domingo, 2 de dezembro de 2012
EM BRIGA DE MARIDO E MULHER....
Eu estava em Tambaú,
E andava todo prosa,
Quando avistei o Verçosa,
Bem deitado em sua rede rede.
Pediu água. Ta com sede?
Perguntou sua mulher.
Então você fica em pé,
Que eu não vou atender;
E digo uma coisa a você:
Acabou o tempo ruim.
Agora vai ser assim
Pois a coisa vai mudar,
E se você não gostar!
Vá pra bem longe de mim.
Eita, que agora danou-se!
Estamos trocando o papel.
Acabou lua de mel?
Responda-me então, por favor.
Se for assim eu não vou,
Deitar na rede outra vez,
Te garanto oh! Bela Inez,
Nunca mais vou pedir água!
Não quero te ver com mágoa,
Par não ficares mais feia,
Eu não caio em outra teia;
Porque eu tenho vergonha.
Como disse a dona Tonha:
Tu és chave de cadeia.
Você esta enganado,
E digo uma coisa a tu:
O meu nome é Marilu,
E nunca fui Bela Inez.
Então contes de um a três,
Não queira ser engraçado,
Se queres ser respeitado,
É bom que andes direito;
Assim mereceras o respeito
Daquele que te conhece.
Ajoelhes, e rezes uma prece,
E peças perdão a mim.
Porque se fazes assim,
Nunca mais você esquece
Esperes um pouco, mulher!
Tas passando dos limites!
Espero que não imites,
Tua vozinha, a Raimunda;
Que por causa da corcunda,
Culpava sempre o marido.
De ter ficado escondido,
Das coisas que acontecia.
E que mais dia menos dia,
Terminaria sofrendo.
Não é isso que estão vendo
Ao desmontar o mistério.
Ela foi pra o cemitério,
E ele ainda esta vivendo
Esqueças de meus avós,
Principalmente a vovó;
Que era cobra de cipó
Daquelas que tem veneno.
Meu avo que é Chileno,
Gosta muito de você.
Mas um dia ele vai saber,
Quem de fato você é.
Explora muito a mulher,
E acha isso bonito.
Mas pra mim é esquisito
Não pertenço a esse meio
Por isso estou dando um freio
Pra tudo ser mais bonito.
Tenha calma Marilu,
O papo tá muito feio,
Seguremos mo esteio;
Senão nossa casa cai.
Diga se vai ou não vai,
Terminar com esse papo?
Isso não fica barato;
Do jeito que esta andando.
Vamos logo nos calando,
Pra ver se tudo da certo.
Portanto não fiques perto,
E se afaste de mim.
Porque se continuar assim,
Garanto-te que lhe aperto.
Eu sei que estas querendo
Fugir da responsabilidade,
Mas pra mim isso é maldade
Que praticas todo dia.
Fizeste assim com Sofia,
Tua terceira mulher.
Por isso ela deu no pé;
E nunca mais ninguém a viu.
Tu dizes que ela fugiu
Levou o guarda-roupa inteiro
Só não levou o dinheiro
E te deixou foi no pasto;
Sumiu não deixou nem rastro.
Foi morar no estrangeiro.
Aí! - Estas muito enganada,
Quem fugiu não foi Sofia
Isso quem fez foi Maria,
Minha primeira mulher
Que se foi com o José
No dia de carnaval
E sumiu no matagal
Só deu noticia depois
Dizendo que nunca foi
Apaixonada por mim
A história conta assim
E tudo não é verdade
Hoje implora caridade
E quer voltar só pra mim.
E a segunda e a quarta?
Fugiram de madrugada.
Hoje estão apaixonadas,
E moram na mesma Casa.
É uma paixão de brasa;
Quando beijam sai fumaça.
Todo mundo acha graça,
E riem muito de tu.
Pois aqui em Pitimbu
Todo mundo sabe disso.
E hoje é meu compromisso
Acabar com a palhaçada,
Por isso vou pra calçada,
Dar um fim em tudo isso.
Foi ai que resolvi,
Apaziguar a peleja.
Dizendo: seja o que seja,
Vamos acabar com a briga;
Tudo isso é intriga
Vinda da oposição.
Por favor, não digam não,
Que vou procurar um jeito,
De acabar com o defeito;
Que é briga entre casais.
É um pra frente e pra traz,
Por isso eu vou lá à praça,
Dizer : tudo foi só graça
E que brigas nunca mais.
Aí a coisa mudou,
E se virou pra o meu lado.
Os dois ficaram danados
Com a minha interferência.
Disseram: na nossa crença
Só tem lugar para dois.
E você volte depois.
Tiro o rabo do caminho,
Porque senão o espinho
Vai sobrar é para mim.
E então foi mesmo assim
Que acabaram os dois rindo
E assim foram saindo;
Direto pra o camarim.
Fiquei sentado na sala
Meditando sobre tudo,
Dizendo: devo ser mudo
Pra não falar no momento.
Então ouvi um lamento
Que vinha vindo de dentro
Do quarto daqueles dois.
- Mulher; deixa isso pra depois,
Que minha “Merda” ta mole;
Mesmo que tu a esfole,
Ela não vai levantar.
- Levantei-me da cadeira,
E sai muna carreira,
Pela praia a gargalhar.
QUANDO VOCE ME OLHA!
Quando você me olha.
Sinto-me nu
Nu apenas por comparação.
Sinto-me sem defesas,
a mercê de você,
A mercê do mundo,
A mercê da vida.
Deságuo em ti.
És meu receptor, meu muro de sustentação,
Coluna na qual me encosto não apenas nos momentos de euforia,
Principalmente nas horas de calmaria.
Durmo calmo, tranquilo porque estas comigo.
Sorrio.
Apenas em pensar em ti.
Visões do máximo aproximam-se de minha retina,
Mesmo vendo-te ao longe.
Não tem como!
Sinto-me nu!
Nu, totalmente livre das desventuras da vida; mas forte,
Porque sei que estas comigo.
E quero permanecer assim.
Nu, diante de ti.
Sinto-me nu
Nu apenas por comparação.
Sinto-me sem defesas,
a mercê de você,
A mercê do mundo,
A mercê da vida.
Deságuo em ti.
És meu receptor, meu muro de sustentação,
Coluna na qual me encosto não apenas nos momentos de euforia,
Principalmente nas horas de calmaria.
Durmo calmo, tranquilo porque estas comigo.
Sorrio.
Apenas em pensar em ti.
Visões do máximo aproximam-se de minha retina,
Mesmo vendo-te ao longe.
Não tem como!
Sinto-me nu!
Nu, totalmente livre das desventuras da vida; mas forte,
Porque sei que estas comigo.
E quero permanecer assim.
Nu, diante de ti.
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
TOU FAZENDO MEIA NOVE!
Tu não sabes como é bom!
Fazer um sessenta e nove.
É melhor que andar na chuva,
Ou dirigir automóvel
Se conheces coisa melhor,
Espero que você prove.
Para fazer meia nove,
Esperei tempo demais;
E quando chegou na hora
Quase que cai pra traz.
Pedi ajuda a minha veia.
- Eu tou fora meu rapaz!
Eu acho muito bonito
Um meia nove olhar,
Um pra cima outro pra baixo,
Um pra lá outro pra cá
Juntado pé com cabeça,
Quem ver nunca vai errar.
Papai fez meia nove,
E minha mãe também fez
Meu avo e minha vó
Fizeram com lucidez.
Agora eu tou fazendo;
Mas faço com sensatez.
Um dia um amigo meu
Disse: hoje, eu fiz meia nove,
Mas em sua identidade,
Só tinha quarenta e nove
Porque aumentas a idade?
- É que isso me comove.
Compadre Chico Raimundo,
Diz que ainda é amador,
Fala pelos cotovelos,
Como se fosse um doutor,
Disse que fez meia nove,
Com a filha do promotor.
Mesmo sendo um amador
Dá aulas, mas de reforço,
Tem meninos e meninas
Se olharmos, nos dar gosto,
Ele ensina a todos eles,
De fevereiro a agosto.
Reparem no que está escrito,
E prestem muita atenção;
Só fazemos sessenta e nove,
Uma vez, oh meu irmão!
E quem fizer mais de uma
É chamado garanhão.
Tou fazendo meia nove,
E sinto-me muito feliz,
São sessenta e nove anos
Mas continuo aprendiz
Mais de vinte e cinco mil dias,
De vida. Bem pueris.
Tou fazendo meia nove,
Isso é motivo de festa
Só quero ver muita alegria,
Mas não pode ser modesta
Todos gritem: Viva Nivaldo!
Esse é pessoa honesta.
Em vinte e dois de novembro,
Sessenta e nove eu fiz;
Foi no século passado
O dia eu que eu nasci
Se Deus quiser faço cem,
Pra me deixar mais feliz.
Fazendo o meia nove,
Ando por todo Brasil,
Mesmo com essa idade,
Tem bala no meu fuzil
A minha velha propaga,
Pense num veio viril!
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
INCONCIENTE COLETIVO
Momentos passam,
E a sombra opaca do amanhã
Esta muito longe
De nossa
Compreensão.
Os homens
Mutilam-se
Na esperança
De prever
Ou antever
Um futuro incerto.
Mas a vida continua
Passando.
E as pessoas continuam
Passando.
O tempo é único.
O presente
Confunde-se com
O futuro.
Isso porque
Os tempos verbais,
Presente e pretérito
Marcam o passo
do tempo.
E a
Incerteza do futuro,
Deixa-nos
Perplexos.
TREZENTOS DIAS NA CAVERNA
A procura de novas aventuras, e novos momentos, onde a adrenalina o tornasse mais “ligado”, e fizesse com ele “interagisse melhor”; com o meio ambiente, fez com que aquele jovem, inconsequente, despreparado para a vida, caísse em sua própria armadilha.
Durante meses os parentes mais próximos tentaram dissuadi-lo de se aventurar por caminhos obscuros e totalmente desconhecidos, e nada.
Da forma com que ele estava se deixando levar pelas ondas do delírio, de uma juventude mimada onde um desejo era imediatamente atendido pelos pais, isso o deixou totalmente livre para fazer aquilo que para uns era estranho, mas para ele era a marca de uma adolescência cheia de direitos, e sem direito a nenhum dever; nem para si e nem para a sociedade de um modo geral.
Dias e meses foram passando, sem que o jovem se desse conta de que mais dia, menos dia, aconteceria algo que ia deixa-lo fora de circulação. Mas tudo isso já estava devidamente planejado e pensado, mesmo sem que ele percebesse, é que em seu inconsciente as consequências de seus atos um dia viriam, e ele e somente ele teria que assumir.
Mas ai estava seu engano, pessoas que em nada contribuíram para sua irresponsabilidade, viriam a sofrer as consequências pelo trilhar de caminhos tortuosos escolhidos pelo rapaz.
Bem próximo ao Natal, (onde por tradição as famílias unem-se e confraternizam-se), o jovem, teve seu momento de retroação, e a partir de um momento de descuido, caiu em uma ribanceira que terminava dentro de uma caverna, ate então desconhecia por ele e por seus familiares.
Iniciou-se nesse momento uma batalha para realizar o resgate daquele jovem impulsivo e impetuoso, mas totalmente despreparado, sem o menor conhecimento espeleológico, sem ter conhecimento topográfico da referida cavidade, isso porque anteriormente nunca havia visitado uma caverna, e nem tão pouco, conhecia alguém que tivesse vivido pelo menos alguns dias dentro de uma.
Quando se deu conta, o rapaz estava totalmente aprisionado pelos habitantes subterrâneos. Pessoas de faces transtornadas, e caráter duvidoso; com peles pálidas pela ausência da luz solar, mas valente pela luta para se manter vivo naquele local inóspito. Dependentes total de um sistema, onde quem entra é dominado pelos moradores mais antigos, e tem que se submeter à autoridade de líderes que nem sempre têm o carisma para sê-los.
