domingo, 4 de outubro de 2009

O menino e o gigante


Fiquem certos de que estão lendo agora é um relato digno de ser lido com bastante calma e cautela, para que avaliem como o personagem objeto deste relato, sabia viver respeitando sempre as diferenças.
Desde criança, quando olhava para a pessoa em tela, via-o sempre como um gigante, era um homem não muito alto, (mas para mim o mais alto do mundo), o respeitava pela pessoa que ele era e representava não só para mim, mas para outras pessoas que se aproximassem dele.
De caráter ilibado, pacífico, paciente, desprovido de maldades, de uma moral que o fazia sempre estar acima dos demais, não que ele o quisesse, mas todos o respeitavam, estava sempre de cabeça erguida, nunca o vi fraquejar diante das intempéries que a vida em momentos nos traz.
Quando eu nasci, acho que ele já tinha seus 16 ou17 anos, mas vim a conhecê-lo de fato, quatro ou cinco anos depois, e lembro-me claramente, que quando olhei para aquele homem, jovem a minha frente, o vi tão grande e forte que desejei imediatamente ser como ele um dia. Lembro-me que assim fomos apresentados, (talvez devido a minha perplexidade), por minha mãe; esse é seu tio Luiz, e devo ter pronunciado meio sem jeito, (Ti is), a assim ficava registrada em minha cabeça (não muito pensante), ti is, e assim foi durante anos, depois quando de minha crisma, fiz questão de tê-lo como padrinho, mudei de ti is para, (simplesmente), padrinho.
Mesmo em minha juventude, adolescência, e adulto, quando olhava para ele sempre o via como um gigante, e para mim jamais eu seria como ele; respeitava-o como a um pai, conversávamos como amigos, e nos divertíamos como irmãos, mas para mim ele era sempre o gigante, e eu sempre o menino, e ate acho que em certos momentos me tratava como se de tato eu fosse menino.
“Seu cabra”! Ou “seu corno”! Assim falava nos momentos de chamar minha atenção, então eu baixava a cabeça, e procurava seguir seus conselhos. Como poderia eu não considerá-lo um gigante, seus conselhos eram dados com tanta força que imagino até que qualquer pessoa que dele recebesse um, ao certo também respeitaria sem discutir, isso porque ele estava sempre certo em suas observações.
Muitas vezes o vi triste, e me entristecia também, porque sabia que alguém que ele amava o tinha magoado, e em seus desabafos (que não eram raros), confessava: às vezes é bem melhor calar, que ferir pessoas que amamos, por isso ele estava sempre acima dos que lhe rodeavam, era de fato um gigante.
Seu nome refletia toda sua vida. LUIZ (Luz), NARCISO (Belo), ALVES (Branco (a)). E assim era ela, (sua alma), uma luz extremamente branca e bela, que iluminava tudo em seu redor, e por onde passava.
Adoeceu, e durante anos, eu vi meu gigante, aos pouco murchando, sem reagir, se deixando levar com resignação, mas para mim, que adoecia todas as vezes que o via sentado, sem pronunciar palavras, olhando para mim, com seu olhar carinhoso, saia dali muito mais convicto que o gigante mesmo após sua passagem, permaneceria sempre o gigante que aprendia a respeitar.
E quando de sua “morte”, não tive coragem para olhá-lo, e preferi guardar em minhas lembranças aquele homem que para mim será sempre um gigante.
Porque não morre quem nos outros vive.

Um comentário:

  1. Nivaldo,gostaria de lhe escrever um poema em agradecimento a esta belíssima homenagem feita ao nosso herói-gigante,mas ñ tenho sua competência.Quero q saiba da enorme felicidade q nos propocionou.Obrigada,muito obrigada por tanta emoção q vc nos presenteou.Q Deus lhe abençoe hj e sempre,primo-irmão.Com um gigante beijo de sua fã Ana Lucia

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