domingo, 3 de janeiro de 2010

O HOMEM QUE SABIA DEMAIS


Wellington gostava de estar sempre em evidencia, isso desde que começou a se entender por gente, ainda criança fazia questão de entre as brincadeiras, demonstrar que sabia de fatos ocorridos entre crianças que aderiam a certos tipos e diversão, e até se propunha a dar lições de como se elaborar alguns brinquedos, isso sem nunca ter entrado em alguma fábrica de brinquedos, de fato o Wellington era um verdadeiro “sucesso” entre os colegas.
Esse aparente “sucesso” aos pouco foi lhe subindo a cabeça, e ele se aprimorando como (para ele), o mais bem preparado, entre as pessoas de seu relacionamento, e os amigos foram percebendo que, o agora rapaz, se sentia útil quando alguém lhe perguntava sobre, de como se fazia ou de como alguém deveria proceder diante de algum caso de aparente complexidade. Aí recebiam dele verdadeiras lições, mesmo que ele nada soubesse sobre aquele assunto, mas esse não era o motivo para que alguém desconfiasse que nada daquilo ele entendia, e assim satisfazia o consultor, e injetava no ego do consultado, aquela injeção de sucesso, (eu sou o maior)! Afirmava interiormente.
Se alguém se destacava em uma profissão qualquer, estava ao seu lado, discutindo no mesmo nível de conhecimento o Wellington, discutia, e até se irritava se alguém tivesse a coragem de contestar alguma de suas teses. No campo da engenharia, procurava as obras mais conhecidas e afirmava que ali, tinha sua participação, como assistente do arquiteto, que projetor a obra, e até se apegava a detalhes para justificar sua afirmativa.
Na medicina, era um dos maiores especialistas em qualquer ramo, ortopedia, traumatologia, cardiologia, dava lições sobre cirurgia, sem saber o nome de um instrumento cirúrgico, (mas isso não era o problema), porque ele procurava as pessoas mais humildes e que nada entendessem sobre o assunto, isso porque bastava ter alguém que conhecesse do assunto, contestasse que ele despistava e saia de fininho.
Só algumas coisas eram do total desconhecimento do Wellington; a modéstia, o senso crítico, o respeito pelas pessoas, o saber que as pessoas sabiam que ele realmente nada entendia do que estava falando, não sabia que era identificado como o papagaio, só copiava dos outros, sua falta de modéstia estava sendo vista pelas pessoas, como seu maior defeito, as demonstrações de ignorância, sobre os assuntos que ele tentava fazer com que os mais humildes cressem eram verdades irreais, e que a forma de seu comportamento, até anti-social, só colocavam ele a margem das boas amizades.
Um dia o Wellington, viu que quando procurava alguém para conversar, encontrava sempre rejeição, isso porque as pessoas que (para ele), nada sabiam, se sentiam humilhadas, diante da presença incomoda do HOMEM QUE SABIA DE MAIS.

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