NIVALDO MELO
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Chegamos a segunda década,
Chegamos a segunda década,
Em pleno século vinte e hum,
Curtimos uma pandemia,
Já é um fato incomum.
Mas, curtir uma caçada,
Dia, noite e madrugada,
Não é para qualquer um.
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Curtimos uma pandemia,
Já é um fato incomum.
Mas, curtir uma caçada,
Dia, noite e madrugada,
Não é para qualquer um.
2
Apareceu um certo cara,
Classificado de mau,
Bem no meio do Brasil,
Lá no planalto central.
Entre Brasília e Goiás
Verdadeiro satanás,,
Hoje o maior marginal.
O nome dele é Lazaro
Chamado de serial,
Dizem que é bom no dedo.
Bandido, cara de pau,
Matando homem, mulher,
Cachorro, gato e guiné.
E se esconde em matagal.
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Foi durante quase um mês
Que aconteceu a caçada.
Foram quase 300 homens,
Dia, noite e madrugada,
Era tiro pra todo lado,
E um bafafá danado.
Contra a alma encantada.
Sintam só o aparato
Para encontrar o bandido.
Duzentos e setenta homens,
Que estão bem protegidos.
Com suas armas letais,
Que dão medo ao satanás,
Mas não dão ao inimigo.
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Oitenta cachorros brabos,
Com raças superiores,
Treinado lá nos qujarteis
São eximios caçadores,
Comem carne de primeira,
Pra não terem caganeira.
Comem carne de primeira,
Pra não terem caganeira.
Grandes cães farejadores.
Farejam drogas escondidas
Bem no fundo do baú.
Mas não conhecem o cheiro,
Daquele que anda nu.
O cheiro nunca é igual,
Isso é fato principal,
Homem cheira a urubu.
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Como não existe essência
Do cheiro do carniceiro,
Urubu fede a carniça,
E fede o dia inteiro.
Os cachorros correm o risco,
De errarem o petisco.
E morder seu companheiro.
São 4 ou 5 helicópteros,
Voando sobre a matinha.
Mas eles chamam floresta,
Valorizando a moitinha.
Lá tem mata de serrado,
Só capim avantajado,
E arvores só bem baixinhas.
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Cada helicóptero carrega,
Cinco ou seis caras fardados,
Um piloto e um copiloto,
Todos ele bem armados,
Caçando hum só inimigo,
Que tá no mato escondido
Mas muito bem preparado.
Ainda tem trinta drones,
Voando ,no capinzal.
Cada um com quatro câmaras
Monitorando o local.
Detectam até mosquito,
Por isso acho esquisito,
Não detectam o marginal.
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Eles filmam a savana,
Lá de cima para baixo.
Podem filmar até nascente
Onde começa o riacho,
Caminho do contraventor,
Que ninguém o encontrou,
Pense num bandido macho!
Dizem que o número treze
É o número do azar.
Acho que em treze de agosto
O Lazaro ia se entregar,
Cheio de laços de fita.
Êita festança bonita
Que a policia ai dar!
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Por terra temos os veículos
Que completam o pelotão.
São trinta camionetes,
Cinco kombis um caminhão.
Ainda tem um pau-de-arara,
Correndo atrás de um só cara,
Tem também um rabecão.
A policia rodoviária,
Dá apoio no local,
Responsáveis pelas rondas,
Circulando o capinzal.
E na noite de são João,
Soltaram foguetes e balão,
Pra desalojar o marginal.
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Mas qual será o perfil
Desse famoso bandido.
Que já matou mais de oito,
Tá lá no mato escondido.
Somente Deus sabe onde,
Esse cara se esconde,
E sempre bem sucedido.
Lazaro Barbosa de Souza
Trinta e dois anos de idade,
Sempre foi cara do mato,
Pouco viveu na cidade.
Nascido lá na Bahia.
Seu pai sempre lhe batia
Por sua pervecidade.
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De estudo ele tem pouco,
Tem pouca escolaridade.
Mas fez curso de “floresta”,
Em uma universidade.
Universidade da vida,
Pois ia caçar comida,
É essa a realidade.
Dona Eva Maria de Souza,
É a mãe do marginal.
Hoje vive sem sossego,
Devido ao filho letal.
Que mata sem piedade,
Lá no campo ou na cidade,
Dizem: transtorno mental.
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O seu Edinaldo Barbosa ,
Do Lazaro ele é o pai,
Não fala muito do filho,
Mas diz que ele não vai,
Se entregar pra policia,
Pois tem medo da malicia,
Porque ele é um samurai.
O Killer tem uma família,
Esposa e filha menor.
Que vamos preservar o nome,
Pra não haver quiproquó.
Ela é uma inocente,
Diz que o marido é carente,
E sofreu como ele só.
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Tem uma ex-esposa,
E uma ex-sogra legal,
Que moram ali pertinho,
No povoado Cocal.
Tem outo filho menor,
Que mora com a sua vó,
Orgulho do marginal.