Foram dias angustiantes, dias em que os horizontes pareciam cada vez mais distantes, fazendo com que mais e mais pessoas fossem sendo recrutadas para participarem do resgate daquele jovem.
Quem observava de longe via que principalmente seus pais se desdobrassem, e encarassem, sem recursos materiais e financeiros, para bancar despesas nem sempre reais, mas obrigatórias para ter a “felicidade ou infelicidade” do direito de ver ou se aproximar do filho.
Dias foram se passando, os pais definhando, com saúde abalada, (principalmente a saúde psicológica), o que causava mais e mais estrago em suas vidas. A esperança de ver o jovem fora daquela caverna; tornava-se cada vez mais difícil, a crença de que tudo aquilo era um grande equivoco, é que alimentava cada hora e cada dia as esperanças do jovem casal, e a cada vez que eles conseguiam ver o rapaz, trazia para ambos os momento de angustias, aumentando cada vez mais o estado depressivo em que se encontravam.
Lembravam os momentos em que costumavam participarem juntos, (pais e filho), de eventos em que era comum estarem unidos. Natal, Ano Novo, Carnaval, Páscoa, festas Juninas, festa da Padroeira, dia da Independência, e outros e outros eventos, nos quais costumavam participarem juntos e felizes.
Então vinha a dúvida: será que aqueles dias dentro daquela caverna faria com que o rapaz criasse uma nova visão da vida?
Que ele fizesse de tudo aquilo um aprendizado, onde as lições aprendidas ficassem gravadas dentro da cabeça (até então vazia), daquele jovem?
Como seria sua vida fora daquela caverna?
Estaria ele mais maduro e mais responsável?
Só o tempo poderia mostrar isso para seus pais e para as pessoas que o tinham na conta de um jovem acima de qualquer deslize.
Trezentos dias se passaram ate que o rapaz se “libertasse” e conseguisse sair da caverna e visse a luz do sol (da Vida), outra vez.
Agora o que nos resta?
Apenas esperar e ver, se o jovem “espeleólogo”, tenha vontade de voltar novamente a residir em “cavernas” ou se tenha criado verdadeira ojeriza pelo local, e nunca mais queira voltar ou nem ao menos passar por perto de uma.
SÓ O TEMPO RESPONDERÁ A ESSA ESPECTATIVA
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
A MATRIARCA
Seis horas da manhã.
Na porta do quarto de cada um dos moradores da casa; esta a Matriarca, dando ou despejando suas ordens matinais, todos teriam que seguir a risca seus mandados, e ái daquele que não fizessem.
Com mesa pronta para o desjejum, sentava sempre à cabeceira, (mesa que ela fazia questão de ser de um formato retangular), à sua direita, o esposo (marido, como ela o denominava), a outra cabeceira da mesa, sempre vazia, não permitia que ali se colocasse cadeira, apenas com a finalidade de que ela, e somente ela, tivesse um lugar de destaque à mesa.
Do lado esquerdo, da mesa os filhos, em numero de três; do direito as (4) filhas, que assim como ela um dia assumiriam os comandos em suas casas; assim ela podia dominar toda sua prole apenas com um olhar, o “homem” da casa, pedia-lhe licença para falar, sempre demonstrando submissão, ninguém deveria perturbar ou causar o menor aborrecimento a matriarca.
Com o tempo ela desaprendeu a falar, dirigia-se as pessoas como se todas fossem subalternas, e que estavam ali para seguirem suas ordens, seu timbre de voz era sempre de comando, ordens dadas mesmo em momentos de conversa com pessoas que não fossem da família, em um tom sempre acima do convencional, ela não falava, simplesmente gritava.
Amigos; não os tinha, porque era de difícil relacionamento e as pessoas nem sempre estavam dispostas a baixar a cabeça diante das ordens da matriarca.
Sua figura aparentava sempre austeridade; era magérrima, cabelos um pouco encaracolados sobre uma cabeça pequena, apesar de ter quase 1,75m de altura, seu riso era sempre sarcástico, falava sempre entre dentes, e era rara as vezes que demonstrava carinho por alguém. Poderíamos afirmar que era uma verdadeira “matriarca de nascença”.
Mas; o tempo passa e é implacável com todos os viventes, o que era belo, vai aos pouco se dissipando e se transformando naquilo que quando jovens não nos damos conta que vai acontecer conosco. Da mesma forma aconteceu com a matriarca, e o tempo para ela parece que foi mais implacável que para os outros, mesmo assim, nada mudou na sua forma de vida.
Com a perda do esposo (marido) que durante anos sofreu as mais tristes formas de pressão, devido ao seu estado de saúde, esperava-se a sua mudança, o que não aconteceu. Seus filhos mais que antes aumentaram a redoma onde vivia a matriarca, nada podia se aproximar, não se sabe se por medo d’ela maltratar as pessoas ou se simplesmente por puro capricho, (uma forma de vingança branda) onde o objetivo era torna-la mais sozinha em sua velhice.
As poucas pessoas que ainda a visitavam foram afastadas; as vezes de forma um tanto quanto grosseira, outras de forma contundente, e em alguns momentos não se sabe por qual motivo as pessoas eram afastadas de seus convívio, simplesmente as filhas não permitiam, dando ordens expressas de que nem as empregadas deveriam dirigir a palavra àquela ou aquele individuo.
Um dia; após longos anos de solidão, morre a matriarca, sem choros e sem lamentos, um velório de tempo mínimo marcou a despedida dos restos mortais daquela que durante sua existência, nunca teve tempo de expressar um gesto de carinho, um riso que tenha marcado sua passagem aqui pela terra.
Para uns; apenas passou pela vida; e não viveu, para outros deixou sua passagem marcada apenas pela intolerância, e por viver de forma que nunca conseguiu manter um amigo que em sua morte pegasse na alça de seu ataúde.
Em sua tumba apenas uma mensagem.
Aqui jazem os restos mortais da ultima matriarca.
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
PAGINAS DA VIDA VII - A ARRAIA
Mais uma manhã de surpresa e bastante alegria. Encontrei-me por acaso meu amigo de bons papos na praia, o famosíssimo, Jonas (o pescador), um pouco mais velho e a pele mais curtida pelo sol implacável das grandes jornadas enfrentando os raios do sol e a água salgada, que juntos fizeram um grande estrago na pele de meu amigo.
Abraçamo-nos e durante alguns segundos ficamos sem pronunciarmos palavras, naquele silencio conseguíamos nos comunicar de forma perfeita.
Olhamo-nos e quase ao mesmo tempo pronunciamos: faz um tempo cidadão! Essa é a forma como nos cumprimentamos quando de nossos encontros que cada vez mais esta ficando raro.
Iniciei então nosso dialogo: como o amigo se encontra? Que bons ventos o trazem por essas paragens? E a saúde continua firme e forte? A família? O barco e as aventuras nesse marzão que Deus nos deu?
Calma companheiro! Uma pergunta de cada vez; caímos na gargalhada e saímos abraçados procurando uma sombra e um local para sentarmos para podermos bater aquele papo que tanto me alegrava, e porque não dizer trazia subsídios para meus causos sobre pescarias. Temos novidades sobre pescarias? (Perguntei). Esperei alguns segundo e logo veio o que eu esperava.
Apanhei o mini gravador (coisas da tecnologia), vi em sua face um esboço de sorriso, então ele começou soa narração.
Alguns dias atrás, resolvemos eu e o Mateus (Mateus é um rapaz novo na pesca que eu estou tentando transforma-lo em profissional), pescariamos na foz do rio Uma, quase na divisa do estado. Apanhamos meu barco, e saímos para o local pré-determinado, é bom salientar para o amigo que isso foi numa sexta feira por volta das 15 horas, o tempo se apresentava meio nublado, ótimo para pescaria de arraias. Chegamos por volta das 17 horas, estava começando a escurecer. Perguntei: (por que a noite?) É que arraias do tipo Jamanta costumam pescar a noite, visto que é nesse horário que elas costumam se alimentar.
Lançamos nossos anzóis e ficamos a espera de primeira fisgada, que logo se deu; um camurim de tamanho médio, isso aumentou nossa expectativa quanto ao aparecimento logo em breve das arraias, e foi isso que se deu. A vara de pesca do Mateus deu um solavanco muito grande, sinal que a primeira arraia tinha mordido a isca. Ai começou nossa luta, sentimos que era um peixe de tamanho acima do que estávamos esperando pescar (isso aconteceu por volta das 20h30minh).
Começamos a brigar para retirar o peixe da água e coloca-lo no barco, durante quatro horas lutamos sem sucesso, quando tentávamos puxar o peixe era nosso barco que ia em direção do local onde supostamente ele estava. Pela manhã resolvemos aportar na margem do ria para facilitar a retirada da arraia da água, foi quando comprovamos que ela em sua defesa tinha se enterrado na areia, na margem oposta do rio. Então tivemos a ideia de passarmos a linha do molinete por trás de um coqueiro e começamos a puxar.
Verificamos que estava dando certo porque o volume de linha estava aumentando no molinete, (seria a primeira e única arraia jamanta que alguém pescara naquele local). Por volta das 13 horas, vimos que estávamos prestes a ver nossa presa, então falei para o Mateus: agora é somente nós prendermos a linha no coqueiro e retirar a arraia de dentro da água, e foi o que fizemos.
Então eu perguntei: o que tem isso de extraordinário que eu possa colocar no nosso livro?
Amigo é que eu e o Mateus para tirarmos a arraia de dentro do rio, foi preciso que juntássemos as duas margens, e isso foi feito apenas com a força de nosso molinete.
Quando retiramos o peixe da água e tiramos o anzol de sua boca, as margens voltaram imediatamente para seus lugares de origem, e o rio voltou a correr normalmente, e para comprovar aqui esta a fotografia que tirei com o Mateus segurando a nossa arraia, (e mostrou a foto que me deixou realmente perplexo).
Esse foi o causo mais real dessa pagina davida.
Abraçamo-nos e durante alguns segundos ficamos sem pronunciarmos palavras, naquele silencio conseguíamos nos comunicar de forma perfeita.
Olhamo-nos e quase ao mesmo tempo pronunciamos: faz um tempo cidadão! Essa é a forma como nos cumprimentamos quando de nossos encontros que cada vez mais esta ficando raro.
Iniciei então nosso dialogo: como o amigo se encontra? Que bons ventos o trazem por essas paragens? E a saúde continua firme e forte? A família? O barco e as aventuras nesse marzão que Deus nos deu?
Calma companheiro! Uma pergunta de cada vez; caímos na gargalhada e saímos abraçados procurando uma sombra e um local para sentarmos para podermos bater aquele papo que tanto me alegrava, e porque não dizer trazia subsídios para meus causos sobre pescarias. Temos novidades sobre pescarias? (Perguntei). Esperei alguns segundo e logo veio o que eu esperava.
Apanhei o mini gravador (coisas da tecnologia), vi em sua face um esboço de sorriso, então ele começou soa narração.
Alguns dias atrás, resolvemos eu e o Mateus (Mateus é um rapaz novo na pesca que eu estou tentando transforma-lo em profissional), pescariamos na foz do rio Uma, quase na divisa do estado. Apanhamos meu barco, e saímos para o local pré-determinado, é bom salientar para o amigo que isso foi numa sexta feira por volta das 15 horas, o tempo se apresentava meio nublado, ótimo para pescaria de arraias. Chegamos por volta das 17 horas, estava começando a escurecer. Perguntei: (por que a noite?) É que arraias do tipo Jamanta costumam pescar a noite, visto que é nesse horário que elas costumam se alimentar.
