NIVALDO MELO
1
Passamos mais de dois
meses,
Sem ouvirmos uma história
Então ficamos pensando
Vovó perdeu a memória
Apelamos pra o vovô
Pra ser nosso
intercessor
Pra nós seria uma
gloria.
2
Ele nos deu um sorriso
Nos disse; eu vou tentar
Minha véia está cansada
Mas eu vou a motivar
E saiu bem de mansinho
Em seus passos
miudinhos
Pra nossa vó encontrar.
3
Demorou alguns minutos
Pra nós uma eternidade
Saiu fingindo de triste
E disse; dando rizada
Hoje depois do jantar
Temos história pra
contar
A noite lá na calçada.
4
Foi aquele alvoroço
Verdadeira euforia
Abraçamos nosso avô
Demonstrando alegria
Vamos por bolo na mesa
Vamos fazer uma
surpresa
Na noite daquele dia.
5
A noite lá na calçada
Éramos muito mais de
dez
Enquanto nós esperávamos
Vovô lia seus cordéis
,Um verdadeiro poeta,
Aquele velhinho careca
Com todos nós a seus
pés.,
6
Por volta das nove
horas
Surge vovó no umbral
Chegando lá na calçada
De um modo triunfal
- Parabéns rapaziada
Estou aqui emocionada
Com os aplausos geral.
7
Por isso vou lhes
contar
Uma história bem bonita
A história de uma ilha
E que nunca foi escrita
E apontou pra o vovô
Foi ele quem a criou
De uma forma erudita.
8
E o bolo vovozinha
Que horas vamos provar?
Primeiro eu conto a
história
Depois que ela acabar
Nós vamos lá para a
mesa
Provar da nossa
surpresa
Com suco e guaraná.
9
Então puxou a cederia
Sentou na frente de nós
Antes limpou a garganta
E temperou bem a voz
Cantou uma bela canção
Ao som de um violão
Era um dueto de avós.
10
Aquilo era fato inédito
Ver os dois cantarem
juntos
Foi algo emocionante
Motivo de novos assuntos
Algo de grandes emoções
Tocou nossos corações
Formavam um belo
conjunto.
11
Ao terminarem a música
Vovó começa a contar
A história de uma ilha
Que tinha no Rio Mar
Era um rio muito largo
E a margem do outro
lado
Não dava pra avistar.
12
Era uma ilha estranha
Sem arvores, era
deserta
Apenas se viam pedras
Como se fosse floresta
Estavam bem arrumadas
Bem divididas em
quadras
Mas ela ninguém acessa.
13
As vezes estava
encoberta
Por intenso nevoeiro,
As vezes duravam horas
Outras vezes dias
inteiros
Mas ninguém tinha
coragem
De chegar em suas
margens
Pois o rio era
traiçoeiro.,
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Tinha um redemoinho
Que levava tudo ao
fundo,
Esse era o grande
motivo
De por medo em todo
mundo
Quem foi lá nunca
voltou
Mas quem foi e escapou
Dorme um sono profundo.
15
Mas tudo tem um motivo
Pra justificar a vida
Aquilo que e um
folclore
Pode ser somente intriga
Só está faltando alguém
Pra dizer tudo o que
tem
E comprar aquela briga.
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Na cidade ribeirinha
Tinha poucos habitantes
Em torno de uns três
mil
Todos com vidas
brilhantes
Com boa religiosidade
E assim toda cidade
Amavam seus
semelhantes.
17
Bem próximo a beira do
rio
Morava um casal feliz
Tinham uma única filha
Seu nome Ana Beatriz
Menina muito
inteligente
Mas de modos diferente
Divergia da Matriz.
18
Tinha sonhos esquisitos
Que contava para os
pais
Se sonhava com alguém
Isso era bom demais
Dizia então pra o
sonhado
Você vai ser premiado
Isso vai ser logo mais.
19
Dois ou três dias
depois
O que disse acontecia
E o chamado sonhado
Pulava de alegria
Uns recebiam presente
Outros herança de
parente
Ou ganhavam na loteria.
20
Um dia ela teve um
sonho
Com os pais, e disse
assim
Temos que mudar para a
ilha
Quero que creiam em mim
Tudo pra nós vai mudar
Se formos lá pra morar
Lá tem riqueza sem fim.
21
Como pode, naquela ilha
Nada tem pra oferecer
Só vemos pedras e
seixos
Não tem água pra beber
É inóspito, e muito
quente
Nada de bom para a
gente
Não vamos sobreviver.
