Nivaldo Melo
1
Volto à contar pra vocês,
Mais uma história bonita.
Essa nunca foi contada,
Só hoje está sendo escrita,
Coisas de um menestrel,
Que passa para o cordel,
E quem ler, logo acredita.
2
Há muitos anos atrás,
Em um lugar bem distante,
Em um reino muito próspero,
Vou lhes narrar nesse instante,
Os fatos que aconteceram,
Pondo os Reis desespero,
Com certeza; alucinante.
3
Rei e Rainha viviam,
Em perfeita união,
O povo lhes adorava,
Sem nenhuma restrição.
Quase tudo era perfeito,
Mas, se olhando direito,
Alguém, botava o olhão
4
O Grão Vizir, meio bruxo,
Cheio de muita maldade,
Ali dentro de seu peito,
Não existia caridade.
Muito menos compaixão,
Porque em seu coração,
Só tinha era falsidade.
5
O Vizir só bajulava,
Aquele belo casal,
Pra disfarçar a malicia,
Naquele caráter do mal,
Seu disfarce era perfeito,
Agindo daquele jeito,
De confiança total.
6
Um belo dia a Rainha,
Revelou pra seu amado,
Como ela tinha previsto,
Havia engravidado.
Foi uma festa bonita,
Mas ali naquela escrita
Era algo mal assombrado.
7
Praquele casal era festa,
Pra o Grão Vizir um terror,
Dias de muito tormento,
Noites de muito horror,
Meses de planos sombrios,
Os nove meses mais frios,
Um plano sórdido bolou.
8
Estava tudo bem traçado,
Naquela mente doente,
Não poderia dar errado,
Por isto estava contente.
Passava os dias sorrindo,
Tanto indo quanto vindo,
Era uma ação contundente.
9
Os Reis nem desconfiavam,
Era uma confiança total..
Nem pensavam que o Vizir,
Era uma pessoa do mal.
Pois estava sempre presente,
Bajulador, como sempre,
Como um bom serviçal.
10
Com quatro meses os monarcas,
Estavam felizes da vida,
Pois souberam que a Rainha,
Tinha três bebes na barriga,
Durou pouco a euforia,
Pois aquela mãe corria,
Um risco naquela investida.
11
Todos os súditos do reino,
Puseram-se em oração,
Dentro e fora das Igrejas,
Verdadeira comoção.
Até quem era ateu,
Criou fé e se rendeu,
Se transformou em cristão.
12
Então o malvado Vizir,
Novo plano elaborou,
Pensava apenas em um,
Mas a coisa complicou.
Teria que replanejar,
Para os três enfeitiçar ,
Sem ter que tocar terror.
13
Foi uma sexta feira treze,
Que os três vieram ao mundo.
De fora o Grão Vizir,
Com aquele plano imundo,
Teria que dar um jeito,
E arrumar um pretexto,
De pô-los em sono profundo.
14
Foi, dessa forma que fez,
Dentro da bebida colocou,
Uma erva, um sonífero,
E quando o casal tomou,
Caíram em sono profundo,
Em menos de um segundo,
Como o Vizir planejou.
15
E dentro daquela alcova,
Só ele, os filhos e o casal,
Saiu dali as escondidas,
Por uma porta lateral,
Que saía em um corredor,
Muito escuro. e com fedor.
E que chegava ao quintal.
16
Com os três principezinhos,
Embrenhou-se na floresta,
Em um local bem distante,
Os colocou numa fresta.
Cobriu com galhos de plantas,
Com espinhos, pois espanta,
Até mesmo sua resta.
17
Volta as pressas ao palácio,
Pra dentro do ambiente,
Fingiu-se- também dormindo,
Por dentro muito contente,
Em poco tempo os três,
Se acordam de uma vez,
Mas o Vizir tá demente.
18
Não fala coisa com coisa,
Finge que está de gagueira,
Fica tombando a esmo,
Cai sentado numa cadeira,
Sua voz parece rouca,
Sai baba de sua boca,
E dela só sai besteira.
19
De repente, grita a Rainha,
Onde estão os meus filhinhos?
Não estão aqui no berço,
Fica um silencio no ninho.
O Rei e o Vizir se olhando,
Sem saber o que está passando,
Onde estão os principezinhos?
20
Quem entro aqui no quarto?
Perguntaram ao Vizir.
Nada sei, meus dois senhores,
Tomei o suco e dormi.
Acordei como os senhores,
Foi um sono de horrores,
Desse lugar não sai.
21
Os três saem daquele quarto,
E chegam bem na varanda.
Na praça muitas pessoas,
Dançam ao som de uma banda,
Parem tudo por favor!
