segunda-feira, 27 de agosto de 2018

O JUMENTO CANTOR
Nivaldo Melo
1
Alguns fatos acontecem
Durante a vida da gente
Alguns nos trazem tristezas
Outros nos deixam contentes
Vou lhe passar um cordel
Escrito nesse papel
Um causo bem diferente.
2
Nada de imaginação
Isso é um fato real
Não me chamem mentiroso
Nem mesmo cara de pau
É que sem nenhuma maldade
Mentira vira verdade
Sem que cause nenhum mal.
3
Portanto prestem atenção
Em tudo que escrevo agora
Façam isso com carinho
Independente da hora
Juntem pessoas ao lado
Pra que fique registrado
Lá nos anais da história,
4
Foi nas terras do Boi morto
Nos confins do interior
Na fazenda do seu Bento
Um homem trabalhador
E lá nasceu um jumento
De corpo todo cinzento
Que foi batizado Cantor.
5
Esse nome foi lhe dado
Por algo bem diferente
Na hora do nascimento
Todos que estavam presente
Ouviram ele zurrar
Uma canção popular
De forma eficiente.
6
Zurrou apenas uma vez
Essa canção popular
Foi coisa de botar medo
Em quem estava no lugar
Alguns saíram correndo
Por medo, até esquecendo
Se negando a comentar.
7
Os poucos que ali ficaram
Fizeram um juramento
Que jamais comentariam
A sensação do momento
Pra evitar gozação
Esqueceriam a canção
Cantada pelo jumento.
8
Os dias foram passando
O jumento ia crescendo
Mas algo de muito estranho
Nele estava acontecendo
Seu corpo que era cinzento
Logo naquele momento
Tinham listas aparecendo.
9
Eram listas desenhada
Em apenas uma cor
De formas delineadas
Que causavam algum clamor
Todo povo da cidade
Pensavam em calamidade
Mandada pelo Senhor.
10
Mas pro dono do animal
Não havia nenhum risco
A mãe do bicho cruzou
Com o zebra lá do circo
Todos vão se acostumando
Pois o bicho tá zebrando
Ninguém tem nada com isso.
11
Antes da maior idade
Já tinha cor definida
Com listas pretas e cinzas
Desfilava na avenida
Não era zebra nem burro
Zurrava só de sussurro
Assim era sua vida;
12
O asno fez amizade
Com animal que cantava
Galo, peru e pavão,
Deles se aproximava
Ensinavam-no a solfejar
Só música bem popular
Que todo povo gostava.
13
Seu amigo e professor
Foi um velho Sabiá
Que junto com o curió
Faziam o burro ensaiar
Cantigas de todos os tipos
As de versos mais bonitos
Eruditos ou popular.
14
Com pouco mais de um ano
Já era adulto o Cantor
Quando pastava no campo
Solfejava sem temor
Fazia isso sozinho
Zurrava sempre baixinho
Algumas canções de amor.
15
E nas terras do Boi Morto
Na fazenda de seu Bento
Reuniam-se as famílias
Só pra ouvir o jumento
Que tímido como um garoto
Cantava sempre um pouco
Apenas por um momento.
16
Não falava uma palavra
Mas se fazia entender
Solfejando as canções
Era seu maior prazer
Erudita ou popular
Pediam pra ele cantar
Sem direito de escolher.
17
E com o passar dos dias
A timidez foi embora
E o jumento cantava
Independente da hora
Solfejava com ardor
Belas canções de amor
Dos velhos tempos de outrora
18
Todo começo de noite
Logo que a lua surgia
Nosso cantor caminhava
E lá no morro surgia
O povo ficava esperando
Para ouvi-lo solfejando
De Gounod; Ave Maria.
19
Era um tremendo alvoroço
Muitas vezes confusão
O povo se emocionava
Ouvindo aquela canção
Uns gritavam outros choravam
E o Cantor só zurrava
Fomentando a emoção.
20
Aos pouco nosso Cantor
Foi ficando afamado
Quando havia alguma festa
O asno era convidado
Do início até o final
Era o cantor principal
Que era mais badalado.
21
E com isso o velho Bento
Já mudou de opinião
Deixa logo a agricultura
Já tem outra profissão
Triplicou o seu numerário
Passou a ser empresário
Do jumento nosso irmão,
22
Vendeu a sua fazenda
E foi morar na cidade
Passou a viver só as custas
De um cantor de verdade
Construiu uma estribaria
Onde o jumento vivia
Mas o povo achou maldade.
23
Logo ensinou ao jumento
O Hino Nacional
Pra impressionar os políticos
Não somente do local
Ele queria era fama
Pra tirar o pé da lama
Explorando o animal.
24
Recebeu muitos convites
Pra aparecer na TV
Quando surgia no palco
Era aplauso pra valer
Imaginem o que é
Ser aplaudido de pé
Sem ter direito ao cachê.
25
Quem ficava com a grana
Era Bento o empresário
Que falava para todos
Não pensem que sou otário
Sou dono do animal
Meu ganha pão principal
Ele paga meu salário.
26
Nas festas de casamento
Na igreja ou no campal
Contratavam o Cantor
Com solfejo de cristal
Pra executar o momento
Daquele acontecimento
A marcha nupcial.
27
Já nos festejos de Momo
No baile municipal
Pra cantar frevo ou samba
Ninguém fazia igual
Ele comandava a festa
Nem precisava orquestra
Ele era o carnaval.
28
O prêmio para o Cantor
Era o reconhecimento
Não existia prestígio
Maior que o do jumento
Padre, prefeito, delegado
Deixavam o poder de lado
Prestigiavam o talento.
29
Nas festa religiosas,
No meio das procissões
Estava lá o jumento
Solfejando as orações
Solfejava apenas hino
Era um momento divino
Aumentando as devoções.
30
E na missa do domingo
Quem comandava o coral?
Era o asno cantador
Em cima de um pedestal
Bem na frente do altar
Pra todo mundo olhar
Nosso astro principal.
31
Os fieis cantavam os hinos
O jumento solfejava
Uma sintonia perfeita
Parece que ensaiava
Sem órgão e sem piano
De um modo muito sano
Todo povo festejava.
32
Nos culto dos evangélicos
Da Igreja Universal
O pastor é que vibrava
Lá no púlpito principal
Gritava para os obreiros
Arrecadem o dinheiro!
Era um sucesso total.
33
Mas nem tudo era flores
Para o jumento Cantor
Tava ficando cansado
Pois a vida sem amor
Pra ele era sem sentido
Pois vivia escondido,
Por medo de seu tutor.
34
Quando estava na fazenda
E ninguém o conhecia
Nosso cantor namorava
As jumentas que queria
Cantava pras namoradas
Muitas canções de balada
Que muito bem conhecia.
35
Nas noites de lua cheia
Solfejava serenata
Só com músicas das antigas
Nisso era diplomata
Dava ênfase a canção
Que fala do coração
Sempre de forma abstrata.
36
Mas o tempo ia passando
Aumentava a solidão
Não sabia ele falar
Pra alertar o patrão
Precisava de um amor
Pra aplacar o fervor
Dentro de seu coração.
37
Só um dia da semana
Saia da estribaria
Só passeava a noite
Pois de dia não podia
Mas sempre acompanhado
Por um tratador safado
Pois só ordem obedecia.
38
Numa noite madrugada
Ele ouviu um assobio
Levantou logo as narinas
Sentiu o cheiro de cio
Com um movimento seguro
Pulou por cima do muro
Pegou o beco, Fugiu,
39
Fugiu com a sua amada
Nem olharam para trás,
Queriam ficar bem distante
Do opressor satanás
Que era o velho Bento
Explorador de jumento
Escravidão nunca mais.
40
Saíram pelas campinas
Felizes como crianças
Trocaram juras de amor
Na mais total confiança
Pois o Cantor solfejava
Sua amada assoviava
Festejando a mudança,
41
Isso foi no mês de junho
Nas festas do São João
Nosso jumento azebrado
Cantou a mesma canção
Do momento que nasceu
A que nunca esqueceu
Que era do Gonzagão.
42
“É verdade meu senhor
Essa história do sertão
Padre Vieira falou
O jumento é nosso irmão”
Nosso casal de jumento
Vivem até esse momento
Na mais perfeita união.




