segunda-feira, 20 de julho de 2009

Páginas da vida III – o arpão

Acredito que depois de ouvir tantos relados do meu novo amigo pescador, ao certo me tornará um dos melhores contadores de histórias e causos sobre o assunto.
Voltamos a nos encontrar alguns dias depois, dessa vez não praia, foi na praça, estava caminhando quando esbarrei com o meu amigo pescador, que como eu, estava fazendo sua caminhada diária, o sol ainda não tinha estendido seus raios totalmente, era quase madrugada (como definiu meu amigo), e já estamos nos encontrando, isso quer dizer que nosso dia será bastante auspicioso, não acha? Concordei de imediato, e marcamos para o final da tarde, nosso encontro; leve seu gravador que hoje tenho uma surpresa para o amigo. E assim nos despedimos naquela manhã.
Dessa vez quando cheguei ao local de nosso encontra o pescador já estava apostos, me esperando, notei que ele estava com algo que me pareceu a primeira vista uma bengala coberta com uma lona grossa, uma espécie de capa protetora, fiquei curioso, mas nada perguntei, ele sorridente como sempre e me perguntou: o amigo não quer saber o que esta escondido dentro dessa capa? Por certo estou, mas deixo para o amigo solucionar o problema.
Como havia eu falado, estou lhe trazendo a surpresa prometida hoje pela manhã, e retirando com muita tranqüilidade do invólucro, um arpão (que pelo brilho parecia de prata), com uma ponta muito afiada, de mais ou menos 30 cm de comprimento, fiquei olhando aquele instrumento de trabalho do amigo, bastante admirado, isso porque nunca havia visto um arpão com aquela qualidade de confecção, era uma verdadeira obra de arte.
Parece de prata não é? Mas é de aço inoxidável, me foi dado pelo compadre Nilson, (ele é padrinho de meus cinco filhos, depois lhe conto essa estória), só que esse arpão quando me foi entregue era um anzol. Anzol? (repeti admirado), é que ele tem uma história ate chegar a ser arpão, e relatou.
Esse foi um dos melhores presentes que ganhei, fazia parte de um espigão, (conjunto de anzóis que são colocados em uma única linha, com a finalidade de pescar vários peixes ao mesmo tempo), esse era o da ponta, o maior, o mais robusto, nesse espigão tinha 15 anzóis, só esse se destacava, pela sua beleza, e pela qualidade de seu acabamento perfeito, era também meu orgulho, (com é ate hoje).
Trabalhou como anzol apenas uma vez, foi quando eu usei o espigão pela primeira vez, e foi uma pescaria inesquecível.
Como o amigo sabe, eu pesco mergulhando, e precisava de um arpão e não de um anzol, mas aceitei de bom grado o presente de compadre Nilson, e fui imediatamente à pescaria, mergulhei pertos de um banco de corais, isquei o espigão, e amarrei um lado da linha, em uma pedra, bem lá no fundo, e subi para dar um tempo para retirar o espigão, enquanto isso “sonequei”, já que não tinha ninguém para conversar.
O tempo passou, quando acordei, estava justamente na hora de retirar o espigão e ver o resultado da pescaria, então mergulhei, e dei de vara com o espigão com 15 peixes fisgados; presos nos anzóis, apenas no primeiro um peixe muito grande se debatia com tanto vigor que conseguiu desentortar o anzol e fugir com a isca.
Camarada, Deus é tão sábio que fez com que o peixão desentortasse o anzol transformando-o nesse arpão que o amigo esta admirando em suas mãos.
Então; quase sem fala eu disse: o colega deve ter tido um medo maior que o tamanho do peixe, que lhe fez esse favor, presenteando-o, com seu verdadeiro instrumento de trabalho? Não, quem faz pesca submarina está acostumado a ver peixes bem maiores que aquele, pois isso se passa quase todos os dias, vemos isso como mais uma página das nossas vida.
Nada pude dizer, na verdade ele tinha razão, pois essa era de fato mais uma das várias páginas da vida.

