NIVALDO MELO
1
Mais uma vez a vovó
Quis nos contar história
Então reunirmos a turma
E fomos chamar Aurora
Uma garota sapeca
Toda levada da breca
Prima da amiga Glória.
2
Estava completa a plateia
Para ouvirmos a vovó
Todos estavam contentes
Era uma euforia só
Toda aquela algazarra
Parecia uma farra
Pra dançar o carimbó.
3
Vovó chega de mansinho
Calçando a velha pantufa
Sentou em sua cadeira
Respirou dizendo ufa!
As pernas estavam cansadas
Devido a grande jornada
Todos os dias na labuta.
4
Deu um trago no cachimbo
Começou logo a falar
- Tenho uma nova história
E logo vou lhes contar
Por favor prestem atenção
Em toda a narração
Vai ser espetacular.
5
Nos tempos de antigamente
Não tinha poluição
Tudo era tão limpinho
Não via sujo nem no chão
Todo mundo era feliz
Até na igreja matriz
Poucos iam pra oração
6
Bem em frente a Igreja
Existia o lago azul
De cima se via no fundo
Peixes, algas até muçu
Um fundo uma caverna
Em formato de cisterna
Na entrada um vodum.
7
A população se reunia
Todas tardes nas margens
Era uma confraternização
Entre os homens de coragem
Pra ver alguém mergulhar
E ir na caverna olhar
Se era real ou miragem,
8
Só que era muito estranho
O que ali acontecia
Se alguém se aproximava
Aquela pedra sumia
Quem via estava abismado
Todos na beira do lago
Não criam no que se via.
9
Mas nos dias de domingo
Ao pôr do sol, a tardinha
Aparecia ali no lago
Um cardume de sardinhas
Se formavam como escudo
Então encobriam tudo
Porque algo em baixo tinha.
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Em baixo existia algo
Em uma cor reluzente
Alguém deitava no chão
Pra ver se via de frente
Diziam; Não é peixe não
Ta parecendo um dragão
Daqueles que come gente.
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Diziam que na lua cheia
Algo estranho acontecia
E um Golfinho dourado
Nas águas claras surgia
E com no clarão do0 luar
Seu corpo punha-se a brilhar
Parecendo a luz do dia.
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Diziam que era só lenda
Do povo daquele local
Mas alguém logo afirmava
O que dizem é bem real
Um dia alguém vai provar
Com outro pra testemunhar
Vai ser algo surreal.
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Um dia uma bela jovem
Na noite da lua nova
Foi para a margem do lago
Pra ver se achava a prova
Por volta da meia noite
Com um vento de açoite
Surge no lago a corcova.
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Parecia ser um peixe
Nadando devagarzinho
Mas logo surge o cetáceo
Realmente era um Golfinho
Mas era muito diferente
Tinha o corpo reluzente
Todo cheio de pontinhos.
15
E todos aqueles pontinhos
Eram como de neon
Acendiam e apagavam
Cada um tinha um tom
Um verde, vermelho, lilás
Azul, amarelo e corais
Pra ver era muito bom.
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E durante muito tempo
A moça viu o balé
Feito pelo bailarino
Sem mão sem bração ou pé
E com muito pouco tempo
Aumentou seu contentamento
Voltou demovo a ter fé.
17
Esperou quase um mês
Pra ter nova aparição
Na noite de lua nova
Voltou a sua missão
E se tudo desse certo
Ela estaria ali perto
Pra ter a comprovação.
18
Novamente aconteceu;
Foi quase do mesmo jeito.
Apareceu o Golfinho
Com seu bailar sem defeito
Parece que ele sabia
Muito mais se exibia
Muito brilho muito efeito.
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Ai em dado momento
Em sua frente parou
Fez uns gestos diferente
Com a nadadeira apontou
Na direção a caverna
A moça tremeu nas pernas
Morrendo quase ficou.
