seus defeitos, não perdia tempo em reclamar com seus filhos, bastava um olhar, por cima dos óculos, e estava tudo resolvido, aquele olhar era tão penetrante, que a pessoa alvo, baixava a cabeça e consertava aquilo que estava fazendo de errado.
Brincalhão sério (como só ele podia ser). Gostava de apelidar os sobrinhos e netos, tchél, cabaim, quisuco, lêg têg, tancha e outros que me fogem a memória.
Deu aos filhos o amor pela arte de ler e escrever; lia quase todas as noites, reunindo a família no terraço da casa, e fazia questão que, ele mesmo comentasse sobre o que havia lido, e estimulava os filhos para que emitissem seu parecer, assim era o velho (novo) sertanejo, de mãos calejadas pela labuta diária.
Soube através da minha mãe que havia sido preso por volta dos anos trinta, taxado como comunista, pois na época era líder sindical, mas nunca em momento algum, traiu suas convicções, ou as idéias que defendia sem restrições, por isso era respeitado pelos colegas, vi muitas vezes, e me orgulhava, quando ouvia seus camaradas de trabalho em vários momentos elogiá-lo, no comando do sindicato, ele era um verdadeiro líder.
Já em idade avançada, foi demitido por não trair os amigos, quando de um movimento classista, dizia: àqueles aos quais defendi, e nunca traí, esqueceram aqui do seu amigo, mas estou de consciência tranqüila, por ter cumprido meu dever. Sua honradez estava acima de tudo.
O traidor está sempre a margem da sociedade, e nunca terá moral para andar entre as pessoas de cabeça erguida.
Seu respeito às tradições o acompanharam até seus últimos dias, era moderno sem ter conseguido se modernizar, era alegre sem ter que emitir um só sorriso, mantinha-se sempre alerta, sem ter que envolver as pessoas em suas vigilâncias, estava sempre presente, mesmo distante, isso porque seus ensinamentos eram sempre lembrados para exemplificar algum fato, até hoje as pessoas que conviveram com ele, o citam nos momentos das boas conversas.
Assim era (é), o (senhor Vitorino, meu Pai, Tio Vito, Pai Vito, Compadre Vitorino, Meu velho, Meu senhor), que com todas essas denominações era sempre a mesma pessoa, de caráter ilibado, que conseguia demonstrar suas alegrias mesmo com o rosto siso, que trazia para os outros a segurança de uma “Rocha”, pois assim ele o era.
A benção meu pai, e muito obrigado por tudo que ensinaste, não só a mim, mas a todos aqueles que tiveram o privilégio de te conhecer.
Obrigado mesmo, meu velho.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Menino x Cachimbo



Domingo, nove horas da amanhã, na praia, dezenas de pessoas procuravam um local para colocar, seu guarda-sol, suas cadeiras e suas esteiras para passarem um dia tranqüilo, junto com amigos ou familiares. Como todos; dona Ana procurava um local com alguma sombra, para ficar com seus três filhos, Breno, Rarael e Hugo, como era de se esperar, não conseguiu, então procurou um local onde o numero de pessoas fosse pouco.
Aportou próximo a uma pessoa que lhe pareceu familiar, de fato era uma amiga, a que não via há meses, e estava se bronzeando ao sol, ao lado uma cadeira vazia, Ana pediu licença, sentou-se, e logo começaram a conversar
Ana não perdia os garotos de vista, o Rarael, garoto esperto, estava sempre observando de longe sua mãe, em dado momento apareceu junto a Ana, e como todo garoto curioso viu próximo as duas amigas, algo que lhe chamou a atenção, e pergunta mãe, o que é isso aí? A senhora olha, e responde é um cachimbo, o garoto repete; cachimbo? Mãe, de quem é esse cachimbo? Não sei filho, mas volte à praia! O garoto de pronto atendeu.
Passados alguns minutos, volta o garoto, olha para o objeto e pergunta: mãe esse cachimbo é de sua amiga? Não Rael (apelido do garoto), não é de minha amiga. E de quem é? Não sei meu filho; volte pra junto de seus irmãos, que eu estou conversando com minha amiga, o garoto meio sem jeito, dar uma olhada para o cachimbo e sai.
Outras vezes o garoto volta, fazendo sempre a mesma pergunta: mãe! De quem é esse cachimbo? O que deixava dona Ana bastante irritada, mas respondia não saber de quem era o objeto, alvo da curiosidade de Rarael, a amiga ria bastante da insistência do garoto, a Ana falava: vai terminar eu perdendo a paciência com esse pentelho. De repente volta o menino, e senta próximo ao cachimbo, e novamente pergunta: ou mãe, de quem é o cachimbo? A mãe, (cheguei ao meu limite) levanta-se da cadeira e responde com irritação: esse cachimbo é da “puta que o pariu”!
Um senhor de cabelos grisalhos, que estava sentado ao lado, retirou do rosto o jornal e retrucou, com ar de galhofa, não senhora, esse cachimbo não é seu, (e olhando para o garoto falou): filho, esse cachimbo não é de sua mãe, ele me pertence.
Levantou-se da cadeira e com um sorriso alegre, apanhou o cachimbo, e retirou-se do local com tranqüilidade.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Confissões de uma ex-adolescente