O pequeno príncipe

Todas as tarde naquele campinho de futebol, a garotada do bairro se reunia para a pelada do dia, era um verdadeiro pandemônio, todos queriam jogar ao mesmo tempo, coisa que era impossível, visto que o campo era pequeno demais para a quantidade de garotos que queria jogar.
Apenas um o “ferrugem” tinha lugar garantido em qualquer time, o garoto, magrinho de pernas muito finas, cabelos muito louros, brilhantes, olhinhos verdes muito vivos, e aqueles pontinhos marrons nas bochechas, que lhe deram o apelido. De roupinhas surradas, às vezes um pouco sujas, não escondiam a simpatia que o garoto transmitia.
Era um menino diferente, bem educado, respeitava as pessoas mais velhas que iam assistir a pelada dos garotos da vila caiçara, e sempre se apresentava como ferrugem, pois somente assim o conheciam, ninguém sabia seu nome verdadeiro, nem onde morava, sabia-se que não era da vila, mas isso não tinha a menor importância para os colegas, o que importava de fato era que o ferrugem era querido por todos, seus sapatos eram muito velhos, um tênis antigo, com um buraco no solado que servia de gozação por todos, isso não incomodava o magricela.
Um dia em um bate papo de final de jogo, alguém falou de uma bola que tinham visto na loja de materiais esportivo da cidade, é uma bola oficial, falou o Germano, mas é muito cara e não dar pra gente nem pensar em ter uma aqui no nosso campinho, só se for por milagre retrucou o Marcelinho, todos riram e alguém disse por enquanto vamos ficar com nossa bolinha plástica que é com ela aí que podemos jogar.
Passaram-se os dias e o assunto da bola oficial se tornou conversa diária da turma nos intervalos e finais dos jogos, só o ferrugem não se manifestava sobre o assunto, o dentinho melhor amigo dele perguntou: ferrugem você que é bastante inteligente; quanto tempo vai passar para comprarmos aquela bola, se cada um de nós toda semana colocássemos um Real até juntarmos o suficiente para comprarmos nossa bola oficial? Acho que mais ou menos três meses, ah! Nossa bola não agüenta todo esse tempo falou o Thiago.
Fiquem frios colegas disse o ferrugem, segunda feira aquela bola oficial, toda colorida, estará fazendo parte de nossa pelada, isso eu garanto; (todos caíram na gargalhada, inclusive o ferrugem), e foram todos para casa sem esperança (exceto o ferrugem), de terem sua bola oficial,
Na segunda feira estavam todos como de costume reunidos, para mais uma semana do divertimento de todas as tardes no velho campinho da vila, (exceto ferrugem), que ate aquele momento não tinha dado ar de sua graça, já que ele era um dos primeiros a chegar para jogar. Alguém viu “ferrugem”? Não, falou a Marisa (única garota da turma), parece que ele está doente, pois não o vi este final de semana, então vamos visitá-lo, vamos suspender a pelada de hoje e vamos até a casa dele; onde é? (perguntou a Marisa) Aí se deram conta de que ninguém sabia de fato onde morava o amigo de todos.
Quando de repente aparece vestindo sua roupinha surrada de sempre, calçando seu velho tênis, e trazendo em baixo do braço um embrulho bastante volumoso o ferrugem, todos ficaram admirado com a presença dele fora do horário normal da pelada.
Bem pessoal; como havia prometido; aqui esta o presente para todos nós, a bola oficial, novinha, colorida como nós queríamos. Estamos fora colega, não vamos nos comprometer, ao certo você roubou essa bola da casa de materiais esportivos, você não tem dinheiro para comprar uma bola tão cara, você é um cara muito estranho, ninguém sabe de fato quem você é, nem sabemos onde mora, quem são seus pais, achamos que você roubou essa bola, por isso pode sair do nosso grupo.
Calma pessoal; quero explicar para todos como consegui essa bola, ela é um presente de meu pai, para todos os meus amigos. Eu moro naquele casarão de fica no início da vila, meu pai é dono da fábrica que mandou construir essa vila, eu me apresentava para vocês como pobrezinho para que me aceitassem como amigo, se tivesse me apresentado todo bacana, com certeza seria rejeitado por vocês, assim resolvi me manter como o velho “ferrugem”, e assim desfrutar da amizade de todos vocês, agora espero que todos me aceitem como eu sou, e serei sempre, para todos, o moleque magrinho e todo enferrujado que todos por aqui conhecem.
E assim sem que o garoto soubesse, alguns tinham mudado seu apelido para “ferrugem, o pequeno príncipe”.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O ARQUEIRO PERFEITO