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Então por telepatia
Ela recebe a mensagem
Que dizia bem assim:
Se você tiver coragem
Visitaras o meu reino
Te mostrarei por inteiro
Lá veras belas paisagens.
21
Também por telepatia
Depressa ela respondeu
Me diga que reino é esse
Que nunca apareceu
- É o Reino dos Cetáceos
Nós somos quase jurássicos
Além de outros tem eu.
22
Orcas, Cachalotes, Botos,
Jubarte, Franca e Azul
Pensam que somos peixes
Enganamos qualquer um
Mamíferos é o que somos
Como vocês nós pensamos
Vivemos no Norte e no Sul.
23
Sei o que você está pensando
Se pode levar alguém
E tenho quase certeza
Que em sua mente já tem
Aquele que quer levar
Que vai nos acompanhar
Por esse mundo do além.
24
Na próxima lua nova
Estarei te esperando
Podes vir acompanhada
Só pode se for humano
- Quero levar minha vó
Porque ela é meu xodó
É ela que eu mais amo.
25
Um dia antes da partida
Chega mais uma mensagem
Queremos ter a presença
Da população nas margens
Vocês vão ter uma surpresa
Disso eu tenho certeza
Ao verem nossa Bolaragem.
26
E na noite da partida
Estavam lá esperando
Por volta da meia noite
O transporte vem chegando
A grande bola de cristal
Era a atração principal
Iluminada e brilhando.
27
Aquela linda Bolaragem,
Puxada por mil crustáceos
Como se fossemos cavalos
Lá do Reino dos Cetáceos
Causou tamanha emoção
Gente rolava no chão
Verdadeiro estardalhaço.
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Então se abre um portal
Um grande brilho surgiu
E um cavalo marinho
No umbral logo surgiu
- Tudo pronto pra partir
Sentem as duas aqui
Fechou a porta e partiu.
29
Durante alguns minutos
Viram a luz afundar no lago
Todo mundo aplaudindo
Com muito carinho e afago
Permaneceram por ali
Até um grito ouvir
Na lua cheia as trago!
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Neta e avó quase em transe
Observavam a paisagem
Viam peixes coloridos
Ao lado da Bolaragem
A vovó estava vibrava
Ao ver tudo que passava
E adorando a viagem.
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Com meia hora chegaram
Na entrada principal
Novo portal se abriu
A tenção era total
Vó e neta nem se mexiam
Sem noção o que faiam
Era um silencio total.
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Então as portas se abrem
A água invade o transporte
As duas ficam apavoradas
Veriam de perto a morte
Sentiram as respirações
Pressionando os pulmões
Estavam vivas, que sorte!
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Tentaram sair andando
Começaram a flutuar
Movimentaram os braços
Começaram logo nadar
Que sensação tão gostosa
Cheiro de pétalas de rosas
Tomou conta do lugar.
34
Então surge o Rei Golfinho
Com vestimenta charmosa
Tendo como segurança
Vários Botos cor-de-rosa
Pra elas, muito legal
Podiam dizer; surreal,
A recepção amistosa.
35
Então eles se comunicaram
Em uma língua muito igual
Falar assim como peixes
Pra todos era natural
Não havia confusão
Com a comunicação
Para todos era normal.
36
Vamos conhecer o reino
Chamado Azul marinho
Que na terra era escuro
Mas no lago era clarinho
Notaram que na caverna
Tudo era igual na terra
E tinha até passarinho.
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As aves naquele reino
Eram peixes voadores
De corpos bem coloridos
Exibindo várias cores
Peixes aves tão mansinhos
Que esbanjavam carinho
Verdadeiros esplendores.
38
Viram peixes papagaios
Falando seu Corupaco
Tinham os peixes palhaços
E polvos lá nos buracos
Olharam os peixes amoreias
Nadando junto as baleias
Tartarugas, e peixes gato.
39
Então chegou o momento
O horário da refeição
Comeram muitos cogumelos
Algas tinham de montão
Tudo muito saboroso
Com um tempero gostoso
Vibraram de satisfação.