ENCONTRO
Nivaldo Melo

Em um espaço tão grande o quanto poderia ser, estávamos.
De um lado, Eu.
Do outro, Você.
Apenas a atmosfera local nos separa.
Quilômetros entre corpos, milímetro entre almas.
Cumplicidades mentais, atormentavam o ambiente.
Tornando-nos muito mais próximos que ausentes.
Horas de espera, segundos de certeza,
de uma futura união em tom quase perfeito.
Independente de como aconteceria fora ou sobre o leito.
E assim no barulho silencioso das mentes.
Sentimos a presença de um amor eterno rondando a gente.
E aí sem promessas ou cobranças, viveríamos apenas o presente.
Foi dessa forma que resolvemos viver aquele ENCONTRO eternamente.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

JUVINA BEIJA FLOR E SEUS TRÊS MARIDOS


Nivaldo Melo

1
A Juvina não deu sorte
Pra encontrar o marido
Tinha vários pretendentes
Mas só um foi escolhido
Foi um cara bonitão
Demonstrando ter tesão
Mas muito bem resolvido.
2
Viajou todo o pais
Conheceu várias paragens
Nada lhe fazia medo
Uma mulher de coragem
Espirito independente
Olhava sempre pra frente
Sem medo de sabotagem.
3
Onde a Juvina passava
Mostrava sempre alegria
Quando chega nas festas
Todo povo a aplaudia
Viva, vivas minha gente
A festa ficava contente
Se Juvina aparecia,
4
Seu primeiro casamento
Foi com o jovem Juvenal
Forte e halterofilista
Bem popular e legal
A festa do casamento
Foi um acontecimento
Verdadeiro festival
5
Na lista de convidados
Só tinha gente importante
Presidente da republica
De um pais bem distante
Tinha lá muita comida
E não faltava bebida
Foi uma festa brilhante
6
Alugaram uma suíte
Pra sua lua de mel
Seria uma semana
Sem saírem do hotel
A Juvina muito feliz
Parecia uma atriz
No mais famoso papel.
7
Saíram daquela festa
Por volta de meia noite
Entraram na limusine
Partiram com um açoite
Juvina olhava o marido
De gala todo vestido
Pra seu primeiro pernoite.
8
Quando chegaram ao hotel
Uma banda de corda e pau
Tocaram para os nubentes
A valsa nupcial
Até na velha abadia
Cantavam a Ave Maria
Ao som de um berimbau,
9
Até ai tudo bem
Nada era diferente
A noiva muito feliz
O noivo meio reticente
Nervoso estalava os dedos
Demonstrando está com medo
Parecia estar doente.
10
Conduziram então os noivos
Ao quarto nupcial
Tinha uma cama redonda
Bem no centro do local
Banheira, hidro massagem
Banquinho pra sacanagem,
Ambiente surreal.
11
No teto um grande espelho
Iluminação meia luz
Um imenso TV de Led
Exibia corpos nus
Ele todo encabulado
Olhando sempre de lado
Parecia um avestruz.
12
Uma música bem erótica
Dava o retoque final
Excitando os dois pombinhos
Para o ato principal
Ela sai naquela hora
Volta só de camisola
Pronta para o bacanal.
13
Encontra o futuro amante
Ali na cama sentado
Com um olhar meio estranho
Parecendo ter chorado
Que é isso meu amor,
Tás sentindo alguma dor?
Mas ele ficou calado.
14
Fez um gesto e falou
Mas depois de muito esforço
Estava de cabeça baixa
Queixo colado ao pescoço
Virou-se ficou de costa
“A fruta que você gosta
Eu chupo até o caroço”.
15
Eu não entendo amor
Aquilo que você disse
Qual a fruta que tu gosta?
Isso pra mim é sandice
- Você volte a se vestir
Não vou querer repetir
Essa é minha esquisitice.
16
Era homossexual
O grande halterofilista
Levanta ferro nas costas
Ele era grande artista
Sabia esconder a cobra
Nisso era mestre de obra
De homem era massagista.
17
Pense na decepção
Que caiu sobre a Juvina
Pensou que seria mulher
Continuava menina
Primeira decepção
Sua primeira união
Mal começa já termina.
18
Alguns anos se passaram
Juvina sempre a chorar
E a palavra marido
Nem queria ouvir falar
Levaram pra um analista
Pra ela foi a conquista
Voltou a querer casar.
19
Agora a coisa seria
De um modo diferente
Seria do jeito dela
Tudo de caso presente
Iria testar primeiro
Pra ver se era verdadeiro
O seu novo pretendente.
20
Nem precisou procurar
Um cara que fosse legal
Desse tipo bonachão
Mas que tivesse moral
Que fosse um cara amigo
Encontrou o pretendido
Um homem de alto astral.
21
O Maneco Ferro Fogo
Foi ele o cara escolhido
A Juvina acreditava
Ter encontrado um marido
Bom de papo, bom em tudo
Seria seu novo escudo
Do céu ele tinha caído.
22
Anos de felicidades
Viveram os dois pombinhos
Durante o dia, trabalho
Noite para um barzinho
E assim foram vivendo
Sem ver o que estavam vendo
Alcoólicos devagarinho.
23
Quem é fraco se entrega
Ao vício do alcoolismo
Esse vai se infiltrando
Levando para um abismo
Acaba logo o amor
A família sim senhor
Vai junto pra o ostracismo.
24
O Maneco Ferro Fogo
Foi perdendo as qualidades
Chegava em casa falando
Quero minha liberdade
A Juvina independente
Deu com o pé no decente
Sem esboçar crueldade.
25
Volta a Juvina de novo
Viver sozinha outra vez
Sem ter ao lado um marido,
Mas ela com altives
Deu sua volta por cima
Hoje mulher, não menina
Mas em total solidez.
26
Agora na meia idade
Juvina sabe o que faz
Nada de se apegar
Apaixonar, nunca mais
Foi cursar a faculdade
Pra se formar de verdade
Isso vai pra seus anais.
27
Com pouco mais de quarenta
Um novo amor encontro
Com “Gostoso” vou ter sorte.
Foi assim que ela pensou.
Quis fingir que era paixão
Não falava em união
Ao pensar tinha pavor.
28
Morar em lugar separado
Seria muito melhor
Algo assim, sem compromisso
Continuava a ser só
Em motéis se encontravam
Nesse local se amavam
Era amor em tom maior.
29
Quando saiam pra noite
Voltavam de madrugada
Era um retorno feliz
A volta lá da balada
Ela só cantarolando
E ele assobiando
E iam pra “machadada”.
30
O bom não dura pra sempre
Falava assim minha vó
E naquela empolgação
Juvina se achava só
A coisa estava estranha
O cara cheio de manha
Começava a dar um nó.
31
Algo estava remoendo
Na cabeça da Juvina
Eu já não sou mais criança
Tou parecendo menina
Ainda não sei o porque
Vou procurar entender
Nunca vou fica mufina.
32
Observou seu “Gostoso”
Nas idas para as baladas
Na hora de pagar a conta
Martinho não dava nada
Fala que “homem é luxo”
Se não aguenta o repuxo
Pode desce da escada.
33
Ai Juvina entendeu
Porquê da preocupação
No dia quinze do mês
Já estava sem tostão
Pôs o dedo no suspiro
Iria parar com aquilo
Só tinha essa opção.
34
E no final de semana
Saíram para a balada
A hora de pagar a conta
Ele disse: não dou nada
Porque sou bom cafeeiro
Ando sempre sem dinheiro
Essa é a grande sacada
35
Sabe o que aconteceu?
Juvina não discutiu
Pediu licença ao amante
E lá pelos fundos saiu,
O cara ficou esperando
Mas terminou se cansando
Quis fugir não conseguiu,
36
A despesa daquela noite
Chegou quase cinco mil
O “Gostoso” bem nervoso
Sentia o corpo febril
Chegou a pedir ajuda
Dizendo Deus me acuda
Pois eu sou um imbecil.
37
Foi uma tremenda vergonha
Que o “Gostoso” passou
Além de perder a prenda
Naquela noite “dançou”
Foi direto pra o distrito
Lavou latrina e pinico
E o relógio empenhou.
38
Depois do que ocorreu
Pediu perdão pra juvina
Ela disse: Meu Gostoso
Eu já tomei a vacina
Nessa você se enganou
Não sustento gigolô
Me espere na esquina.
39
Foi grande demonstração
De caráter da Juvina
Continuaria vivendo
Sempre mudando a rotina
Em cada dia existente
Viveria intensamente
Com confete e serpentina.
40
Depois das decepções,
Viveria em auto astral
E sua independência
Pra ela é essencial
Cada dia é mais um dia
Pra viver com alegria
Em perene carnaval.
41
Hoje vemos a Juvina
Vivendo intensamente
Cada dia mais feliz
Voltou a ficar contente
Nas festas que aparece
Quebra todos os estresses
Seu passado? Acidente!
42
Só pensa em seu futuro
Com certeza promissor
Seu espirito independente
Pode viver sem amor
Sabe amar como ninguém
Pois ama tudo que tem
A JUVINA BEIJA FLOR.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