Lançamos nossos anzóis e ficamos a espera de primeira fisgada, que logo se deu; um camurim de tamanho médio, isso aumentou nossa expectativa quanto ao aparecimento logo em breve das arraias, e foi isso que se deu. A vara de pesca do Mateus deu um solavanco muito grande, sinal que a primeira arraia tinha mordido a isca. Ai começou nossa luta, sentimos que era um peixe de tamanho acima do que estávamos esperando pescar (isso aconteceu por volta das 20h30minh).
Começamos a brigar para retirar o peixe da água e coloca-lo no barco, durante quatro horas lutamos sem sucesso, quando tentávamos puxar o peixe era nosso barco que ia em direção do local onde supostamente ele estava. Pela manhã resolvemos aportar na margem do ria para facilitar a retirada da arraia da água, foi quando comprovamos que ela em sua defesa tinha se enterrado na areia, na margem oposta do rio. Então tivemos a ideia de passarmos a linha do molinete por trás de um coqueiro e começamos a puxar.
Verificamos que estava dando certo porque o volume de linha estava aumentando no molinete, (seria a primeira e única arraia jamanta que alguém pescara naquele local). Por volta das 13 horas, vimos que estávamos prestes a ver nossa presa, então falei para o Mateus: agora é somente nós prendermos a linha no coqueiro e retirar a arraia de dentro da água, e foi o que fizemos.
Então eu perguntei: o que tem isso de extraordinário que eu possa colocar no nosso livro?
Amigo é que eu e o Mateus para tirarmos a arraia de dentro do rio, foi preciso que juntássemos as duas margens, e isso foi feito apenas com a força de nosso molinete.
Quando retiramos o peixe da água e tiramos o anzol de sua boca, as margens voltaram imediatamente para seus lugares de origem, e o rio voltou a correr normalmente, e para comprovar aqui esta a fotografia que tirei com o Mateus segurando a nossa arraia, (e mostrou a foto que me deixou realmente perplexo).
Esse foi o causo mais real dessa pagina davida.
domingo, 1 de julho de 2012
A ARTE E A CULTURA
Quando alguém me perguntar:
O que é arte meu senhor?
Mesmo não sendo doutor,
Eu posso lhes afirmar
A arte e a expressão,
Que explode do coração
Daquele que sabe amar.
E a cultura o que é?
A cultura meu amigo;
É o que você trás consigo
Como se fosse um pajé,
É o que lhe ensina a vida
Quando ela é bem vivida
Mesmo em palácio ou sapé.
Onde encontro a arte?
- Na musica que você ouve
Do popular a Beethoven;
Aqui na terra ou em marte.
Um musical no teatro
Uma pintura no quarto
O show da porta-estandarte.
E a cultura senhor,
Como a vou conhecer?
Nos livros que você ler,
Vai se tornar um doutor.
A cultura minha amiga
Não deve esta escondida
Aprenda com o professor.
Vejam que arte e cultura,
Andam sempre, lado a lado.
No presente ou no passado.
Ambas são coisas bem puras.
Uma; é o conhecimento.
A outra mostra o talento,
Que exalta as criaturas.
A ESSENCIA. A VIDA
(Narrativa feita a esse blogueiro; pelo amigo irmão - Elson Lisboa Nunes)
Antes de qualquer coisa que possa passar pra vocês, nessa narrativa, precisamos fazer com que o leitor entenda facilmente o que se passou e é real, nada aqui faz parte do imaginário da pessoa que vivenciou o fato.
O que está escrito me foi passado por uma pessoa que merece credito e que jamais iria tripudiar de um fato tão serio. Ele se deu ao direito de somente contar o acontecido quando tivesse a certeza de que sua narrativa tivesse crédito; não somente de quem esta escrevendo, mas de outros que por acaso venham tomar conhecimento do mesmo.
Para um melhor entendimento.
O que é Alma e o que é Espírito?
Existem diferenças entre os dois?
Depois de pesquisar bastante sobre os dois temas, chegamos a seguinte conclusão.
A Alma é a união do Espírito com a matéria. Ou seja; a Alma “é o conjunto”. É a forma vivente do Espírito.
O Espírito é energia; vida. Sem o espírito não existe vida.
O Espírito é a essência.
A Alma é mortal, o Espírito não. Como a Alma é a junção, podemos afirmar que Alma é algo “concreto”, visível e palpável. O Espírito é abstrato, invisível e intocável.
O Espírito não tem face, não ama nem odeia, não sente fome nem sede, ele é único, indivisível, é pura energia. Quando a Alma perde o espírito, simplesmente morre, mas o Espírito volta a sua origem.
O Espírito é o sopro da vida.
Tudo isso foi colocado para justificar à narrativa que se segue.
- O fato; achamos que não é comum, mas deixa para todos um que de curiosidade no sentido analógico do conhecimento; de fato anteriormente descrito por outras pessoas que vivenciaram a mesma situação.
Antes de iniciarmos a narrativa vamos fazer um histórico em forma de esclarecimento que vai trazer melhor entendimento do leitor.
O acontecido se deu em um hospital onde a pessoa que “viveu” o fato estava internada depois de sofrer um acidente de automóvel, e assim me descreveu o que foi vivenciado literalmente por ele, fato que o emociona bastante ate hoje, ao se colocar novamente no “real”.
É indescritível o que vi e senti. Tudo em um estado puramente mental. Encontrava-me em certo momento em um “local” de uma beleza impar, onde predominava a luz; luz essa diferente, podendo ser descrita como um clarão intenso sem que pudéssemos visualizar a fonte de toda aquela luminosidade, e em nenhum momento ofuscava nossa visão..
Eu não estava só, sabia perfeitamente que estava cercado por dezenas e dezenas de seres que como eu, iam e vinham, essas idas e vindas não eram bem definidas, na realidade não sabia se estava eu indo ou parado, se os entes estavam em movimento ou não, sabia que tudo se movimentava e que não havia um sentido desses movimentos, se para a frente ou para traz.
O sentido de espaço não existia, mas eu sabia que estava ali, as distancias entre as coisas eram definidas apenas no sentido mental.
Os seres ou entes não tinham faces, não se apresentavam humanos, eram “vultos” que se locomoviam em uma flutuação constante, não tinham corpo, mas demonstravam estarem felizes, sorridentes e desprovidos de tudo que temos aqui, exalavam simplesmente paz, e isso era contagiante e me colocava na mesma sintonia de todos.
As “pessoas” eram como um “sopro”, belissimamente puros, inatingíveis, indefinidas, e inenarráveis. Não eram pessoas, e não sei definir o que eram, sei que definitivamente elas existiam.
Naquele “lugar” existem apenas duas cores, o Azul (cor predominante), mas em uma única cor podíamos ver tudo, silhuetas de arvores, rios, montanhas, vales, e uma planície imensa, infinita.
As “veste” dos entes eram também azuis, mas com uma tonalidade tênue de Rosa na parte inferior, como que dando ênfase a posição de flutuação.
Inebriado naquele ambiente lúdico, não sentia o tempo, simplesmente era um constante, um momento que com certeza seria eteno. Mas de repente algo acontecia e eu me sentia de volta a um ambiente quase que terreno, de um lado vislumbrava a figura de um “trem, um vagão, um ônibus, enfim (não sei definir o que de fato era), sabia que era um transporte, que não sei se estava a minha espera ou simplesmente estava ali, materializado a meu lado”.
Do outro lado eu via um imenso campo ajardinado, totalmente florido, onde as cores tinham um destaque todo especial. As flores não tinham cores comuns, tinham cores vibrantes e imensamente belas, azuis mais azuis, vermelhos mais vermelhos, todas as cores se destacavam naquele campo, não permitindo de eu me fixasse em uma única cor, olhava todas dando para elas a mesmo valor visual.
De repente estava novamente de volta àquele imenso clarão, procurando algo que não conseguia ver.
Não posso mensurar o tempo que passei nesse estado, mas tudo se repetiu por várias vezes, dentro de um universo que naquele momento e ate hoje sei que não era meu como vivente, mas sim como espírito.
Aí finalizou sua narrativa em um estado emocional contagiante,
Tudo esse aprendizado, faz-nos mais ouvintes que falantes mais observadores e mais analíticos daquilo que vemos e ouvimos; mais compreensivos e menos críticos. Modula-nos no sentido de que somos mesmo passageiros desse coletivo que é o universo.
O que me foi narrado, realmente deixou-me perplexo, não pela narrativa, mas pelos detalhes da historíola. Qual será o real sentimento de quem passa por um momento como esse? Qual a lição ou o aprendizado tirado disso tudo?
Aprendemos que a vida é algo que devemos aproveitar da melhor maneira possível, e a partir d’ai sabemos que realmente somos muito mais que simples vivente, somos maiores e com certeza estamos acima de tudo isso que vemos materializado em nosso dia a dia.
Aquilo que para a maioria é ficção (ilusão), é muito mais real do que pensam os incrédulos.
Somos puramente energia materializada em um corpo (matéria), que e regido pela mente, podemos alcançar lugares inimagináveis, podemos passar ensinos que são fundamentais para o nosso crescimento, não como matéria, mas como seres eternos.
Aqueles que passam firmeza de caráter, sabedoria no tratar, respeito pelos direitos dos outros, terão com toda certeza um lugar junto Àquele que esta muito acima de nós.
sábado, 2 de junho de 2012
FOI ASSIM
Causo dedicado a um amigo distante, apenas para relembrar um pouco o passado.
Todos os sábados, quando criança; tínhamos a obrigação de freqüentar o catecismo (Catecismo: escola de instrução religiosa cristã, onde crianças recebem as primeiras lições religiosas, antes de fazer a primeira comunhão).
E era assim todos os sábados, doentes ou com saúde tínhamos como obrigação freqüentarmos o nosso catecismo, era um grupo de pequenos homens, com idades entre sete e onze anos, isso acontecido nos idos dos anos cinqüenta.
No grupo formado por cerca de sete (7) crianças amigas, todos com residências próximas, companheiros das velhas peladas (jogo de bola da periferia). Ainda me vem a lembrança alguns nomes, Genan (o velho G cabeção), um dos lideres do grupo, talvez o mais velho. Outro que fazia parte do grupo era o Everaldo (que se destacava no campinho onde batíamos nossa bolinha nos finais de tarde). O Zé Soares, o mais calado, queria ser padre, mas não levou a sucesso sua “vocação”, tornou-se militar, ainda o Zé Paulo, o mais falador, e mais os irmãos do “Geran”, o Elton, e o Nilton, e finalmente esse seu amigo narrados.
Foi assim; No dia de nossa ultima aula de catecismo, quase de final de ano, uma semana antes de nosso Primeira Comunhão, fizemos uma pequena comemoração, (quase uma despedida antecipada de amigos), almoçamos todos na casa do “G”, (aquele sarapatel super gorduroso), muito bem preparado por Tenaide (a “Tena”, irmã do nosso líder), suco de abacaxi,serviu como bebida para os amigos barulhentos.
Tagarelávamos sobre nossa Catequista a Dona Terezinha, sempre dócil e bastante apegada as coisas Divinas. Zombávamos de nossa instrutora, que era bem pretinha super magra, e alta, apelidamo-la de vara de matar morcegos, vara de virar tripa, e outros adjetivos que jamais teríamos coragem de dizermos diante de nossa mestra, e assim chegou a hora de irmos para a nossa ultima aula.
Nessa altura o sarapatel já tinha agido dentro de nossas barrigas fazendo um efeito devastador (mas somente no “G”), no caminho para a escola, a coisa foi ficando estranha, o “G”, suava, foi ficando verdolengo, mas sempre calado, de repente corria pela perna de seu short aquele caldo preto, efeito rápido do sarapatel.