Faz bastante tempo meu amigo, mas nunca vou esquecer, é que a primeira paixão ninguém esquece, concorda? De pronto concordei, visto que esse ditado popular existe ha séculos, e a sabedoria popular não contestamos, apenas aceitamos.
Esse foi o diálogo que mantive com uma prima-irmã. Não nos víamos ha bastante tempo, e quando pessoas que não se vêem em períodos muito longos, para descontrair contam fatos e coisas da adolescência, e assim a Ana (“banana”, apelido carinhoso dos familiares), me descreveu um fato que achei digno de meus causos.
E a Ana Lúcia, sempre alegre, me narrou essa história que passo agora para vocês.
Para ela sua primeira paixão foi algo inusitado; imagine a sena, ela adolescente com mais ou menos 17 anos, (pense na gata), loura estatura mediana, extremamente vaidosa, toda coquete, estudante do segundo grau em um colégio classe média alta, tinha me mudado há pouco tempo para um bairro chique. Era inicio do ano letivo, como toda adolescente tinha sonhos; sonhava encontrar seu príncipe encantado (achava que estava demorando bastante para aparecer), e no primeiro dia de aula, estava ela de farda nova, toda engomadinha, saia acima dos joelhos, (apesar de ter pernas fininhas, ela fazia questão de mostrar).
Era seu primeiro dia de aula, estava radiante, era também sua primeira segunda feira no bairro, ao sair de casa andando pela rua, quando passava em frente a uma casa que se destacava, ouviu vindo da direção daquela casa um assobio, daqueles que toda jovem gosta de ouvir (fiiiii fiiiiiiiiiiiiiiiu), de principio gelou, então ouviu novamente (fiiii fiiiiiiiiiiiu), recusou-se a olhar para trás, tremia, mas se afastou rapidamente. No dia seguinte passou novamente pelo lugar, dessa vez nada de assobio, ficou frustrada, será que tinha sido apenas brincadeira? Se soubesse quem era o enxerido....!
Mas nos dias que se seguiram novamente o assobio voltava a deixá-la esperançosa, será o príncipe tão esperado, que tinha medo de se apresentar, deveria ser bastante tímido, mas ela teria que tomar a iniciativa, (como era de costume), mas naquele caso seria seu primeiro namorado, seu primeiro contato com o sexo oposto fora de coleguismo, seria namoro mesmo, e sério, só namoraria se fosse sério. Na classe, contou para as suas duas melhores amigas, e juntas bolaram um plano para conhecer o “príncipe” pessoalmente, e no dia seguinte dirigiram-se a casa do eleito, bateram na porta e apresentaram-se como alunas do Colégio Dom Bosco, afirmando que tinham como tarefa fazer uma pesquisa, para conhecerem o perfil das pessoas do local.
A dona da residência, uma senhora muito educada convido-as para entrar, e imediatamente a Ana iniciou a “pesquisa”: nome, estado civil, tempo de residência, etc., e então chegou a hora da pergunta chave; quantas pessoas moram na casa. Obteve a seguinte resposta, três: disse a senhora, eu, meu esposo e o rapaz.
Então outra perguntou: seu esposo e o rapaz estão trabalhando? Não; apenas meu esposo, o rapaz esta lá no quintal. Podemos falar com ele? Perguntou a Ana toda apaixonada, (o que foi notado pela senhora que esboçou um sorriso), vou chamá-lo, esperem um pouco; em seguida, retirou-se do local, as três se olharam, e uma delas comentou: não vá desmaiar, (riram juntas).
Em seguida ouviram os passos da dona da casa se aproximando, Ana, tremia como se tivesse com frio, mas ficaram olhando para a porta de entrada da casa, quando aparece a senhora trazendo posado em seu dedo, um lindo papagaio de penas multicoloridas, com ênfase ao verde e apresentou: meninas esse é o rapaz. As amigas olharam para a Ana Lúcia as gargalhadas, e contaram para a senhora o motivo, da euforia, mas a senhora muito educada fez com que as amigas prometessem nunca falar na escola sobre o assunto.
E Ana terminou dizendo. “Minha primeira paixão foi um PAPAGAIO”.

GRANDE BIBICA!



