quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

SUA REDE, SUA VIDA

Muito cedo deu seu grito de independência, sabia por extinto que havia chagada a hora de viver sua proporia vida, sem depender de seus pares.
Ainda era bastante jovem, mas havia aprendido tudo que sua mãe havia lhe ensinado, e por certo conseguiria viver, mesmo nos lugares mais estranhos, para isso havia aprendido a arte de confeccionar rede, tirando a matéria prima do que havia de melhor nos arredores do local onde tinha resolvido residir.
Alimentar-se, isso seria no momento seu maior problema, mas tentaria passar a maior parte do tempo, trabalhando ou descansando, e assim pouparia suas forças, para continuar a labuta diária, sabia que jamais receberia da família ajuda, haja vista que com sua saída, seria logo esquecida, e também sabia que estaria correndo risco de vida, se aparecesse novamente na casa de onde havia acabado de sair.
Conformada, porem sem demonstrar nenhum arrependimento, e sem ao menos se voltar para olhar, o lugar onde viveu durante para ela, um longo tempo. Já havia escolhido o lugar onde iria viver, era um local onde durante o dia ela estaria protegida; e a noite? Como seria? É, durante o dia estaria protegida dos malfeitores, e trabalharia para ter sempre seu sustento, à noite, mesmo as mais escuras, estaria atenta para não ser surpreendida, estaria sempre na defesa, mesmo deitada em sua sede, construída de forma esmerada, o que lhe dava muito orgulho.
Sua casa era sua rede, dela, desde que a construiu sabia que estaria dependente, tanto para se alimentar quanto para descansar, (o que fazia na maioria das horas do dia), sabia que em seu caso, havia um ditado popular que definia muito certo sua existência, que era: crias fama e deitas na cama.
Por isso, não precisava trabalhar tanto, apesar de saber que a tarefa de esta sempre aperfeiçoando a forma de fazer redes, era interminável, jamais durante sua existência pararia de confeccioná-las.
Estaria sempre de mudanças, até encontrar um companheiro, que a ajudaria a construir nova família, e sabia também que ele não a ajudaria a criar sua prole, mas mesmo assim a vida tinha que continuar.
E, levando uma vida que para uns era bastante monótona, para ela era bastante sacrificada, e perigosa, pois tinha que se defender de inimigos muitas vezes mais forte que ela, e bem maiores. Mas ela tinha uma defesa que nunca falhava, “sua rede”, construída com os mais fortes fios, tirados de suas entranhas, rede essa tecida de forma perfeita, onde qualquer um que tivesse a desventura, de tentar molestá-la seria sem dúvidas, seu alimento do dia seguinte.
É dessa forma que vivem as tarântulas. Espécie da qual ela se orgulhava de pertencer, seus parceiros só teriam o prazer de tê-la em seus braços apenas uma vez, ela não daria para ele outra chance, e todas as vezes que ela estivesse; “disponível para o amor”, teria uma alimentação dos deuses durante e pós-ato sexual, devoraria com o maior prazer, a cabeça daquele que com ela se entregou, ao ato perfeito de amar, porque ela é uma “viúva negra”.

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