22
Lá as paredes são
íngremes
Não tem lugar pra
aportar
Tem o tal redemoinho
Esse não dar pra
aceitar
Pode sonhar outro sonho
Que seja menos bisonho
Então nós vamos pensar.
23
Papai! Do outro lado da
ilha
Existe um lugar legal
Quando o rio estiver
baixo
No sonho mostra o local
Tem uma espécie de
buraco
Bem no pé de um
penhasco
É a entrada principal.
24
Vamos ter que chagar
por lá
Em um dia de nevoeiro
Daqueles que esconde a
ilha
Em seu modo por inteiro
Nesse dia vamos partir
Nem vamos nos despedir
Pra não causar desespero.
25
Prepare o barco velho
Que está lá no quintal
No sonho eu vejo que
Tudo vai ser bem legal
Nada de mantimento
Lá vamos ter unguento
Nada pra nós vai dar
mal.
26
Dois dias antes de
irmos,
Seremos todos avisados
Teremos o mesmo sonho
,Vamos ficar bem calados
Ninguém poderá saber
O que vai acontecer
Se alguém falar dá
errado.
27
Na quarta onze de
agosto
Quando tudo aconteceu
O sonho que esperavam
Naquela noite se deu
Dia treze desse mês
Estamos esperando vocês
Minha família e eu.
28
Quando os três
acordaram
Foram logo pra o
quintal
Fazer revisão no barco
Se estava tudo legal
O barco estava coberto
E não tinha nada por
perto
Tudo muito natural.
29
Ana Beatriz então falou
Alertando os seus pais
Temos que estar
convictos
Retroceder não dar mais
Vamos olhar para a
frente
Com muita fé no
presente
Lá viveremos em paz.
30
E como estava escrito
Começou a serração
Em seguida o nevoeiro
Cobriu aquele rincão
Por volta de uma hora
Puserem o barco pra
fora
Seguiram sem desespero.
31
Quando chegaram ao rio
Algo lhes aconteceu
Como se fossem
abraçados
A névoa os envolveu
Um abraço carinhoso
E um cheirinho gostoso
Logo, logo os envolveu.
32
Não tinha leme nem
velas
Aquela velha embarcação
Singrou ao sabor do
vento
Seguindo na direção
Que o destino lhes
traçou
Depois que a jovem
sonhou.
Era grande a emoção.
33
O barco começa a
navegar
Com destino ao já
traçado
Em menos de duas horas
Já estavam atracados
Tudo que a menina falou
No local que ela
indicou
Agora está consumado.
34
Entraram pelo buraco
Que não era uma caverna
Era como um portal
Encravado ali na terra
Olharam, viram uma
escada
Um pouco encaracolada
Mas segura e bem
moderna.
35
Cada degrau de uma cor
Bem pintado e reluzente.
No momento uma voz
falou:
Sigam direto para a
frente
Não pulem nenhum degrau
Alguém pode se dar mal
Falta um elo na
corrente
36,
Então o pai respondeu
A família tá toda aqui
A corrente está
completa
Elos inteiros sem
partir
Está faltando o Partido
Tá lá no barco
escondido
Pois não tinha aonde
ir.
37
Era o cão perdigueiro
Xodó daquela menina
Que ela o tinha adotado
Quando era pequenina
Era um cão muito fiel
Que sempre fez seu
papel
De guardião da bambina.
38
Quando olharam para
traz
Partido estava presente
Com a maior rapidez
Se colocou bem a frente
A partir daquele
instante
Era ele o comandante
Muito forte e
imponente.
39
Chegaram ao topo da
escada
O pai ficou deslumbrado
Aquelas pedras rochosas
Eram arvores pra todo
lado
Com muitos frutos e
flores
Com néctares de mil
sabores
Era um Reino encantado.
40
Todos estavam
extasiados
Ali, naquele momento
O cão abanava o rabo
Mostrando contentamento
E naquele momento então
Lhes surge o Anfitrião
Com um sorriso de
alento.
41
- Boas-vindas para
todos
Sou eu o proprietário,
Dessa Ilha tão pequena
Aqui eu fiz meu
berçário
Vamos todos morar
juntos
Trabalharemos em
conjunto
Tornamo-nos signatários.
42
Quero que vão descansar
Da viagem cansativa
- Saímos da costa há
pouco
Nossas mentes estão
ativas
- Viajaram uma semana
É que o nevoeiro engana
Até a pessoas nativas.
