segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Um presente do céu
Quando Riachão Seco completava 100 anos, todos os habitantes estavam em completo estado de festas, era motivo de alegria não só pelo fato de estarem comemorando seu primeiro centenário, como pelo prazer de receberem depois de 20 anos seu mais velho filho, o também centenário o Sr. Amâncio Benévolo.
Velho conhecido de todos no pacato vilarejo, seu Mancinho, como era conhecido, gostava (quando solicitado), contar fatos ocorridos em Riachão, que marcaram em sua trajetória de vida, momentos de alegrias, e até alguns de tristezas; mas naquele momento no coração já cansado de seu Mancinho, só alegrias brotavam. Seu Amâncio Benévolo é no momento o homenageado por todos. O mais respeitado cidadão Riachãoense, estava ali diante de todos seus admiradores sendo homenageado.
Como era de se esperar, o velho senhor, de cabelos totalmente brancos, iniciou seu tão esperado relato. Seria mais um relato, da história de Riachão Seco: “Meus filhos, (pois assim os considero), hoje é o dia mais bonito e feliz de toda a minha vida, isso porque estou tendo a oportunidade de contar para todos a verdadeira origem do nome de nossa querida vila, essa história tem que ficar gravada na mente de todos vocês, filhos de Riachão. Foi a 99 anos passados que pela primeira vês a sexta feira da paixão caiu no dia primeiro de abril.
Nosso “quase rio” corria mansinho nas terras dessa vila, dando aos habitantes, peixes, que saciavam a fome de todos, e água em abundancia que servia tanto para matar a sede como para regar as plantações que existia nos arredores de nossa vila. Só que naquele ano algo diferente aconteceu.
No dia 25 de março, (sete dias antes da sexta feira da paixão), apareceu no céu uma nuvem muito branca que ficou parada sobre nosso rio, durante cinco dias, a qual aos poucos foi sugando toda a água do nosso ribeirão, transformando aquela nuvem branquinha em uma escura, escura, mas brilhante, diferente. Diferente pelo fato de que o seu brilho se movia, eram muitos pontos brilhosos, um fenômeno indescritível, (porém narrável), o fato é que no dia 31 de março, por volta das 23 horas, começaram os relâmpagos e trovões sobre o céu da vila, e no primeiro dia do mês de abril, uma sexta feira da paixão, aqui em nossa tão querida vila, choveu, choveu tanto que inundou tudo, e com a água derramada pela nuvem escura brilhante, vieram também os peixes, que foram sugados por aquela nuvem, e que ficaram brilhando dentro dela durante 5 dias, e assim depois desse milagre, em nosso “quase rio” nunca mais correu uma gota sequer d’água.
È por esse fato que nossa vila recebeu o nome de Riachão Seco.
Todos que ali se encontravam, reprimiram seu riso, mas voltaram para suas casas felizes por saberem da origem do nome de sua vila.
Seu Amâncio Benévolo, como premio pela sua longevidade, ganhou em plena praça central da pacata vila, uma estátua toda esculpida com as pedras brilhantes que os habitantes daquele lugar, costumavam colher no leito seco do “ex quase rio” para trabalhar seus artesanatos que eram os mais famosos e procurados por todos que visitavam aquele bonito e singelo lugar.
Diz à lenda que aquelas pedras brilhantes são as escamas dos peixes que foram sugados pela nuvem que cobriu durante 5 dias a vila de Riachão seco.
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