Existem momentos em nossas vidas, que passamos por cada uma! Que mesmo tentando esquecer não conseguimos, o fato fica realmente gravado, como se fosse uma tatuagem, e se tentarmos eliminá-la através dos métodos mais modernos, fica muito difícil apagar.
Em uma época que em minhas lembranças, não deixam se apagar, era eu vendedor passista, vendia cosmético e matérias para armarinhos, viajando por esse estado afora. Viajávamos sempre em dois, isso porque em uma dessas minhas idas e vindas, encontrei um parceiro que também como eu era profissional de vendas, diferençava apenas porque ele vendia materiais de construção, então resolvemos viajar juntos, dividindo as despesas de combustível, assim ficava mais econômico tanto para mim quanto para ele, em todas as viajem que em média demorava uma semana, alternávamos os veículos.
Numa dessas idas, resolvemos visitar uma região que ficava bem distante dos centros mais desenvolvidos, e partimos numa segunda feira muito cedinho em direção a zona mais árida do estado. Viajamos todo o dia, fizemos várias cidades que estavam no roteiro, à tardinha resolvemos descansar, e assim sem nenhum fato para registro terminou o primeiro dia.
Na terça feira logo após o desjejum, regado a leite de cabra e ovos de galinha caipira (coisa bastante rara na cidade), voltamos à estrada, conversávamos muito sobre aventuras e desventuras, sonhos e realidades, mentiras e verdades, mas nunca sobre trabalho, era nosso trato, novamente visitamos vários clientes, vendemos bastante, e ao final do dia, descansamos, e assim tinha terminado o segundo dia.
Quarta feira, era o momento de entrarmos na zona pré-determinada, respiramos fundo e partimos para o desconhecido. No final da manhã encontramos um povoado, embora pequeno, era bastante prospero. Fizemos a praça com um sucesso não esperado, foi ali que realizamos tanto eu quanto o Élson (assim é o nome do amigo de viagens), vendas suficientes para voltarmos, mas seguimos viagem até a próxima cidade que ficava a 60 km, antes de pousarmos, resolvemos realizar mais alguns contatos, antes de pararmos para o descanso.
Eram quase 7 horas quando nos encontramos na praça central da cidade, fomos jantar (tomamos algumas cervejas), e em seguida fomos procurar pousada, todas estavam lotadas, já tínhamos resolvido dormir no carro quando um garoto nos informou de um local onde a dona da casa costumava alugar quarto para pernoite, fomos lá, e logo na entrada fomos recebidos por uma cadela da raça dog-alemã, daquelas cuja genitália (sem exagero), pesa uns 4 kg., ouvi à senhora chamá-la de “bi bica”.
Fomos bem recebidos pela dona da casa, que nos disse de imediato que só havia uma cama disponível, um teria que dormir em baixo da escada ou dormir com bibica, tiramos no par ou ímpar e eu perdi, estava em um beco – sem-saída, (pensei), dormir com uma cadela daquele tamanho, prefiro dormir sobre a escada. Passei uma noite de cão, foi colocada uma esteira no chão e sobre ela um colchão de capim, e foi ali que “dormi”, e assim terminou o terceiro dia.
Antes do nascer do sol já estava acordado, e ouvindo passos descendo as escadas me levantei (meio empenado),dei de frente com uma morena exuberante, cabelos negros, quase 2 metros de altura, linda, uma verdadeira obra de arte do Papai do céu, então meio sem graça, perguntei: qual seu nome? Ela mostrando seus lindos dentes brancos como a neve, respondeu: Beatriz, mas me chamam de BIBICA, e você como se chama? Nivaldo, mas a partir de hoje vou me chamar de BABACA.
A partir daquele dia (viajando ou não), nunca mais recusei de dormir com mulher que tivesse o nome ou apelido, por mais estranho que fosse.

Um monólogo



Como se torna difícil a vida quando não conseguimos nos comunicar com a pessoa que amamos de fato, parece muito pior quando essa pessoa não consegue emitir nenhum som, apenas gestos que por momentos se tornam cômicos, sem nenhum sentido aparente, assim se dar nossa “conversa desabafo” entre pessoa(s) que se ama(m) mesmo.
Olá, como estás? Parece que a vida não tem te tratado muito bem, não achas? Para mim, pareces bem mais velho que eu, e sabes muito bem que temos a mesma idade. Não rias, estou vendo que estas querendo zombar do que estou te falando, estas bem mais velho do que eu esperava que estivesses, mas isto não vem ao caso, ou será que vem? Bom, vamos passar por esta parte, depois voltaremos a esse assunto, será melhor para nós dois.
Fomos criados juntos, inseparáveis, mas com o passar do tempo sei que fui aos pouco me afastando de você, não por querer de fato me afastar, mas por necessidade mesmo, o tempo faz com que em alguns momentos nos afastemos das pessoas que mais amamos, é ou não é? Agora esta justificado teu sorriso.
Sempre soube que apesar de não conseguires balbuciar uma única palavra (apesar de tentares) me ouves perfeitamente, isso de fato me consola bastante, pois sei que sabes perfeitamente ouvir e em teus gestos transmitir aquilo que queremos ouvir, de uma pessoa amiga.
Sabes, na maioria das vezes caminhamos na mesma direção, lado a lado, em outras em sentido contrário, embora sigamos para o mesmo lugar, isso porque nossos objetivos são os mesmos, parece um paradoxo, mas é essa a realidade.
Estava de fato precisando te encontrar, visto que somente tu podes ouvir meus lamentos sem te envolveres, embora saibamos que estas como eu envolvido em todos os assuntos que me são pertinentes.
Amigo, com a aparência que estás parece que teus problemas são bem maiores que os meus, estás com a cabeleira quase toda branca, a pele de teu rosto esta um pouco enrugada, isso deve ser pelos momentos estressantes que passas durante todo o dia, te desliga amigo, se continuares assim te envolvendo diretamente com tudo, ficarás velho antes do tempo.
Bom, estou bastante feliz, por ter te encontrado novamente, e também por ter tido tempo de contigo conversar, embora isso não tenha sido muito comum, te digo que, de agora em diante farei o possível para acompanhar teu dia a dia, e poder controlar tua aparência, sabes que isso é fundamental entre os mortais, e essa é uma peteca que não devemos deixar cair.
Agora podes rir a vontade, é bom me despedir de ti sabendo que como eu estas feliz, isso é muito importante para mim..
Estou indo agora, não olharei para trás, pois sei que também não o farás, vamos seguir nossos caminhos, que são os mesmos, e espero amigo espelho, que quando chegarmos ao nosso (mesmo) destino, possamos nos ver novamente.

