terça-feira, 4 de junho de 2013

MEUS CABELOS



Anos atrás, nem me lembro quantos fazem; mas me lembro!
Não como se fosse hoje (para não cair no lugar comum), mas realmente lembro-me; estava diante de um espelho enorme, em uma dessas lojas de confecções, ali me vi quase que por inteiro diante daquele espelho, e algo me chamou a atenção; um cabelo branco, ”branquinho mesmo”, que se destacava entre os muitos cabelos castanhos que cobriam meu couro cabeludo.
Imaginei naquele momento: esse sinal nunca tinha visto antes!
Parei por alguns segundo a admirar meu primeiro cabelo branco, a partir daquele momento ele passou a ser o alvo de minha preocupação, ele jamais será molestado por alguém, poderia ser admirado, mas nunca tocado e nem tão pouco ser motivo de zombaria de quem quer que fosse. Passei a escondê-lo, não por vergonha, mas por zelo, queria conservá-lo ali, mostrando seu prateado para o mundo, feliz por ser o primeiro, forte e vigoroso por ser o único.
Aumentou em muito minha preocupação, quando depois de muito protelar tive que me render aos apelos dos amigos, (Cara; tens que derrubar essa “mata”, não adianta tentar esconder que a velhice esta se aproximando), estamos pensando em levá-lo a presença do barbeiro, ai ele dará um jeito todo especial (sob nosso comando) nesse teu solitário cabelo branco.
Não precisou; pedi para o profissional cortar meus cabelos sem danificar aquele que era de minha maior estima.
Quais deles? (perguntou o profissional sorrindo).
Foi naquele momento que observei: ele não era mais o único, e já não dava para saber quem era o primeiro; dezenas de outros haviam surgido sem que me “desse em conta” de que não iria ficar apenas com um cabelo de cor prateada.
Não houve frustração, decepção, ou outro sentimento que não fosse de alegria. Estava eu passando naquele momento do grupo dos cidadãos comuns para outro que mereceria o respeito dos mais novos, isso porque no nosso entender os mais “velhos” merecem o respeito dos mais novos, apesar de tudo isso ser uma questão de época, que passaram por outros tipos de formação educacional.
Hoje; depois de muitos dias, meses e anos de observação capilar, vejo-me novamente contando (agora em sentido inverso), os cabelos castanhos, que ainda restam escondidos por trás de centenas e milhares de cabelos brancos, mas continuo tentando preservar e proteger os poucos e remanescentes cabelos que ha muitos anos atrás, mesclavam de cores quase doiradas a minha vasta cabeleira de cor castanha.




segunda-feira, 3 de junho de 2013

O SILÊNCIO E A SOLIDÃO



Nada mais barulhento que o silêncio.
Nada mais desconfortante que a solidão.
Parceiros ”gêmeos” univitelinos,
completam-se e dialogam entre si, relembrando os caminhos retos ou tortuosos do passado. Nunca permitindo que se vislumbre um futuro, pois a incerteza é o motivo de tudo.
Ou de nada!
Almas xilófagas, unidas apenas pelos pensamentos de quem as curtem.
Pintam quadros, deixando que os restos das tintas respinguem sobre o pintor, deixando-o mais reticente, mais vulnerável, menos criativo e menos prevenido, permitindo que se entregue aos pensamentos vagos, imprecisos, irreais, dos pesadelos e das introspecções.
Ambas é o caminho para uma visão do si para si, do eu para o eu, nunca do nós para nós. Solidão e silencio não permitem outros, são unos, são sós.
Se permita pelo menos uma vez que a solidão e o silencio sejam seus companheiros, e vejas que nunca te encontraras em total isolamento em total surdes.
Pois assim é a vida, movida por uma engrenagem de momentos silenciosos e solitários.