segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Simplicio


Conheci o Simplício em um parque zoo-botânico, figura tranqüila, andava de mansinho, assobiando, imitando o canto dos pássaros, acompanhava-o uma cadela, da raça pastor alemão, pela aparência do animal era muito bem tratada, pelos brilhantes, caminhava ao lado se seu proprietário, que era nada mais nada menos que o Simplício.
No parque todos os funcionários conheciam o jovem, sim, o Simplício era jovem, jovem na idade, jovial em seu semblante, e esbanjava juventude em seus atos, moderno, atual, esses eram os adjetivos que acompanhavam o jovem Simplício. Como seu nome sugeria era ele de todos, com seu carisma, conquistava com a maior tranqüilidade as pessoal que dele se aproximavam.
Filho único de uma família bem sucedida financeiramente. Herdara do pai, o tino administrativo, e da mãe a tranqüilidade e a benevolência.
Seu nome poderia ser até diferente, mas não o era, isso porque, apesar de ser rico, não era arrogante, era uma pessoa que respeita as diferenças, nunca foi preconceituoso, para ele cada pessoa é uma pessoa, e assim convive em ambientes bem diferentes, mas sempre respeitado por todos, independente de classe social, credo religioso ou partidário político, e ate independente da cor da pele, para Simplício (como costumava afirmar), todos têm a mesma cor, são azuis, isso porque para ele o mundo é azul.
Dizer que ele era uma pessoa ingênua, jamais, boba, nunca, crédulo, só ate certo ponto, o Simplício jamais seria simplório, apesar de seu nome ser: Simplício Simplório.
Em sua índole, possuía algumas qualidades, era o Simplício Simplório, uma pessoa natural, sincera, espontânea, e franca, assim era o Simplício Simplório da Simplicidade.
De todo seu nome, procurou sempre dentro do possível seguir a risca, os sinônimos adaptando-os ao comportamento do dia-a-dia, sempre foi modesto, singelo em seu proceder, quase um ingênuo, desprovido de ambição, era assim o Simplício Simplório da Simplicidade Simples.

O pior predador


Existem várias diferenças entre o predador nato e o nosso predador.
O nosso é considerado (e deve assim o ser) o pior, o mais perverso, e mais terrível dos predadores. O predador nato mata para se alimenta e alimentar seus filhos, muitas vezes defende com vigor sua caça, esconde de outros predadores. O nosso é totalmente diferente, ele caça, não para se alimentar, não para alimentar seus filhos, mas para satisfazer seu extinto de perversidade, ele é único, isso porque consegue ser seu próprio predador, sente-se satisfeito quando executa muitas vezes de forma perversa, seu próprio semelhante.
Assim é o homem, um ser quase perfeito, segundo alguns, a própria semelhança do Altíssimo
Será que tinha razão o poeta que afirmava que quem vive nessa terra miserável entre feras, sente a inevitável necessidade de também ser fera?
Será que se agirmos com mais cautela poderemos viver em paz com nossos semelhantes? Isso não pode ser uma dúvida e sim uma afirmação.
Devemos pensar sempre antes para agirmos depois, e nunca praticarmos o contrário, e assim afirmo que poderemos com certeza viver dias melhores.
É apenas uma questão de princípio, quando o homem tomar consciência de que o risco que ele corre ao se confrontar direto com outro, e sente que deve agir de forma violenta, pode encontrar aquele que revide de forma ainda mais violenta, pois a violência atrai a violência, e a cautela nunca fez mal a alguém.
Tudo melhorará quando as pessoas estiverem bem consigo mesma, quando o respeito aos outros for o lema de cada um, quando entendermos que as desigualdades fazem parte do dia a dia de cada um, quando a intolerância for substituída pela calma, e ajudar o próximo seja uma constante e não apenas nas calamidades, e soubermos que todos têm o direito de ir e vir.
E quando não precisemos nos refugiar dentro de nossas casas para fugirmos dos inimigos que nem conhecemos, então aí teremos eliminado definitivamente dentro de nós mesmos, o nosso maior inimigo, que somos nós mesmos.
O amor a vida é inerente de todo ser vivo, e o extinto de preservação esta inserido no contexto de cada um, más não façamos disso um corolário, e então teremos sempre uma análise antes de uma ação mais irracional
Portanto para todos que lêem esse artigo, que tenha dentro de si, um propósito único, AMAREM a DEUS sobre todas as coisas, e ao PROXIMO como a si mesmo...