domingo, 4 de outubro de 2009

O menino e o gigante


Fiquem certos de que estão lendo agora é um relato digno de ser lido com bastante calma e cautela, para que avaliem como o personagem objeto deste relato, sabia viver respeitando sempre as diferenças.
Desde criança, quando olhava para a pessoa em tela, via-o sempre como um gigante, era um homem não muito alto, (mas para mim o mais alto do mundo), o respeitava pela pessoa que ele era e representava não só para mim, mas para outras pessoas que se aproximassem dele.
De caráter ilibado, pacífico, paciente, desprovido de maldades, de uma moral que o fazia sempre estar acima dos demais, não que ele o quisesse, mas todos o respeitavam, estava sempre de cabeça erguida, nunca o vi fraquejar diante das intempéries que a vida em momentos nos traz.
Quando eu nasci, acho que ele já tinha seus 16 ou17 anos, mas vim a conhecê-lo de fato, quatro ou cinco anos depois, e lembro-me claramente, que quando olhei para aquele homem, jovem a minha frente, o vi tão grande e forte que desejei imediatamente ser como ele um dia. Lembro-me que assim fomos apresentados, (talvez devido a minha perplexidade), por minha mãe; esse é seu tio Luiz, e devo ter pronunciado meio sem jeito, (Ti is), a assim ficava registrada em minha cabeça (não muito pensante), ti is, e assim foi durante anos, depois quando de minha crisma, fiz questão de tê-lo como padrinho, mudei de ti is para, (simplesmente), padrinho.
Mesmo em minha juventude, adolescência, e adulto, quando olhava para ele sempre o via como um gigante, e para mim jamais eu seria como ele; respeitava-o como a um pai, conversávamos como amigos, e nos divertíamos como irmãos, mas para mim ele era sempre o gigante, e eu sempre o menino, e ate acho que em certos momentos me tratava como se de tato eu fosse menino.
“Seu cabra”! Ou “seu corno”! Assim falava nos momentos de chamar minha atenção, então eu baixava a cabeça, e procurava seguir seus conselhos. Como poderia eu não considerá-lo um gigante, seus conselhos eram dados com tanta força que imagino até que qualquer pessoa que dele recebesse um, ao certo também respeitaria sem discutir, isso porque ele estava sempre certo em suas observações.
Muitas vezes o vi triste, e me entristecia também, porque sabia que alguém que ele amava o tinha magoado, e em seus desabafos (que não eram raros), confessava: às vezes é bem melhor calar, que ferir pessoas que amamos, por isso ele estava sempre acima dos que lhe rodeavam, era de fato um gigante.
Seu nome refletia toda sua vida. LUIZ (Luz), NARCISO (Belo), ALVES (Branco (a)). E assim era ela, (sua alma), uma luz extremamente branca e bela, que iluminava tudo em seu redor, e por onde passava.
Adoeceu, e durante anos, eu vi meu gigante, aos pouco murchando, sem reagir, se deixando levar com resignação, mas para mim, que adoecia todas as vezes que o via sentado, sem pronunciar palavras, olhando para mim, com seu olhar carinhoso, saia dali muito mais convicto que o gigante mesmo após sua passagem, permaneceria sempre o gigante que aprendia a respeitar.
E quando de sua “morte”, não tive coragem para olhá-lo, e preferi guardar em minhas lembranças aquele homem que para mim será sempre um gigante.
Porque não morre quem nos outros vive.

