NIVALDO MELO
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Na manhã da sexta feira
A vovó nos convocou
Falando que logo a noite,
Ouviríamos um professor
Era um mestre afamado
E o mais conceituado
Em estórias. Era vovô.
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Ficamos todos eufóricos
E espalhamos a novidade
Até a dona Esmeralda
Que é cheia de maldade
Fofocou para as amigas
Em formato de intriga
Sem fé e sem piedade.
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Lá na casa da vovó
Hoje vai ter um sarau
Vão trazer um professor
Que chegou da capital
Parece que é um artista
Tem foto dele em revista
Cheio da grana e moral.
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Foi desse jeito o boato
Que a fofoqueira espalhou
E quando chegou a noite
Todo mundo se espantou
Foi chegando tanta gente
Muitos católicos e crentes
Só pra ouvir o professor.
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Na hora ninguém entendia
O motivo de tanto alarido
Uns falavam outros gritavam.
Doía em nossos ouvidos
Vovó ficou sem ação
Ao ver aquela multidão
Aquilo era um perigo.
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Mas quando vovô chegou
Olhou praquele povão
Foi logo dizendo assim
Prestem muita atenção
Pessoal, aqui estou
Eu sou o tal professor
Não quero ver confusão.
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Eu quero apenas saber
Quem é o altor do boato
Só quero contar história
Foi esse o nosso trato
Reunir toda meninada
Essa noite na calçada
Só pra relatar um fato.
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Então a dona Esmeralda
Com raiva deu rabissaca
Saiu dali de mansinho
Zoando feito matraca
Pegou seu banco e saiu
Tão rápido ela sumiu
Pela estrada lá da mata,
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Recebeu foi muita vaia
Apitos e xingamentos
Mas nunca mais fofocou
Pra conseguir um intento
Que era só tumultuar
E querer desconcentrar
Mas o vovô tava atento.
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Todos rimos a vontade
Do caso da fofoqueira
Mas todos ali presentes
Não estavam de bobeira
Então falamos ao vovô
Pode sentar Professor
Conte a estória verdadeira.
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Então ele deu um pigarro
E começou a falar
- Vou lhes contar a história
De um ser muito peculiar
O nosso belo Unicórnio
Pacato e sem esbornio
Mas com asas pra voar.
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Aquele jovem Unicórnio
Que era bonito demais
Vivia com liberdade
Entre outros animais
Era de cor muito clara
E de uma beleza rara
Não o domariam jamais.
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Vivia em liberdade
Corria na natureza
Se precisasse voar
O fazia com destreza
Odiava a solidão
Tinha milhares de irmãos
Comendo na mesma mesa.
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Na Floresta do Encantado
Era ali o seu lugar
O relincho era o mais forte
Na hora de acordar,
Brincalhão era demais
Perturbava outros animais
Somente pra aperrear.
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Um dia um pássaro trouxe
Uma notícia para a floresta
Quando isto acontecia,
Era motivo de festa
“Prestem muita atenção,
Tá chegando um rapagão,
Mas ele ninguém admoesta”.
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E nosso amigo unicórnio
Deve logo se esconder
Segundo as informações
Ele vem buscar você
Pois tem missão a cumprir
Mas nem ele sabe aonde ir
E nem como proceder.
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Uns resolvem se esconder
E outros se camuflar
Outros ficaram plantados
Sem se mexer do lugar
Logo ali chega o rapaz
Era bonito por demais
Que se pôs a procurar.
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Ele ficou sem ação
Era um silencio total
Não se ouvia um píu,
Vindo lá do matagal
O jovem começa a gritar
Preciso de alguém pra falar
Não sou nenhum marginal.
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Alguns segundos depois
A floresta respondeu
- Você não se anunciou,
A floresta se escondeu.
Esperamos a apresentação
E qual é a sua intenção?
Quando um vulto apareceu.
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Era um vulto, quase sombra
Com movimentos marcados
Chegou assim de mansinho
Com passos cadenciados
O jovem então esmoreceu
Numa arvore se escondeu
Parecendo um condenado.