Quando naquele dia os dois amigos Thiago e Victor, resolveram que no próximo final de semana iram fazer um passeio nas matas que ficavam a alguns quilômetros da cidade, não sabiam que algo inusitado para eles aconteceria.
Tudo devidamente planejado, e no sábado, por volta das 4 horas da manhã, partiram para a floresta do Arqueiro ( como era conhecido o lugar).
A viagem transcorreu normalmente, apreciaram as belas paisagens, os rios que cortavam a estrada. Por volta das 6 horas, chegaram ao local onde deveriam montar o acampamento, e assim o fizeram.
Em seguida saíram para realizarem as primeiras investigações do lugar, viram algumas inscrições rupestres que haviam sido descobertas por paleontólogos, bem no pé do morro do quiabo.
Por volta do meio dia encontraram o primeiro local para descansar, era uma clareira muito bem tratada, onde existia uma nascente de água doce, local esse onde as pessoas costumavam acampar, só que notaram algo diferente, é que no tronco das árvores que circundam a clareira, haviam vários alvos desenhados, e todos com uma flecha cravada bem no centro.
Imagine Thiago, o exímio atirador, que consegue acertar bem no centro dos alvos sem errar uma só vez, falou o Victor. De fato é algo que eu nunca vi, e ao que podemos observar as flechas foram atiradas de uma boa distancia no mínimo 12 metros, o atirador é excelente.
E assim durante todo dia de pesquisas encontravam em algumas árvores flechas sempre cravadas bem no centro dos alvos. Daria tudo para conhecer esse atirador, parabenizá-lo pela sua pontaria como atirador e aprender com ele a arte de atirar com tanta precisão, (falou o Victor).
Ao final da tarde, voltaram ao acampamento, e lá encontraram um índio de meia idade, sentado em um velho banco de madeira, fumando calmamente seu cigarro de palha. Boas tarde, falou o índio, boas tarde responderam os amigos, após alguns lances de conversa, Thiago falou: Amigo, queríamos se possível que nos fosse apresentado o arqueiro que acerta sempre no centro dos alvos que estão desenhados em algumas árvores aqui na floresta.
O homem de pele curtida pelo sol, pigarreou e sorrindo falou: não precisam ir muito longe amigos para conhecê-lo, e apontando para si mesmo disse, sou eu que vocês já conhecem. Como consegue o amigo acertar sempre na mosca com flechas atiradas de certa distancia?
Como é possível tamanha façanha? Então o índio demonstrou; calmamente, levantou do banco onde estava sentado, armou seu arco, colocou a flecha de mirando em uma árvore bem distante, atirou, acertou bem no meio do tronco, em seguida retirou de baixo do banco duas latas de tinta, uma branca outra preta, e um pincel, dirigiu-se a árvore flechada pintando assim um alvo ao redor da flecha, primeiro,( eu atiro depois pinto o alvo).
A gargalhadas acenou para os dois amigos e sumiu na mata fechada.

