domingo, 10 de janeiro de 2010

UM RELÓGIO MUITO ESPECIAL


O relógio é um objeto que tem bastante utilidade para as pessoas, fornece as horas, aguça o senso de responsabilidade, quando seu proprietário não aceita chegar atrasado aos compromissos assumidos, além de ser uma jóia, que dependendo de seu design, traz orgulho para quem o possui; mas, esse não é o nosso caso, estamos nos referido a um relógio de bolso, (tipo despertador), usado pelo Narciso (simplesmente).
Era um relógio (objeto de uso pessoal que hoje só encontramos em museus) aquele que programamos para nos comunicar, (despertando), uma hora que devemos nos lembrar de algo.
Mesmo no leito do hospital, em seu segundo AVC, o Narciso não desgrudava daquele objeto, era para ele de valor inestimável, mas os valores, não estão em objetos ou coisas, e sim em pessoas, (as pessoas possuem valores diferentes de objetos), é tanto que muitas vezes nos desligamos de objetos que nos são bastante “valiosos” e presenteamos pessoas que para nós têm valores muito superiores.
Nanci, (minha esposa), todos os dias ia visitá-lo, para ela o Narciso era uma figura impar, um ícone, ela tinha por ele um respeito que se tem por uma pessoa mais velha, era o cunhado-irmão (se é que existe esse parentesco), e por certo a recíproca era verdadeira, tanto que no horário em que todos os dias ela chegava ao hospital, para ele era como um momento sagrado; ficava ansioso, nervoso, e consultava o relógio a cada minuto, e quando ela chegava, ele dizia: hoje estás atrasada “x” minutos (e justificava a cobrança), é que enquanto você não chega, o tempo parece que para.
E foi em um dos dias, quando a Nanci chegou depois do horário, que ele em sua constante descontração, retirou de baixo de seu travesseiro o seu relógio de estimação, e dirigindo-se a ela, fez o seguinte comentário.
Por esse relógio eu tenho uma estima muito grande, ele é para mim uma ampulheta, na qual eu fico observando à fina areia, caindo da parte superior, em movimentos, às vezes lentos, às vezes rápidos, como marcando o momento exato de minha “IDA”, e é por isso que o passo as suas mãos, é um presente; talvez o último que dou em minha vida, e servirá também para que você nunca mais chegue atrasada aqui no hospital.
Aquele momento que era de tensão total; foi transformado imediatamente (pela perspicácia do Narciso (simplesmente)), em um momento de descontração.
Poucos dias depois ele faleceu, mas ficará sempre conosco, porque os momentos que passamos juntos, não morreram com ele.
O relógio? Foi entregue a um neto (Guilherme), que tinha por ele um carinho todo especial.

domingo, 3 de janeiro de 2010

O HOMEM QUE SABIA DEMAIS


Wellington gostava de estar sempre em evidencia, isso desde que começou a se entender por gente, ainda criança fazia questão de entre as brincadeiras, demonstrar que sabia de fatos ocorridos entre crianças que aderiam a certos tipos e diversão, e até se propunha a dar lições de como se elaborar alguns brinquedos, isso sem nunca ter entrado em alguma fábrica de brinquedos, de fato o Wellington era um verdadeiro “sucesso” entre os colegas.
Esse aparente “sucesso” aos pouco foi lhe subindo a cabeça, e ele se aprimorando como (para ele), o mais bem preparado, entre as pessoas de seu relacionamento, e os amigos foram percebendo que, o agora rapaz, se sentia útil quando alguém lhe perguntava sobre, de como se fazia ou de como alguém deveria proceder diante de algum caso de aparente complexidade. Aí recebiam dele verdadeiras lições, mesmo que ele nada soubesse sobre aquele assunto, mas esse não era o motivo para que alguém desconfiasse que nada daquilo ele entendia, e assim satisfazia o consultor, e injetava no ego do consultado, aquela injeção de sucesso, (eu sou o maior)! Afirmava interiormente.
Se alguém se destacava em uma profissão qualquer, estava ao seu lado, discutindo no mesmo nível de conhecimento o Wellington, discutia, e até se irritava se alguém tivesse a coragem de contestar alguma de suas teses. No campo da engenharia, procurava as obras mais conhecidas e afirmava que ali, tinha sua participação, como assistente do arquiteto, que projetor a obra, e até se apegava a detalhes para justificar sua afirmativa.
Na medicina, era um dos maiores especialistas em qualquer ramo, ortopedia, traumatologia, cardiologia, dava lições sobre cirurgia, sem saber o nome de um instrumento cirúrgico, (mas isso não era o problema), porque ele procurava as pessoas mais humildes e que nada entendessem sobre o assunto, isso porque bastava ter alguém que conhecesse do assunto, contestasse que ele despistava e saia de fininho.
Só algumas coisas eram do total desconhecimento do Wellington; a modéstia, o senso crítico, o respeito pelas pessoas, o saber que as pessoas sabiam que ele realmente nada entendia do que estava falando, não sabia que era identificado como o papagaio, só copiava dos outros, sua falta de modéstia estava sendo vista pelas pessoas, como seu maior defeito, as demonstrações de ignorância, sobre os assuntos que ele tentava fazer com que os mais humildes cressem eram verdades irreais, e que a forma de seu comportamento, até anti-social, só colocavam ele a margem das boas amizades.
Um dia o Wellington, viu que quando procurava alguém para conversar, encontrava sempre rejeição, isso porque as pessoas que (para ele), nada sabiam, se sentiam humilhadas, diante da presença incomoda do HOMEM QUE SABIA DE MAIS.

