sexta-feira, 15 de abril de 2011

GUERRA & PAZ


Doem-me muito meus amigos
Fazer um registro assim
Só quis dizer coisas boas
E nunca nada ruim
Mas as coisas acontecem
Somente os bons padecem
Esta parecendo o fim

Hoje que é dia sete,
Do mês de abril Senhor
Espero que todos esqueçam
Esse dia de horror
Um ano com tantos ”uns”
Sobra medo para alguns
De “um” com tanto furor

Aparece um maníaco
Um sujeito tresloucado
Com a morte em suas mãos
Matando só o honrado
Só crianças indefesas
Inocentes com certeza
Deixando o país pasmado

Essa tragédia amigos
É como panela sem fundo
Quanto mais se bota água
Desaparece no mundo
Culpa da impunidade
Só beneficia a maldade
Nesse país sem segundo.

Fico triste, podem crer
Com o que vejo no dia
Homem matando esposa
Sobrinho matando tia
Mulher sendo estuprada
A justiça não vê nada
Mas faz sua apologia

Lá fora somos de paz
A guerra fica aqui dentro
Mata-se por qualquer coisa
Só pobre fica detento
O congresso nada faz
Fomos passados pra traz
No Rio é o epicentro

Registramos a Candelária
Aquela matança sem par
Matando povo da rua
Sem ao menos perguntar
Porque estavam ali
Pra onde queriam ir
Nada vem justificar.

Marginal é quem comanda
Policia trabalha em vão
Quando prendem um marginal
No judiciário é ou não
O povo fica a espera
De uma justiça severa
Mas nada tem solução

Vivemos Carandiru
Com população enjaulada
Como bois indo ao abate
Com defesa improvisada
Foi um caos caros amigos
Policia era inimigo
Sem pena; despreparada.


Mas esse caso do Rio
A coisa é mais profunda
Uma pessoa comum
Que entre os outros circunda
De repente fica louco
Decaindo pouco-a-pouco
Na inconseqüência afunda

Esta pasmo o país
O mundo inteiro também
Quem pode prever tragédia
Em um país só do bem
Na internet circundam
Mensagens muito profundas
As mentes estão muito aquém

Meu Deus será que um dia
Poderemos viver em paz
Sem temer nosso visinho
E sem olhar para traz
Iremos andar tranqüilos
Apreciando os esquilos
Nos galhos dos matagais

Assim espero Senhor
Que mentes iluminadas
Possam ser a maioria
Dessa terra tão amada
E que pessoas de bem
Se multipliquem por cem
Das maldades perdoadas

terça-feira, 5 de abril de 2011

Causo em verso


Foi um dia diferente
Aquele da sexta feira
Todo sem eira nem beira
O sol não nasceu ardente
Cada um falava um dito
Só na fala, nada escrito
Pra confundir toda gente

Nós queremos retratar
Algo muito inusitado
Por mim está tudo errado
Que não quero nem falar
Por isso prestem atenção
Nessa minha narração
Só em verso sem cantar.

O sol nasceu sem ardor
Frio como uma bola de neve
Por isso ninguém se atreve
A caminhar, meu senhor
Na praça ou no quintal
Sem roupa lá no varal
Tinham medo seu doutor

Lá no céu todo azulzinho
Não voava uma ave
Estava ficando grave
Aquele tempo enxutinho
Cada pessoa pensava
Ninguém vai sair de casa
Vala-me Deus meu visinho

Se alguém teve a ousadia
De sair todo enrolado
Mesmo estando bem calçado
Ao sair naquele dia
Teve uma grande coragem
Ou apenas sacanagem
Pra desmoralizar o que via.

Era algo diferente
O que estava acontecendo
Se conta, más; só se vendo
Acreditem minha gente
Que foi algo nunca visto
Não era igual era misto
Dava crença ao descrente

Até o padre se escondeu
Dizendo, isso é castigo
É coisa do inimigo
Aquele que fede a breu
Não é breu é a enxofre
Que foi o bispo que trouxe
La das minas do Pompeu.

O juiz se diz honesto
Que é justo ate demais
Disse-me: oh meu rapaz
Fale-me. Eu não contesto
Sem gagueira e nas escuras
Isso aí é só temos frescuras
Ou é forma de protesto?

A coisa vem do Arauto
Com Ele ninguém se atreve
A fazer nem uma greve
Lá no céu muito bem alto
Só podem baixar cabeça
Com respeito não esqueça
É isso que lhe ressalto

O delegado chamou:
Todos à delegacia!
Olhei pra o céu, na chovia
Aí Junina chorou
Eu não entro nessa luta
Sou apenas prostituta
Me tire dessa doutor !