Passam-se quase 60 anos, e novamente por conta de um sarapatel preparado pela irmã a Tena, (isso na casa dela), estamos lá reunidos quando o mesmo “G” (agora de cabelos grisalhos) sente-se obrigado a procurar um abrigo para colocar pra fora aquele sarapatel. Corre para um banheiro (ocupado), o segundo (ocupado), para a suíte, (porta fechada) e ali na frente de todos sem que ele pudesse de alguma forma atenuar; a coisa aconteceu.
Aquele caldo preto correndo pela perna da bermuda branca do “G”, inclusive tingindo de preto outros locais mais.
E o nosso Geran (“G”) naquele momento (muito envergonhado), relembrou o passado; olhando para todos falou: FOI ASSIM...... Que aconteceu há quase 60 anos atrás, na véspera de minha primeira comunhão.
E todos que se lembravam do fato; em um coro perfeito gritaram: CONTINUAS O MESMO!
E caíram em uma sonora gargalhada.
PAGINAS DA VIDA VI – O CELULAR
Esse relato não se deve comparar aos causos de “Páginas da Vida”, editados anteriormente; nesse caso as coisas acontecem de forma um tanto quanto diferente, apesar das pessoas aqui envolvidas não serem pescadores profissionais, apenas turistas que se deram ao lazer, em terras poucos exploradas, mas que de maneira tranqüila assimilaram a forma de relatar causos da vida quase real.
Fui apresentado a alguns senhores que tinham acabado de fazer um safári ecológico pela região norte do país, especificamente na Amazônia, onde passaram 12 dias de aventuras em observação aos animais da grande floresta, e se sentiram felizes em fotografar e observar aquelas belezas que só se encontra na imensa floresta tropical.
Expliquei aos senhores que estava escrevendo sobre as aventuras de pessoas, que em momentos difíceis tiveram e sagacidade de se sair de situações estranhas usando sua inteligência.
Então perguntei se nessa excursão tinham se encontrado de alguma forma em a “saia justa”, e como conseguiram se sair de forma mais inusitada; então ouvi deles o seguinte relato.
Em certa manhã saímos de barco para explorarmos a pesca, “sem que tivéssemos que ficar com nada pescado”, tudo deveria ser devolvido ao rio.
No barco estávamos em três; eu (Sávio) meu amigo o Dimas e mais o * Itinga (nosso guia), um mestiço que conhecia bem, a floresta e os rios da região.
Durante toda a manhã navegamos a procura de um lugar ideal para a pesca, finalmente por volta da onze horas paramos para iniciarmos nossa jornada de pescadores amadores, o Itinga nos deixou e saiu para explorar o lugar, ali ficamos, sem nos importarmos com a hora, quando demos por nós já passava das dezesseis horas.
Procuramos o Itinga, não estava por perto, chamamos por ele; nada de resposta, colocamos a mão em concha e gritamos seu nome, nenhuma. Resposta. Estávamos definitivamente perdidos.
O Dimas começou a se enervar e eu fui contagiado pelo seu nervosismo.
Então lembramo-nos. O guia tem um celular e nos passou o numero; ato contínuo; saquei o meu aparelho e fiz a ligação, foi quando ouvi um sinal de “bateria descarregada”. - Aí; o Dimas gritou: estamos definitivamente sozinhos, nunca mais sairemos d’aqui. Então me lembrei de que quando “escoteiro” havia ouvido falar que na Amazônia tudo se resolvia tirando da floresta e dos rios o que se precisa para sobreviver.
Pedi ao Dimas que ficasse calmo que eu resolveria o problema. Com bastante calma me dirigi a um igarapé, e procurei o que estávamos precisando, (e logo encontrei). - Ali bem pertinho, na margem do igarapé estava ele.
Um *Poraquê. De imediato peguei-o; encostei sua calda na bateria do celular que sofreu a descarta elétrica do peixe, carregando imediatamente.
Então fizemos a ligação para o Itinga, que imediatamente nos socorreu e nos deu condições de estar contando para o amigo essa aventura.
E assim repassamos para vocês mais uma de muitas “Paginas da Vida”.
- * Itinga (Rio de águas claras).
- * Poraquê (peixe elétrico)
terça-feira, 1 de maio de 2012
DENTRO DO ESPELHO
Quem gosta de escrever
Vê coisas que alguém duvida
Parece ate que é história
Que não foi acontecida
Mas podem ter a certeza
Só escrevo com clareza
Fatos reais dessa vida
Esse caso, por exemplo,
Aconteceu e é fato
Mas vou fazer um preâmbulo
Não pensem que é boato
A coisa não é comum
Mas em momento algum
Vou mudar o meu relato.
Aqui nossos personagens
É resumido em um
Para ficar registrado
Como fato incomum
Sem que tenha testemunha
Pra que ninguém se opunha
Isso em momento algum.
Preparem-se meus leitores
Para o que vocês vão ler
Essa estória aqui narrada
Acabou de acontecer
Foi um fato inusitado
Mas pode ficar sentado.
Que vou narrar pra você.
Pode ser bem diferente
Não pensem que é ilusão
Porque está registrado
No livro do coração
Mas eu dou a liberdade
Que vocês pensem a vontade
Que o fato é ficção.
Mas, vamos ao que interessa,
Que a estória em si,
Não vou deixar por metade
E por isso estou aqui
Escrevendo essa estória
Quero que fique em memória
A coisa que só eu vi.
Em uma casa bonita
Em um lugar solitário
Morava apenas uma pessoa
Era um homem usurário
Desses que na vida só tem
Quem guarda muitos vinténs
Dizia-se bilionário.
Tinha apenas uma pessoa
Que vinha uma vez por mês
Para fazer a limpeza
Daquele casarão inglês
Mas ele deu um conselho
Nunca limpe esse espelho
Senão você perde a vez.
Era um espelho bonito
Um espelho de cristal
Desses que só é encontrado
Em residência real
Mas tinha algo estranho
Devido ao seu tamanho
Era algo colossal.
Tinha dois metros de altura
E era colado ao chão
De largura tinha um metro
Medidos a palmo de mão
Nele ninguém encostava
Porque o homem gritava
Se encosta é agressão.
Outra coisa diferente
Que com ele acontecia
Quando alguém se aproximava
O grande espelho tremia
Tremia bem diferente
Ele dava medo à gente
Que muito rápido saía.
Não era um tremor normal
Como de vidro comum
Era como tremor de água
Fazendo onda incomum
Indo de um lado pra outro
Parecia um mar revolto
Emitindo som nenhum.
Então a jovem empregada
Ficou bem desconfiada
Porque será que o homem
Não quer que eu mecha em nada?
Mas um dia eu fico só
Vou desatar esse nó
E ganho essa parada.
Será esse espelho, mágico?
Pensava a empregada
Era a curiosidade
Agora bem aguçada
Mas um dia eu vou limpar
E quero ver no que dar
E ver se tem coisa errada.
Passou a observar
Os movimentos na casa
Daquele senhor fidalgo
Que tinha o olhar de brasa
De seus olhos vinha um brilho
Desses que dar empecilho,
Olhando você se arrasa.
Foi ai que ela notou
Uma coisa diferente
Ele tinha preso a mão
Algo que parecia um pente,
Que sempre estava limpando
Quando alguém não tava olhando
Era um belo pingente.
Quando a serviçal saia
O homem logo mudava
Chegava frente ao espelho
E o pingente apertava
Então algo acontecia
Porque o espelho se abria
E o homem nele entrava
E só voltava a sair
No dia dela voltar
Ficava sentado a espera
Da moça se apresentar
Então falava com clareza
Pode iniciar a limpeza
Que eu fico a descansar.
E em frente ao espelho
Ele ficava sentado
Enquanto ela trabalhava
Deixando tudo arrumado
Ele com o seu pingente
Com ar de indiferente,
Olhava tudo calado
Em um dia de limpeza
Procurou ela o patrão
Então não o encontrando
Pegou pano, água e sabão,
Então ficou de joelho
Bem em frente ao espelho
E fez uma fricção.
Quando ela, pois o pano,
No espelho pra limpar
Ouviu-se um grito horrível
Um grito de arrepiar
Ate onde não tem cabelo
Parecia um pesadelo
Que ela se, pois a chorar.
Foi um grito estridente
Que do espelho saiu
Ela então apavorada
Quis correr não conseguiu
Olhou e viu o patrão
Com o pingente na mão
Pegou nela e a sacudiu.
Aí ela não viu nada
Porque logo desmaiou
Já fazia uma hora
Foi quando ela acordou
Perguntando aperreada
Já é quase madrugada
Diga-me o que se passou.
Ele então lhe explicou
De forma bem definida
É bom que você saiba logo
Mas não fique deprimida
Para difundir a verdade
Entre todos da cidade
Foste a pessoa escolhida.
O espelho em nossa frente
Que parece colossal
Não é um espelho comum
É algo quase irreal
Nele esta bem dividida
Em duas partes a vida
A do bem e a do mal.
Sabe o lado que estamos?
Esse é o lado da luz
O lado que tudo brilha
Esse lado Deus conduz
O outro lado é escuro
Nele ninguém tem o futuro
Lá nada se reproduz.
E com um movimento brusco
Apontou com o pingente
O espelho se abriu
E de forma comovente
Foi assim que ele falou
Missão cumprida! E eu vou.
Pra o outro lado contente.
Ela olhou para o espelho
Lá dentro nada ela viu
Então naquele momento
O grande espelho partiu
O prédio ficou todo inteiro
Mas aquele cavalheiro
Nunca mais ninguém o viu.
O FOLGADINHO
- Bom dia senhora!
- Bom dia senhor.
- Senhora ou senhorita?
Essa era a forma com que o Ednilson, fazia sua abordagem. Logo que via uma mulher que de alguma maneira tinha chamado sua atenção, isso independente de idade, raça, cor, credo religioso, ou ate partido político. Para ele tudo isso não tinha a menor importância, isso porque para o Ednilson, o importante era a aproximação, o restante viria depois do primeiro contato.
Dessa forma ele se achava o melhor na paquera, e fazia questão de contar para os amigos, quais os resultados finais de suas abordagens, como ele falava: se a aterrissagem for perfeita, o restante é só uma questão administrativa.
Saía todas as manhãs para uma caminhada rápida pela praça do bairro, (era conselho médico), isso porque o Ednilson já havia sobrevivido a dois infartos, e outras complicações coronarianas, era slogan dele: enquanto o coração velho aguentar eu estou pra paquerar, e ria de sua maneira folgada de ver a vida.
Eu sou um bom vi van, (e ria da cara que seus amigos faziam), mas todos sabiam que de fato o Ednilson era um “enxeridinho” inveterado, só a esposa dele, (a Dona Acássia), ciumenta aos extremos; não sabia dessa qualidade de seu esposo, (porque se soubesse...), ninguém saberia avaliar sua reação.
Os amigos mais próximos e familiares aconselhavam: cara; um dia você vai se dar mal, aí, nunca mais você se aproxima das mulheres com segundas intenções.
Nada amigos; nessa matéria sou catedrático, e alguma delas achar que estou sendo inconveniente, peço desculpas, digo que fui mal interpretado e saio de fininho; assim sempre deu certo.
E foi assim que em um desses dias de caminhada matinal que o velho e safenado Ednilson, notou que também caminhava uma bela senhora, ele nunca tinha visto aquele “monumento” por aquelas paragens, e de imediato procedeu a investida.
Bom dia Senhora!
Bom dia Senhor,
Senhora ou senhorita?
Senhora, Rosa, por favor!
Ednilson, e me considere seu criado.
Faz caminhada todos os dias dona Rosa?
Não, hoje é um primeiro.
Então; ele iniciou aquele papo, (o cerca Lourenço), com perguntas, e elogios, não a ela, mas as condições climáticas daquela manhã.
De repente ele para.
Ela também o faz.