Na pré–história


Passando por um local muito bem freqüentado pelos jovens, ouvi de um deles a seguinte frase: papai e mamãe parecem que estão na pré-história, parei um pouco para tentar entender o porquê, e não precisou esperar muito, é que o jovem protestava devido aos pais terem sugerido quanto ao horário dele chegar de volta a casa.
.Comecei fazer uma reflexão: será que eu também estava na pré-história, e me enquadrei juntamente com alguns amigos da mesma geração dos pais daquele jovem.
Somos de fato, ou fazemos parte da geração pré-histórica, por que, nos preocupamos com o bem estar não só dos nossos filhos, como dos jovens em geral, ou quando estamos conversando com eles (quando permitem), tentamos transmitir para eles as experiências que com o passar dos anos fomos adquirindo, ou quando contamos casos que ocorreram de fato, e nos trás exemplo, para criarmos um escudo para não aconteça com eles, estamos na pré-história.
Vi-me, juntamente com meus amigos, que, quando apreciamos uma boa música, estamos na pré-história, se analisamos a poesia que a letra de algumas demonstra, somos pré-históricos, estando ajudando um idoso atravessar uma avenida, isso é um ato pré-histórico, se respeitamos os direitos dos outros, regredimos a pré-história, se aconselhamos nossos filhos (como fizeram os pais daquele jovem), somos como eles (os pais), pré-históricos.
Centenas, e centenas de atos ou ações praticados por alguns, ou alguém, mesmo jovem, são atos e ações do povo (se existiam), da pré-história, portanto, fico sem saber se é hoje ou na pré-história, que devíamos ter nascido se somos um contraste na vida da geração atual ou ainda mais nas gerações que virão, qual será o comportamento daqueles que não terão o privilégio de terem vivido na época em que nascemos e fomos adolescentes, e nos tornamos adultos.
Se mantivermos, (às vezes até de forma exagerada), as tradições, então estamos conservando algo que só deveria ser conhecido através dos livros, ou em museus espalhados pelo mundo afora, com certeza, é assim que pensa a população não pré-histórica, ou a população que se diz moderna.
Quando vejo um rio sendo poluído, pela falta de saneamento, e me lembro que quando criança via as pessoas construindo fossas em seus quintais, (mesmo de forma rudimentares), estavam ajudando a preservação dos nossos mananciais hídricos, sinto-me um verdadeiro homem da pré-história, e sei que estando bebendo da água desse rio totalmente poluído, e sou obrigado por isso me sentir um homem da era modernista, ou cibernética, sinto de fato orgulho de pertencer à geração pré-histórica.
Portanto, (jovens que brigam por espaços danosos, que não aceitam as convenções, que fazem o possível e o impossível para desprezarem de forma direta, os conselhos, e orientações daqueles que só querem brigar por aquilo que há de melhor para vocês), espero que quando quiserem estar com as pessoas da pré-história, ainda reste um espaço para que também se tornem um membro da geração pré-histórica
E que vocês conservem essa geração tão discriminada, da qual seus pais fazem parte hoje.
Geração pré-histórica.

SEU NOME- MEU NOME


Já tivestes a oportunidade de fazer uma análise a respeito de teu nome? Será que de fato esse nome que carregas todo o tempo de tua existência, que carregarás além dela é de fato o nome que condiz com tua personalidade?
Será o nome que recebemos, até mesmo antes de nascermos o ideal e perfeito?
Já parastes para pensar a respeito? Ou isso para ti ou para os outros não tem a menor importância? Se para você seu nome não tem a menor importância! Estão amigo deves estar certo de que também não tens a menor importância, isso porque o nome é que faz com que os outros te identifiquem.
Alguém por motivo que no momento não vai alterar em nada nosso papo, resolveu que seu nome passaria a ser PRÉ-NOME, e sua identificação de família passaria a ser seu nome, e assim mudou sua identidade. Quando procuramos localizar alguém, e recorremos (por exemplo) a lista telefônica, vamos encontrar primeiro o nome da família e em seguida procuramos encontrar seu nome, então discamos seu número e falamos: é ( seu nome)? Onde deveríamos falar é (o nome da família)? E ai, como você se sentiria? Então imagine se vice pertence a família Silva, e ouvisse ao telefone: é o (a) Silva? Será que alguém quer falar de fato com você, que se identifica como (Asdrúbal ou Suzete)?
Partimos agora para uma experiência que é fundamental para sabermos se nosso nome de fato é aquele que desejaríamos eu fosse. Se imagine (Otacílio, Gerúndio, Menelau, Abstéria, Malévola ou Mosqueária), conseguiu se identificar?
Não te preocupes; vamos tentar com nomes mais comuns; ( Amaro, Severino, Antônio, Aurora, Vitória ou Valentina) acho que agora melhorou; mas, ainda não é aquele nome que se identifica com você, (ou estou errado)? Assim mesmo continue tentando utilizando outros nomes até conseguir o ideal, dê continuidade a experiência usando seu novo nome durante alguns dias e tente acostumar-se com ele, se conseguir parabéns (você é um herói) agora faça com que os outros também se acostumem; agora dirija-se ao cartório e tente mudar seu registro; então vais ver que pela dificuldade é melhor continuar como era antes.
Portanto companheiros (as), por mais que não goste do ter pré-nome (nome) ou que você deseja que seja será sempre conhecido (a) pelo nome que os teus pais sabiamente te deram. Eles acertaram em cheio, isso porque os pais nunca erram.
Acredites; por mais que tentemos mudar seremos sempre .......................... (SEU NOME / MEU NOME).

quarta-feira, 8 de julho de 2009

É PRÁ QUE É!