Nessa todos nós estamos
Falou grosso o promotor
Do gari ao professor
Enrolado nós ficamos
Por isso vamos reunir
Pra dessa teia sair
Com ajuda do Senhor.

Esta tudo horrorizado
Com o que esta acontecendo
Nós víamos todos sofrendo
Correndo pra todo lado
Gritava o seu Raimundo
Estamos no fim do mundo
Eu vou morrer congelado

Então pôde se ouvir ouvir
Um estrondo muito grande
Parece folhas de flandres
Que alguém esta a brandir
Silencio gritou alguém
Esse som vem do alem
Vamos todos conferir

Então chegamos ao consenso
Ficamos todos a ouvir
Se voz iria sair
Daquele clarão imenso
Um o outro abraçava
Ou sorria outro chorava
Todos estavam em suspenso

E uma voz primaveril
Deixou todos abismados
Felizes mas abobados
Com aquilo que ouviu
Podem ficar bem tranqüilos
Eu fiz isso por jubilo
Hoje é primeiro de abril.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A casa de dois pavimentos


Novamente estava ele, aguardando os primeiros raios de sol, como fazia todas as manhãs nas ultimas duas semanas; era para ele um verdadeiro martírio, mas o resultado daquela grande espera era como um bálsamo que aliviava todas as suas tensões.
Havia sido transferido da cidade onde estivera lotado durante dois anos, mas como estavam precisando de uma pessoa para assumir a direção naquela cidade, e ele com sua competência demonstrada por varias vozes, foi a pessoa ideal para assumir aquela função; devido ao afastamento do titular por motivo de aposentadoria.
Era ainda bastante jovem, havia terminado o curso a pouco mais de três anos, mas era sua vocação, e tudo que fazia era de um esmero fora do comum, as pessoas com as quais mantinha contatos diários julgavam-no uma pessoa integra e bastante responsável, cumpria suas tarefas sempre com um aspecto feliz, na realidade era exatamente aquilo que ele queria e gostava de fazer.
À noite, ao deitar, fazia uma retrospectiva do que havia feito durante o dia, e planejava tudo que deveria fazer no dia seguinte. Antes de dormir tinha o costume de folhear e ler algumas páginas de seu livro preferido, já o havia lido varias vezes, mas a cada investida na leitura, descobria que tinha muito mais que aprender, e que a vida por certo seria um dos mestres nessa jornada de aprendizado.
Sua suíte estava localizada no segundo andar do prédio principal, de lá ele podia observar grande parte da cidade; a sua frente estava a praça central, com jardins bem cuidados, e flores perfumavam as manhãs daquela cidadezinha, que era bem diferente da que tinha vindo, logo mais a frente, de sua janela ele podia ver o rio que passava circundando a cidade, águas claras e mornas, um convite à garotada local que brigavam e tomavam banho. A sua esquerda pequenas casas, todas pintadas de novo,algumas com duas janelas na frente, e outras com janela e porta, era típico de cidade do interior, e a sua direita, a única casa com dois pavimentos, e quando ele parava para observar uma casa tão bonita não sabia o porque; mas algo o deixava preocupado.
E foi assim que depois de um mês no local, já conhecia quase todas as pessoal do local, exceto as que moravam na casa de dois pavimentos. A mesma passava a maior parte do dia com as janelas fechadas, mas ele sabia que havia pessoas morando ali, isso porque todas as noites as lâmpadas estavam acesas, e ele podia ver silhuetas de pessoas em movimento dentro da casa.
No final de semana foi apresentado as pessoas daquela casa, eram um senhor de idade um pouco avançada, e sua esposa uma jovem que aparentava ter metade da idade do marido, ambos deram as boas vindas para ele, e o convidaram para jantar, qualquer dia desses em suas residência.
A partir daquele dia tudo mudou na vida daquele jovem, ele passou a observar mais a casa de dois pavimentos, e procurar distinguir dentre as silhuetas quem era ele ou ela, e pela manhã ficava na expectativa de quem iria aparecer primeiro na janela, e ali passava minutos a fio esperando a aparição tão desejada, não sabia o porquê, mas sem querer durante a noite estava observando de dentro de deu quarta, a casa.
Ate que uma manhã de uma das janelas foi aberta uma cortina, e ali apareceu a figura tão esperada, “ela” a moradora da casa de dois pavimentos.
E assim, durante as duas ultimas semanas no mesmo horário, vestindo um roupão quase transparente, bem em frente a janela com um sorriso maroto nos lábios, acenando e fazendo movimentos ondulatórios provocantes para ele, estava a figura daquelas mulher que agora é o motivo da todas as angustias matinais do jovem padre
Bernardo.