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Vendo a cena, a figura
O vulto logo despinçou
Se transformando ligeiro
Em um enorme castor
Logo falou, sem rodeios
Fale logo a que veio
Queremos ouvir do senhor.
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- Sou o Príncipe Larneijo
De um reino bem distante
Há vários meses que vivo
Como um cavalheiro andante
Procuro um cavalo alado
Pois quero ser transportado
Para a Floresta Uivante.
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Quando ele disse; uivante
Foi uma gritaria geral
Então a sábia coruja
Assume o papel principal
“Deve haver algum engano
Tem erro nesse seu plano
Pra gente é muito irreal”.
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Nessa floresta existe
Apenas um habitante
Ele é ser diferente
Maior que um elefante
Sua voz é um rosnado
Sai fogo pra todo lado
Perigoso e ignorante.
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Quem chegou o mais próximo
Chegou só a dez quilômetros
Para se chegar mais perto
Tem que ter um pluviômetro
Pra prever as tempestades
Que caem por lá de verdade
Leve também um pirômetro.
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O Pluviômetro vai servir
Para medir as tempestades
Porque quando chove muito
O monstro dorme a vontade
Então é esse o momento
De executar seu intento
Se existir de verdade.
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Já com o pirômetro você
Vai vendo a temperatura
Por onde você deve andar
Sem ver a tal criatura
Alcançado seu intento
Fuja no mesmo momento
Nunca esqueça a armadura.
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Já lhes demos as instruções
Sem sabermos qual missão
Se quiser passar pra gente
Faremos uma avaliação
Se a assembleia aprovar
Todos, vamos te ajudar
Te daremos as condições.
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- Então o jovem pediu
Escutem a minha história
Eu procuro uma princesa
Que se chama Bela Aurora
Primogênita em seu reino
E eu quero chegar primeiro
A obter essa glória.
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Eu conheço a princesa
Desde os tempos de criança
Nossos pais são bons amigos
Isso me deu a esperança
Se resgatar a donzela
Juro que caso com ela
Pois já tínhamos essa aliança.
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Outros príncipes já tentaram
Resgatar a Bela Aurora
Saíram nessa missão
Não voltaram até agora
Se acaso os encontrar
Vou fazê-los regressar
Para mim será a glória.
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Somos todos bons amigos
Desde as nossas infâncias
Crescemos nos respeitando
Aprendemos desde crianças
Ente nós só muita união
Nos tratamos como irmãos
Dançamos as mesmas danças.
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- Teu coração é muito nobre
Nós vamos nos ajudar
Uniremos os conhecimentos
Para o monstro derrotar
- Mas como sabem que é lá
Que tua amada está?
- A águia foi me avisar.
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Então fizeram uma armadura
Toda feita com sucupira
A madeira mais resistente
Toda enrolada na embira
De cipó de da baraúna
E um desenho de um puma
E muitas flexas com pira.
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Fizeram também um arco
Com madeira bem resistente
Daquela que enverga tanto
Que espanta toda gente
Põe as flexas, mais distantes
Pra matar qualquer gigante
Que apareça na frente.
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Quando tudo estava pronto
O Unicórnio aparece
O jovem se ajoelha
E ali faz uma prece
Pedindo a proteção
Daquele belo garanhão
O Unicórnio agradece.
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Na mesma hora partiram
Pra o local desejado
Era a Floresta uivante.
No mapa estava marcado
O limite e a distancia
Onde havia segurança
Pra não serem avistados.
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Em quilômetros era dez
A distância mais segura
Então eles acamparam
O jovem põe a armadura
Conferiu arco e as flechas
Pôs combustível nas mechas
E o pluviômetro na cintura.
39
Olhou para o céu e viu
Que ele estava bem claro
O céu do jeito que estava
Pra li era muito raro
Então ele ouve um apito
Que soou como um grito
O Unicórnio aguça o faro.