40
Todo café da manhã
Bebiam leite de baleia
Uma papa de escamas
Serviam também na ceia
Umas bolinhas salgadas
Eram sementes de algas
Bolinhos de finas areias.
41
Para os peixes e para elas
Eram as mesmas refeições
As duas nem se importavam
Comiam sem restrições
As comidas eram gostosas
Eram muito saborosas
Terminavam em orações.
42
Logo após o desjejum
Saiam pra passear
Conversavam sobre tudo
Que havia no lugar
Estavam muito a vontade
A caverna era uma cidade
Bem lá no fundo do mar.
43
Viram montanhas e vales
Com jardins muito floridos
Tudo com plantas aquáticas
Com ramos bem coloridos
O Golfinho era o anfitrião
Mostrou um peixe anão
Lá nos corais, escondido.
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Passou a primeira semana
Com muita paz e união
Então avó perguntou
Por que não vi tubarões
- São do grupo dos soldados
Eles estão bem preparados,
Eles são os guardiões.
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E levou-as para o local
Onde estavam agrupados
Tubarões Lixas, martelos,
Os Branco mais afamados
Tigre, Baleia, Galha preta
Mais rápido que um cometa
Assim estamos guardados.
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Na lua quarto crescente
Fizeram um festival
As bailarinas sereias
Foi atração principal
Orquestra? Peixe trombeta
Regente a Arraia preta
Algo muito surreal.
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E quando chegava a noite
Na hora de irem dormir
A vovó ia na frente
A neta morria de rir
Com a cara do guardião
Um gigante Lagostão
Seguindo um velho Siri.
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Dormiram sobre um colchão
Feito de algas marinhas
Um verdadeiro deleite
Era a coisa mais fofinha
A coberta era de escamas
Que cobriam as duas camas
Mas lençóis eles não tinham.
49
Faltava apenas dois dias
Para a viagem de volta
Vovó dizia: não vou
Fale que virei uma Orca
Se ninguém acreditar
Pode até lhes afirmar
Que sua vó está morta.
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Então chamaram uma Soia
Junta com peixe Leão
Os psicólogos do Reino
Pra encontra a solução
E convenceram a vovó
Que na terra é bem melhor
Essa era a grande missão.
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E no dia do grande retorno
Quando o belo sol raiou
O Golfinho luminoso
Para duas assim falou
Vocês são como família
Vovó e você, Cecilia.
Então a jovem chorou.
52
E quando chegou a noite
Entre véspera do Natal
A noite de Super lua
Algo incomum, surreal
Todos estavam esperando
Para verem elas chegando
A grande comitiva real.
53
Foi logo as dezoito horas
Bem ali, por traz do monte
Surge a lua bem prateada
Na linha do horizonte
Então chega a Bolaragem
Mostrando sua blindagem
Dentro dela as visitantes.
54
Ao saírem receberam
Cada uma um presente
Joias de perola e ouro
Costadas em um pingente
Pra neta a estrela do mar
Pra vó, casco de um aruá
Nos metais mais reluzentes.
55
O povão gritava; viiiivaaa!
Nossas duas aventureiras
Duas mulheres mui valentes
São verdadeiras guerreiras
Sons de fogos de artificio
O Prefeito fez comício
Foi festa a noite inteira
56
Chegou o fim da história?
Pensou toda a garotada
Vovó levanta da cadeira
Sai do local bem calada
Se olhou um para o outro
Não surgiu nenhum afoito
Para sair da calçada.
57
Num instante volta a vó
Com uma caixa na mão
Logo mostrou os pingentes
Iguais os da descrição
- Aconteceu como eu disse
Herdei da Biza Clarice
Sou da mesma geração.
68
Todos quiseram pegar
Naqueles belos pingentes
feitos em pérolas e ouro
Arte muito diferente.
- Eu como bom menestrel
Encerro mais um cordel
- Obrigado minha gente.
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