Então ele iniciou a investida final, para o abate (como ele costumava falar).
Senhora Rosa; hoje estou fazendo essa caminhada com meu coração em frangalhos.
Sim senhor Ednilson; e por quê?
É que ontem morreu minha cadelinha de estimação, (e olhou para ela com aquele olhar de pesar).
Senhor! Não se preocupe, eu tenho uma amiga que tem duas cadelinhas novinhas e com certeza, a meu pedido ela dará uma, para o senhor!
Não dona Rosa, a senhora não esta entendendo; é que agora minha necessidade não é de uma cachorrinha quadrúpede, e sim de uma bípede.
O que ocorreu ele não lembra, só lembra que algumas pessoas estavam de pé a sua frente, todos com ares de preocupação, por ele ter (aparentemente) sofrido um desmaio, e na queda machucou o olho direito.
E que dona Acássia (desconfiada) teve que colocar um pedaço de bife, pra amenizar o inchaço daquele olho que agora estava completamente roxo.
Dessa maneira o Ednilson jura para os amigos que não vai deixar de caminhar, apenas vai mudar de lugar, e que com certeza ira mudar sua tática de abordagem.
E que nunca mais quer encontrar dona Rosa a sua frente.
Ela tem a mão muito pesada.
domingo, 1 de abril de 2012
A ÁGATA E O DIAMANTE
É assim a existência
Dos seres do universo;
Ninguém conhece o destino
Mesmo que seja o mais perto.
Porque tudo esta traçado
Mesmo que pensem errado
Mas está escrito certo.
Vejam as pedras preciosas.
Que é esse nosso tema;
Elas são a perfeição
Por isso se chamam gema
São raras e preciosas,
São sempre as mais famosas
E de beleza extrema.
Vejamos em particular
A nossa pedra afamada.
Que no caso é a Ágata
Que quando bem trabalhada
Torna-se uma joia fina
Dessa que nos alucina
No corpo da mulher amada.
São encontradas, amigos;
Nas larvas de um vulcão;
As mais belas são mais raras
Valem mais que um milhão
Não é fácil à encontrar
Precisamos trabalhar
Para ter uma na mão.
A nossa “pedra” a Ágata
Não é mais que um cristal
Que passou mais de mil anos
Pra se tornar colossal
Escondida e bem guardada
Nas rochas vulcanizadas
No mais profundo abissal.
E a outra. O diamante,
Negro como a escuridão.
Um diamante incomum
Desse que chama atenção
É um diamante raro
Por isso eu o comparo;
A um sonho; ilusão!
Esse tipo de diamante
Dizem que é espacial,
Não se origina na terra;
Por isso não tem igual.
É algo bem diferente;
Chama a atenção da gente
É algo quase irreal.
Esse nosso mineral
Não é formado na terra
Ele vem lá do espaço
E quando ele cai; soterra.
É resto de asteroide,
De estrela que explode
Como se fosse à guerra.
Por isso eles são tão raros
Os nossos dois minerais
São de fato valiosos
Porque são belos demais
Se fossem seres humanos
Com certeza não me engano
Formariam bons casais.
Nunca tinham se encontrado
A ágata e o diamante
Uma tão branca, opaca,
O outro negro brilhante
Mas ninguém muda o destino
Traçado pelo Divino
De forma tão intrigante.
Essa é mais uma história
Criada pelo destino
Que vai unir duas pedras
Que representam o fascínio.
Dois seres bem diferentes
Daqueles que fazem a gente;
Crer muito mais no Divino.
Na vida temos caminhos
Que a gente não conhece
Mas temos que passar por eles
Porque a alma obedece
Aos desígnios do destino
Traçado pelo Divino
Se alguém mudar, enlouquece.
Foi assim que se encontraram
A ágata e o diamante,
Ela bela e bem criada
Ele um cavalheiro andante,
Que andava sem destino,
Mas com jeito de “granfino”
Bem vestido, e bem falante.
E quando os dois se olharam
Apenas por um segundo;
Foi um olhar diferente
Aquele olhar bem profundo.
Olharam-se com a alma
Desse que o peito acalma
Mesmo estando moribundo.
Ela esboçou um sorriso
Desse acalentador
Ele apenas com um gesto
Deixou-a em um torpor
Desses que você quer fugir
Mas não consegue sair
É o inicio do amor.
Pararam por um instante,
Um com outro a sua frente;
Não deram uma palavra
Mas de forma bem dolente.
Ele apanhou sua mão
E, pois sobre o coração,
Que batia diferente.
Primeiro ele falou:
- Não quero saber quem és;
A partir desse instante
Estarei sempre ha teus pés
Serei sempre teu escravo
Mesmo que seja um bravo
Desses que são mais fieis.
Não fales; apenas ouça,
Nada tenho pra te dar
Apenas tenho o amor
Com eles podes contar
Sei que tu és de nobreza
Mas podes ter a certeza
Que quero te desposar.
Vou dar-te todo o amor
Que é o maior do mundo
Não ligues minha ousadia
Pois em fração de segundo
Vi-me morto e enterrado
Por nunca ter eu amado
Com um amor tão profundo.
Sou apenas um diamante
Pronto pra ser lapidado.
Mas só quero que aconteça
Se tiveres a meu lado;
Quero que tenhas a certeza
Falo-te na maior clareza
Estou louco, apaixonado.
Então com lágrimas nos olhos
Ela falou pra o rapaz
- Espero que nada temas
Que por ti serei capaz
De esquecer meu passado
E deixar tudo de lado
Partirei contigo em paz.
Desde que olhei pra ti
Dentro meu peito tremeu
Foi como fogo de brasa
Queimando tudo que é meu
Agora que estamos livres
Seremos sempre felizes
Si é vontade de Deus.
Contigo eu partirei
Na hora que você quiser
Não olho nem para traz
Si é isso que você quer
Estarei sempre em teus braços
Nunca sentirei cansaço
Faça-me sua mulher.
É que Deus escreve certo
Mesmo a linha estando torta
Quando alguém fecha a janela
Ele nos abre uma porta
Que é a porta da bondade
Dentro tem felicidade
É isso que nos conforta.
E aquela duas “pedras”,
Antagônicas na cor
Uma preta a outra branca
Mas que irradiam calor
Fundiram-se nessa história
Que fica em nossa memória
Tudo em nome do amor.
E assim as duas pedras
A Ágata e o Diamante
Nunca mais se separaram
Seguiram a vida adiante
Viveram sempre felizes
Nunca houve cicatrizes
Entre aqueles dois amantes.
Nivaldo Melo
A MULHER QUE VIROU PEIXE
Nivaldo Melo
Essa historia me foi contada
Quando estava no portão
Daquela casa sombria
Lá no meio do sertão
Nas terras abençoadas
Por pessoas afamadas
Padre Cícero e Lampião
É um caso meio estranho
Desses que a gente duvida
Mas que de fato acontece
Ao menos uma vez na vida
Podem assinar lá em baixo
Quem lhes conta é cabra macho
Que não tem medo de intriga
O seu Mané de Sabina
Neto da veia Fulô
Que era fia de Barbina
Casada com o pescador
É antigo na cidade
E fala só a verdade
Foi ele que me contou.
Seu moço aqui na cidade
No sítio do veio Romeu
Que fica perto do rio
E foi lá que aconteceu
Esse causo foi bisonho
Que só conto pra estranho
Porque acredita in neu.
Ai pegou seu cachimbo
Deu aquela baforada
A fumaça cobriu tudo
Quase saio em disparada
Que fumaça fedorenta!
Fiquei foi tapando a venta
Ate quase a madrugada.
Ele estava estudando
A forma de me contar
Da mulher que virou peixe
Difícil de acreditar
Então pedi direitinho
Para aquele bom velhinho
Pode agora começar.
Então ele começou
A narrar o ocorrido
Então baixei a cabeça,
Desentupi o ouvido
Então passo pra vocês
Da forma que ele fez
Tudo cagado e cuspido.
Foi lá pelo ano trinta
Eu era piqinininho
Morava cum nós uma veia
Fartando o dedo mindinho
Ela era bem antiga
Tinha a cara inculhida
Era dos anos, Zezinho!
Todo dia ia à veinha
Lá pra o rio pescá
Mas nunca trazia peixe
Coisa de se istranhá
Pra nós nunca pescou nada
Saia de madrugada
Só lá pra noite vortá.
As língua firina falava:
Nesse causo tem histora
Um dia nós segue a veia
Discobri tudo na hora
Ela vai ficar danada
Mermo sendo madrugada
Nós bota a veia pra fora.
Mas ninguém tinha corage
De ir com a veia ao rio
Na ida tava iscuro
De vorta tava sombrio
E a veia era tirana
Braba, feito caninana,
Tanto com calô ou no frio.
Se arguem falava com ela
Era um Deus nos acuda
Botava uns óios vremeio
Dava medo até na muda
Depois dizia baixinho
Dou-te um murro no focinho
Que tu vai ficar papuda.
E se você insistir
A coisa fica pió
Tu tem qui mi respeitá
Pois tenho idade de vó
Te dou um tapa nas costas,
Abalo o saco da bosta
Que rasga teu fiofó.
E a coisa era esquisita
Nas noites de lua cheia
Dizem que ia pro rio,
E a coisa ficava feia
Era uma gritarada
Ia ate de madrugada
O grito era de baleia.
E quem passava no rio
No momento da agonia
Ficava com muito medo
Porque a água fervia
Os peixes saiam da água
Então choravam de mágoa
Pense numa bizarria!
E lá pela madrugada
Ela deitava na areia
Ficava se espojando
Era uma coisa bem feia
E então de pouco a pouco
Te garanto meu cabaco,
Ela virava sereia.
Era uma sereia bonita
Calda azul, bem reluzente.
Então entrava no rio
Nadava feito serpente,
Mas ficava muito esperta
Seus olhos ficavam alerta
Só pra ver se vinha gente.
E quando ela sentia
Que tava chegando alguém,
Ela saia das águas
Ficava feito refém
Toda cheia de vergonha
Branca, feito uma cegonha.
Chorava feito um neném.
E nas noites de lua nova
A coisa era bem pió,
Como a noite era escura
Ela então saia só
Escondida e deferente
Então virava serpente
Era cobra de cipó.
Era uma cobra estranha
Como ficava a véia
Tinha os dentes muito grandes
Não tinha escama, só peia.
Andava feito uma cobra
Era feia aquela obra
Era um peixe amoreia.
Um dia, oh seu minino.
Arguem disse ao delegado
O que tava acontecendo
Naquele lugar malfadado,
Então foi verificar
Quando acabou de olhar
Correu feito um viado.
Dizendo: vala-me Deus,
A coisa aqui ta é feia
E eu que sou da policia
Não me meto nessa teia
Jogou logo a farda fora
E esta morando agora
Numa sela; na cadeia.
Mas um dia meu sinhô,
Numa noite bem bonita
Deus estava preparado
Pra mudar aquela escrita
A mulher foi para o rio
De um jeito bem sombrio
Fez uma prece infinita.
Quero que tires Senhor,
Do meu peito esse vazio,
De mim tenha piedade
Me tire desse sombrio,
E por favor não me deixe.
Então ela virou peixe
Entrou na água e sumiu.
Nivaldo Melo
terça-feira, 20 de março de 2012
UMA QUESTÃO DE DIREITO
Quando falam: “NEM TUDO QUE É CERTO É JUSTO”.
Quero nessas linhas concordar com o dito.
Realmente não sei se estarei certo, mas procurarei ser o mais justo possível.
O que quero expressar não é apenas um relato, é com certeza, uma constatação, e eu não estaria sendo justo se não colocasse em “linhas tortas” o que é de fato certo e merecido.
Até agora apenas “abobrinhas” para criar uma expectativa em meu leitor, que pode ser um, uma, uns ou umas.