Éramos todos jovens, morávamos em um bairro da periferia, e a coisa na época ocorria de forma muito diferente do que ocorre hoje, quando naquele tempo alguém queria namorar, tinha um ritual que ia desde o romântico, às vezes passando pelo cômico, e em certas ocasiões ia-se até o trágico, o que não era incomum.
Nossa narrativa refere-se a um rapaz, que para alcançar um objetivo, usava métodos não muito convencionais, quando queria conquistar uma jovem, primeiro se esforçava para conquistar a mãe, bem antes fazia a conquista dos irmãos, primos, tios etc. seu método era infalível; em certas ocasiões com pouco tempo de namoro colocava no dedo da “amada” uma aliança prateada para simbolizar um compromisso mais serio. Não era um noivado, era apenas uma forma de fazer com que a mãe, desse o maior apoio ao romance.
Assim era o Newton, jovem de altura mediana, pele morena, cabelos muito pretos, (bem tratados), um topete que dava inveja a muitos de seus amigos, usava sempre óculos escuros, sorriso largo, extrovertido, bastante falante, e muito bom de conquistas, não se gabava por isso, trabalhador competente, muito querido por todos da localidade, por estar sempre disposto a ouvir, e até a aconselhar seus companheiros, tanto de labuta quanto de lazer.
Uma manhã, o Newton, botou os olhos em Maria do Carmo, (Carmita), lourinha, não muito alta, cabelos longos, sempre soltos, olhos verdes, (duas esmeraldas), bem vivos, pernas bem torneadas, rosto comprido, que era disfarçado, pela franja que lhe dava uma aparência de redondo, não era bonita, mas era de uma simpatia sem igual. Era uma incógnita, nunca tinham visto a Carmita com namorado, diziam que era devido à fera que protegia a menina dos predadores, a dona Marta, mãe da ninfeta, (como dizia o Newton).
E assim usando sua tática infalível, o rapaz foi aos pouco se aproximando, não da jovem, mas da mãe, isso através de um tio da jovem que tinha se tornado amigo dele a poucos dias, e aí em pouco tempo estava o Newton, namorando a Carmita, sempre com dona Marta a tira-colo, o jovem reclamava: poxa, não consigo ficar um minutos a sós com minha ninfeta, mas esperem que vou chegar lá, os amigos diziam, camarada ali pegaste em bomba, d’ali não sai nada, a não ser a vigilância da velha, (e todos riam pra valer).
Um dia de sábado, (um dos três dias da semana acertado para namorar), chega à casa da “amada”, o Newton, munido de uma aliança de prata, cravejada de pequenas pedras, que brilhavam até com o reflexo da lâmpada do terraço, onde os pombinhos namoravam, foi uma surpresa e muita alegria, para a não tão velha sogra, e foi dessa maneira que o rapaz conseguiu abrir a guarda da mãe da Carmita.
Aí em vez de três dias, namoravam todos os dias, e sem a presença incomoda de dona Marta, agora ta bom demais, falava o rapaz, todo contente. É colega: diziam os amigos, você venceu! Conseguiu derrubar um muro sem tirar um só tijolo. E assim nesse bem bom, o Newton vinha se deleitando a mais de três meses.
Um domingo, nesses dias que a pessoa tem dor de barriga sem ter comido nada, dona Marta, esperava ansiosa a chegada do quase noivo, debruçada na janela, botando fumaça pelas narinas, como um dragão acuado, uma vassoura esperava tranqüila ao lado da porta, bem perto do terraço, a Carmita toda se tremendo, pedia a mãe, que primeiro ouvisse a versão do seu compromissado, è que tinha chegado aos ouvidos da sogra, as aventuras anteriores de rapaz, evidentemente contadas da forma mais espúrias possíveis, e logo que o rapaz chegou e sentou-se na cadeira de sempre, aparece a agora bem velha sogra, e diz: senhor Newton, seu namoro com minha filha, é pra casar ou prá que é?
O jovem calmamente responde: é prá que é dona Marta.
Quando a transtornada senhora pegou a vassoura, o Newton, já se encontrava, (com aliança e tudo), a mais de 100 metros de distancia do local.
Passou muito tempo sem aparecer naquela rua
E a Carmita devido intransigência da mãe, já está velha e continua solteira até hoje.

