Parece estar sempre querendo aparecer, (assim falava dona Mariquinha, uma senhora admirada por todos, tanto pelos familiares como por aqueles que gozavam de sua amizade, isso por sua tranqüilidade e também pela forma que ela tratava as pessoas, sem distinção), falava do velho vaso, um urinou (pinico), que para ela estava sempre no lugar errado da casa, aí apanhava o pesado vaso e o levava para o quarto, falando: esse é o lugar em que você deve permanecer, e empurrava delicadamente com o pé para baixo da cama, e comentava; velho companheiro.
Dona Mariquinha morava com uma filha e um neto, viviam de forma modesta, mas demonstrava que no passado, não muito distante teve uma vida financeira bastante equilibrada e que com a morte do marido todo o patrimônio foi aos poucos dilapidado, pelos familiares, tanto dele quanto dela, mas ela jamais se queixava da vida. Tinha mais 3 filhos, que moravam distante, e que a ajudavam financeiramente, para que ela pudesse se manter.
Quando se reuniam (o que não era raro), sempre falavam: mãe porque a Sra. não joga esse pinico fora? Ele é muito bonito, mas já esta comprovada a tese, pinico de barro não enferruja, então todos riam e abraçavam a senhora que retrucava.
Esse vaso é muito antigo e é tudo que resta da herança que minha família recebeu de meu bisavô, um velho e bondoso chinês, o venerável Chen Om Loum. ..
Então o mais velho dizia; esse tipo de herança faço questão de não receber, (no que todos concordavam), isso não serve nem para ser doado a um museu
.Dona Mariquinha falava; ele não é de barro, é de porcelana, e pelo que me parece é chinês, (gargalhada geral), então o velho pinico passava a ser o assunto de todos.
E como era essa peça que eles falavam sem valor algum?
Tratava-se de um vaso de porcelana, muito branco, finamente decorado com ramos floridos, um salgueiro, e um par de andorinhas, que por sua perfeição, na pintura parecia que as aves aram reais.
Foi quando o Cleber perguntou, posso trazer um amigo meu, que conhece de peças antigas, para que ele dê sua opinião, sobre o real valor do velho “amigo da mamãe”?
Todos concordaram, e ficou marcado para que no próximo mês o “grande conhecedor” desse o ultimato ao velho pinico.
Quando chegou o dia marcado, o museólogo, amigo do Cleber estava presente para avaliar a peça, tão falada por todos da família.
Agora, meus amigos eu quero ter o prazer de ser apresentado ao velho “pinico de barro” de Doda Mariquinha.
Desde o dia que falaram da presença do museólogo, a senhora tinha guardado a peça em uma sacola muito bem bordada com o mesmo desenho que estava incrustado no urinou.
Quando o senhor retirou a peça do invólucro, arregalou muito os olhos, deixou cair os pesados óculos, e deu um suspiro profundo, olhou para todos os presentes, e com uma gagueira que até então não tinha, falou.
Pe-pessooal, vô-vocês, pó-o-possuem, uma Ra-a-ridade das artes chinesas, essa é uma peça elaborada pelos chineses na época da dinastia Ming e Qing, ou Manchu,(1368-1911).
A pintura e a cerâmica mantiveram o alto nível e novas técnicas de fabricação de porcelana foram desenvolvidas, especialmente a pintura vitrificada e a utilização de cores esmaltadas sobre a vitrificação. Afirmo-lhes que essa peça que aparentemente não tem valor algum para vocês, para colecionadores de raridades, vale mais de U$ 2,5 milhões, e essa é única, retirou de sua pasta uma lupa e aproximando-a da velha peça mostrou, gravada em chinês, alguns símbolos e a data 1381.
Todos se olharam estupefatos, não esperavam que aquele pinico que era sem valor para uns, passava a partir daquele momento, ser valioso demais para todos.
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