Me digam quem aqui entrou?
Mas sem fazer propaganda.
22
Todos ficaram em silêncio,
Naquele exato momento.
Sem saberem do ocorrido,
Perderam o encantamento,
Parecia que a felicidade,
Foi morta pela maldade,
E surgiu só sofrimento.
23
Alguém grito; Majestade,
Ninguém passou no portal,
Apenas a vossa guarda,
Que é a guarda real,
Estava aqui presente,
E nessa porta da frente,
Ninguém cruzou o umbral.
24
Então fala o Grão Vizir:
E o portão lá do fundo?
Ali não existe guardas!
Fez-se um silêncio profundo.
Então toda a população,
Saíram em procissão,
Seguindo o Rei “furibundo”.
25
Tiveram que contornar,
Todo muro do palácio,
E quando chegam lá,
Um lugar quase cretáceo,
Ficaram extasiados,
Como tivessem dopados,
Num ambiente sebáceo.
26
E quem teria coragem,
De passar nesse local?
Não existia pegadas,
Dentro daquele quintal.
Era um lugar tão sombrio,
Que dava até calafrio,
Em olhar o lamaçal.
27
Vamos voltar, minha gente,
Falou alto o Grão Vizir.
Agora temos certeza,
Ninguém passou por aqui.
Vamos chamar toda guarda,
Eles são nossa vanguarda,
Garanto, vão descobrir.
28
Então todos se retiraram,
Calados, daquele local.
Apenas só dois ficaram,
O mais velho serviçal,
Com a sua jovem filha,
A mais nova da família,
Uma flor angelical.
29
Os dois tinham se escondido,
Na entrada da floresta.
Seguiram por uma trilha,
Até encontrarem a fresta.
De longe ouviram um choro,
Tinham encontrado o tesouro,
Pra eles foi uma festa.
30
Que coisas maravilhosas,
São três anjinhos bonitos,
Vamos leva-los ao palácio.
Sem cometermos delitos.
Então fala o sábio pai;
Pra o palácio ninguém vai,
Lá, eles serão proscritos.
31
Um pouco distante daqui,
Mora uma bela senhora,
Dizem que é uma Fada,
Outros falam que é caipora.
Vamos levá-los até lá,
Algum jeito ela vai dar,
Antes do romper da aurora.
32
Seguiram pela floresta,
Sempre apagando os rastos,
Sem fazerem nenhum barulho,
Com os trigêmeos nos braços,
Logo chegaram ao local,
E lá na porta principal,
Tinha algo feito um mastro.
33
A medida que chegavam,
Aquilo foi se transformando,
E aquele grande mastro,
Aos poucos foi se modificando.
Era uma belíssima mulher,
Que estava ali de pé,
De braços abertos esperando.
34
Cheguem sem medos amigos,
E tragam consigo o amor,
Esses três belos anjinhos,
Com todo seus esplender,
Vocês os trouxeram aqui,
Pra longe do Grão Vizir.
Que espalha só terror.
35
Vou transformar os anjinhos,
Em três cisnes bem bonitos,
Vão viver entre amigos,
Pois tudo já está escrito.
Ao chegarem adolescente,
Vão seguir sempre pra frente
E acabar com o conflito.
36
Enquanto isso no Reino,
0 Grão Vizir foi procurar.
Aqueles três pequeninos, .
Somente pra se vingar.
Quando chegou ao local,
Começou a passar mau
Pois eles não estavam lá.
37
Ao longe se ouve o grito,
Daquele homem sem alma,
Que perdeu logo o controle,
Todo agitado, sem calma.
Nervoso procura o Reis,
Todo cheio de altivez,
Perguntou, batendo palma.
38
Aonde estão os soldados,
No Reino tá tudo estranho?
Aonde estão os monarcas,
Com um medo sem tamanho?
Devem estar bem tranquilos,
Vivendo feito esquilos,
Nem tão sentindo seus lanhos.
39
No Reino era um alvoroço,
Ninguém ali se entendia.
A Rainha em polvorosa,
Tava sempre na coxia.
E o Rei sem aparato,
Era sempre o mais sensato
Tanto de noite ou de dia.
40
Mandou chamar o Vizir,
E disse: vou a floresta.
Vou levar os meus soldados,
Vou dar um fim nessa festa.
O Vizir quis protestar,
Mas resolveu se calar,
Foi uma ação indigesta.
41
Uma certeza ele tinha,
Seria um tempo perdido,
Nem ele tinha encontrado,
Onde os tinha escondido.
Disse; também quero ir,
Pois eu sou o Grão Vizir,
Não temo nenhum perigo,
42
Com três meses eles chegaram,
A residência da Fada.