A LOURA MIRAM CRISTINA


Todos ficaram pasmos quando a dona da casa, uma senhora que beirava os setenta anos, (porem de uma vivacidade que dava inveja as pessoas mais jovens, que a conheciam), chegou à sua casa parecendo um furacão, e falando palavras que para os outros nada significava. ”Até que em fim eu consegui realizar meu sonho”. Assim era a forma dela demonstrar sua euforia para todos.
Na juventude teria sido de uma beleza de chamar a atenção, por onde passava, isso pela sua pele branca e seus cabelos longos e loiros.
Nascida em uma cidade do interior bem distante da capital, veio para cá quando ainda era jovem, mandada pelos pais para estudar.
Recatada em seus atos, (porem não muito inteligente), a jovem Miram Cristina, dedicou-se inteiramente aos estudos com aplicação, alcançando seu tão sonhado diploma, (após l2 anos de estudos intenso), aos 40 anos de idade, conseguiu se formar em, anatomias, animal, vegetal e mineral.
Seu esposo um senhor sério, compenetrado, bastante diferente dela, (que era extrovertida por natureza), fazia questão de realizar todos os sonhos de sua bem amada, apenas um ele até o momento não tinha conseguido, isso porque ela tinha guardado só para si, e dizia que esse era um sonho que somente ela conseguiria realizar, e por isso não revelava a ninguém qual era.
Agora, depois de quase 60 anos tinha conseguido, e só assim contou para todos, era o sonho que ela vinha tentando realizar, e pelo qual dedicou boa parte de sua vida, e assim começou seu relato.
Desde criança que venho perseguido algo que para mim é de extrema importância, e eu só conseguiria sossegar quando tivesse alcançado meu objetivo, que era possuir um, mas adquirido com meus próprios esforços, pois ouvia as amigas de minha mãe falarem que possuíam um. e em minha casa não tinha, então resolvi que quando tivesse dinheiro suficiente também teria o meu. Assim através de uma pessoa amiga, fui até certo local e consegui um, em excelente estado.
Então, dirigiu-se até o seu carro e, trouxe pela mão um preto velho, de aproximadamente 100 anos, que outrora tinha sido escravo em um engenho, e que estava morando em um abrigo, o qual foi assim apresentado.
Pessoal esse aqui é o Sr. Elversom. Muito melhor que o das amigas de minha mãe. Isso porque ele é meu e somente meu.
CRIADO MUDO.
MUDO E SURDO, falou demonstrando felicidade.
Todos se olharam, sem entende como ele tinha conseguido realizar tamanha façanha!

