segunda-feira, 9 de novembro de 2009
A Grande Rocha
Anteriormente, quando comecei a relatar o que vocês estão lendo nesse momento, não tive o cuidado de escolher uma fonte (tipo de letra), que retratasse a personalidade da figura em foco, limpo, e com espaços bem transparentes.
Nasceu no final século IXX, precisamente em 1898, dia 2, mês de novembro (um dia de finados), viveu até 8 de novembro de 198l, quem teve a felicidade de tê-lo conhecido, sabe exatamente de quem estou tentando falar,tentando porque, é,muito difícil falar de uma rocha, os sentimentos de carinho, amor e apreço, vêem a tona,então tenho que parar, até que novamente possa voltar a escrever.
Essa rocha chama-se (porque continuará sempre vivo), Vitorino (de vitória), de Oliveira (arvore venerada), Melo (doce, macio, agradável), assim era meu velho e amigo PAI; uma verdadeira rocha, sobre a qual toda a família construiu sua vida. Sempre pregou para os filhos o senso de honestidade, caráter forte, perseverança, respeito, ehombridade e justiça.
Durante sua trajetória de vida, nunca o vi baixar a cabeça, e nem nunca o vi olhar para cima para encarar alguém, falava sempre: só devemos olhar para cima quando olhamos para DEUS, encarem sempre as pessoas no mesmo nível seu; ninguém pode ser mais que você a não ser DEUS, e assim seguimos seus ensinamentos, preservando a justiça acima de tudo.
Como toda pessoa normal tinha virtudes e defeitos, mas suas virtudes superavam em muito seus defeitos, não perdia tempo em reclamar com seus filhos, bastava um olhar, por cima dos óculos, e estava tudo resolvido, aquele olhar era tão penetrante, que a pessoa alvo, baixava a cabeça e consertava aquilo que estava fazendo de errado.
Brincalhão sério (como só ele podia ser). Gostava de apelidar os sobrinhos e netos, tchél, cabaim, quisuco, lêg têg, tancha e outros que me fogem a memória.
Deu aos filhos o amor pela arte de ler e escrever; lia quase todas as noites, reunindo a família no terraço da casa, e fazia questão que, ele mesmo comentasse sobre o que havia lido, e estimulava os filhos para que emitissem seu parecer, assim era o velho (novo) sertanejo, de mãos calejadas pela labuta diária.
Soube através da minha mãe que havia sido preso por volta dos anos trinta, taxado como comunista, pois na época era líder sindical, mas nunca em momento algum, traiu suas convicções, ou as idéias que defendia sem restrições, por isso era respeitado pelos colegas, vi muitas vezes, e me orgulhava, quando ouvia seus camaradas de trabalho em vários momentos elogiá-lo, no comando do sindicato, ele era um verdadeiro líder.
Já em idade avançada, foi demitido por não trair os amigos, quando de um movimento classista, dizia: àqueles aos quais defendi, e nunca traí, esqueceram aqui do seu amigo, mas estou de consciência tranqüila, por ter cumprido meu dever. Sua honradez estava acima de tudo.
O traidor está sempre a margem da sociedade, e nunca terá moral para andar entre as pessoas de cabeça erguida.
Seu respeito às tradições o acompanharam até seus últimos dias, era moderno sem ter conseguido se modernizar, era alegre sem ter que emitir um só sorriso, mantinha-se sempre alerta, sem ter que envolver as pessoas em suas vigilâncias, estava sempre presente, mesmo distante, isso porque seus ensinamentos eram sempre lembrados para exemplificar algum fato, até hoje as pessoas que conviveram com ele, o citam nos momentos das boas conversas.
Assim era (é), o (senhor Vitorino, meu Pai, Tio Vito, Pai Vito, Compadre Vitorino, Meu velho, Meu senhor), que com todas essas denominações era sempre a mesma pessoa, de caráter ilibado, que conseguia demonstrar suas alegrias mesmo com o rosto siso, que trazia para os outros a segurança de uma “Rocha”, pois assim ele o era.
A benção meu pai, e muito obrigado por tudo que ensinaste, não só a mim, mas a todos aqueles que tiveram o privilégio de te conhecer.
Obrigado mesmo, meu velho.
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Pai-Vito,nunca vou esquecer seu doce sorriso,as noites jogando relancim e sua voz chamando:"Tchel, a sabiá quiz trocar as pernas com as tuas e ainda pediu volta".Techel sou eu com muito orgulho.Sentir saudade de vc[Pai-Vito] é sentir saudades de minha infância q trago muito viva em mim,pq foi a melhor infância q alguem pode ter tido.Bjos pra vc Nivaldo por massagear nosso coração com estas lembranças maravilhosa.
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