AS TRES PEDRAS


Nivaldo Melo
1
Foi no ano de não sei quando
Que essa história se passou
Não me lembro onde ouvi
E nem sei quem me contou
Só sei que aconteceu
O fato que agora eu
Passo a narrar pra o senhor.
2
O reino da Carochinha
Era um lugar diferente
Não era alegre nem triste
Mas seu povo era contente
Choravam; porem cantavam
Cantigas que acalentavam
O coração do regente.
3
Regente era o soberano
Do pais da Carochinha
Tudo lá era tranquilo
Para o Rei e pra Rainha
Uma casal muito bonito
Mas viviam em conflito
Pois um herdeiro não vinha.
4
Estavam ficando velhos
O bom casal de monarca
Já tinham mais de quarenta
O rei era o patriarca
O povo preocupado
Falavam pra todo lado
E se um dos dois embarca?
5
A preocupação do povo
Tinha uma razão de ser
É que pela lei do reino
Quem tinha que suceder
No comando do reinado
Era um conde, o Depravado
Deixando o povo a temer.
6
Então a população
Em um gesto tresloucado
Foram falar com o rei
Que ouviu todos calado
Queriam fazer eleição
Mudar a constituição
Tinham até abaixo assinado.
7
A rainha então falou
Pra toda população.
Tinha feito uma promessa
Pra o santo de proteção
Teria que engravidar
Ela tinha que gerar
O salvador da nação.
8
E se for uma mulher,
Quem vai ser o sucessor?
Perguntou o comandante.
Foi aí que o rei falou:
Será um homem honrado
E de caráter ilibado
Assim como eu o sou.
9
Nossa rainha está grávida
Isso é fato consumado
E daqui a poucos meses
O herdeiro tem chegado.
E se for uma menina
Será a coisa mais fina
Que teremos no reinado.
10
Com três meses na espera
Nasceu uma bela flor
Era a coisinha mais bonita
Que Deus na terra botou
Recebeu nome de Rosa
Que é a flor a mais formosa
Que no jardim já brotou.
11
No dia do batizado
O rei fez um desafio:
Pra casar com a princesa
No momento eu anuncio
Tem que ser cabra valente
Traga pra ela um presente
Coisa que nunca se viu.
12
A estória se espalhou
Em todo canto do reinado
Até no lugar mais distante
O fato foi publicado
Um jovem agricultou
Quando a coisa escutou
Disse: nessa eu sou testado
13
Chamou seu pai e sua mãe
E disse: vou procurar
Num lugar muito distante
Garanto, vou encontrar
Mesmo que seja num covil
A coisa que ninguém viu
E para a princesa vou dar,
14
E se por acaso a princesa
Não queira te desposar?
Vou tentar de todo jeito
Pra ela se apaixonar
Se ela não me querer
Nada vai me acontecer
Em mim nada vai mudar.
15
O pai deu as economias
Pra fazer jus as despesas
E a mãe deu para o filho
Três pedras, suas riquezas,
E disse assim para o filho:
Não te tornes um andarilho
Que chegaras a nobreza.
16
As pedra se multiplicam
Depende da ocasião
Se tu precisares delas
É só fazer uma oração
E ensinou para o menino
Três orações pra o Divino
Que é nossa salvação.
17
Cada pedra tem uma cor
Uma oração diferente
Se errares a oração
Tudo muda de repente
Ela vai te transportar
Para um outro lugar
Não temas; siga em frente.
18
No reino das palafitas
É lá que vás encontrar
Aquilo que tu procuras
Está naquele lugar
Terás que ser muito forte
Lá nessas terras do norte
As coisas vão complicar.
19
Nunca esqueças das pedras
Cada cor uma oração
A pedra amarela é da força
A pedra verde união
A pedra azul é o amor
Rezas com muito fervor
Ela é tua salvação.
20
Beijou o pai e a mãe
E pra o terreiro saiu
Pegou a pedra da força
Rezou, e então sumiu
Sua mãe falou baixinho
Ele aprendeu direitinho
Olhou pra o céu e sorriu.
21
Quando ele abriu os olhos
Viu uma placa bonita
NO REINO DAS ANDORINHAS
SUA HISTÓRIA TA ESCRITA
- Esse é meu primeiro passo
Aqui eu acho o que faço
Ou será minha desdita.
22
Aí surgiu de repente
Um pássaro muito bonito
Que lhe entregou um papel
E estava nele escrito:
A rainha quer lhe ver
E conversar com você
Sobre algo esquisito
23
O pássaro então o levou
À presença da rainha
Uma belíssima ave
Rainha das andorinhas
Que lhe falou com clareza
De toda sua tristeza
Do medo que ela tinha
24
É que um falcão medonho
Um faminto predador
Tava atacando o reino
Fomentando o terror
Todo dia ele atacava
Uma andorinha levava
Causando o maior pavor.
25
O rapaz disse que iria
Falar com o senhor falcão
Procuraria a paz
Junto aquele gavião
Então saiu de mansinho
E foi direto pra o ninho
Sem medo no coração.
26
Tirou sua pedra verde
E colocou-a na mão
Foi se encontrar com a ave
Fazendo sua oração
Não precisou nem falar
Quando acabou de chegar
Tava selada a união.
27
O falcão foi lhe falando
Te quero como amigo
Sei que vens de muito longe
E corres muitos perigos
Sigo contigo viagem
Descobriremos paragens
Sem temer nenhum castigo.
28
No reino das andorinhas
Homenagearam o rapaz
Deram-lhe uma pena mágica
Para selar toda a paz
O jovem e o gavião
Então se deram as mãos
Disseram até nunca mais,
29
Pegaram na pedra verde
Rezaram a pedra amarela
Tudo ficou muito escuro
Então abriu-se uma tela
- Este reino é das formigas
Se quer briga, vai ter briga.
Foi a passagem mais bela,
30
A rainha Tanajura
Mandou foi um pelotão
Pra prender os visitantes
Pois tinha toda razão
Os soldados mais valentes
Tinham no pelotão da frente
O general formigão,
31
Prenderam os invasores
E levaram para a rainha
Que foi falando bem grosso
Que do dois medo não tinha
Nós somo de muita paz
Assim falou o rapaz
Que contou a o que vinha.
32
A tanajura princesa
Falou sobre os inimigos
Um bando de gafanhotos
Que deixavam sem abrigos
Milhares de formiguinhas
Deixando triste as rainhas