Ele adora uma tia,
Que chama-o de menininho,
Pense num garoto esperto,
O seu querido sobrinho.
É de um coração legal,
Mesmo sendo marginal,
Esse pobre coitadinho.
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Desde sempre ele foi
Um cara de falar pouco.
Se alguém queria papo,
Ele se fazia de moco.
Um cara bem diferente,
Desse que faz medo a gente,
Na briga era bom-de-soco.
Lá nos confins da Bahia,
Foi preso mais de uma vez.
Mas quando davam bobeira,
Fugia com rapidez.
Lá ele matou dois,
Ninguém sabe porque foi.
Foi por ciúmes, talvez.
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Numa segunda prisão,
Foi logo beneficiado,
Por decisão monocrática,
De um juiz bem safado.
No Brasil é sempre assim,
Libertam o cara ruim,
O bom é trancafiado.
Era o cara mais caçado,
Não tinha medo de nada.
Se sentia protegido,
Por pessoas mal faladas,
Desses que têm dinheiro,
Alguns deles fazendeiros,
Que matam dando risadas.
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Agora vamos a estratégia,
Que adotava o marginal.
Ele andava de mansinho,
Como se fosse um chacal,
Só anda dentro do rio,
Pois é imune ao frio,
A espinhos e a matagal.
Durante o dia dormia
Em lugar desconhecido,
Onde tivesse uma toca,
Ele ali tava escondido.
Na noite, “floresta” escura
Ele sai da estrutura,
Para ser abastecido.
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Sai de mansinho à noite
E vai nos sítios buscar,
Comida e munição,
Pra ele se preservar.
Quando ele está voltando,
Como um cão vem uivando,
Para a polícia espantar.
Como ele é bom mateiro,
Sabe o som dos animais,
Que vivem no imaginário,
Os dos folclores locais.
O Saci, e o Boi tatá,
A Caipora carcará,
E o cão dos canaviais.
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Quando ele imita a voz,
Do Pai da mata, então,
Saem todos em disparada,
A policia e a multidão,
É uma agonia danada,
Então Lazaro dá rizada,
Nesse lugar sou Sanção.
Numa noite ele resolve
Sair da floresta a pé.
Vestiu sua fantasia
Como se fosse um pajé.
A polícia fica olhando,
Vendo o índio passando,
Êita polícia de mané.
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Pensem num camarada safo.
Na véspera de São João,
Passa pela segurança,
Fantasiado de balão,
Sentou na beira da fogueira,
Conversando só besteira,
Comeu e bebeu quentão.
De dia se camuflava,
Como se fosse um tatu.
Cavava sua morada,
Nela se escondia nu.
Cão e soldados passavam,
E nem ao menos notavam,
Onde estava o belzebu.
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Dizem que o serial Killer,
Tinha seu corpo fechado.
Nada nele penetrava,
De pé ou estando deitado,
Rezava pra cabra preta,
Pra ele não tinha treta,
Mas na bala era afamado.
Ele tinha um escritório,
Onde ia trabalhar.
Recebia encomendas,
Somente para matar.
O seu cliente pagava,
Ele então executava.
Quem tinha que se lascar.
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Também era conhecido,
Como Lazaro curupira.
O homem dos pés pra traz
Todo enrolado de embira.
Seu rastro era diferente
O de traz era pra frente,
Verdadeiro pomba gira.
Andava em cima das arvores
Como se fosse um macaco,
O faro era de cachorro,
Mas a astucia era de gato.
Sobre as águas flutuava,
Garanto nem se molhava,,
Era um verdadeiro pato.
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Era quase impossível,
Encontrar o marginal.
Tinha um grupo protetor,
Escondendo o chacal.
Eram aqueles fazendeiros
Juntamente com os caseiros,
Protegendo o serial.
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A fama daquele bandido,
Com a astucia de um cão,
Se espalhou no mundo
inteiro,
Da Cochinchina ao Japão.
Chegou aos confins da
terra,
Diziam que é uma guerra.
Todos contra um
cidadão.
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A imprensa transformava
Em herói o marginal,
Isso é comum no Brasil
Endeusar o ilegal.
A polícia se arretando,
E os políticos explorando,
Seu palanque eleitoral.
Depois de muita caçada,
Vinte dias de labuta,
A polícia abate o alvo,
De forma absoluta.
Levam o corpo para povo
O que era seu estorvo,
Estava acabada a luta.
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Dessa forma acaba a luta,
Travada numa floresta.
Polícia exibe o troféu,
A batalha virou festa.
Grande parte festejando,
Só a família chorando,
Que isso sirva de alerta.
Agora chegou o momento
De por os pingos nos hís.
Procurar de todas as formas,
Pra não deixar cicatriz.
Pois o crime não compensa,
Essa é a minha crença,
Mesmo não sendo Juiz.
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Desejo que suas vítimas,
Tenham lugar lá no céu,
E os nadantes dos crimes,
Fiquem presos no quartel,
E que a lei seja bem dura,
E a alma dessas criaturas,
Queimem lá no fogaréu.
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