RECORDAR É VIVER


Estava pensando, aqui com meus botões, o tempo mudou, o progresso está cada dia mais presente nas vidas das pessoas.
Com o advento do computador, tudo se tornou mais fácil; é mais fácil estudar, fazer compras, namorar, viajar (e nem precisa sair de casa), você descreve para os amigos locais que nunca foi com tanta precisão que para eles de fato você esteve lá.
Sem falar dos amigos virtuais, você em muitos casos nunca os viu, mas manda e recebe mensagens de otimismo, que vem em momentos que de fato estas precisando, mas apesar de tudo, me parece que esta faltando algo nesse emaranhado de informações.
Não vejo as crianças brincando nas ruas, pipas, pinhões, bolas de gude, ou de vidro, peladas nas ruas com bolas de meias, ou de borracha, namoros em baixo de postes (com a luz acesa), e sob a vigilância da mãe da garota, nada disso existe mais, será que a criatividade das crianças, acabou? Os improvisos para se ter um carrinho de brinquedo, de onde um pouco se construía um tudo, podia ser um tijolo, uma lata de doce, e, os patins feitos com rolamentos usados, conseguidos através dos mecânicos nas oficinas da vida.
Velhos tempos, belos dias.
Em alguns lugares existiam os jornais de bairro, feitos pela molecada local, onde todos eram repórteres, jornalistas, diagramadores, revisores e até entregadores, (jornaleiros), onde o alvo eram as pessoas da vizinhança, inclusive com informações de utilidade pública; isso era criatividade.
Quando queríamos fazer uma pesquisa, íamos às bibliotecas, (locais onde grandes acervos e informações eram guardados), pára serem pesquisadas por qualquer pessoa; e hoje onde estão as bibliotecas? Nas memórias dos computadores, ou internet, onde se pode pesquisar, e copiar qualquer assunto sem termos a necessidade de conhecê-lo, ou ao menos perdermos nosso tempo lendo sobre assuntos que só interessam aos professores, (basta copiar sem que tenhamos que escreve uma só linha), e pronto, aí está nossa pesquisa, prontinha para ser jogada no primeiro deposito de lixo.
Então como ficamos nós, saudosistas, retrógrados, ultrapassados, sentemos em nossas cadeiras de balanço, ou deitemos em nossas redes, e, deixemos que o tempo passe?
Nunca! - Temos que aguçar a curiosidade dos mais novos, incentivá-los no sentido de que essa geração, nunca de perca nos emaranhados das informações, vindas das telas de um monitor, conseguidas através de um simples toque na tecla enter de um computador.
Vamos à luta, e quando possível, juntemo-nos aos mais novos, e contemos para eles nossas histórias de lutas e conquistas para alcançarmos nossos objetivos.
Não podemos ser alienígenas em nosso próprio planeta.