Um presente do céu


Quando Riachão Seco completava 100 anos, todos os habitantes estavam em completo estado de festas, era motivo de alegria não só pelo fato de estarem comemorando seu primeiro centenário, como pelo prazer de receberem depois de 20 anos seu mais velho filho, o também centenário o Sr. Amâncio Benévolo.
Velho conhecido de todos no pacato vilarejo, seu Mancinho, como era conhecido, gostava (quando solicitado), contar fatos ocorridos em Riachão, que marcaram em sua trajetória de vida, momentos de alegrias, e até alguns de tristezas; mas naquele momento no coração já cansado de seu Mancinho, só alegrias brotavam. Seu Amâncio Benévolo é no momento o homenageado por todos. O mais respeitado cidadão Riachãoense, estava ali diante de todos seus admiradores sendo homenageado.
Como era de se esperar, o velho senhor, de cabelos totalmente brancos, iniciou seu tão esperado relato. Seria mais um relato, da história de Riachão Seco: “Meus filhos, (pois assim os considero), hoje é o dia mais bonito e feliz de toda a minha vida, isso porque estou tendo a oportunidade de contar para todos a verdadeira origem do nome de nossa querida vila, essa história tem que ficar gravada na mente de todos vocês, filhos de Riachão. Foi a 99 anos passados que pela primeira vês a sexta feira da paixão caiu no dia primeiro de abril.
Nosso “quase rio” corria mansinho nas terras dessa vila, dando aos habitantes, peixes, que saciavam a fome de todos, e água em abundancia que servia tanto para matar a sede como para regar as plantações que existia nos arredores de nossa vila. Só que naquele ano algo diferente aconteceu.
No dia 25 de março, (sete dias antes da sexta feira da paixão), apareceu no céu uma nuvem muito branca que ficou parada sobre nosso rio, durante cinco dias, a qual aos poucos foi sugando toda a água do nosso ribeirão, transformando aquela nuvem branquinha em uma escura, escura, mas brilhante, diferente. Diferente pelo fato de que o seu brilho se movia, eram muitos pontos brilhosos, um fenômeno indescritível, (porém narrável), o fato é que no dia 31 de março, por volta das 23 horas, começaram os relâmpagos e trovões sobre o céu da vila, e no primeiro dia do mês de abril, uma sexta feira da paixão, aqui em nossa tão querida vila, choveu, choveu tanto que inundou tudo, e com a água derramada pela nuvem escura brilhante, vieram também os peixes, que foram sugados por aquela nuvem, e que ficaram brilhando dentro dela durante 5 dias, e assim depois desse milagre, em nosso “quase rio” nunca mais correu uma gota sequer d’água.
È por esse fato que nossa vila recebeu o nome de Riachão Seco.
Todos que ali se encontravam, reprimiram seu riso, mas voltaram para suas casas felizes por saberem da origem do nome de sua vila.
Seu Amâncio Benévolo, como premio pela sua longevidade, ganhou em plena praça central da pacata vila, uma estátua toda esculpida com as pedras brilhantes que os habitantes daquele lugar, costumavam colher no leito seco do “ex quase rio” para trabalhar seus artesanatos que eram os mais famosos e procurados por todos que visitavam aquele bonito e singelo lugar.
Diz à lenda que aquelas pedras brilhantes são as escamas dos peixes que foram sugados pela nuvem que cobriu durante 5 dias a vila de Riachão seco.

