domingo, 2 de agosto de 2009

Desilusão precoce – uma lenda índia


Quando tive a oportunidade de conhecer um índio de verdade, me aguçou a curiosidade, de saber se ele conhecia alguma história que pudéssemos registrar em nosso livro, e ele me contou esta que apenas nós e outras poucas pessoas a conhece.
Um fato chamava a atenção de todos os habitantes, de uma aldeia das diversas tribos da imensa nação tupi, um “amor” que para uns era impossível, mas que estava acontecendo entre tribos distantes, embora pertencesse a mesma nação.
Ela uma bela índia Tabajara, de pele morena, cabelos pretos, olhos negros como a noite, mas de um brilho constante, comparado ao brilho da lua nascente, altura mediana como as demais mulheres da tribo, dotada de uma vivacidade incomum, e de inteligência admirável, assim era a índia Irajá, (eira-já), cujo significado é: Ninho de abelhas, nome muito bem postado, visto que não deixava passar sem uma observação, coisas que para uns era bastante comum, por esse sentido de justiça foi nomeada única mulher no conselho tribal.
Ele, um belo espécime indígena, da tribo Potiguar, alto, corpo esguio, mas bastante forte, de pele curtida pelo sol das praias, cabelos curtos lisos, olhos amendoados, sobrancelhas grossas, conhecido na tribo como pacificador, devido à forma de lhe dar com os problemas da tribo, assim era o Casira, (casí-ará), cujo significado é: Inseto munido de ferrão, que apesar de jovem, também era conselheiro da tribo Potiguar.
Um dia, desses que as aldeias se reúnem para festejar a grande pescaria, (visto que eram pescadores natos), eles se encontraram, e, imediatamente os olhares se cruzaram e deles nasceu um misto de paixão e admiração, exibiam suas melhores pinturas, e estavam vestidos com indumentárias ricas em penas e palhas.
Sem que um ou o outro se dessem conta, a noite encontraram-se observando na beira da praia, o nascer da lua cheia, um espetáculo de grande beleza, foi o momento sublime para os dois, e ali mesmo a luz do luar se amaram pela primeira vez.
Durante os sete dias de festas, todas as noites encontravam-se no mesmo lugar, para planejarem seus futuros. Mesmo sem a aprovação dos três grandes chefes, (Fabira, Itagibê e Piragibe), eles resolveram unirem-se quando da chegada da sétima lua.
Ao final das festas cada tribo seguiu para suas aldeias, Casira e Irajá, despediram-se, e ele prometeu que, como combinou, na chegada da sétima lua, voltaria para unirem-se definitivamente perante toda nação Tupi, ela esperançosa, concordou e comunicou sua decisão perante o conselho da tribo, do qual ela era membro permanente.
Na data acertada, na sétima lua cheia, (Eira-já), à noite, dirigiu-se a praia, a espera de seu bem amado, carregando em seu ventre, aquele que era o fruto de sua paixão, pelo guerreiro Potiguar.
Vindo da direção norte, sob o clarão da lua, ela visualizou a distancia a figura de um ginete, que cavalgava velozmente em sua direção, seu coração, disparou e ela imediatamente, se, pois a correr em direção daquele que era sua grande paixão.
Com a aproximação do cavalheiro, ela viu que era outro guerreiro, e não seu amado, estacou, sentindo um aperto dentro do peito; o índio apeou de sua montaria, e, falou para Irajá o desejo de Casira, assim falando: Bela índia da tribo Tabajara transmito para você, palavras do grande guerreiro Potiguar. Casira comunica a bela Eira-já, que viaja para terras distantes ao norte, comandando seus guerreiros em conquistas de novas terras, e que deixa a bela Tabajara livre para encontrar outro bravo para formar uma família.
Uma tristeza, e uma desilusão tomaram conta do coração da formosa índia Tabajaras, que sem palavras se enclausurou em sua maloca, até o nascimento do filho.
Durante as noites da sétima lua cheia de cada ano, até hoje, se vê em alguma praia nordestina, a silhueta de uma índia, caminhando, de mãos dadas com a figura de um lindo guerreiro curumim.

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