NOS PRIMEIROS DIAS DO MES SEGUINTE


Parecia até coisa de louco, ao se observar aquela senhora falando em voz alta, contando em detalhes o que havia ocorrido nos primeiros dias do mês seguinte.
Tudo estava sendo relatado como se a pessoa que falava, estivesse fazendo uma previsão de um futuro bem próximo. A ouvinte estava de fato impressionada com o relato, e para quem observava o diálogo, dava a nítida impressão de que ela também viveria tudo aquilo que lhe estava sendo contado.
A narradora estava realmente vivendo o momento do acontecimento, parecia ate, que ela tinha feito uma viagem para o futuro, e agora contava com grande empolgação a amiga tudo que tinha vivido naqueles dias.
Olhe minha amiga, você me conhece há muitos anos, e sabe perfeitamente que não sou pessoa de mentir, e nem de exagerar sobre coisas que acontecem comigo, e ate com outras pessoas. Sou fiel a tudo que vejo e, transmito para aqueles que não viram ou viveram.
Aí foi quando eu parei para sentir como ouvinte o que de tão real haveria de acontecer nos primeiros dias do mês seguinte. Vejam vocês, falou a senhora demonstrando verdadeira empolgação, (agora eu também estava recebendo a mensagem), naqueles dias tudo haviam mudado, os dias ficaram mais claros, pois o sol nascia mais cedo, e, em sua trajetória diária parecia alegrar mais as pessoas. A lua nem se fala, com sua cor prateada, levava para todos os mais belos sentimentos de amor. O céu parecia de um azul diferente, era um azul tão bonito que até parecia que alguém havia criado uma nova cor, (o azul reflexo), isso porque esse azul estava refletindo a boa nova.
Foi quando eu me manifestei pela primeira vez. Companheira, como pode a amiga falar de um fato que ainda vai acontecer com tanta empolgação, como se já tivesse acontecido?
E aconteceu, é que o amigo, chegou ao meio do assunto. Imagine o senhor que eu estava contando aqui para essa amiga que o senhor esta conhecendo agora, o que aconteceu nos primeiros dias do mês seguinte ao do meu aniversário.
Foi quando nasceu meu primeiro netinho.
Pode ficar certo o amigo que, a partir daquele dia tudo de fato mudou na família, pois meu netinho, o primogênito, mais primogênito entre os primogênitos que existem, é a coisinha mais linda, que tudo que existe de belo ate hoje.
Aquela senhora ainda muito jovem, de fato estava distribuindo felicidades, isso porque, mesmo sem conhecê-la, os que a viam, com certeza ficavam mais felizes por receberem dela todo aquele volume de alegria que era transmitido a todos gratuitamente.

O amigo e o cão pastor


Um amigo é como um cão pastor, esta sempre alerta, olhando todo o rebanho, sempre na expectativa para que nenhuma ovelha se desgarre, eles são os olhos de pastor.
É a certeza (por parte do pastor), de que mesmo que ele durma encostado ao cajado; quando acordar, todas as ovelhas com certeza estarão lá.
O pastor não teme os lobos, porque o “guardião” estará sempre apostos, chamando sua atenção para algo estranho que ronde seu acampamento.
O “guardião” só espera do pastor, o carinho, e das ovelhas o respeito.
Porque ele; também é pastor e ovelha.

Em dias de recordação


Patativa cheiderana, caracá
Cheira a cheirana, vieste para
Gazonga.
Gazoga ginga gingonga
Torotó torotrombeta.
Patativa cheiderana.


Esse verso meio louco, e sem sentido, estávamos acostumados a ouvir, de um velho senhor que morava conosco. O velho Badél, (como era chamado o velho Manoel). Ele havia sido empregado de nosso avo materno (que não conheci), após a morte do velho, como não tinha família, refugiou-se em nossa casa, durante anos e anos.
Era quase um poeta, (quase), nos momentos de aborrecimento costumava xingar, quem o aborrecia da seguinte forma: Você é aprendiz de cozinheira da casa da segunda rapariga, do soldado que toma conta de um cachorro vira latas, da casa da viúva que foi apesar de nunca ter sido.
Se estivesse vivo, o Badél teria muitas histórias para contar, era um cara estranho, solteiro por convicção, afirmava que para casar teria que ter uma casa, móveis, e ter dinheiro suficiente para sustentar sua família, como nada disso possuía, não poderia constituir família.
Foi portuário, motorneiro dos velhos bondes, que circulavam em Recife, não se sabe por que cargas d”água, resolveu depois de muito velho, voltar à cidade onde tinha nascido.
Vicência, pequena cidade a mais ou menos 75 km, da capital, ele com toda sua simplicidade afirmava que o homem quando chegar perto de morrer, tem que dirigir ao local onde nasceu para não misturar os pós. (tu és pó e em pó te transformaras), e não quero misturar nunca o pó de onde nasci com o pó de onde eu vivi.
Volto as minhas origens, para descansar em paz.
VELHO BADÉL, MUITO OBRIGADO, POR TUDO QUE ME ENSINASTE DA VIDA.
OBRIGADO MESMO.

Uma carta muito especial


Mano Novo, um abraço,
Aqui do seu Mano Médio,
Estou te escrevendo assim,
Porque não agüento o tédio,
Mandei-te muitos e-mails,
E nada, nem pra remédio.

Achei a forma legal,
Pra me fazer de presente,
É que nos últimos dois meses,
Encontramo-nos ausentes,
Tu na Torre, eu em Olinda,
Lugares bem diferentes.