É apenas um pequeno agradecimento a pessoa a quem de fato estou devendo isso.
Evitarei nomes, mas quando “a quem” estiver endereçada a mensagem a ler, saberá realmente que não somente eu, mas muitas outras pessoas estão devendo esse agradecimento, isso porque é certo, embora não seja tão justo.
Saber educar é uma virtude, embora outros falem que é uma obrigação, mas; quantos se esforçam e não conseguem passar aquilo que de fato é correto para outras pessoas, principalmente para filhos, netos, ou ate amigos, sucumbem, ao constatar que, não existe verdades, e sua verdade pode não ser a mesma para quem à esta ouvindo.
Mas quando se fala de caminhos que devemos seguir apenas os incoerentes e os inconsequentes não entendem ou não querem entender.
Agora vamos aos agradecimentos.
De dentro de meus olhos para dentro dos teus.
Tudo que fizemos por e para ti, recebemos de volta em igual tamanho ou em tamanho ampliado, nada deixaste passar sem que em contrapartida retribuísseis em valores mais elevados.
O respeito por aquilo que não te pertencia, e que se o querias trabalhaste para consegui-lo, a forma com que ouviste e absorveste os conselhos que te eram passados e como colocaste em pratica de uma forma que todos nós entendêssemos que era realmente assim que devíamos ter-te ensinado.
Se em teu caminho encontraste pedras e tropeçaste; porque voltaste pelo mesmo caminho e esbarraste na mesma pedra? Não foi tua culpa; é que deveríamos ter de ensinado que não se tropeça na mesma pedra, que é muito fácil se contornar os obstáculos. Quando falávamos que deverias seguir por outra trilha, estávamos querendo afirmar que podias seguir por outro caminho para alcançar o destino desejado; e que de tua maneira poderia ser a mais correta, porque os objetivos traçados ou sonhados por nos para ti, não eram os mesmos que os teus, mas que nunca tiveste coragem de nos afirmar, porque éramos muito inflexíveis em relação a nosso e não teus objetivos.
Obrigado por tudo que nos tens ensinado, e que somente agora estamos compreendendo; obrigado mesmo (de coração), porque somente agora conseguimos abrir nossos olhos para o que é certo e justo “para ti”, erramos. Mas estamos tentando concertar esses erros, novamente voltando a te ensinar o caminho que nos trouxe ate aqui, e que queríamos que andasse pelo mesmo.
Obrigado por teres dois (seres) “presentes” e que agora não sabes onde colocá-los; se por traz da porta ou em baixo do tapete, achamos que deves agir como sempre o fizeste (por impulso), e com a satisfação de querer provar que esta sempre certa, e que a opinião e os ensinamentos de nada servem se a gente sabe em qual cama devemos nos deita.
Queremos te pedir desculpas por termos te ensinado tudo errado, e termos feito por ti o que não fizemos por outros que te antecederam.
Muito obrigado mesmo! Queríamos transformar defeitos em virtudes, desculpe-nos por não termos conseguido.
Hoje estamos em dúvidas se fomos justos ou certos, se fomos somente certos, ou se fomos justo, não contigo, mas conosco.
Fomos justos conosco? Agimos certo contigo? Ou simplesmente estamos colhendo aquilo que plantamos?
Conseguiste deixar essas dúvidas; agora não mais sabemos o que é certo ou justo.
Os nosso caminho embora sejam os mesmos, não conseguimos nos encontrar. Será que é porque nossas direções são a mesma; e um esta muito a frente do outro?
Ou nosso caminho é o mesmo e caminhamos em sentido oposto, e já passamos um pelo o outro e não nos vimos e nem simplesmente nos cumprimentamos?
Luto em não deixar pra lá.
Assim agem os covardes.
Por outro lado não vejo sentido em carregar água em uma peneira.
Assim agem os loucos.
Então vou respeitar minha insignificância diante de tudo isso.
Porque é certo.
Mas tenho que te agradecer por tudo que fizestes e continuas fazendo conosco.
Porque é justo.
Obrigado, muito obrigado mesmo.
E desculpe-nos por termos tentado acertar.
Queríamos ser certos e justos.
Tudo isso é UMA QUESTÃO DE DIREITO.
Nivaldo e Nanci Melo
quinta-feira, 1 de março de 2012
ESTÃO MATANDO A MORTE
Com o avanço da ciência
A coisa vai piorar
Estão matando a morte
É coisa de admirar
Para mim tenham certeza
É contra a natureza
Se a morte acabar.
Será coisa de outro mundo
O que querem eles fazer
Tão inventando de tudo
Vou prevenir a você
Se matarem a velha morte
Quem não tiver muita sorte
Garanto que vai sofrer.
Primeiro vamos tentar
Acabar com o sofrimento
Acabem logo com a dor
E com o envelhecimento
Detonem com as doenças
Ai todos terão crença
De que vocês têm talento.
E se matarem a morte
O que podemos fazer
Se nossa população
Não vai parar de crescer
Nós vamos ter tanta gente
Que vocês fiquem bem crentes
Na terra não vai caber.
Mas para esse caso,
Nós já temos a solução
É só obrigarem os homens
Viver na masturbação
E nossas belas mulheres
Não vão fazer o que querem
Pois vão virar sapatão.
Mas tem outra opinião
A do povo do outro lado
Os que vivem da orgia
E que não fica calado
As mulheres? É só castrar,
Assim elas podem dar
Sem ficar naquele estado.
O nosso medo, amigo;
É que a coisa vai pegar
Se você esta morrendo
O doutor vai te salvar
Vão trocar teu coração
Fígado, rim e pulmão,
E você volta a andar.
Hoje; os velhos não broxam,
Já pode vir quem quiser
Pode ser nova ou coroa
Que o bicho fica de pé
É só tomar um cachete
Que o pinto endurece
Venham de frente ou de ré.
Já pensou querer morrer
E você não conseguir?
Não vai encontrar um modo
De como você sumir
Porque já mataram a morte
Mesmo que alguém se enforque
Ele não vai sucumbir.
Eu não sei como vai ser
A terra cheia de velhos
Os coveiros esperando
Na porta do cemitério
Mas se ninguém vai morrer
Não dar para entender
Se tem fim esse mistério.
Vamos pedir pra os cientistas
Que parem por um momento
Façam uma avaliação.
Propomos um adiamento,
De toda essa obsessão
Do jeito que as coisas vão
Isso não tem cabimento.
Façamos uma reflexão
Daquilo que você ler,
É a lei da natureza,
Nascer viver e morrer
Se vocês matarem a morte
Nós vamos fazer um corte
Vai ser só nascer e viver.
Ao que parece vocês
Não têm fé; são uns ateus,
Por favor, olhem o futuro,
Não esqueçam os filhos seus
O que será dessa gente
Vagando feito dementes
Não mudem o feito de Deus.
Eu sei que vai ter pessoas
Entrando em desespero
Querendo que a vida se vá
Elas pagam um bom dinheiro
Mas não podem conseguir
Porque não tem aonde ir
Nem com ajuda do coveiro.
E quando chegar o dia
De um vivente “partir”
Vai receber um E-mail;
Você não pode subir
Aqui ta tudo ocupado,
O elevador ta parado,
Pode ficar por ai.
Vai ser um Deus nos acuda,
O excesso de lotação
É um por cima do outro
Uma total confusão
Todos querendo morrer
Mas isso não vai poder
Mataram a morte, Irmão.
Se você quiser morrer,
Pules do décimo andar.
Sabe o que vai acontecer?
Crias asas pra voar
Tu vás ficar muito triste
Dizendo isso não existe
Quero mesmo é me matar.
Outro é atropelado
Pelo vagão de um trem
Não morre; é moribundo,
E não conhece ninguém
Vai é continuar vivo,
Doente e muito agressivo,
Da vida fica refém.
Muito cuidado ciência
Naquilo que vás fazer
Nunca deletem a morte,
E deixem o povo morrer
Mas se vás continua
Garanto que vai sobrar
Somente para você.
Espero que não insista
Nesse seu objetivo
O povão pode ficar
Um tanto quanto agressivo
Vamos parar o intento
E dar um tempo ao tempo
Para o bem coletivo.
Vocês podem pesquisar
A cura para doenças
Vão treinando nos ratinhos
Que isso não é ofensa
Nós damos muito valor,
Para o pesquisador.
Ele faz a diferença.
É bom saber que a ciência
Trabalha em nosso favor
Sabemos que eles querem
Amenizar nossa dor
Mas tenha muita paciência
Não queira que essa ciência
Transforme-nos em sofredor.
Já fizeram tantas descobertas
Que tiram o sofrimento
E continuam pesquisando
Agora nos alimentos
Tão modificando tudo
Só comemos agora adubo,
Devemos ficar atentos.
Por enquanto agradecemos
Porque estamos com sorte
Mas se aparece um doido
Que seja muito mais forte
Que queira aparecer
E vai querer se atrever,
A matar a nossa morte.
A PEDRA MAGICA
No reino do faz de conta,
Em um lugar bem distante
Aconteceu essa historia
Que é muito interessante
É quase um conto de fada
Que vai aqui ser narrada
É um caso eletrizante.
Vivia aquele reino
Dias de muita alegria
Na rua o povo cantava
Era aquela euforia
A princesa ia casar
Era bom se alegrar
Porque todo mundo ia.
O noivo era o herdeiro
De um reino diferente
Onde o povo era bem triste
Porque o rei era ausente
E o príncipe herdeiro
Era louco por dinheiro
Mas era meio demente.
A princesa não sabia
Como era seu prometido
Sabia que era um príncipe
De um lugar meio escondido
Mas ela só protestava
De seu jeito adivinhava
Um futuro indefinido.
Certo dia lá na praça
A bela noiva foi vista
Passando em carruagem
Parecia uma artista
Seguida por dez soldados
Montando cavalos alados
E pondo o povo em revista.
Então para seus espantos
A comitiva parou
E a princesa desceu do trole
E pra o povo assim falou:
Meus súditos e bons amigos
Prestem atenção no que digo
Acho que meu pai falhou.
Porque estou prometida
Para quem eu não conheço
Não temos informação
Nem do fim nem do começo
De quem será meu marido
Que pra mim tá escondido
Desse jeito eu enlouqueço.
Foi aquele alvoroço
No meio daquela praça
Todos se compadeciam
Antevendo a desgraça
Foi aí que se ouviu um grito
Para não ter um conflito
Vamos criar uma farsa
Mas que farsa vai ser essa
Perguntou logo a princesa
Como nós vamos mudar
Os pratos que estão na mesa
- Digas que tivestes um sonho
Foi daquele tão medonho
Que assombrou a nobreza.
Digas que só podes casar
Mas com o homem mais valente
Desse que possa trazer
Pra ti um belo presente
Não um presente comum
Dos que em mil se encontre um
Algo belo e diferente.
O desejo da princesa
Muito rápido se espalhou
E o príncipe prometido
Aos gritos só protestou
Não vou abrir minha mão
Vou comprar um presentão
Mas alguém assim falou.
Comprar presente, pra que?
Se a princesa só casa
Com quem trouxer um presente
Desses que tudo arrasa,
Portanto caias no mundo
Tire a ferrugem do fundo
Mas traga o presente em brasa.
E do outro lado do mundo
Num lugar quase esquecido
Um rapaz muito educado
Mas daqueles decidido
Resolveu participar
E saiu para caçar
O presente prometido.
Seu pai era lavrador
Então falou pra o rapaz
Tenha cuidado meu filho
Porque isso é demais
Se vás sair pelo mundo
Não esmoreça um segundo
Que por certo casaras.
Então pegou seu cavalo
E entregou para o filho
Deu pra ele um bizaco
Contendo nele um polvilho
E disse só podes usar
Se alguém quiser tirar
Do teu caminho o trilho.