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E saem daquele local
Em direção ao apito
Foram se aproximando
Então ouviram um grito
Nos socorram por favor
Somos vítimas do furor
Daquele monstro maldito,
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Eles entraram na mata
O lugar era encharcado
De longe viram três jovens
Todos presos, algemados
O príncipe se aproximou
Então o Unicórnio falou
Os amigos foram achados.
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Na mesma hora o céu
Começou escurecer
Muitos raios e trovões
Começaram acontecer
Todos procuraram abrigos
Para fugir dos perigos
E não ficarem à mercê.
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Naquele momento o príncipe
Monta no cavalo alado
Disse para os três amigos
Fiquem quietos e calados
Eu vou buscar a princesa
E a força da natureza
Vai sempre está ao meu lado.
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E por cima da floresta
Enfrentando a tempestade
O Príncipe e o Unicórnio
Estavam bem à vontade
Sem temer o inimigo
Os dois estavam ungidos
Fomentando a liberdade.
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Logo avistaram um castelo
Todo em pedra rachão
Havia somente uma entrada
Fechada por um portão
O Unicórnio então disse
Estou vendo uma planície
Vai ser nossa salvação.
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A referida planície
Ficava atrás do castelo
No local tinha um ferrolho
Em formato de cutelo
Quando o jovem põe a mão
Se abre um grande portão
Por dentr9o tudo amartelo.
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O príncipe começa entrar
Olhando pra todo lado
E bem no centro da sala
O monstro estava deitado
Parece um grande elefante
Bem vestido, elegante
Parecendo desacordado.
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Se chegou pé-ante-pé
Ele saiu contornando
Aquele monstro medonho
Que estava ressonando
Em outra sala notou
Ter algo encantador
Viu a princesas chorando.
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Ali não havia porta
Então ele tenta entrar
A princesa o alertou
O monstro vai acordar
Aqui existe um portal
A chave está no umbral
Pode ir lá e pegar.
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O jovem pega o barômetro
E verifica a pressão
Vai ao local, pega a chave
Coloca sobre o portão
Então o portal é aberto
Era a hora do regresso
E confirmarem a união.
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De volta para a planície
Montam o Unicórnio alado
Que imediatamente
Volta ao lugar desejado
Quando olharam para o céu
Tava parecendo um véu
A chuva tinha passado.
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Naquele exato momento
O Unicórnio entra na cena
Chama três cavalos alados
Pra resolver o problema
Os três jovens lhes montaram
O logo os quatro voaram
Sem ter dó e sem ter pena.
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O Príncipe pega seu arco
E coloca sete flechas
Põe fogo em suas piras
E mira para a floresta
Foi um tremendo fogaréu
Queimava feito papel
Uma verdadeira festa.
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Nas alturas ouviam os gritos
Daquele monstro danado
Logo todos estavam chegando
Na Floresta do Encantado
O Príncipe e a Bela Aurora
Foram saudados na hora
Tá quase tudo acabado.
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Os três amigos foram antes
Pra chegarem antes da hora
E organizarem o casamento
De Larneijo e Bela Aurora
Seriam dez dias de festas
Juntos o povo da floresta
E curtirem juntos a vitória.
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O jovem Príncipe pergunta
Para o Unicórnio alado
Você quer a liberdade
Ou quer ficar ao lado
Seremos seus protetores
Nas vitórias ou dissabores
Serás entre nós amado.
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- Jamais nos separaremos
Sou o ultimo da espécie
A solidão é estranha
Ficar só, ninguém merece
Com vocês na companhia
Sempre terei alegria
Isso só nos fortalece.
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Príncipe e Unicórnio voltaram
Para a Floresta Uivante
Reconstruir toda a mata
Seria o Reino Amante
Iriam viver bem ali
E novo lar construir
A partir daquele instante.
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Casaram e foram felizes
O Larneijo e a Bela Aurora
E o Unicórnio está com eles
Até o tempo de agora.
O casal teve quatro filhos
Que preservaram seus brilhos
Assim termina essa história.
60
E assim minhas histórias,
Findam no momento exato.
Entram na perna do pinto,
Saem na perna do pato
E a vovó mandou dizer
Eu transmitisse prá você
Tem bolo pra nós no prato.
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