Restam apenas dois galhos,
De seis que já não existem,
Mais da metade caíram,
Só os últimos resistem,
Se não ligarmos as folhas,
O fim vai ser muito triste.

Devemos unir as forças,
Até no momento triste,
Um amigo sempre apóia,
Mas um irmão deixa em riste,
Nossa moral bem pra cima,
Mais alegre menos triste.

É assim que vejo as coisas,
Podes crer que assim é,
Ficamos presos a bobagens,
Firmando o nosso pé,
Se não vem eu não vou lá.
Seja o que Deus quiser.

É assim que estamos hoje,
Costumes bem diferentes,
Dos ensinados por eles,
Os velhos que fez-nos crentes,
Gente de muita moral,
E do Pai, muito temente.

Agora vou terminar,
Com meu coração aberto,
Saibas com muita certeza,
Que vai dar tudo bem certo.
Se me chamas de ausente,
Podes crer, estou bem perto.

Pertinho, não da morada,
Sempre perto do Irmão,
Quem é do peito se liga,
Nunca perde a emoção,
sinto-te longe dos olhos,
Mas perto do coração.

A família é importante,
Construímos com vigor,
O irmão também é família,
De presente que passou,
Nosso laço é de sangue,
Do passado que ficou.

Bem, mano novo receba,
De mim um fortes abraços,
Dos meus, muito carinho,
Para os teus, muitos laços,
De afeto e de carinho,
É dessa forma que acho.

domingo, 20 de setembro de 2009

Grandes versos



I
E foi naquele domingo,
eu voltava da matriz,
recebi uma noticia
que me deixou bem feliz,
amigo não desmaie
foi apenas por um triz

II
O meu genro afobado,
me falou todo contente
vás ganhar mais um netinho
um garoto imponente
se puxar ao velho pai
no mínimo será regente

III
É que meu querido genro
é tocador de viola
como um cara sonhador
meio bobo da cachola
tem filho nessa idade?
só podes ta ruim da bola

IV
Minha filha toda eufórica,
disse esse vai vingar
depois de três tentativas,
esse não vai escapar
vou direto pra igreja,
pra santa Rita rezar.

V
Comuniquei pros parentes
a noticia colossal
vou completar dez netinhos
isso vai ser bem legal
vai ser cachaça de rodo
lá no fundo do quintal.

VI
Minha veia bem tranqüila,
disse, calma com o andor
leva ela rapidinho,
pra conversar com o doutor,
se ele disser que sim,
deixe que o enxoval eu dou.

VII
Minha filha enjoada
dizendo assim não dá
vou pedir pro violeiro,
ir dormir lá no sofá
se ele ficar em cima,
vai ser difícil agüentar.

VIII
Meu genro disse, meu sogro
não vamos exagerar,
sua filha esta enjoada,
não me deixa nem cantar,
não vou passar nove meses,
sem com ela me deitar?

IX
Muita calma nessa hora,
muita calma por favor,
primeiro leve pro posto,
ver o diz o doutor,
e se for menino mesmo,
vou chamá-lo de Nestor.

X
Minha alegria coitada,
durou apenas três dias
é que o meu netinho,
foi apenas fantasias,
de dois bobos sonhadores
que só vivem em euforias

XI
É que o medico do posto
disse assim não agüento,
chamou os dois num cantinho,
e falou meio ronhento
paciente aqui sou eu,
nesse bucho só tem vento.

XII
Quando falei pra mulher,
o que disse o doutor,
rimos tanto nessa hora,
que tive até uma dor,
trocaram um violeiro,
por um homem compressor.

XIII
Eu estou ficando brabo,
mas ficando muito atento,
nesses dias mato um,
mesmo que seja bem lento,
se ouvir alguém dizer,
esse é avo do vento.

XIV
Mesmo assim estou feliz,
sabendo que é resenha,
vou rezar pra Santa Barbara,
e cantar a Malaguenha,
mesmo que seja de vento,
minha fia fique prenha.

Depoimento de Rafaela Kaline Melo (Fadinha) para o avô escritor

Painho,
Primeiramente quero te parabenizar pela sua criatividade, saiba que tenho muita admiração pelo senhor, sou sua fã número 1.
Sempre quis ser escritora quando era pequena, mas agente cresce e os sonhos mudam.
Meu sonho agora é outro.
Por outro lado o senhor realizou o meu sonho de ser escritora, porque mesmo eu não escrevendo os seus contos, mas sei que alguém ta escrevendo eles e esta sendo admirado por aquela pessoa que um dia teve o sonho de ser o que hoje você é.
Painho, EU TE AMO DEMAIS!!