O dia não tinha nascido,
Ainda era madrugada.
A Fada estava exuberante,
Com seu porte elegante,
Com suas vestes douradas,
43
Bom dia minha senhora!
- Seja nem vindo Sr. Rei!
O que os trazem aqui,
Neste lugar que herdei?
- Procurando três anjinhos,
Perdidos nesses caminhos,
Ainda não os encontrei.
44
Queiram entrar por favor,
Se aconcheguem aqui,
Não vou conceder abrigo,
Para o seu Grão Vizir.
Ele tem a aura escura,
E tem péssima postura,
Não dá pra mim permitir.
45
Ele é meu braço direito,
Reclamou então o Rei.
- Mas a residência é minha,
Respondeu com altives.
Só quem tiver alma mansa,
Ou quem passar confiança,
Essa é que é a minha lei.
46
Mas esse é o meu reino,
E por aqui vou ficar.
- Não Sr. Rei; o seu reinado,
Termina neste lugar.
Aqui quem Reina são fadas,
Seus Elmos e suas espadas,
Só fica quem eu deixar.
47
E levantou a mão direita,
O local tudo mudou,
Mais de duzentos Elmos,
Na frente do Rei ficou,
O Rei tava estatelado,
Procurou por todo lado,
O Vizir não encontrou.
48
- Pode entrar só o Monarca,
Falou a brilhosa Fada.
O dia já está nascendo,
Acabou a madrugada.
Quero falar com o senhor,
Me ouça só por favor,
Vou lhe encurtar a jornada.
49
“O tempo corre com pressa,
Seus três filhos estão seguros,
Ao passar a nebulosa
Sairão sim, dos casulos.
Lhes trarão muitas alegrias,
Farão festas por três dias,
E o Reino sai do escuro”.
50
“Preste muita atenção,
A quem está a seu lado,
Nem sempre quem o defende,
Não é o certo, é errado.
Não deixe que a bajulação,
Mude seu bom coração,
Que deve ser bem blindado”.
51
- Não entendi o recado,
Passado pela senhora!
- O senhor vai descobrir,
Só quando chegar a hora.
Volte logo pra seu Reino,
Pois isso é somente um treino,
Esperem lá sossegados.
52
Mas, antes que vocês voltem,
Vou lhe mostrar um encanto,
Estás vendo aqueles três cisnes
Que dormem naquele canto?
São as mais belas aves,
Que representam as chaves,
Que vão fender seu quebranto.
53
Passaram-se mais de dez anos,
Naquele reino sombrio,
Nada de prosperidade,
Lá o tempo ficou frio,
Daquele Reino feliz,
Só restava a cicatriz,
De um passado com brio.
54
Rei e Rainha grisalhos,
Sofrendo, sem ter alentos,
Viviam só na lembrança,
Pelo amor de seus rebentos,
As três joias mais bonitas,
Três pérolas que por desdita,
Passaram como um vento.
55
O Grão Vizir mui doente,
Para os Reis admitiu,
Ser o dono das maldades,
Que há todo reino afligiu.
De joelhos ele se pôs,
Pediu perdão para os dois,
Fechou os olhos e partiu.
56,
Naquele exato instante,
Do céu sopra um forte vento,
E sobre todo aquele Reino,
Cai chuvas só de unguento,
E três belos cisnes brancos,
Quebram todo aquele encanto,
Pousam naquele momento.
57
No terraço do palácio,
Os três ficam só grasnando.
Em seguida chega a Fada,
De ouro, toda brilhando.
Que apresenta para os Reis.
Lhes devolvo todos os três.
Aos poucos vai se afastando.
58
Tira dos seios três penas.
Que brilham como cristal.
Os cisnes lhes acompanham.
Como faz um bom serviçal.
E como estava bem escrito,
Surgem três jovens bonitos,
Ao passarem pelo umbral.
59
São seus filhos majestades,
Criados com muito amor,
Gozam de muita saúde,
Voltam, para aplacar a dor.
A partir desse instante,
Serão eles os três Reinantes,
Governarão sem temor.
60
Até a mãe Fada dourada,
Participou dos festejos.
Que duraram só três dias,
Todos formando cortejos.
Mas o tempo passou ligeiro,
E os três cisnes herdeiros.
Foram os Reis mais benfazejos.
61
Após o término das festas,
Tudo no Reino mudou.
Criadas novas escolas,
Professores, contratou.
O Reino volta a crescer,
O povo se desenvolver,
E tudo ali prosperou.
62
Trabalho pra todo mundo,
Construíram hospital.
Toda população feliz,
O sonho agora é real,
E os três cisnes bonitos
Governaram sem conflitos
Até o tempo atual.
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