O rapaz agradeceu
E prometeu para o pai
Vou chegar aqui casado
Porque sou um samurai
Comigo trago a princesa
E pode ter a certeza
Chego gritando Banzai.
Durante mais de cem dias
Esse rapaz galopou
Subia montes e descia
Ate que um dia chegou
Em frente a um grande rio
E quando parou ele viu
Foi ali que ele aportou.
Viu que lá dentro do rio
Algo estranho reluzia
Queria saber o que era
Vou pegar ele dizia
Então saiu a nadar
Ate poder encontrar
Aquilo que ele queria.
Era uma pedra brilhante
De uma cor amarela
Ela mudava de tom
Se alguém olhava nela
Olhou e viu a princesa
Com toda sua beleza
Debruçada na janela.
Quando já ia voltar
Algo estranho aconteceu
Saiu do rio uma cobra
Ai ele se benzeu
Jogou nela aquele pó
E a cobra de cipó
Logo desapareceu.
Então veio lá de cima
Um lagarto voador
Ele lhe mostrou a pedra
Então o bicho voltou
Deu um grito estridente
Desse que espanta gente
O rapaz então gostou.
Foi ai que o samurai
Jogou o pó no cavalo
Então ele criou asas
Como asas de um galo
Com penas bem coloridas
E pontas muito compridas
E perguntou: eu disparo?
Em menos de quatro horas
Voaram ate o destino
Quando chegou encontrou
Tudo em grande desatino
Tinha muitos pretendentes
Querendo se mostrar valente
Mostrando presente fino.
Ficou muito preocupado
Foi o ultimo a chagar
Os portões foram fechados
Porque não tinha lugar
Pra colocar tanta gente
Todos eles pretendentes
Par princesa desposar.
Então ficou acertado
Tudo pelo soberano.
Quero que todos coloquem
Seus presentes em um pano
Não pode ser mais de um
Porque é caso incomum
Não entrem em desengano.
O samurai colocou
Sua pedra em um pano preto
E colocou o seu nome
Todo feito um folheto
Como se fosse um cordel
Pôs o melhor papel
E esperou o efeito.
O pano preto causou
De todos, muita atenção
Porque pulava da mesa
E voltava para o chão
Saia de dentro uns raios
Que provocava desmaios
Naquele que punha a mão.
E quando a princesa abriu
E viu a pedra amarela
De brilho tão reluzente
Quis logo ficar com ela
Foi falando para o rei
Agora meu pai eu sei
Encontrei minha costela!
Então chamaram o rapaz
Que trouxe aquele presente
Ele veio em disparada
Se apresentou bem contente
Beijou a mão da rainha
E no rei deu um tapinha
De forma bem diferente.
Era o costume da terra
Cumprimentar o rei com uma tapa
Dada com muito carinho
Pra sacramentar uma etapa
Que se iniciavam agora
Entre senhor e senhora
De uma forma pacata..
Foram iniciadas as festas
Desse novo casamento
Durariam trinta dias
A partir desse momento
O novo casal teria
Dias de muita alegria
Nesse acontecimento.
Então reinaram os dois
Com muita sabedoria
Tiveram mais de dez filhos
Criados na mordomia
E os súditos do casal
Nunca passaram mal
Pois cresciam dia a dia
E no reino do faz de conta
Cada um tem seu papel
Tanto o Rei quanto a Rainha
Vivem em lua de mel
Pois sabiam da vitoria
Que um dia sua historia
Estaria nesse CORDEL
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
PAGINAS DA VIDA “V” – O TINTUREIRO
Depois de quase três anos, voltei a encontrar eu amigo Jonas “O Pescador”. Foi um momento de rara alegria, o Jonas se emocionou, deu-me um forte abraço, daqueles que só recebemos dos melhores amigos; abraço com um “Q” a mais, aquele alisado nas costas a altura dos ombros, é aí que vemos e sentimos o carinho das pessoas que de fato sentem-se felizes por nos encontrar.
Conversamos bastante durante horas, relembramos nossos encontros na praia, sentados à sombra de um coqueiro, degustando nossa cervejinha; ele contando suas aventuras de velho pescador e eu simplesmente ouvindo e anotando tudo. “Velhos tempos”!
Falou-me que tinha visto o escrito de suas aventuras e que havia gostado bastante, sem antes fazer elogios à forma da narração, inclusive nos detalhes do acontecido e que voltava a afirmar que tudo que ele falou e que eu transcrevi era a pura verdade. Sem tirar nem por uma única vírgula.
Em certo momento perguntei se continuava pescando, e se havia algo de novo que ele pudesse relatar? Ele me olhou de forma que me deixou alerta, sabia que dentro em breve, teria eu um novo causo para editar em nosso blog; e assim ele iniciou sua narrativa.
Amigo; arrumei um novo parceiro para minhas pescarias, acho que você deve conhecer; o “Nelson”, aquele da cicatriz na barriga! (Fiquei pensativo tentando me lembrar da pessoa citada), de repente o velho pescador alertou: ali vem ele! Olhei na direção que ele apontava e reconheci de imediato; era outro pescador que me havia sido apresentado pelo Jonas, cumprimentamo-nos; ele sentou ao nosso lado, então o velho amigo começou sua narração.
Estávamos, eu e o Nelson de viagem para uma pescaria em um local bem distante da costa, já velejávamos há quase três horas. De repente o Nelson chama minha atenção afirmando que alguns pregos estavam soltando-se das tabuas de sustentação do barco, fomos à caixa de ferramentas e não encontramos o martelo (havíamos deixado em terra, mas para que martelo em pescaria?), estávamos de fato em grandes apuros. Alguns segundos de medo, (quase pânico).
De repente vimos um cardume de tintureiros, “tintureiros”? (Repeti abismado), sim, disse Nelson: tintureiros é um peixe que vocês conhecem como “tubarão martelo”, (e o Jonas continuou sem me dar ouvidos), então esperei a passagem de um tintureiro menor, apanhei-o pelo rabo, tirei-o fora d’água, e imediatamente bati os pregos que estavam saindo da taboa, assim continuamos nossa viagem em segurança.
Olhei espantado para o Nelson, (que me olhava por cima dos óculos), ele balançou a cabeça em um gesto de afirmação daquilo que estava sendo narrado pelo velho pescador.
Os dois levantaram-se, fizeram gestos de cumprimento e saíram do local sem pronunciarem uma única palavra e nem olharam para traz.
Fiquei durante alguns minutos sem ação, mas emiti um sorriso, balancei a cabeça em um gesto de negação e sai do local para escrever mais uma das muitas PÁGINAS DA VIDA.
DOMINGO LINDO
Passaram o mês inteirinho
Vendendo todos os ingressos
Todos muitos coloridos
E de fato bem impressos
O líder comunitário
Não queria retrocesso
Pra o primeiro piquenique
Qualquer um teria acesso.
Contanto que você pague
O valor de uma só vez
Não pode ser dividido
Pra evitar liquidez
É um valor tão pequeno
Garanto isso a vocês
O dia já esta marcado
Vai ser nesse fim de mês
Fizeram foi propaganda
Até em carro de som
Procurem o seu Batista
E comprem o seu cupom
O transporte ta garantido
Em um ônibus muito bom
Com cadeiras reclináveis
Feitas de couro marrom.
Com uma semana antes
Já tava tudo vendido
A Amara comprou quatro
Ela, dois filhos e o marido
E informou as amigas
Que já tinha resolvido
Na praia; fio dental
Pra nada ficar escondido
E teu marido mulher?
- Ele é muito liberal
Vai de short asa delta
Só pra esconder o bilau
Quando olharem pra ele
Não vão querer passar mal
Ele é meio avantajado
É assim o Juvenal.
Os jovens já prepararam
Dois times de futebol
Colocaram logo os nomes
Espinhela e caracol
Iriam jogar no campinho
Que tem em frente ao farol
Depois do jogo teremos
Três isopores com Skol
No dia e hora marcada
O ônibus já estava lá
O líder comunitário
Andava de lá pra cá
Ta faltando muita gente
A saída vai atrasar
Temos hora pra sair
E hora para chegar
Mais dez minutos depois
O ônibus deu a partida
Quem provocou o atraso
Foi à turma da batida
Os batuqueiros do samba
Que iam animando a ida
E na volta quem anima?
Só quem não tomou bebida.
Vamos ver o que levaram
Pra praia os farofeiros.
Pra beber levaram rum,
Vinho, cachaça de cheiro
Vodka, cerveja e conhaque
Pra beberem o dia inteiro
Um fogareiro e carvão
E alguém pra churrasqueiro.
Pra comer levaram pão
Galeto, e carne assada
Pras crianças só levaram
Muita pipoca e cocada
Levaram muita farofa
Daquela embolorada
Com cebola e muito coentro
E tapioca ensopada.
Na viagem era um barulho
Daquele bem infernal
Cada um cantava um ritmo
Era uma loucura total
O batuque era estranho
A música? Era surreal
Quando batiam no surdo
Parecia um berimbau
Cantavam-se musica antiga
A letra ninguém sabia
Aí misturavam tudo
No fim ninguém entendia
Se cantavam ou berravam
Se chorava ou se sorria
E o motorista gritava
Parem com essa anarquia!
No caminho a policia
Parou para revisar
A lotação do veiculo
Pois era particular
Então deram uma batida
Tava tudo em seu lugar
Disseram tá tudo OK
Começaram a lhes vaiar.
Quando chegaram à praia
Foi aquele fuzuê
O refrão naquela hora
“Só vai ter bunda lê, lê”
Vamos todos, pessoal!
Ta na hora de descer
Aquele que demorar
Não vai comer nem beber
O Juquinha foi correndo
Na areia se enroscou
Parecia um empanado
Fedendo muito a cocô
Rolou em cima da bosta
Porque nem ele notou
Que alguém tinha ali cagado
Na noite anterior.
E Justina a noiva dele
Disse contigo não fico
Não vou ficar com um cara
Rodeado de mosquito
E o que é que vão pensar
Esse rostinho bonito
Abraçada ao fedorento
Vai ficar muito esquisito.
Os times estavam prontos
Pra o jogo de futebol
Que tinha sido acertado
Pra o campinho do farol
Foi trocado na chegada
Por jogo de voleibol
Outros ficaram empinando
Pipas com linha e seról
De repente vão chegando
Ônibus por todos os lados
Gente por todos os cantos
Que ficavam misturados
Uns se perdiam dos outros
E depois eram encontrados
Misturam-se as comidas
Comeram crus e assados.
Parecia uma batalha
Onde ninguém se entendia
Era uma torre de Babel
Construída em um só dia
Ninguém ficava parado
Quem não rolava corria
Só quem ficava parado
Era só porque bebia.
E já no final do dia
Amara tava enlouquecida
Pois encontrou Juvenal
Furufando Aparecida
Estavam em baixo do barco
A coisa quase escondida
Mas foram bem descobertos
Pela turma da bebida
Então Amara gritava
Me dêem meu punhal
Eu vou furar essa quenga
No seu órgão sexual
E o meu ex-marido
Não será mais Juvenal
Vou arrancar dele tudo
Não fica nem o bilau.
Juvenal saiu correndo
Já tava sem aza delta
No lugar desse shortinho
Ele estava de cueca
Aparecida chorava
Cobrindo a prexereca
Toda suja de areia
Parecia uma meleca.
Foi quando Batista gritou
Tá na hora pessoal!
Vamos todos para o ônibus
Fim do domingo legal
Vamos voltar para casa
Ainda vai ter sarau
Só lamentamos a treta
Que aconteceu no final.
E assim aconteceu
Dos piqueniques o primeiro
Conseguiram reunir
O melhor do farofeiro
Todos, pessoas de bem
Povo legal e ordeiro
Prometendo que voltariam
No segundo e no terceiro.