43
Então eles se
recolheram
Aos aposentos indicados
Pensaram que dormiram
pouco
Logo estavam acordados
Dormiram só por três
dias
Com corpos e almas
sadias
Logo os três serão
testados.
44
Comeram o manjar dos
deuses
Foi a grande sensação
Degustaram muitos frutos
Com gosto de camarão
Flores com gosto de
leite
Outras sabor de azeite
Frutas com gosto de
pão.
45
- Vão conhecer nossa
Ilha
Podem andar a vontade
Caminhem por nossas
ruas
Tudo que verem, é
verdade
Arvores, aves e animais
O que verem são reais
Não verão iniquidade.
46
Percorreram toda a ilha
Em pouco mais de uma
hora
Observaram muitas pessoas
Que usavam uma estola.
De cores bem diferentes
Dessas que deslumbra a
gente
Homens, crianças e
senhoras.
47
Outro fato que notaram
As pessoas não andavam
Nunca deixariam rastro
Pois elas só flutuavam
Todas elas muito
amáveis
Muito educadas, afáveis
Mas nunca eles falavam.
48
Eles os viam conversando
Sem emitirem um som
Mas todo mundo entendia
O papo era muito bom
Todos ali se divertiam
Demonstrando alegria
Tudo em moderado ton.
49
Voltaram bem curiosos
E queriam se informar
Mais quais animais são
esses,
Que vivem nesse lugar?,
- Os da terra são
Trampões
Vindos dos planetas
anões
Foi lá que fomos
buscar.
50
E as aves tão vistosas
Que vemos sempre a voar
- Elas são todas
Gayryzyas
Vindas da Galáxia antar
Após o planeta Plutão
São aves de arribação
Voam sempre e sem
parar.
51
As arvores de onde
veem?
- De planeta bem
distante
Lá elas são conhecidas
Como as plantas
falantes
São do planeta
desconhecido
Ele fica sempre
escondido
Por traz do cometa
andante..,
52
E todas aquelas pessoas
Que estão usando
estolas?
- São os nossos professores
Chamados de Mestricolas
Cada um vem de um bioma
Falam muitos idiomas
Qualquer mente ele
controla.
53
Mas são todos muito
jovens.
- Aqui ninguém
envelhece
Todos têm mais de cem
anos
Porque ninguém tem
stress
Sempre usamos só a
mente
Nos apegamos ao
presente
E isso nos robustece.
54
Vocês vão logo aprender
Falar as línguas galáxiais
Receberão suas aulas
Em formatos virtuais
Em um modelo telepata
É a forma mais exata
Sem aulas presenciais.
55
Que vão fazer com o
cachorro
Nosso fiel, cão Partido?
- Existirá uma nova
espécie
Pra isso foi escolhido
Quando houver a junção
Com uma fêmea de Plutão
Seu nome será mantido,
56
Estávamos só aguardando
Quais seriam os
escolhidos
Vocês foram agraciados
Hoje estão todos
ungidos
Em breve temos que partir
Nova missão a cumprir
Para o desconhecido.
57
E quando iremos partir?
- Logo que faça bom
tempo
Do céu virá um aviso
Para usarmos o unguento
Sairemos perfumados
E estaremos abençoados
Para um novo evento.
58
Ao termino daquele dia
Alguém, bem alto falou
Todos vão se preparar
O momento já chegou
Sigam todos os
protocolos
Nosso destino é Angolos
O planeta do amor.
59
Chegaremos em Angolos
Em vinte e dois anos
luz
Ele está localizado
Depois das estrelas
azuis
Segundo as informações
Lá ouviremos canções
Cantadas pelos Ziluz.
60
E com um céu de
brigadeiro
A névoa se dissipou
Todo povo ribeirinho
Ouvi quando alguém
gritou
Está na hora da partida
Numa viagem só de ida
Adeus para quem ficou.
61
Alguns ficaram
perplexos.
Teve alguém que
aplaudiu
Um gritou: E nossa Ilha?
- Estava ali, mas sumiu!
Todos olharam para o
céu
E em nuvens como um véu
Aquela ilha subiu.
62
No lugar ficou apenas
O velho redemoinho
Hoje só existe a lenda
Contada por ribeirinhos
Da ilha resta a saudade
Praquela comunidade
Que sem Ilha estão
sozinhos.
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