A Grande Rocha



Anteriormente, quando comecei a relatar o que vocês estão lendo nesse momento, não tive o cuidado de escolher uma fonte (tipo de letra), que retratasse a personalidade da figura em foco, limpo, e com espaços bem transparentes.
Nasceu no final século IXX, precisamente em 1898, dia 2, mês de novembro (um dia de finados), viveu até 8 de novembro de 198l, quem teve a felicidade de tê-lo conhecido, sabe exatamente de quem estou tentando falar,tentando porque, é,muito difícil falar de uma rocha, os sentimentos de carinho, amor e apreço, vêem a tona,então tenho que parar, até que novamente possa voltar a escrever.
Essa rocha chama-se (porque continuará sempre vivo), Vitorino (de vitória), de Oliveira (arvore venerada), Melo (doce, macio, agradável), assim era meu velho e amigo PAI; uma verdadeira rocha, sobre a qual toda a família construiu sua vida. Sempre pregou para os filhos o senso de honestidade, caráter forte, perseverança, respeito, ehombridade e justiça.
Durante sua trajetória de vida, nunca o vi baixar a cabeça, e nem nunca o vi olhar para cima para encarar alguém, falava sempre: só devemos olhar para cima quando olhamos para DEUS, encarem sempre as pessoas no mesmo nível seu; ninguém pode ser mais que você a não ser DEUS, e assim seguimos seus ensinamentos, preservando a justiça acima de tudo.
Como toda pessoa normal tinha virtudes e defeitos, mas suas virtudes superavam em muito seus defeitos, não perdia tempo em reclamar com seus filhos, bastava um olhar, por cima dos óculos, e estava tudo resolvido, aquele olhar era tão penetrante, que a pessoa alvo, baixava a cabeça e consertava aquilo que estava fazendo de errado.
Brincalhão sério (como só ele podia ser). Gostava de apelidar os sobrinhos e netos, tchél, cabaim, quisuco, lêg têg, tancha e outros que me fogem a memória.
Deu aos filhos o amor pela arte de ler e escrever; lia quase todas as noites, reunindo a família no terraço da casa, e fazia questão que, ele mesmo comentasse sobre o que havia lido, e estimulava os filhos para que emitissem seu parecer, assim era o velho (novo) sertanejo, de mãos calejadas pela labuta diária.
Soube através da minha mãe que havia sido preso por volta dos anos trinta, taxado como comunista, pois na época era líder sindical, mas nunca em momento algum, traiu suas convicções, ou as idéias que defendia sem restrições, por isso era respeitado pelos colegas, vi muitas vezes, e me orgulhava, quando ouvia seus camaradas de trabalho em vários momentos elogiá-lo, no comando do sindicato, ele era um verdadeiro líder.
Já em idade avançada, foi demitido por não trair os amigos, quando de um movimento classista, dizia: àqueles aos quais defendi, e nunca traí, esqueceram aqui do seu amigo, mas estou de consciência tranqüila, por ter cumprido meu dever. Sua honradez estava acima de tudo.
O traidor está sempre a margem da sociedade, e nunca terá moral para andar entre as pessoas de cabeça erguida.
Seu respeito às tradições o acompanharam até seus últimos dias, era moderno sem ter conseguido se modernizar, era alegre sem ter que emitir um só sorriso, mantinha-se sempre alerta, sem ter que envolver as pessoas em suas vigilâncias, estava sempre presente, mesmo distante, isso porque seus ensinamentos eram sempre lembrados para exemplificar algum fato, até hoje as pessoas que conviveram com ele, o citam nos momentos das boas conversas.
Assim era (é), o (senhor Vitorino, meu Pai, Tio Vito, Pai Vito, Compadre Vitorino, Meu velho, Meu senhor), que com todas essas denominações era sempre a mesma pessoa, de caráter ilibado, que conseguia demonstrar suas alegrias mesmo com o rosto siso, que trazia para os outros a segurança de uma “Rocha”, pois assim ele o era.
A benção meu pai, e muito obrigado por tudo que ensinaste, não só a mim, mas a todos aqueles que tiveram o privilégio de te conhecer.
Obrigado mesmo, meu velho.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Menino x Cachimbo



Domingo, nove horas da amanhã, na praia, dezenas de pessoas procuravam um local para colocar, seu guarda-sol, suas cadeiras e suas esteiras para passarem um dia tranqüilo, junto com amigos ou familiares. Como todos; dona Ana procurava um local com alguma sombra, para ficar com seus três filhos, Breno, Rarael e Hugo, como era de se esperar, não conseguiu, então procurou um local onde o numero de pessoas fosse pouco.
Aportou próximo a uma pessoa que lhe pareceu familiar, de fato era uma amiga, a que não via há meses, e estava se bronzeando ao sol, ao lado uma cadeira vazia, Ana pediu licença, sentou-se, e logo começaram a conversar
Ana não perdia os garotos de vista, o Rarael, garoto esperto, estava sempre observando de longe sua mãe, em dado momento apareceu junto a Ana, e como todo garoto curioso viu próximo as duas amigas, algo que lhe chamou a atenção, e pergunta mãe, o que é isso aí? A senhora olha, e responde é um cachimbo, o garoto repete; cachimbo? Mãe, de quem é esse cachimbo? Não sei filho, mas volte à praia! O garoto de pronto atendeu.
Passados alguns minutos, volta o garoto, olha para o objeto e pergunta: mãe esse cachimbo é de sua amiga? Não Rael (apelido do garoto), não é de minha amiga. E de quem é? Não sei meu filho; volte pra junto de seus irmãos, que eu estou conversando com minha amiga, o garoto meio sem jeito, dar uma olhada para o cachimbo e sai.
Outras vezes o garoto volta, fazendo sempre a mesma pergunta: mãe! De quem é esse cachimbo? O que deixava dona Ana bastante irritada, mas respondia não saber de quem era o objeto, alvo da curiosidade de Rarael, a amiga ria bastante da insistência do garoto, a Ana falava: vai terminar eu perdendo a paciência com esse pentelho. De repente volta o menino, e senta próximo ao cachimbo, e novamente pergunta: ou mãe, de quem é o cachimbo? A mãe, (cheguei ao meu limite) levanta-se da cadeira e responde com irritação: esse cachimbo é da “puta que o pariu”!
Um senhor de cabelos grisalhos, que estava sentado ao lado, retirou do rosto o jornal e retrucou, com ar de galhofa, não senhora, esse cachimbo não é seu, (e olhando para o garoto falou): filho, esse cachimbo não é de sua mãe, ele me pertence.
Levantou-se da cadeira e com um sorriso alegre, apanhou o cachimbo, e retirou-se do local com tranqüilidade.