Deste reino e dos amigos.
33
Então o jovem falcão
Pediu licença e voou
Foi parar no esconderijo
Do gafanhoto infrator,
Comeu mais de mil bandidos
E perguntou pros vencidos
Qual deles que não gostou?
34
Foi um silencio total
No covil dos gafanhotos
O chefão todo medroso
Acho que deviam atacar outros
O gavião sem intrigas
Sou defensor as formigas
Que pensas que são biscoitos.
35
O chefe dos gafanhotos
Prometeu fazer as pazes
Com as formigas gerais
E esquecer essas fazes
Seriam vegetarianos
E durante muitos anos
Deixaram de ser vorazes.
36
De presente receberam
O passaporte final
Ao reino das palafitas
Seria o último local
Pra encontrar o presente
Aquele bem diferente
O presente sem igual.
37
No reino das palafitas
Já estavam esperando
O pretendente ao trono
O valente soberano
Filho de um agricultor
Com um futuro promissor
Isto sem nenhum engano.
38
No reino das palafitas
Não tinha rei definido
Todo vivente era rei
Nada era escondido
Sentaram pra conversar
Como iriam encontrar
O presente pretendido.
39
E quem primeiro falou
Foi o nosso aventureiro
Queria saber por que
Ele seria o primeiro
Procurar sem um perfil
Aquilo que ninguém viu
Porém muito verdadeiro.
40
Vamos ter que procurar
Num lugar muito profundo
No fundo do oceano
De onde ele é oriundo
E qual será o presente?
Aquilo que é diferente
O único em todo mundo.
41
Vou mergulhar essa noite
Chego lá de madrugada
Não temam por minha vida
Que ela está bem guardada
Vou encontrar meu tesouro
Com essa pena de ouro
Que me foi presenteada.
42
E logo ao cair da noite
Para o mar ele andou
Segurando sua pena
Que logo se transformou
Numa bola de cristal
Mergulhou pra o abissal
Com dez dias ele voltou.
43
No meio daquele abismo
Em total escuridão
Ele estava bem tranquilo
Com as três pedras na mão
Viu cem cavalos marinhos
Cercando o seu caminho
Tavam dando proteção.
44
Tinha um coral de sereias
Cantando quando chegou
O deus Netuno sentado
Mas logo se levantou
Se dirigiu ao rapaz
E com um gesto fugaz
O presente lhe entregou.
45
O jovem viu o presente
E ficou meio espantado
Apenas um agua viva
Que tinha o corpo bordado
O deus falou: vá tranquilo
Ele mostrará todo brilho
Na hora que for mostrado.
46
E lá no fundo do mar
Fizeram um festival
Crustáceos, peixes, moluscos
Promoviam o carnaval
Até o peixe corneta
Foi tocar lá na retreta
A valsa nupcial.
47
Um a sereia morena
Pediu o consentimento
Deu de presente ao rapaz
Parte de seu vestimento
Entregue para a princesa
Espero que sua alteza
Use-o para o casamento.
48
Ao voltar pra Palafita
Com a sua agua viva
Bordada de cor azul
Uma cor que só cativa
Vinha esbanjando alegria
Porque ele já conhecia
Sua oferta definitiva.
49
Vás levar uma água viva,
E entregar a princesa?
Isso todo mundo viu.
E ele a pôs sobre a mesa
O lugar se iluminou
E ela se transformou
Na face de sua alteza.
50
Foi a coisa mais bonita
Que todo mundo já viu
Uns a olhavam de frente
Outros viam de perfil
Era algo estonteante
De pureza inebriante
E que ninguém assistiu.
51
Foi o grande deus Netuno
Que escolheu o presente
Cada vez que alguém o ver
Vê algo bem diferente
Ele nunca é igual
Mas é algo tão real
Se vê uma vez somente.
52
O jovem se despediu
Do reino das palafitas
Montou na ave e voaram
Pra sua terra bonita
E foi direto pra o lar
Para os pais encontrar
E contar suas desditas.
53
Quinze anos já passaram
Desde que você partiu
Ninguém trouxe um presente
Coisa que nunca se viu
O rei está esperando
E você pode ir andando
Mostrar o que conseguiu.
54
A pedra azul e o presente
Foram dentro de um bisaco
A reza correspondente
Ele escreveu num trapo
E levou pra realeza
Só pra entregar a princesa
Mas num dia bem opaco.
55
Quando chegou ao palácio
E alguém o anunciou
Chegou mais um candidato
Que veio do interior
O nome dele é Cravo
Mas não é nenhum escravo
É filho do agricultor.
56
Eu estou aqui presente
No reino da carochinha
Pra desposar a princesa
Sei que ela vai ser minha
Eu lhe trouxe meu presente
É algo bem diferente
Está na minha bainha
57
Então tirou da cintura
O bisaco pendurado
Dele retirou o trapo
E a pedra azul pôs de lado
Pediu pra princesa ler
A oração sem temer
Que nada daria errado.
58
Quando a princesa leu
Olhando pra pedra ao lado
Sentiu um tremor no peito
Sentiu o peito inflamado
Era a chama do amor
Que seu coração tocou
Ele estava apaixonado.
59
O jovem pôs o presente
A agua viva na mesa
Iluminou o salão
Surgiu uma rosa acesa
O rei ficou espantado
Logo caiu desmaiado
Ao ver tamanha beleza.
60
E logo que retornou
Já viu algo diferente
Ele viu uma coroa
Com diamantes pingentes
E foi um transe geral
Lá mesmo no pedestal
Ele desmaiou novamente,
61
O Cravo entregou pra Rosa
O que a sereia mandou
Um vestido todo em ouro
Todo cheio de esplendor
A princesa a gradeceu
E disse assim; Amor meu
Tua esposa eu já sou.
62
O nosso Cravo e a Rosa
Casaram naquele dia
O rei todo abobalhado
Só via o que ninguém via
O presente esquisito
Entre todos o mais bonito
Pra toda sua alegria
63
O Cravo e a Rosa juntos
Formaram um belo casal
Reinaram durante anos
Tudo sempre em alto astral
O presente os uniu
Algo que nunca se viu
Foi o lema principal.

quinta-feira, 31 de maio de 2018

VIDA SEXUAL DE UMA MULHER FEIA


Nivaldo Melo

Vinte e nove de fevereiro
Do ano oitenta e quatro
Nasce a mulher mais feia
Não pensem que é boato
Sua mãe; já de idade
Correu pra maternidade
Errou. Entro no teatro.