Pretérito, presente e futuro


Quando paramos para estudarmos algo, nos deparamos quase sempre com coisas que, a partir daquele momento para nós, torna-se polemicas; senão vejamos.
Pretérito = passado, o que (foi), o que passou, tempo verbal que exprime passado, ou que aconteceu anteriormente.
Presente = o que é, o que esta acontecendo, o agora, o momento, a ocorrência no exato instante que acontece, tempo do verbo que indica o que esta acontecendo.
Futuro = tudo que ira acontecer, o que há de vir a ser, vindouro, acontecimento que ocorrerá, tempo do verbo que designa uma ação que ainda há de se realizar.
Para nós o passado nada mais “foi” que um dos dois únicos tempos verbais, o passado começa no exato instante em que esta ocorrendo o fato; quando você, por exemplo, pronuncia uma palavra, ou verifica algo que esta acontecendo, (aconteceu, e pronto), o que era presente naquele exato momento, passou a ser passado, (também naquele exato momento), porem com a “característica de presente.
Então estamos vivendo no passado?
Podemos criar uma simbologia, vivemos realmente no passado, isso porque a cada momento de nossa vida estamos no passado, consubstanciados por um futuro real, que nada mais é que o presente.
O presente é apenas uma fração de segundos, é por isso que não podemos medi-lo, é um intervalo tão pequeno que foge completamente ao alcance de nosso entendimento. O presente só ocorre em períodos longos quando é mensurado; (exemplos), estamos vivendo o terceiro milênio, século XXI, ano (dizer o ano), mês de (dizer o mês), dia (dizer o dia), etc., portanto; terceiro milênio, século XXI, ano, mês, todos são o presente, como a hora, o minuto e o segundo, assim podemos afirmar que o presente é todo o momento, independente de intervalos aos quais estamos vivenciando.
O futuro; é e ou será, tudo que podemos ou não visualizar, para nós ou para outros; quando o alçáramos, imediatamente muda de nome, (tempo), passa a ser presente, em seguida, passado. Nesse tempo verbal, (o futuro), podemos até prever, (daqui a 100 anos o Brasil será um pais do primeiro mundo), ou falarmos de um futuro que para nós nunca acontecerá, (dentro de alguns séculos o IBIS será campeão brasileiro), então chegamos à seguinte conclusão:
Quando criaram os tempos verbais, passado, presente e futuro, estavam querendo apenas que, em algum lugar, em um futuro que agora é presente, e que já (passou); um estudioso como eu, tivesse a coragem de tentar colocar na cabeça das pessoas que agora lêem essa obra prima, que não existe o presente, e que por mais que queiramos o presente, estamos vivendo um futuro que se tornará em breve apenas um passado, (bom ou ruim), dependendo apenas de fazermos que o nosso dia-a-dia, (dia-a-dia= Presente, passado, futuro) sejam sempre auspicioso, para nós, e para outros que nos são caros ou não.

Possuindo-se? Sem medo

Quando a molecada se reunia era um Deus nos acuda, a vizinhança ficava toda em alerta, é que toda aquela garotada que tinha idade entre 14 e 16 anos, não se preocupava em demonstrar toda a sua energia para quem quer que seja, batiam bola no meio da rua, sem se preocupar com nada, se por um acaso quebrassem a vidraça de alguma casa, eles sabiam que os pais sempre ficavam com o prejuízo, contudo eram bons garotos, respeitadores, jamais dirigiam uma palavra de ofensa aos visinhos, não respondiam a ninguém, e estavam sempre dispostos a pedirem desculpas quando necessário.
Dentre eles, alguns se destacavam pelas peraltices que costumavam fazer, e entre eles havia alguém que merecia de vez em quando, uma galhofada por conta de algo que o “da vez” havia cometido, mas em destaque estava sempre o Fernando, garoto magricela, bem falante, totalmente integrado aos demais, nunca se aborrecia com as brincadeiras às vezes maldosas de alguns, mas isso nunca colocava o garoto em atitudes de revolta, os demais afirmavam brincar com Fernando é legal, porque ele não se aborrece com nada.
Mas mesmo sendo totalmente avesso a brigas, o Fernando perdia o controle quando o chamavam pelo apelido, (minhoca de couro), é tanto que, os outros evitavam chamá-lo dessa forma na frente de pessoas que não faziam parte do grupo, diziam: vamos respeitar os limites do magrão.
É que o apelido vinha do tamanho fora do comum da fimose do Fernando, era algo que quando se falava a respeito, todos tinham a mesma opinião; se o rapaz não operasse, ao certo no futuro iria trazer para ele alguma complicação, mas o garoto tinha verdadeiro pavor de, hospital, e quando vinha a tona o tema, ele se recusava terminantemente a discutir o assunto, pessoal, falava ele; não se preocupem, isso não me incomoda de forma alguma. Mesmo quando estas te possuindo? Falava o Alberto, aí todos caiam na gargalhada, e o Fernando era obrigado a se retirar do lugar.
Um dia qualquer, a noite depois de voltar da casa da namorada, o magricela passou pelos colegas que estavam conversando sentados na calçada da casa do Elias, (como faziam todas as noites), apenas emitiu um “gruído”, ao que todos responderam: boa noite pra você também Fernando, aí entre eles alguém falou: ele esta vindo da casa da Edite, (namorada do garoto), e por certo vai para casa possuir-se, isso foi o bastante, o garoto disse um palavrão e foi para casa.
Algum tempo depois, os garotos viram um movimento estranho na casa do Fernando, seus pais estavam nervosos, e se ouvia mesmo fora da casa o choro do Fernando, vindo de dentro do quarto. Todos os amigos correram para saber de que se tratava, o Fernando era filho único e era dele que estavam ouvindo os gemidos, foram ao pai do rapaz para saber o que estava acontecendo com o garoto, o senhor Bernardo, chamou o Alberto (que era o mais próximo da família), e explicou: é que o rapaz resolveu se masturbar, como faz todo garoto de sua idade, no que concordou de imediato o amigo, e como vocês sabem, a fimose do menino é fora do comum, e aí, na euforia do momento ele movimentou a mão com mais violência e o prepúcio, prendeu a glande, causando uma tromba, todos estamos apavorados, sem sabermos como solucionar o problema.
Leve imediatamente para o hospital, que por certo alguém resolverá o caso, e assim o senhor Bernardo retirou da garagem o carro, e saiu em velocidade máxima para o pronto socorro. E dessa forma, por conta de possuir-se, sempre que voltava da casa da namorada.
O Fernando foi operado, resolvendo assim um problema de saúde e ganhando outro, (um problema moral), porque a partir daquela noite o Fernando ficou conhecido como maçã do amor.
Devido ao formato que assumiu sua genitália.
Uma maçã bem vermelha presa em um palito grande e fino.

