sábado, 2 de junho de 2012

FOI ASSIM


Causo dedicado a um amigo distante, apenas para relembrar um pouco o passado.


Todos os sábados, quando criança; tínhamos a obrigação de freqüentar o catecismo (Catecismo: escola de instrução religiosa cristã, onde crianças recebem as primeiras lições religiosas, antes de fazer a primeira comunhão).
E era assim todos os sábados, doentes ou com saúde tínhamos como obrigação freqüentarmos o nosso catecismo, era um grupo de pequenos homens, com idades entre sete e onze anos, isso acontecido nos idos dos anos cinqüenta.
No grupo formado por cerca de sete (7) crianças amigas, todos com residências próximas, companheiros das velhas peladas (jogo de bola da periferia). Ainda me vem a lembrança alguns nomes, Genan (o velho G cabeção), um dos lideres do grupo, talvez o mais velho. Outro que fazia parte do grupo era o Everaldo (que se destacava no campinho onde batíamos nossa bolinha nos finais de tarde). O Zé Soares, o mais calado, queria ser padre, mas não levou a sucesso sua “vocação”, tornou-se militar, ainda o Zé Paulo, o mais falador, e mais os irmãos do “Geran”, o Elton, e o Nilton, e finalmente esse seu amigo narrados.
Foi assim; No dia de nossa ultima aula de catecismo, quase de final de ano, uma semana antes de nosso Primeira Comunhão, fizemos uma pequena comemoração, (quase uma despedida antecipada de amigos), almoçamos todos na casa do “G”, (aquele sarapatel super gorduroso), muito bem preparado por Tenaide (a “Tena”, irmã do nosso líder), suco de abacaxi,serviu como bebida para os amigos barulhentos.
Tagarelávamos sobre nossa Catequista a Dona Terezinha, sempre dócil e bastante apegada as coisas Divinas. Zombávamos de nossa instrutora, que era bem pretinha super magra, e alta, apelidamo-la de vara de matar morcegos, vara de virar tripa, e outros adjetivos que jamais teríamos coragem de dizermos diante de nossa mestra, e assim chegou a hora de irmos para a nossa ultima aula.
Nessa altura o sarapatel já tinha agido dentro de nossas barrigas fazendo um efeito devastador (mas somente no “G”), no caminho para a escola, a coisa foi ficando estranha, o “G”, suava, foi ficando verdolengo, mas sempre calado, de repente corria pela perna de seu short aquele caldo preto, efeito rápido do sarapatel.
Passam-se quase 60 anos, e novamente por conta de um sarapatel preparado pela irmã a Tena, (isso na casa dela), estamos lá reunidos quando o mesmo “G” (agora de cabelos grisalhos) sente-se obrigado a procurar um abrigo para colocar pra fora aquele sarapatel. Corre para um banheiro (ocupado), o segundo (ocupado), para a suíte, (porta fechada) e ali na frente de todos sem que ele pudesse de alguma forma atenuar; a coisa aconteceu.
Aquele caldo preto correndo pela perna da bermuda branca do “G”, inclusive tingindo de preto outros locais mais.
E o nosso Geran (“G”) naquele momento (muito envergonhado), relembrou o passado; olhando para todos falou: FOI ASSIM...... Que aconteceu há quase 60 anos atrás, na véspera de minha primeira comunhão.
E todos que se lembravam do fato; em um coro perfeito gritaram: CONTINUAS O MESMO!
E caíram em uma sonora gargalhada.

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