Lá dentro foi alvoroço
Vendo a mulher correndo
Gritando pra todo mundo
Meu bebe está nascendo
Quero urgente uma parteira
Tragam também um esteira
Acho até que estou morrendo.

Pensem numa bagunça
Lá no Teatro Central
E quem pagou o ingresso
Queria quebrar no pau
Todo mundo reclamando
A peça que estavam encenando
Era Orfeu do carnaval.

O carnaval esse ano
Seria no mês de março
Em menos de uma semana
Do dia do estardalhaço
Pierrô e colombina
Os padrinhos da menina
O padre foi o palhaço.

Foi assim que começou
A vida dessa mulher
Pois quem nasce em teatro
Muitos cuidados requer
Isso causa muito trauma
As vezes atinge a alma
Acredite quem quiser.

O nome para a menina
Foi votado na plateia
Alguns queriam Raimunda
Na votação deu ORFÉIA
Foi tudo na democracia
Como o diretor queria
Tudo como em assembleia.

A menina foi crescendo
E se tornando mulher
Como é feia por demais
Homens nenhum ela quer
Não ficava apavorada
Apenas dava risada
Não quero um homem qualquer.

Com vinte e cinco de idade
Nunca teve um namorado
Rezava todos os dias
Pra aparecer um tarado
Que botasse o olho nela
E lá por trás da capela
Fizesse nela o brocado.

Mas a ORFÉIA era feia
Era feia por demais
Ninguém sabia se ela
Era pra frente ou pra trás
Era uma feiura tão grande
Se a encontras onde andes
Pensas que é satanás.

Vou mostrar como era feia
A dona desse cordel
Não tem nada exagerado
Pois é esse meu papel
Descrever bem direitinho
Com amor e com carinho
Vou fazer isso a granel.

Na cabeça uns cem cabelos
Cada um de uma cor
Os da suas sobrancelhas
De dia eram furta-cor
Seu bigode bem postado
Só tem cabelo em um lado
Os olhos são bicolor.

O nariz avantajado
É um cabo de chaleira
As bochechas salientes
Tem furos feito perneira
Seu queixo é bem quadrado
Mas somente de um lado
Ela nem fede nem cheira.

Tem orelhas salientes
Que parecem dois abanos
Quando a dona vai à rua
Cobre as duas com panos
O cangote é tão roliço
Parece mais o toutiço
Daqueles bois africanos.

Os braços são tatuados
Com tintas da natureza
Manchas amarelas e vermelhas
Aquilo é uma tristeza
Vivem sempre bem coberto
Isso é vergonha por certo.
Quando ela fala gagueja.

O que ela tem de bonito
É um corpo escultural
O que digo é verdadeiro
Acho que isso é legal
É um corpo tão perfeito
Que não vai ter outro jeito
Eu não posso falar mal.

O que a mulher mais queria
Melhorar o seu astral
Fez mais de dez cirurgia
Mas ficava quase igual
Seguiu seu próprio conselho
Quebrou até o espelho
Pra não ver seu visual.

Já no lado sexual
Aos vinte e seis era nada,
Já não saía de dia
Somente na madrugada
Rodava sua bolsinha
Pra ver se algum homem vinha
Pra lhe dar uma cantada.

Então fez uma promessa
Com o rosário ao avesso
Antes dos vinte e sete
Teria que fazer sexo
Queria saber se era bom
Unir sobre qualquer tom
O côncavo com o convexo.

Então pelo carnaval
Preparou a fantasia
Fantasiou-se de freira
Cobriu-se o mais que podia
E logo na primeira noite
Como em um vento de açoite
Conseguiu o que queria.

Pra ela não foi tormento
Teve apenas alegria
Teve um pouco de tristeza
Quem a pegou não sabia
Nem queria procurar
Só queria encontrar
O mesmo no outro dia.

Sua mãe aconselhava
Nunca vá virar o disco
Se fizeres desse jeito
Vás correr um grande risco
Se ele pedir pra virar
Mande ele se lascar
E fujas do compromisso.

Logo no dia seguinte
Na mesma hora e local
Estava pronta a Orféia
Pra viver um bacanal
O cara chegou decidido
E falou ao seu ouvido
Hoje vai ser colossal.

Procuraram um escondido
Lugar que fosse legal
Pra se fazer sexo livre
Só mesmo no carnaval
Foram pra trás da igreja
E para suas surpresas
Tava cheio de casal

Orféia deu um recuo.
Vamos procurar um motel
Tem que ser aqui por perto
Só se for em um bordel
Faremos muito amor
Mas vou pedir por favor
Não queira tirar meu véu

O amante concordou
Sem fazer contestação
Queriam o anonimato
Pra evitar confusão
Fariam fantasiados
O amor do mais safado
Pra ter muita “gozação”.

Foi assim a noite toda
Os dois fazendo amor
Ela uma freirinha pura
Ele um policial robô
A noite os dois embolando
No bordel os dois transando
Ficaram quase em torpor.

E para a noite seguinte
Marcaram de se encontrar
Último dia do carnaval
Iam botar pra quebrar
Queria está bem ativa
Acabar a expectativa
Pedir pra o disco virar.

Como haviam combinado
Na mesma hora e local
Aquele dois se encontraram
Formavam um belo casal
Uma freira abstrata
Com seu amante de lata
No final do carnaval.

No caminho combinaram
Pra transarem diferente
Saíram os dois saltitantes
Felizes e muito contentes
Nessa noite foi motel
Esqueceriam o bordel
Fariam amor saliente.

E lá pra tantas da noite
Ela disse: vou falar
Nesse último encontro
Eu quero o disco virar.
- Não pense que sou omisso
Mas se a gente fizer isso
Você pode engravidar.

Ficou ela sem entender
Se seria assim tão mal
A Orféia ficar prenha
Bem no fim do carnaval
Seria bem diferente
Sentir ele em sua frente
Fazendo um amor normal.

Então daquele dia em diante
Só faria amor decente
Nunca na parte de traz
Somente na parte da frente
Nunca mais faria oral
Nem muito menos anal
Pra ver se faria gente

E depois daquelas noites
Nunca mais viu seu amante
Carnavais, mais carnavais
Se passaram num instante
Orfeia agora idosa
Nunca mais quis ser fogosa
Com um cavaleiro andante.