E o destino de Juvenal
Com Maria Aparecida?
Ficaram mesmo na praia
Sempre, sempre as escondida?
Agora eles tão juntos
Vivendo bem suas vidas
Escondidos da Amara
Que não lhes dava guarida.
Mas que sempre prometia
Tu me pagas Juvenal
Te garanto que um dia
Ainda vás te dar mal
Vou lhes pegar direitinho
La dentro do matagal
Dela arranco a perereca
E de você corto o pau.
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
O NIVEL
Aqui vocês terão não um causo, mas uma história; um fato que teria tudo para se tornar cômico, se não tivesse sido tão trágico.
Mas finalmente, a comicidade e a tragédia andam juntas; de mãos dadas, e uma pode ser simplesmente conseqüência da outra, o que para uns é trágico para outros pode ser cômico.
Esse fato ocorreu, fomos testemunha.
Os nomes aqui grafados são nomes fictícios, mas quem ler essa narrativa e teve participação direta ou indireta, saberá com certeza declinar os nomes de seus participantes.
Praia de Peroba, (litoral norte de alagoas), divisa entre os estados de Alagoas e Pernambuco. Três famílias amigas reunidas, ao todo, dez pessoas que são amigos a bastante tempo, e nesse tipo de reunião pessoas se destacam por suas irreverências, por suas excentricidades, por suas timidez, etc. Entre os irreverentes destacamos o Mércio, “gaiato por natureza” e mais ainda quando toma algumas doses a mais da conta.
Um dia antes do fato, comemos bastante: carnes, gorduras, embutidos, sarapatel de dia e rabanada a noite. Efeito fermentativo e explosivo durante toda a madrugada.
Dia seguinte, alem dos comentários um bom joguinho de domino, para fazer hora para o segundo tempo (reinicio dos trabalhos).
Lá para as 10 horas o Mércio manifestou a necessidade de ir ao banheiro, fazer suas necessidades fisiológicas, é que a coisa estava se desenhando um tremendo banho de bosta fermentada, fato comprovado por todos, devido ao mal cheiro que saía em doses homeopáticas da parte traseira do Mércio. Corre para o único banheiro “disponível”, encontra as duas sobrinhas depilando as pernas; ele grita saaaaaaiam!!!!!! As meninas correm, ele depressa fecha a porta, arria a bermuda juntamente com a cueca; e como um raio senta com todo vigor possível na bacia sanitária.
“INICIO DA TRAGÉDIA” – As meninas tinham deixado a tampa da bacia arriada; o Mércio bate com o trazeiro na tampa branquinha do vaso sanitário, desequilibra e ver que vai cair de cara no chão. Depressa, solta a roupa, se segura na pia, evitando a queda.
“INICIO DA COMÉDIA” - Nesse movimento rápido esquece a que veio; e deixa tudo frouxo lá em baixo. O que estava preso saiu com uma super pressão, explosão total, Nitroglicerina pura, suja tudo; a roupa, o chão, os vidros do Box e principalmente as paredes que ficavam por traz da bacia sanitária, ate a altura da caixa de descarga.
“O DRAMA FINAL” – Com a cara de “nada aconteceu”, volta o Mércio, pálido como uma cera. Ouvem-se gritos vindos de dentro da casa, “eram as meninas que voltaram ao banheiro para complemento da depilação.
Então o Mércio falou:
Muita calma nessa hora meus amigos.
É que as meninas acabam de encontrar o NIVEL DA BOSTA.
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
NA SEXTA DIMENSÃO
Resolvi certa manhã
Sair por ai, sem rumo;
Esperando encontrar nada
Mas se encontrar eu assumo
Foi o que me aconteceu
Vou lhes fazer um resumo
Da forma mais coerente
Vai ser assim; eu presumo.
Chamei meu melhor amigo
Para me acompanhar
No inicio retrucou
Mas veio bem devagar
Antes mostrei um caminho
Ele teve que aprovar
Abastecemos meu carro
E saímos a viajar.
Era um dia muito azul
Daquele azul bem bonito
O vento era bem ameno
Mas era um vento esquisito
Comentei com meu amigo
Mas quase entramos em conflito
Ele não concordou comigo
Foi quando ouvi um apito.
Parei de imediato
O carro fora da estrada
Desci e fui procuras
Então ouvi só risada
Vinha de traz de uma arvore
Dessas bem avantajada
Bateu-me um frio na espinha
Fiquei de cabeça inchada.
Mas como bom nordestino
Que não tem medo de nada
Mas se é coisa bem séria
Entramos dando pancada
Nordestino, é cabra macho
Não corre dessa parada
Quando entra numa briga
Vai de peixeira amolada.
Então parei de repente
Pra ver se melhor ouvia
Aquele som esquisito
De alguém que assobia
Pensei que era um grilo
Ou cigarra que brandia
Esfregando suas asas
Saudando aquele dia.
Então falei pro amigo
Espere-me ai um pouco
Vou pesquisar esse som
Que vem lá daquele toco.
Na primeira inspeção
Vi que ele não era oco
Veio-me a curiosidade
Sei que não estou louco.
Então me encostei na arvore
E coloquei meu ouvido
Foi ai que nesse instante
Eu ouvi um estampido
Veio de dentro da arvore
Senti-me assim agredido
Recebendo um solavanco
Então fui abduzido.
Quando me dei por mim
Estava frente a um rapaz
Acompanhado de uma jovem
De beleza bem fugaz
Eles olhavam-me rindo
Eu me senti incapaz
De ter uma reação
E ser passado pra trás.
Perguntei: onde estou?
Tas na sexta dimensão
Estas no planeta terra
Mas preste muita atenção
Aqui tudo é diferente
Não existe confusão
Aqui você não tem nada
Não existe divisão.
Olhei pra o lado e vi
O meu carro ali parado
Tentei me aproximar
Mas fui por eles barrado
Daqui ninguém vai sair
Só se for autorizado
Pelo habitante mais velho
Que deve ser bajulado.
Então gritei pra o amigo
Mas só saia uns apitos
Daqueles que só ouvimos
Quando estamos aflitos
Não adianta senhor
É que esse som esquisito
É o nosso idioma
Chamado; som do infinito.
Vamos nos apresentar
Foi falando o rapaz
Essa moça é TXDY
Ela é jovem por demais
Eu me chamo MCKI
E cultivo ananás
Depois lhe apresentamos
Os que estão logo atrás.
Foi quando olhei para o lado
E vi uma multidão
Homens mulheres e crianças
Que acenavam com a mão
Eu estava estupefato
Com aquela confusão
Não sabia se estava livre
Ou estava na prisão.
Aqui nessa dimensão
Temos um idioma comum
Em qualquer lugar que esteja
O idioma é só um
Para evitarmos transtornos
Da linguagem incomum
Aqui quando conversamos
Não tem problema nenhum.
Estamos bem divididos
Em 300 grupos ou mais
Só temos um governante
Os países são iguais
Falamos o mesmo idioma
Sem confrontos cruciais
Quem ouve apenas um silvo
São os nossos sons globais.
Todos os nossos habitantes
Têm nomes diferentes
Pra evitar confusão
De misturar toda gente
Juntamos só quatro letras
De forma bem coerente
Então se faz o registro
No cartório existente.
Então vou dar um exemplo
Para você entender!
Então chamou um senhor
E lhe pediu pra dizer
Qual era o nome dele
Ele falou sou DEFG
Não existe outro igual
Garanto isso a você.
Nosso mundo é paralelo
Ao que você nela habita
Não nos mostramos pra vocês
Porque ninguém acredita
Fazemos o mesmo que fazem
Mas de forma mais restrita
Daqui nós vemos tudo
Isso muito nos excita.
Eu olhava para o lado
E via bem meu amigo
Que esperava no carro
Sem se preocupar comigo
Eu gritava não me ouvia
Isso pra mim é castigo
Mas como bom nordestino
Não temo nenhum perigo.
Outra coisa eu descobri
La na sexta dimensão
Eles também têm família
Que vivem eu união
Quando formam um casal
É por amor e paixão
Casam por livre vontade
Não casam por coação.
Minha curiosidade
Aumentava cada vez mais
Eles me explicaram tudo
Mesmo as coisas banais
Perguntava do passado
E das coisas atuais
Nunca foram agressivos
Sempre foram cordiais.
Vocês podem me explicar
O que é sexta dimensão?
Que eu nunca ouvi falar
Pra mim vai dar confusão
Expliquem-me bem direitinho
Que vou prestar atenção
Se de fato essa existe
Ou é só embromação?
Quais são as seis dimensões?
- Isso é que quero saber!
A primeira; PROFUNDIDADE
É bom você escrever
A segunda é a ALTURA
Garanto isso a você
A terceira é a LARGURA
Disso não vá esquecer.
Agora vamos a quarta
A dimensão TEMPORAL
Em seguida vem a quinta
Que chamamos ESPACIAL
A sexta é a maior delas
Que denominamos MENTAL
Aquela que nos transporta
Atravessando portal.
Cada vez mais abismado
Dessa coisa colossal
Quis trazer o meu amigo
Para ter prova cabal
Aquilo que estava vivendo
Não era nada banal
Eu recebi permissão
E voltei para o portal.
Então chamei meu amigo
Para aquela experiência
Ele meio desconfiado
Disse que não tinha crença
Então falai para ele
Que não tinha diferença
Venha que eu lhe protejo
Disso tenha consciência.
Meu amigo como sempre
Olhava tudo calado
Curtia aquele momento
Olhando de lado a lado
Quando falavam com ele
Ele ficava animado
Ficando bem junto a mim
Pra não ser prejudicado.
Nessa nova dimensão
Todos curtem o presente
Os dias são como os nossos
Dia frio ou dia quente
Carros ruas avenidas
Em um plano diferente
Que é um plano paralelo
Ao que vive nossa gente.
Apenas nele o que muda
É onde esta o portal
Pode ser em uma rocha
Ou no fundo de um quintal
Ou mesmo em uma arvore
Como no caso atual
Mas no momento que voltamos
Saímos em outro local.
Lá aprendemos muito
Como devemos viver
Morar em comunidade
Temos muito que aprender
Viver como eles vivem
É difícil podem crer
Eles vivem em união
Dessa que é pra valer.
Eles lá não têm prisão
Porque não tem mal feitor
Não existe a figura
De alguém que é agressor
Tudo pertence a todos
Tudo é feito com amor
La todo mundo trabalha
Não tem aproveitador.
Vi por lá muitas crianças;
Velhos, vi quase nenhum
Só envelhece quem quer
Pra eles isso é comum
A mocidade é bem vinda
Não é fato incomum
Mas todos têm respeito
No coletivo ou em um.
E durante vários dias
Ficamos nessa dimensão
Anotamos quase tudo
Pra não haver confusão
Quando mostrássemos a todos
Aquela nova opção
De turismo no futuro.
É só encontrar o portão.
Para tanto é necessário
Que você seja do bem
Procure andar sempre certo
Não ofender a ninguém
Se pensas levar dinheiro
Pode esquecer o que tem
Lá tudo pertence a todo
Mas tens que levar alguém.
Você não pode ficar
Sem um par nesse lugar
Os casais sempre recebem
Uma casa pra habitar
Feita pelos habitantes
Dessa dimensão invulgar
Garanto que a felicidade
Irá contigo morar.
Se houver alguma dúvida
É só consultar meu amigo
Ele participou direitinho
E esteve lá comigo
Ele é um cão muito dócil
Que não oferece perigo
É da raça Pit Bull
E não vai mexer contigo.
Para mim essa aventura
Foi mais que uma atração
Correr por lá livremente
Sem stress e sem pressão
Volto pra lá com prazer
De carro, barco ou avião
Porque eu quero é viver
Lá na sexta dimensão.
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