terça-feira, 2 de junho de 2009

O pré–velório



Observando de longe parecia uma festa, pela quantidade de pessoas que se reuniam em frente aquela casa. A curiosidade se fez presente na cabeça de Otávio. O que será que está acontecendo naquela casa? Será que mesmo não conhecendo ninguém eu posso participar do evento? Por um momento ele hesitou, mas seu tino jornalístico não teve a menor dúvida que teria que participar se fazendo presente à “comemoração”
E assim depois de ponderar bastante, resolveu também fazer parte daquele público ate então desconhecido para ele, veio se chegando das pessoas tranquilamente, e ficou observando como elas se comportavam, e qual seria o motivo da reunião.
Como bom jornalista que era o Otávio aos pouco foi se inteirando dos motivos pelos quais aquelas pessoas, tristes e alegres ao mesmo tempo estavam se encontrando naquele local.
Conversando com um e com outro, descobriu que estavam na casa do Pacífico, senhor de quase noventa anos, que no momento encontrava-se enfermo, e como era muito conhecido e querido por todos da família, eles estavam ali para visitá-lo. Nada diferente ate o momento, apenas era estranho o número de pessoas reunidas para uma visita à pessoa enferma.
O Otávio foi aos pouco se aproximando da entrada do imóvel, e conseguiu ver a pessoa do senhor Pacífico. Era um senhor que pelo tempo de vida demonstrava boa aparência (se é que se pode dizer que tem boa aparência quem está enfermo, e grave). O velhinho, (cabelos muito brancos, em tom azulado) emitia um sorriso triste, mas feliz pela presença das pessoas que dele se aproximavam, mesmo sem conhecer todos, só o fazendo quando alguém identificava para ele o presente, aí o Sr. Pacífico agradecia em um tom baixinho, às vezes ate balbuciando algo que era não muito audível.
Os comentários entre os presentes eram diversos, se falava de tudo; religião, futebol, política, trabalho, da secretaria gostosa, ate das aventuras do Pacífico quando mais jovem, isso era motivo dos risos de todos, inclusive do doente.
De repente alguém entre os presentes se manifestou de forma direta dizendo: Meus amigos, espero de todos alguns minutos de silencio que quero nesse momento prestar uma homenagem ao Sr. Pacífico, que é meu sogro e amigo, (e começou tecer elogios ao velhinho, que aos poucos ia se emocionando). Todos aqui presente conhecem perfeitamente essa figura humana que transitou entre nós durante longos anos e que agora esta no fim da vida, quase a morte, em estado moribundo, e que dentro de poucas horas não estará mais entre nós. (Todos se olharam demonstrando espanto pelas palavras do genro do Pacífico), e ele continuou; então preparamos este pré-velório, não só para olharmos pela última vez em vida para essa figura tão querida entre nós, mas para saber ele que vai partir para outra, entre amigos, e todos assistirão ao vivo e a cores sua partida. (e de dedo em riste, apontou em direção ao doente que naquele momento, tomava conhecimento da real situação em que se encontrava), e aí demonstrando um pavor fora do comum, abriu bastante os olhos e pronunciou suas últimas palavras.
Matias você jamais Deixará de ser um verdadeiro.
.FILHO-DA-PUTA.
(Fechou os olhos e partiu sorrindo dessa para melhor).

Nenhum comentário:

Postar um comentário