O verdureiro e a porca


Alguns causos que aqui descrevemos parecem, invencionice do autor, mas posso lhes garantir, são casos reais, catalogados durantes anos a espera de uma oportunidade para ser mostrado para vocês, em alguns momentos de forma bastante séria, em outros colocamos uma pitada de humor, para deixar o leitor totalmente tranqüilo, na análise daquilo que esta lendo.
Em um tarde de sol abrasador, caminhávamos de volta ao trabalho, quando notamos uma aglomeração, onde todos falam ao mesmo tempo, fazendo com que quem se aproxima ficasse sem saber como proceder para fazer parte daquele aglomerado.
Mas essa tarde era diferente, as pessoas olhavam em direção ou centro do círculo, onde se encontrava um senhor, de cabeça branca, cobrindo o rosto com uma das mãos, e chorava sem parar, as vezes emitia gemidos de dor intensa, conheci de imediato a pessoa, era um verdureiro que todas as tardes quando eu voltava para o trabalho, estava ali, descansando sob uma árvore bastante frondosa, que oferecia sua sombra gratuitamente aos que se sentiam cansados.
O senhor era uma figura bastante conhecida por todos, trabalhador incansável, respeitador, bem falante, uma pessoa acima de qualquer suspeita, mas que naquele dia havia “pisado na jaca”, tinha feito uma bobagem, bobagem essa que lhe custou horas de vergonha.
O verdureiro, quando sentou para descansar, avistou bem próximo de sua mão, uma “porca”, (aquela que se põe em parafusos para prende algo), novinha, cujo diâmetro interno correspondia a 1 (uma) polegada, aproximadamente, então o velho verdureiro, introduziu inadvertidamente o “pinto” (órgão genital), no orifício da peça, e com muita calma iniciou um movimento de vai e vem.
E foi aí que se deu mal; o velho vendedor de verduras sentiu que algo de errado estava acontecendo, quis movimentar a bela “porca cromada” ela estava presa, justamente no meio do “pinto”, causando uma trombose, entre a ferragem e a ponta da genitália, foi aí que ele com medo de perder o que restava do velho órgão, "colocou a boca no trombone”, as pessoas foram se chegando e tentando ver como ficou a coisa, mas o velho não permitia. Vamos levá-lo ao pronto socorro, falei; é a única forma de aliviarmos velhote, (e assim o fizemos).
No atendimento de emergência, tentaram de todas as formas livrarem o senhor de tamanho constrangimento, o que não foi possível, nas formas médicas, mas, foi encontrada uma solução, a qual foi posta imediatamente em pratica; levemos o verdureiro para a oficina, que só assim livraremos o coroa da “porca”. Nada disso gritou o verdureiro. Então amigo, vás perder o “bingulim”, (falou o médico).
Dessa forma, o serralheiro, (bastante brincalhão), teve seus 15 minutos de fama, serrando calmamente a porca presa no meio da genitália vermelhona do verdureiro, que emitia gritos de dor quando a porca ficava quente, e o serralheiro, jogava água gelada sobre o “pinto deformado”, do velhote.
Todo o ritual durou quase duas horas, com o verdureiro totalmente molhado de suor, (da cintura para cima) e de urina e água gelada, (da cintura para baixo).
E uma platéia de médicos (as), enfermeiros (as), auxiliares, serralheiros, e funcionários, as gargalhadas assistiam ao martírio do velho, que prometia aos berros, nunca mais se apaixonaria por uma “porca”, por mais nova que ela fosse.