terça-feira, 5 de abril de 2011

Causo em verso


Foi um dia diferente
Aquele da sexta feira
Todo sem eira nem beira
O sol não nasceu ardente
Cada um falava um dito
Só na fala, nada escrito
Pra confundir toda gente

Nós queremos retratar
Algo muito inusitado
Por mim está tudo errado
Que não quero nem falar
Por isso prestem atenção
Nessa minha narração
Só em verso sem cantar.

O sol nasceu sem ardor
Frio como uma bola de neve
Por isso ninguém se atreve
A caminhar, meu senhor
Na praça ou no quintal
Sem roupa lá no varal
Tinham medo seu doutor

Lá no céu todo azulzinho
Não voava uma ave
Estava ficando grave
Aquele tempo enxutinho
Cada pessoa pensava
Ninguém vai sair de casa
Vala-me Deus meu visinho

Se alguém teve a ousadia
De sair todo enrolado
Mesmo estando bem calçado
Ao sair naquele dia
Teve uma grande coragem
Ou apenas sacanagem
Pra desmoralizar o que via.

Era algo diferente
O que estava acontecendo
Se conta, más; só se vendo
Acreditem minha gente
Que foi algo nunca visto
Não era igual era misto
Dava crença ao descrente

Até o padre se escondeu
Dizendo, isso é castigo
É coisa do inimigo
Aquele que fede a breu
Não é breu é a enxofre
Que foi o bispo que trouxe
La das minas do Pompeu.

O juiz se diz honesto
Que é justo ate demais
Disse-me: oh meu rapaz
Fale-me. Eu não contesto
Sem gagueira e nas escuras
Isso aí é só temos frescuras
Ou é forma de protesto?

A coisa vem do Arauto
Com Ele ninguém se atreve
A fazer nem uma greve
Lá no céu muito bem alto
Só podem baixar cabeça
Com respeito não esqueça
É isso que lhe ressalto

O delegado chamou:
Todos à delegacia!
Olhei pra o céu, na chovia
Aí Junina chorou
Eu não entro nessa luta
Sou apenas prostituta
Me tire dessa doutor !

Nessa todos nós estamos
Falou grosso o promotor
Do gari ao professor
Enrolado nós ficamos
Por isso vamos reunir
Pra dessa teia sair
Com ajuda do Senhor.

Esta tudo horrorizado
Com o que esta acontecendo
Nós víamos todos sofrendo
Correndo pra todo lado
Gritava o seu Raimundo
Estamos no fim do mundo
Eu vou morrer congelado

Então pôde se ouvir ouvir
Um estrondo muito grande
Parece folhas de flandres
Que alguém esta a brandir
Silencio gritou alguém
Esse som vem do alem
Vamos todos conferir

Então chegamos ao consenso
Ficamos todos a ouvir
Se voz iria sair
Daquele clarão imenso
Um o outro abraçava
Ou sorria outro chorava
Todos estavam em suspenso

E uma voz primaveril
Deixou todos abismados
Felizes mas abobados
Com aquilo que ouviu
Podem ficar bem tranqüilos
Eu fiz isso por jubilo
Hoje é primeiro de abril.

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