segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A VACA DA ÍNDIA


Em ambientes onde houvesse alegria, por certo lá estaria presente Felícia, sim porque essa jovem como seu nome, era sinônima de alegria, de felicidade; felicidade essa que ela espalhava com sua presença.
Sempre alvo dos comentários de todos seus amigos. Que forma é essa adotada pela “Lili”? Não a encontramos nunca triste, está sempre de bom humor, duvido que alguém e tenham visto chorar, a alegria é seu lema.
Eu sou como a “vaca na Índia”, (afirmava a Felícia), querida por todos, até “adorada” por alguns; tenho livre acesso a locais onde muitos são impedidos de freqüentar, chego à casa dos amigos e não preciso tirar os sapatos para adentrar, às vezes nem preciso me anunciar, vou chegando e entrando.
São esses os motivos, que me permitem, ser feliz trezentos e sessenta e cinco dias por ano, e de quatro em quatro anos me permito ser feliz trezentos e sessenta e seis dias, assim sigo minha vida, procurando sempre dar bom humor as coisas, por mais tristes que possam parecer.
Os jovens gostavam de conversar com a “Lili”, davam a ela carinho maior que davam para as outras jovens da mesma idade, isso porque ela era uma espécie de confidente, e retribuindo, dava pra eles conselhos “sempre bem humorados”, de como poderiam superar aqueles momentos tristes.
Não notava, mas, enquanto suas amigas (que dela não tinham o menor ciúme), namoravam bastante, para ela era raro namorar, nunca deixou de ter sempre alguém que mantivesse por ela uma paixão; paixão essa, que com o passar dos dias ia se transformando em amor fraterno, seus ex-namorados transformavam-se rapidamente em “irmãos”.
E assim foi passando o tempo, horas, dias, meses, anos, décadas e a felicidade d’aquela, agora senhora, permanecia a mesma, as amizades cresceram, as pessoas continuavam, venerando o bom humor da Felícia, e com ele também a sua dona.
Passa o tempo, agora a anciã “Lili”, beira os cem anos, sempre esbanjando humor e felicidade, rodeada permanentemente por amigos, sabia que muito em breve teria de deixá-los, iria se reunir aqueles que já haviam partido, mas sabia encarar a realidade. Temos todo o mesmo destino, a certeza é a morte, mas quando partir, eu quero em minha lápide o seguinte epitáfio:
AQUI SE ENCONTRAM OS RESTOS MORTAIS DE FELICIA ALEGRETE RISO, AQUELA QUE VIVEU COMO AS VACAS NA ÍNDIA, E ASSIM COMO ELAS, “MORREU”.
E justificou: na Índia as vacas são consideradas animais sagrados, portanto morrem de velhas, e ninguém come.

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