domingo, 6 de dezembro de 2009

CORDEL MÁXIMO


Agora vou lhes contar
um causo muito importante,
que aconteceu na cidade,
de um lugar muito distante,
quem souber onde ela fica,
é que foi participante
e fez parte da história,
que é muito interessante.

A historia aqui contada,
me leiam com atenção,
só quero causar transtorno
a quem ler na contra-mão,
vou começar a narrar,
a historia do Janjão,
morador dessa cidade,
bem no meio do sertão.

João Maria Machado,
filho do velho Zezão,
sujeito bem conhecido,
no meio da multidão,
por ser valente e calado
pra não chamar atenção,
teve apenas um filho,
com Maria Canelão.

A cidade é conhecida
e fica do outro lado
do riacho piancó,
mas tomem muito cuidado.
Os que nascem na cidade,
nascem meio avantajados,
tanto eles quanto elas,
por todos muito invejados.

As mulheres da cidade
se acham boas demais,
pra agüentar os jumentos,
velho, menino ou rapaz,
que já nascem bem dotados,
com bilau grande demais,
elas, bem apessoadas.
E não ficam para traz.

O garoto João Maria,
parecia diferente
dos homens desse lugar,
mas vivia bem contente,
andava bamboleante,
no meio de toda gente,
não ligava pras fofocas,
do povão ou de parente.

As pessoas assim falavam:
prestem atenção minha gente,
as mulheres aqui se queixam,
do que agüentam na frente,
imaginem esse garoto,
de trejeito diferente,
agüentando no traseiro,
a rajada do Vicente.

O Vicente era famoso,
por ser, MUITO, ATÉ DEMAIS,
só quem podia com ele
era Maroca do Brás,
a quenga mais afamada,
da rua dos carcarás,
que é onde fica a zona,
da cidade meu rapaz.


Maroca tinha um parceiro,
o garoto diferente,
que dividia com ela,
os carinhos do Vicente,
semana comia um,
o outro ta no pendente,
nenhum deles reclamava,
pois viviam bem contente.

Alem de tudo o rapaz,
que era bem delicado,
agradava todo mundo,
dentro do povoado,
quem quisesse tinha vez,
menos quem fosse casado,
porque o Janjão falava,
sou homem, não sou viado.

Os homens se reuniram,
mesmo no meio da praça,
do jeito que a coisa vai,
vamos ficar na desgraça,
vamos expulsar o Janjão,
para limpar a nossa raça,
temos que tirá-lo daqui,
nem que seja por pirraça.

Calma, amigos! Por favor,
vamos falar com Zezão,
pai do garoto sapeca,
será que ele sabe ou não?
Se souber vai ser danado,
ele é valente e brigão,
tanto ele quanto a mãe,
a Maria Canelão.

Biu mago formou o grupo,
criaram uma comissão,
foram pra casa do Zé,
parecia procissão,
havia gritos de comando,
nessa organização,
hoje expulsamos a bichinha,
conhecida por Janjão.

Quando chegaram na casa,
o Janjão pulou na frente,
mas me digam por favor,
o que ta havendo, gente?
Você ta dizendo que é homem,
falando feito o tenente,
se puder provar que prove,
ou então saia da frente.

Provo sim, que eu sou homem,
e já vou lhe definindo,
sou homem sim meu senhor,
tanto indo quanto vindo,
que dê um passo a frente,
quem achar que estou mentindo,
que ele agüente chorando,
o que eu agüento sorrindo.

Todos ali se calaram,
e olharam para o chão,
alguém gritou: ta é certo,
a garotinha Janjão,
vamos voltar lá prá praça,
tomar nosso chimarrão,
depois é que vamos ver,
se tem outra solução.

Vamos torná-la mascote,
filha única do Zezão,
propagar por todo canto,
que o nosso garanhão,
não é homem nem mulher,
e diz que é bem machão,
ele anda para traz,
de RÉ, E NA CONTRA MÃO.

E assim ficou definido,
tudo sério e sem graça,
o maior homem do lugar,
é homem de muita rala,
toma cana de cabeça,
não tem medo de cachaça,
vamos homenageá-lo,
com uma estátua na praça.

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