Ficaram apenas lembranças
Daquele amor colossal
Vivido por dois amantes
De uma forma surreal
Ela uma freira pacata
Amando um homem de lata
Seu robô policial.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

SINTA A CHUVA


Nivaldo Melo

Sinta a chuva.
Não no corpo mas na alma.
Sinta os pingos tocando uma sinfonias em puro Morse, ponto a ponto, traço a traço; em uma harmonia perfeita, sem semitons.
Sinta em seus ouvidos um batuque leve tocando sua alma, trazendo um alento de paz, em um ritmo perfeito e suave.
Sinta a chuva em suas narinas, trazendo aromas inebriantes.
Feche os olhos e sinta a renovação, dando corpo à sua alma.
Então pare.
E simplesmente.
Sinta a chuva.

A REALIDADE NO ESPELHO


NIVALDO MELO

Encontre um ancião
Pegando no velho pinto
Parei, prestei atenção
Seu gesto era diferente
Pensei; é masturbação!
Me aproximei pro ouvir
E vi que ele falava
A seguinte oração.

Quem eras tu Napoleão?
Nos tempos de adolescente
Teu membro era teu irmão
Taravas até as cabrinhas
Tudo sem hesitação
Falavas para os amigos
Ninguém ganha para mim não
Quanto mais pra mim é pouco
Mulher tenho de montão.


Quem eras tu Napoleão?
...Na euforia de teus 40
Esbanjavas só tesão.
Mulheres tinhas demais,
Não gastavas um só tostão
E quando estavas no banho
Por vezes asavas a mão
Te gabavas pra os amigos
Sou o maior garanhão
Metro e meio de chibata
Quilo e meio de cunhão.

Quem és tu Napoleão?
Hoje és apenas mais um
No meio da multidão
Ontem o que era euforia
Hoje é só desilusão
Por vezes te vejo pensando
Como controlar a razão?
Mulheres? Apenas uma
Que andas pegado à mão
Pensas pouco no futuro
Sem nenhuma atração.

Quem és tu Napoleão?
...No desanimo dos 90
Sabes que és ancião
Esqueceste o que é sexo
Nem te lembras da tesão
Por mais que penses n’aquilo
Não consegues ereção
O membro que te gabavas
Hoje é um membro anão
Dois centímetros de chibata
Só cem gramas de cunhão.

terça-feira, 22 de maio de 2018

O JEGUE



Nivaldo Melo

Quem é que quando menino
Nunca praticou uma arte?
Eu como bom cordelista
Falo-lhe: modéstia à parte
Sempre fui um bom garoto
Como destro e não canhoto
Pra não provocar enfarte.

Já ouvi muitas estórias
Algumas, bem de verdade,
Outras bem mentirosas
Contadas só por maldade;
Pra prejudicar alguém
Querendo se sair bem
É essa a realidade.

Esse causo acompanhamos,
Desde quando começou
A história do José Vicente.
O cara se apaixonou
Por uma jumenta faceira
Que ia com ele à feira
Chamada de meu amor.

A jumenta era morena
E era muito carnuda
Quando estava arreiada
Diziam estar de bermuda
Era como mulher baixinha
Pequena mas gostosinha
Daquela bem rechonchuda.

Nos dias de sexta feira
Com seus arreios de prata
O Zé a levava à feira
Orgulhoso da mulata
Sua jumenta favorita
Para ela a mais bonita
Parecia aristocrata

Pra onde o Zé a levava
Chamava muita atenção
O seu pelo era só brilho
Ela mal pisava o chão
Andava sempre em trote
Nunca andava em galope
Causando admiração.

Por isso o José Vicente
Que era bom lavrador
Criava muitos jumentos
Também era apicultor
Plantava, criava abelhas
Quando lhes dava nas telhas
Era um bom namorador.

Nunca o José quis casar
Namorava por demais
Considerado bom filho
Morou sempre com os pais
O Zé não tinha defeito
Sempre foi um bom sujeito
Bom partido, bom rapaz.

Dos pais herdou a fazenda
Que só produzia mel
O Zé disse um dia eu mudo
Vou aumentar meu plantel
Vou plantar, criar jumento
Dessa forma eu aumento
E vou virar Coronel.

Em pouco tempo o José
Que era um cara alegre
Mudou de José Vicente
Apenas pra Zé dos Jegues
Ele nem se importava
Sempre e sempre ele falava:
Nunca espalhe; Agregue.

Os jumentos do José
Eram todos sangue puro
Quando alguém queria um
Comprava ate no escuro
O Zé sempre foi modesto
Era um fazendeiro honesto
Pensava só no futuro.

Da vida intima do José
Ninguém sabia de nada
Sabiam que ele gostava
De uma mulher safada
Daquelas que tem na zona
Preta, feito uma azeitona,
Só com ela o Zé transava.

A negra era muito bonita
Quase dois metros de altura
Cintura bem torneada
Nada, nada de gordura,
Mereciam uma etiqueta
Nas ancas daquela preta
Pensem numa criatura!

O Zé sempre a visitava
Independente do mês
Isso era corriqueiro
Mas sempre marcava a vez
Só ia quando marcado
Era tudo agendado
Foi assim que sempre fez.

Isso causava inveja
Pra amigas da mulata
Todas as quengas sabiam
Que o Zé tinha muita prata
O fazendeiro tinha grana
E pagava por semana
As despesas da ingrata.

Alguém perguntou à preta:
Porque o Zé não se casa?
Será que é insensível,
Ou casamento o atrasa?
- Somente eu é que aguento
O Zé é feito um jumento
E queima feito uma brasa.

Foi o que estava faltando
Pra noticia se espalhar
As quengas à boca miúda
Queriam também provar
Do excesso do José
Se viam, davam de ré
“Essa não dá pra aguentar”!

O Zé sempre foi discreto
Se sentiu assediado
Estava perdendo o controle
Ficava desconfiado
Então perguntou a preta
Qual motivo da retreta
De estar sendo molestado.

Quando ela contou ao Zé
Aquilo que tinha dito
O cara ficou arretado
E foi logo dando um grito
Sempre te paguei direito
Pra não dizer meu defeito.
Fofoca; não admito.

Foi assim que ele afastou-se
Não frequentou mais a zona
Só frequentava a preta
Quando lhe dava carona
Levava a preta pra gruta
E transava com a enxuta
Deitada dobre uma lona.

Mas o jovem fazendeiro
Sempre quis o celibato
Passou a ficar tristonho
Andando dentro do mato
Assim eu perco a razão
Mas eu acho a solução
Transformo boato em fato.

Viajou para bem longe
Só para comprar jumentos
Comprou uma burra prenha
Quando fez dois juramentos
Prometeu nunca casar
E daquela burra cuidar
Até seu falecimento.

Depois de mais de um ano
Pra fazenda ele voltou
Trouxe mais de cem jumentos
Que o seu pátio lotou
Jumentos de qualidade
Foi festa lá na cidade
E seu plantel melhorou.

E assim foi dessa forma
Que Zé dos jegues encontrou
Sua burra favorita
A qual chamou de amor
Filha daquela jumenta
Muito forte “truculenta”
Que como filha adotou.

Todas as vezes que ia a feira
Levava a pequena cria
Que era a mais bem cuidada
Isso todo mundo via
E assim o tempo passou
Ele cuidando de amor
Ensinava acrobacia.

Tudo sobre seu comando
Ela prendeu a pular
Fazia jeito dengoso
Quando mandava deitar
E pra aumentar sua asa
Mandou fazer uma casa
Pra jumenta Amor morar.

Contratou uma serviçal
Só pra cuidar de Amor
Era banho todo dia
Maquiagem ele comprou
Sabonete de primeira
Gastar com amor é besteira
Perfume francês importou.