domingo, 5 de julho de 2009

O general da banda

Dona Generina e dona Maria (mãe e filha), gostavam de manter em seu quintal ao menos l2 galinhas de capoeira, (matuta, ou caipira), como são denominadas nas diversas regiões desse “Brasilzão” continental, é que sendo elas do interior, gostavam de manter na cidade alguns costumes adquiridos quando residiam no “mato”, tinham que ter algumas aves para os momentos de festas.
Receberam elas de presente do filho mais velho de dona Maria, um pintinho da raça “garnisé”, o qual foi adotado de imediato pelo filho caçula da família, o Edenilton, garoto sapeca de mais ou menos oito anos. De início o pintinho foi batizado com o nome (provisório), de piu, piu, era um nome gracioso, isso porque o padrinho foi o caçula, e tinha todo o direito de dar nome a ave.
À proporção que o galinho crescia, aparecendo sua plumagem multi- colorida, e começando a cantar, o nome foi mudado para “general”, e como é oriundo da raça, o General acordava cedo demais, muito antes que os outros, e logo começava a cantar, o qual era seguido pelos da mesma espécie, com isso mudaram seu nome para “General da Banda”.
O General gozava de alguns privilégios; como era o único garnisé do quintal, muito pequeno, e muito bonito, (uma crista de causar inveja em qualquer outro galo), com penas, marrons, amarelas, laranjas, pretas, e no rabo ostentava uma pena muito grande, avermelhada e dourada, com a ponta, para baixo, o que lhe dava o aspecto de um verdadeiro “General”, podia ir até dentro de casa (coisa que para ou outros era terminantemente proibido), comer em baixo da mesa, e até fazer as necessidades, ali, mesmo ouvindo a reclamação do garotinho, o Edenilton.
O fato é que General da Banda era demais, e não largava de estar sempre ao lado do garoto, e quando o menino ia para escola, o General ficava inquieto, brigava por qualquer coisa, bicava os outros, mas quando o garoto chegava, era alegria total do General, ele se agachava todo, ficava peneirando, como estivesse dançando, na frente do rapazinho. E assim passava o resto do dia, onde estava o menino, estava o galinho.
Dona Generina, (a mais experiente), falou um dia: acho muito estranho a atitude desse galo, não é normal o que esta acontecendo! Deve haver algo mais entre esses dois! Vamos vigiar para ver se descobrimos algo. Não se apoquente minha mãe, dizia dona Maria, é que o General foi criado pelo “Tuca”, (apelido do garoto), só existe aí afinidade, eles se entendem perfeitamente, basta o menino olhar para o General, ele se agacha logo, isso é obediência, espero que seja mesmo, falava dona Generina.
E não é que havia mesmo! Foi descoberto pela mãe do “Tuca”, um dia quando ele chega ao quintal estavam lá, “Edenilton e o General”, em um colóquio amoroso daqueles, o General estava servindo de cobaia, para as futuras experiências sexuais do Edenilton, foi um Deus nos acuda, dona Maria ficou horrorizada, dona Generina nem se fala, mas o garotinho e o General nem se abalaram.
O que para as senhoras era um ato obsceno, para eles era um puro momento de amor de crianças, e até hoje o General da Banda é lembrado por toda a família, por ter iniciado, o hoje velho Edenilton, à vida sexual.

Páginas da vida II – Peixe Cachorro

Parece brincadeira, mas no sábado seguinte me bateu uma vontade danada de voltar à praia, para curtir um pouco da natureza, e porque não dizer, tentar ver novamente o velho pescador do encontro daquele dia.
Voltei a sentar sob a sombra daquela árvore, que frondosa fazia com que me sentisse totalmente relaxado, abri minha frasqueira térmica, retirei uma latinha de cerveja, tomei um gole, e fiquei sentindo o líquido descer em minha garganta provocando um frescor que pela quentura do tempo, trazia um alívio sem par. De repente ma aparece o velho amigo pescador, que sorrindo apertou minha mão falando, que bom voltar a vê-lo, durante toda semana esperei que o amigo viesse à praia, e pudéssemos conversar como naquele dia, como deves saber, tenho muitas aventuras que aconteceram em minhas pescarias, e acredito você queira saber.
De fato, estou deveras interessado em suas aventuras, pergunto apenas ao amigo se durante seu relato eu posso gravar suas aventuras suas juntamente com seus companheiros de pesca? Nada a contestar, falou o profissional da pesca, apenas direi ao camarada que se tiver qualquer dúvida pode me interromper, aí esclarecei tudo ao amigo, (assim o farei, prometo), então ele deu início à estória.
Imagine o colega, naqueles dias que basta você colocar o anzol na água e pimba! Lá vem um peixe; estávamos eu e o compadre camurim, (era chamado assim porque só gostava de pescar o tal peixe, se vem outro ele devolvia para o mar), pescando naquele lugar do “polvo moleque”, era peixe que não acabava mais, só que nenhum caiu em nossos anzóis, mas não deixavam de comer as iscas, olhe que os peixes pulavam para cima da jangada, subiam de um lado e saiam do outro, e não dava pra gente pegar nenhum, devido a velocidade que eles davam para fazer tal ciosa, parecia que alguém estava os mandando fazer aquilo, (pareciam peixes elétricos).
Por volta das quatro horas, resolvemos voltar, com apenas um peixe cada um, foi aí que se deu o caso: quando falei pra compadre camurim (que Deus o tenha); vamos embora? Pareceu que os peixes não gostaram dessa palavra, e se agitaram de uma forma danada, faziam redemoinho em torno da jangada, fazendo que ela rodasse, e quando eu menos esperava um peixe cachorro, saltou da água em minha direção, (o amigo já viu um peixe cachorro)? Balancei a cabeça em negação.
Ele abocanhou minha perna, bem aqui na batata, (e mostrou alguns arranhões no tal lugar), com uma força medonha, que quase desmaio de tanta dor, então gritei pro compadre: pega esse bicho aqui compadre, mas o peixe foi mas rápido que o meu amigo. Ele levantou bem o rabo, e com a mesma força que me mordeu, bateu violentamente em minha cara, com a calda, deixando um monte de escamas cravadas no meu rosto.
Parou de falar, e ficou olhando dentro de meus olhos, fiquei pasmo, então para descontrair, pediu uma latinha de cerveja, em seguida depois de tomar alguns goles, perguntou: o amigo tem alguma dúvida? Se tiver pode perguntar, que estou aqui para esclarecer. Respondi: nenhuma dúvida, de minha parte; espero que o amigo tenha outras estórias para me contar em breve, estou pronto para ouvi-lo novamente.
Quando voltarmos a encontrar-nos, ao certo terei mais alguma, sorrio para mim, apertou minha mão e foi caminhando em direção ao mar, lavou os pés e foi andando mansamente, até desaparecer bem longe de mim.
E assim, terminamos por hoje mais uma de nossas. PÁGINAS DA VIDA.