MEU SUPER CÃO


Quando cheguei à residência do professor Luciano, que toquei na campainha daquela casa construída há muitos anos, e que estava localizada no centro histórico da cidade de Olinda, tomei um susto, quase entrei em pânico, quando se aproximou de mim aquele cão enorme, emitindo um latido ensurdecedor, era um latido rouco, e de sua bocarra saia uma baba, onde um fio descia a te quase o chão. Era um cão da raça fila, (quase um bezerro), fiquei sem ação; é que a casa não era murada, apenas uma baixa cerca de um engradado de barras de ferro, bordado em forma de animais, onde o cão se destacava, porque era bem mais alto que a proteção da casa.
Logo em seguida aparece o professor, que dar uma ordem onde só consegui entende a palavra fila. Muito solícito, o professor pediu que entrasse o que fiz com restrições, pois aquele animal dava medo. Não temas meu amigo, o meu segurança, é bastante educado, (e dirigindo-se ao anima), falou: não é senhor fila? O animal emitiu um rosnado que parecia quase uma frase.
O professor deu um sorriso meio de galhofa, e iniciamos nosso diálogo, que se referia e assuntos da Faculdade, entreguei para ele o relatório, motivo de minha presença ali. Em seguida ficamos conversando assuntos diversos, então perguntei sobre o cão.
Ah, o senhor fila, é o segurança dessa casa, é meu “SUPER CÃO”, perguntei se o nome do animal era mesmo senhor fila? Não, (respondeu o mestre), seu nome era outro, mas devido a um fato ocorrido a uns seis meses atrás, mudei seu nome para fazer jus a seu modo de proteger minha residência. Então fiquei curioso e perguntei qual tinha sido o fato, para que o cão fosse chamado de senhor fila.
É, vou te falar, mas que fique entre nós, esse cão é um fila, foi comprado ainda muito novo, para que fosse treinado e servisse como protetor dessa casa; durante três anos ele foi acostumado a não passar dos limites do terreno da casa, a não ser quando eu o chamava para um passeio.
Mas um dia, quando cheguei, minha casa estava aberta, apesar de não terem levado nada, estavam abertas, porta e janelas, só não estava o meu SUPER CÃO. Fiquei preocupado pela ausência de meu animal, e assim passaram-se cinco dias, foi quando resolvi procurá-lo; apanhei uma foto dele e fui até a praia, para averiguar junto aos pescadores meus amigos, se alguém tinha visto meu cachorro pelas redondezas.
Professor, eu sei quem está com seu cão, me disse o Germano, ele esta com um cara que costuma visitar noturnamente casas, quando os proprietários se ausentam. Pois foi isso meu amigo, tive que pagar ao larápio, R$ 100,00, para reaver meu SUPER CÃO.
Foi a partir dessa data que mudei seu nome, antes ele se chamava TITÃN, hoje não é apena senhor fila, ele tem nome e sobrenome.
É Senhor Fila da Puta. Não é senhor fila?
E o cachorro abanou sua pequena calda e emitiu novamente aquele rosnado, que parecia uma frase afirmativa.

NÃO SEI COMO


Não sei como começar essa escrita, não sei por que, de quem tenho que falar, não merece apenas uma fala, merece um hino, um hino que seja uma jóia, um diamante perfeito, uma pérola raríssima, um universo inteiro, onde tudo pode ser dito, mas esse tudo, ainda será muito pouco para descrever tal figura.
Baixinha, 1,55 metros de altura, mas para mim era muita, devida sua moral, todas as vezes que tinha que olhá-la, achava que eu deveria ficar de joelhos, não de joelhos em frente a uma santa, e sim diante de uma MÃE, que sempre ensinou o caminho da retidão, do caráter, da hombridade, do respeito, da honestidade, do carinho tanto aos mais velhos quanto aos menores, da criatividade, e, sobretudo de saber contornar os momentos mais difíceis sempre com a cabeça erguida, ensinou principalmente o saber crescer, evoluir, sem ter que pisar pessoas para conseguir um objetivo, ser amigo de seus amigos, e nunca em nenhum momento fazer inimigos.
Louvo as palmadas que levamos quando criança, e até quando adolescentes, e porque negar, quando adultos, (já casado e com filhos), suas palmadas era ardentes, mas dadas com um carinho todo especial, porque eram ensinamentos, que ela estava transferido para nós, ensinamentos vindos de uma vida sofrida, onde se valorizava o mínimo para se ter o máximo. Não muito letrada, mas com seu pouco estudo lia para nós paginas e paginas de como a boa conduta só valorizava o homem.
Sempre estava de bom humor, e tinha uma paciência fora do comum, cantarolava canções antigas, baixinho, mas com certeza não distorcia nem a musica nem a letra. A figura da sogra de língua áspera, não correspondia a forma com que tratava suas noras, visto que para ela (se fossem problemáticas), as soluções terias que ser dadas pelos filhos,.
Jamais entreviu, nos assuntos marido e mulher, embora depois chamasse cada um em separado e transferia seus ensinamentos para ambos, sem tomar partido, mesmo sabendo que do outro lado a recíproca nem sempre era verdadeira, mas ela sabia tirar isso de letra.
Portanto, dona Maria Alves de Oliveira (Marialves), MINHA MÃE. Estou aqui de joelhos, de cabeça baixa, com lágrimas inundando meus olhos, tentando colocar todos os meus sentimentos de carinho, apreço e respeito, a figura de MÃE, SANTA, RAINHA, FORTALEZA, e tantos outros adjetivos que ainda serão poucos, para identificar uma pessoa tão fora do comum que a senhora sempre “FOI e É”, não somente para mim, mas para todos que tiveram a felicidade de conhecê-la.
Pedir-lhe que me abençoe; isso eu faço em todas as horas de meu dia-a-dia, mas peço que continues dando sua proteção àquele que apesar de já estar com a cabeça coberta por cabelos brancos, continua com a mesma inexperiência de quando ainda era criança.
Obrigado MINHA MÃE, por tudo de bom que me ensinaste.
A BENÇÃO MINHA MÃE.
Não sei como consegui.