Chamava a cabeleireira
Para parar sua crina
Dizia: não quero maltrato
Na minha bela menina
Se chover tem guarda-chuva
Essa será minha uva
O tratador veio da China.

A água que Amor bebia
Do garrafão; mineral
Os demais bebiam água
Do poço ou do torneiral.
Amor não come capim
Só mel com amendoim
Pois não pode passar mal.

Quando tinha exposição
Que a burra Amor concorria
Não ia dar para ninguém
Todo mundo já sabia
E na hora do ganhar
Era primeiro lugar.
Deixava o Zé em euforia.

E o povo na cidade
Estavam todos bolados
Olhavam estranho pra o Zé
Todos bem desconfiados
O ex do Zé só dizia
Me deixou, faz zoofilia
Além de jumento é tarado.

Criaram uma estratégia
Para o Zé investigar
Pagaram pra serviçal
Pra o pobre Zé vigiar
Pensem numa agonia
Vigiavam, noite e dia
Em casa ou noutro lugar.

Mas o zé sempre contente
De nada desconfiava
Andava sempre com amor
Onde ele estava ela estava
Diziam é caso incomum
Um com outro, outro com um
Era só o que faltava.

O veterinário da fazenda
Mandou chamar o patrão
Anunciou que a burra Amor
Tava prenha do alazão
O garanhão mais bonito
O Zé criou um conflito
Foi a maior confusão.

Vamos ter que esperar
O tempo de gestação
Aí vamos ter certeza
Se o filho é do garanhão
Então todos vamos ver
Quando o filhote nascer
Será um lindo potrão,

Depois de catorze meses
Sabe como é minha gente.
Nasceu aquele filhote
Deixando o Zé bem contente
Mas sabem o que aconteceu
O filho de Amor nasceu
Com a cara do Zé Vicente.

O RADICAL



NIVALDO MELO

Meu amigo Amauri
É um cara radical
Quando diz que pau é pedra
E que a pedra é um pau
Não dá para contestar
Nem adianta tentar
Que pode até se dar mal.

A palavra é uma só
Do meu amigo Amauri
Se ele entrar num lugar
Nem peça par ele sair
Ele fica arretado
E dá um grito danado
Eu vou ficar é aqui.

Os objetos que usa
Ele dá maior valor
Se perde a serventia
Dele perde o amor
Diz: não vou querer mais isso
Joga essa merda no lixo
É esse seu divisor.

Quando lhe, cumprimentar
Não faça só um aceno
Se não for na mesma ênfase
Para ele é um veneno
Fica meio invocado
Acha que tem algo errado
Faz até gesto obsceno.

Bom de papo, bom amigo
Gosta de contar estória
Todas vividas por ele
Pois tem tudo na memória
Mas muito bem coerente
Que deixa você contente
E ele cheio de glória.

O carro do Amauri
É lavado todo dia
Se tem um grão de poeira
Isso o deixa em agonia
Pense num cara limpinho
Isso ele faz por carinho
Nem diga que é mania.

Quando ele diz uma coisa
E você não aceitar
Tome o fato por verdade
E deixe o tempo passar
Depois, retruque com jeito
Mostrando logo o defeito
Que ele vai concordar.

O Amauri é radical
Mas não é incoerente
O que pode acontecer
É ele pensar diferente
Se você o conhecer
Vai logo, logo entender
O Amauri é decente.

O Amauri é assim
Só gosta de música antiga
Se ganha um disco atual
Isso pode até dar briga
Valsa, bolero, baião
Ópera e samba canção
Esses não geram intriga.

É normal você ouvir
De longe a sua voz
Cantando letras antigas
Do tempo de seus avós
E seus astros preferidos
São aqueles mais antigos
Com plateia ou mesmo a sós.

É um torcedor ferrenho
Do clube de coração
Os outros times locais
Chama-os de decepção
Seu time é cobra coral
Qualquer um outro é do mal
Timbu, patativa, leão.

E se alguém falar mal
De torcedor de seu time
Ele sai logo em defesa
Até com vara de vime
Defende, grita e briga
Se tiver chance, castiga
De toda forma, reprime.

Seu coração é radical
Tanto no ódio ou no amor
No primeiro ele despreza
Quando ama é com furor
É radical em qualquer lado
Mas é um amigo arretado
Coração de beija-flor.

Gosta de servir qualquer um
Sem esperar recompensa
É nisso que ele acredita
Essa é a sua crença
No trabalho é respeitado
Com seu jeito abusado
E nunca aceita ofensa.

O radical é meu amigo
Pra mim é mais que irmão
Acho que o radical
Tem a mesmo opinião
Ele é um bom companheiro
Acreditem é cavalheiro
Mesmo sendo um brigão.

Radical, bravo, emotivo
Chora com facilidade
Só dessa forma consegue
Externar sua bondade
Dos amigos tem o direito
De exigir só respeito
Com também a lealdade.

Educou com disciplina
Uma família legal
Bom dia, boa tarde, boa noite
Pra ele é fundamental
Com licença, por favor
Para os filhos ensinou
Que isso é o essencial.

Para um cara radical
Difícil é se desculpar
O que diz sempre tá certo
E ele não vai mudar
Mudar o que é verdade
Lhe foge a capacidade
Não dá pra ninguém negar

Falam que ser radical
É ser muito exagerado
Naquilo que diz ou faz
Eu digo que estás errado
É ser muito coerente
Conservador, não doente
Nem nenhum alienado

As vezes bem humorado
Poucas vezes introvertido
Se ama é de verdade
Odeia ter inimigo
Pode até ser diferente
Mas se o olhares de frente
Veras o que é ser amigo

Nos momentos mais difíceis
Tá sempre bem humorado
Diz que não é o momento
De ficar preocupado
Pois se a preocupação
Resolvesse a questão
Os médicos tavam lascados.

Agora dou dois exemplos
Do que é ser radical
Ser radical ao extremo
Foi o senhor Juvenal
Quando chegou na idade
Por falta de atividade
Mandou cortar o bilau.

Outro exemplo que conheço
Vejam como é meu povo
O dono da padaria
É radical e gastoso
O carro furou o pneu
Ele nem se aborreceu
Comprou foi um carro novo.

Voltamos a realidade
Do amigo radical
Só fiz esses dois versinhos
Pra melhorar o astral
Sair daquela rotina
Que as vezes nos embobina
Fazendo-nos irracional.

Para mim foi muito fácil
Descrever esse perfil
De um amigo bipolar
Hora grosso, hora gentil
É uma amigo irmão perfeito
Admiro esse seu jeito
De atirar sem fuzil.

No mundo que nós vivemos
Cada um tem um papel
Você é bom no volante
E eu sou bom no cordel
Acetes essa homenagem
Feita com amor e coragem
Por seu irmão CO-RO-NEL.


Metódico e inflexível
Integro, de forma total
Respeitar e ter caráter
Pra ele é fundamental
Odeia ser contestado
Pois é esse eu legado
O que diz; ponto final.