QUASE DOIS DIAS DE MUITA LUTA


Durante toda a semana Amaury preparou-se para que todo seu plano desse certo comprou o equipamento necessário para a batalha que teria que travar nos dias que estaria em casa, para enfrentar a luta que ele deveria ter travado dias atrás. Agora não poderia recuar, falou para seus amigos que não o importunassem, pois ele estaria todos os dois dia do final de semana ocupado, e para que todo seu plano desse certo tinha que estar sozinho. Sua noiva, não estava entendendo nada, a que luta estaria se referindo o Amaury? Como ele era assim mesmo, gostava de executar suas tarefas sem a ajuda de ninguém, ficou esperando o resultado de todo aquele segredo.
Durante os dias que antecederam o final de semana, ele estava sempre alerta, passou em uma loja especializada, comprou; máscara, luvas, um par de botas de canos longos, óculos, um par de joelheiras, e a arma principal, pois sem ela não conseguiria vencer a luta.
Dias atrás tinha tentado resolver o problema, mas sem sucesso, pois o seu inimigo parecia mais astuto que ele. Algumas investidas foram feitas, tudo sem conseguir alcançar seu objetivo, mas naquele final de semana seria diferente, teria dois dias para executar seu plano, dessa vês teria sucesso, com certeza.
Na sexta feira a noite, em vês de sair com a noiva e alguns amigos, resolveu sair sorrateiramente antes do final do expediente, e assim estaria livre das perguntas que com certeza seus amigos fariam, as quais não estava disposto a responder. Combinou antes que, se terminasse a luta antes do previsto, convidaria a todos através de telefone e assim se ele estivesse vivo, comemorariam juntos, sua vitória.
Até aquele momento todos pensavam que era algo rotineiro, mas a palavra, vivo deixou todos intrigados, inclusive a Cycera sua noiva.
Sem que ele soubesse, ela juntamente com os amigos combinaram que no domingo pela manhã, fariam uma surpresa para ele, chegariam em seu apartamento por volta da 11 hora , assim descobririam qual o motivo de todo aquele segredo.
E assim como ficou combinado, no domingo por volta das 11 horas, chegaram calmamente ao apartamento do Amaury, abriram a porta com as chaves que a Cycera possuía, e aí tiveram uma grande surpresa.
O rapaz encontrava-se deitado no chão do apartamento, totalmente suado, vestido em uma roupa que parecia mais um astronauta, (um capacete de fibra, branco, óculos que quase cobria totalmente seu rosto, uma máscara que tapava seu nariz e boca, luvas vermelhas, camisa de um pano grosso, de mangas compridas, calças do mesmo tecido, que entravam nas botas de canos longos).
Mas seu aspecto era de felicidade pela vitória, apesar de toda sua alergia a inseticidas, ostentava na mão direita um vidro, dentro dele duas baratas e um grilo, mortos, era o troféu que desde muito ele perseguia sem trégua, e agora tinha conseguido depois de quase dois dias de muita luta.
E assim as gargalhadas, a alegria do Amaury foi compartilhada, por sua noiva e amigos.