domingo, 4 de outubro de 2009

Em dias de recordação


Patativa cheiderana, caracá
Cheira a cheirana, vieste para
Gazonga.
Gazoga ginga gingonga
Torotó torotrombeta.
Patativa cheiderana.


Esse verso meio louco, e sem sentido, estávamos acostumados a ouvir, de um velho senhor que morava conosco. O velho Badél, (como era chamado o velho Manoel). Ele havia sido empregado de nosso avo materno (que não conheci), após a morte do velho, como não tinha família, refugiou-se em nossa casa, durante anos e anos.
Era quase um poeta, (quase), nos momentos de aborrecimento costumava xingar, quem o aborrecia da seguinte forma: Você é aprendiz de cozinheira da casa da segunda rapariga, do soldado que toma conta de um cachorro vira latas, da casa da viúva que foi apesar de nunca ter sido.
Se estivesse vivo, o Badél teria muitas histórias para contar, era um cara estranho, solteiro por convicção, afirmava que para casar teria que ter uma casa, móveis, e ter dinheiro suficiente para sustentar sua família, como nada disso possuía, não poderia constituir família.
Foi portuário, motorneiro dos velhos bondes, que circulavam em Recife, não se sabe por que cargas d”água, resolveu depois de muito velho, voltar à cidade onde tinha nascido.
Vicência, pequena cidade a mais ou menos 75 km, da capital, ele com toda sua simplicidade afirmava que o homem quando chegar perto de morrer, tem que dirigir ao local onde nasceu para não misturar os pós. (tu és pó e em pó te transformaras), e não quero misturar nunca o pó de onde nasci com o pó de onde eu vivi.
Volto as minhas origens, para descansar em paz.
VELHO BADÉL, MUITO OBRIGADO, POR TUDO QUE ME ENSINASTE DA VIDA.
OBRIGADO MESMO.

Um comentário:

  1. Velho Badel,lembro-me dele como se fosse hj,qd comprava as escondida uma "branquinha" q dividia com Dinda[vovó Generina]na hora do almoço para abrir o apetite.Grandes recordações!Obrigada,Nivaldo!!!!!!!!!!!!!

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