MEU AMIGO MEU IRMÃO




Nivaldo Melo

Alguém então perguntou:
O que achas de amigo?
Não fiquei nada inibido
Para pode responder.
Imagine então você,
Viver essa situação,
Ficar de cara na mão,
Sem poder fugir da luta.
Eu como um cara batuta
Respondo sem sentir medo:
Bom amigo dá enredo
Ate de escola de samba,
E se for um cara bamba
Aí a coisa aparece.
De um amigo não se esquece
Pois amigo é permanente.
Por isso fico contente
Quando falo de um amigo
E por isso eu lhe digo;
É bom você preservar,
Pois podes até precisar
De um a qualquer momento.
Para amigo não há tempo
Difícil pra ti servir,
Isso faz você sentir
Que está prestigiado.
Nunca ponha um de lado,
Nem mesmo na contra mão;
Um amigo é um irmão,
Filho de mãe diferente.
Nunca dele se ausente,
Na hora mais incomum.
Amigo não é qualquer um,
Que possa ser descartado.
Nunca o deixe afastado
De outro amigo seu.
Foi você que o escolheu
No meio da multidão,
Tornou-o mais um irmão
Que deve ser preservado
Então não fique calado
E grite pra multidão
Eu tenho amigos irmãos.



DEVANEIOS



Nivaldo Melo

Eu queria ter nascido em um pais pequeno, tão pequeno que sua população fosse composta de pessoas onde a cor de suas peles não fomentasse, perseguição nem discriminação porque todos os seus habitantes seriam daltônicos.
Eu queria ter nascido em um pais que em sua bandeira tivessem grafadas as palavras, HONESTIDADE E CARÁTER.
Eu queria ter nascido, em um pais que fosse chamado de nação na plenitude total de seu significado.
Eu queria ter nascido em um pais onde o respeito as diferenças fossem o lema de todos os seus habitante.
Eu queria ter nascido em um pais onde os idosos tivessem por parte dos mais jovens, o respeito; não pelas suas idades, mas pela experiência de vida, que carregam consigo, e que podem servir como ensinamentos àqueles que por ventura precisem delas.
Eu queria ter nascido em um pais onde o Estado não interferisse na educação de seus menores, apenas se preocupasse em transmitir para eles conhecimentos.
Eu queria ter nascido em um pais onde os políticos representassem realmente aqueles que os elegeram.
Eu queria ter nascido em um pais onde as leis fossem iguais para todos, e que aqueles que são guardiões dessas leis, pudessem aplica-las, sem interpretações que venham beneficiar um em detrimento do outro.
Eu queria ter nascido em um pais onde os privilégios fossem banidos, e que apenas a igualdade e o respeito fossem vistos como um meio correto de se alcançar um objetivo.
Eu queria ter nascido em um pais onde os desonestos fossem reconhecidos por toda população e que esses fossem banido de forma sumária do meio social.
Enfim; sei que utopias mas eu queria ter nascido em um pais que me desse o direito de sonhar, e que um dia esse sonho pudesse ser realizado.

É ASSIM.


Nivaldo Melo

Quando o amor se instala em seu “peito”
Você perde todo o seu jeito
Se dedicando inteiramente ao amor
A dor deixa mesmo de ser dor
E passa a ser apenas sentimento
Você quer viver apenas o momento
De amar, e amar sem preconceito
Só valem as virtudes, não defeitos
Da pessoa que amas verdadeiro
E ti dedicas sempre por inteiro
Para viver aquilo que não vês.

quarta-feira, 16 de maio de 2018

UM PEQUENO EQUIVOCO.


Nivaldo Melo

Era considerado um cara diferente o Heythor. Diferente no nome, na tomada de decisões, e tudo mais.
Costumavam afirmar que o Heythor, não era diferente; era estranho, inseguro e porque não dizer displicente.
E com todos esses adjetivos ele se tornou uma pessoa sempre observada por todos, não uma observação de critica, mas era para que não cometesse nenhum ato que viesse prejudicar alguém, ou a si mesmo.
Mesmo assim tinha muitos amigos, de ambos os sexos, e ele sentia-se feliz, costumava afirmar: “sou um cara feliz, mas com restrições”, isso era motivo de fazer com que o ambiente ficasse descontraído nos momentos de tensão (provocado por ele é claro).
O tempo passava, seu ciclo de amizade foi aos pouco diminuendo, pelo fato de alguns dos amigos terem casados, outros se mudaram para locais mais distantes; e, de momento o Heythor sentiu-se só.
Muitas vezes por falta de companhia já não saia como de costume; isso deu motivo para pensar que já estava na hora de conhecer uma pessoa, que pudesse preencher aquele vazio em seu coração.
Aos poucos amigos que lhe restaram ele desabafava: esta na hora de constituir família, ao que comentavam: “deves em primeiro lugar rever a forma como te comportas, porque assim não terás chance de conhecer alguém que seja legal e que venha te completar”.
Dessa forma Heythor iniciou sua busca, sua caçada como costumava falar, e mesmo assim, devido aos conselhos, tinha que encontrar (através de muita escolha), a esposa ideal. O tempo foi passando; hora, dias, semanas, meses, e anos, e nada, sua forma de escolha estava muito rígida, e alem do mais, na cidade nenhuma garota que conhecesse o Heythor queria namorá-lo; sua fama de desastrado era patente.
Por fim depois de três anos de buscas e escolhas, a esposa ideal tinha sido encontrada.
A maryhenilda, garota com um ano mais nova que o Heythor, morena, cabelos negros como a noite, longos, lisos e brilhantes, olhos de um tom castanho, penetrantes e alegres, pernas longas e bem torneadas, braços firmes e seios fartos, era muito mais que o Heythor tinha pensado, e segundo ele afirmava em tom de brincadeira, alem do mais seu nome também tem Y e H o que me permite saber que é essa a minha rainha.
Casaram-se; recepção apenas para os poucos amigos, e logo cedo uma retirada estratégica dos “pombinhos”, os amigos respiraram aliviados: ate que enfim o nosso amigo terá seu futuro de felicidade.
Três dias depois estava de volta o Heythor, triste, cabisbaixo, com aspecto de doente, falando para o Cleber, (amigo mais próximo).
Cometi um pequeno engano, e agora não sei como sair dessa teia de aranha em que me meti; e desabafou.
Casei domingo; na primeira noite alegando que eu tinha bebido demais, a Maryhenilda, muito brava me fez dormir na sala, ”não suportava cheiro de bebidas”; pela manhã fui trabalhar, à noite quando cheguei estava um jantar fenomenal me esperando, e logo após o jantar; fomos para o quarto, ela outra vez me rejeitou dizendo que tinha sido um engano nosso casamento, ai não me contive; bati com ela no chão, ela revidou e rolamos juntos em uma briga sem juiz e nem plateia que durou mais de uma hora, ate que ficamos os dois sem roupas, e foi ai que vi o pequeno erro que eu havia cometido.
Chorando o Heythor gritou:
A Maryhenilda é homem igual ou mais que eu, meu amigo!

O QUE É ISSO ?


O QUE É ISSO?
Nivaldo melo

A cada dia nascemos novamente, (renascemos) diferentes do que fomos antes, e do que seremos depois.
A cada milésimo de segundo renovamo-nos.
A cada passo uma nova descoberta surge sob nossos pés.
E jamais conseguiremos colocá-los no mesmo lugar.
Nascemos, renovamo-nos, e descobrimo-nos a cada milionésimo de segundo.
Giros em círculos helicoidais, constantes mas imperceptíveis. A ideia de inercia faz-nos sonhar com uma realidade irreal.
Nunca conseguiremos parar, vivemos em um eterno movimento constante.
O tempo é nosso termômetro.