quinta-feira, 17 de outubro de 2019
A FLOR ALICE
Nivaldo Melo
Se és capaz de negar o amor,
Se não fazes genuflexão diante de Deus,
Se te consideras perfeito diante da dor,
E te negas a ajuda a um dos teus,
Chegou tua hora de encontrar a flor.
A flor perfeita, a flor que brilha,
A flor humilde, a flor que inspira.
A flor clara de sorriso franco,
A flor que cala para ouvir teu pranto.
Mulher encarnada em flor,
Perfeita na difusão do amor.
A flor Alice que brotou em minha vida
A flor Alice que jamais será esquecida.
Obrigado Doutora Alice Lins.
quarta-feira, 16 de outubro de 2019
ENFERMARIA 404
Nivaldo Melo
10/2019
No barulho ensurdecedor do silencio de um quarto de hospital, um som absurdo de um trovão de dor.
Alguém geme, alguém afaga, apenas o sussurro de vozes baixas afetam aquele silencio profundo.
Um homem chora, um outro se debate. A necessidade da ausência desse ambiente, nos trazem memórias de um presente irreal, pesado de levezas reais.
Passos leves e compassados de médicos, enfermeiras, pacientes e acompanhantes, Hospital Miguel Arraes
quarta-feira, 18 de setembro de 2019
NA TEIA DA ARANHA DE OURO
1
Essa trama que agora conto
Registrada nesse cordel
É fato muito complicado
Desses de se tirar o chapéu
Eu como bom escritor
O que escrevo é com amor
Por isso sou menestrel.
2
Nunca se espante, amigo
Com a mente do escritor
Tanto em prosa ou verso
Nos dois ele é doutor
Escreve aquilo que pensa
Só para aumentar a crença
De seu amigo o leitor.
3
Vamos direto ao causo
Motivo desse cordel.
Que se passou há milênios
Sem registro em papel
Descobri lá no nordeste
Lendo as escritas rupestres,
Quando a pedra era o pincel.
4
No Reino do Escaravelho,
Onde a rainha Malícia,
Mantinha sobre seu controle,
Um exército de milícia,
Todos eles clandestinos,
Fugindo de seus destinos,
Ou fugindo da polícia.
5
A Malícia tinha desposado
Seu primeiro miliciano,
A cerimônia foi feita
Toda por baixo dos panos,
Seus pais só vieram saber,
Na hora que iam morrer,
Por isso morrem chorando.
6
Se existia algum herdeiro,
Ninguém no reino conhecia.
Malícia tinha uma filha,
Mas ela mesmo escondia,
Seu nome era Esperança,
Da existência dessa criança,
Nem o marido sabia.
7
É que nas veias da Rainha,
Não corre sangue Real,
A mesma foi encontrada
Dentro de um lamaçal.
O velho Rei a adotou,
Na hora que a encontrou,
Foi seu pecado mortal.
8
Há quase quarenta anos
Esse fato foi passado,
Os velhos Reis se calaram,
Não falaram do encontrado.
Malicia descobre em sonho,
Que seu passado bisonho,
Podia ser revelado.
9
Sem que os velhos soubessem,
Ela prepara um unguento,
Que aplicava nos velho,
Toda hora e todo tempo.
Um unguento perfumado,
Deixava-os acabrunhados,
E nem queriam alimento.
10
Quase que sem perceberem
Os velhos foram afinando.
Todos os médicos do Reino,
Mais remédios iam passando.
Estudos nenhum descobriam,
Pois nada os velhos sentiam,
Mas estavam se acabando.
11
Com pouco mais de dois anos,
No nascimento da Princesa,
É que Malicia conta aos pais,
Sem rodeios e com clareza,
Tudo sobre e casamento,
E também do nascimento,
Matando os dois de tristeza.
12
A população do Reino,
Sentiu muito o desenlace,
Dos dois bondosos monarcas,
Que governavam com classe.
Choraram o mais que podiam,
Pois todos eles temiam,
Que seus destinos mudasse.
13
Foi lá dentro do palácio,
Que começou a mudança.
Tudo com o nascimento,
Da princesinha Esperança,
Mantida numa camarinha,
Por ordens da má Rainha,
Pra esconder a criança.
14
Durante anos e anos,
Tudo no reino mudava,
Governado a mão de ferro,
O reino não prosperava.
Mantinha-se do mesmo jeito.
Nossa Rainha é o defeito,
As escondidas falavam.
15
Ao completar quinze anos,
É que Esperança aparece.
Quando soube que era a filha,
Seu pai de tristeza adoece,
Com aquela a revelação,
O Rei cai em depressão,
Três dias depois falece.
16
Antes chama a princesa,
E pede-lhe com grande emoção:
Fuja daqui desse reino,
Para que tenhas a salvação,
Depois tu deves voltar,
Vás com justiça governar,
Melhorar nossa nação.
17
Entrega pra ela um livro,
Em formato de cordel.
“É um livro magico de pano,
Ao ler não faça escassél,
Leia uma página por vez,
Ela vale por um mês,
Será o teu amigo fiel”.
18
“Tudo que aí está escrito,
Executarás em um mês,
Nunca lerás outra página,
Se o que mandou não se fez.
Tens que fazer o mais rápido,
Pois o tempo é muito escasso,
Pode acabar de uma vez”.
19
“Nunca fales pra Rainha,
Que esse livro existe.
Pois se ela vier descobrir,
O teu fim será bem triste,
Ela é perversa demais,
Matou até o seus pais,
Por isso nunca desiste”.
20
“Agora eu posso partir,
Deste mundo tão cruel,
Depois que te dei o livro,
Já cumpri o meu papel.
Deixo tudo pra o Divino,
Que ele trace teu destino.
Disse Adeus. Partiu pra o céu”.
21
Então o pai da Princesa
Morre ali, em sua frente.
Deixando a bela garota,
Em estado deprimente.
Gritou chamando a Rainha,
Que naquela mesma horinha,
Ficou feliz, bem contente.
22
Então a jovem Princesa,
Volta à sua camarinha.
Abre então aquele livro,
Pra ler no que ele tinha.
Tinha uma página só,
Com desenho de um trenó,
E algo escrito em ladainha.
23
“Saia logo desse lugar,
O mais rápido que puder,
Coloque uma fantasia,
E fuja, pé ante pé.
Lá no fundo do pomar,
Tem um lugar pra passar,
Que leva ao igarapé.
24
Siga sempre ao contrário,
Do curso daquele riacho,
Sempre por dentro da água,
Para que não deixes rastro.
Andarás a noite inteira,
Não parem por brincadeira,
Na nascente encontras um tacho.
25
Ao encontrares o tacho,
Deve estar fazendo um mês,
Que abristes o vosso livro,
Foi a sua primeira vez,
Portanto não tem retorno,
Por mais que haja transtorno,
Seguirás com altivez.
26
Chegando ao local indicado,
Faz exatamente eu mês
Procura segunda página
Seria uma de cada vez
A primeira já é passado
Aquilo que te foi mandado
Cumpristes com altivez.
27
A página dois quando abriu,
Tava escrita desse jeito,
“Dentro do tacho se encontra,
Algo sem nenhum defeito,
É um velho velocino,
Nele está teu destino,
Ponha ele sobre o peito.
28
Siga sem contestação,
O que pra você foi traçado.
Surgira um novo mundo,
Que deve ser alcançado,
Terás um mês por inteiro,
Juntamente com o arqueiro,
Pra ele ser conquistado”.
29
Quando ela põe o velocino,
Por sobre seu coração,
Tudo na hora escurece,
Logo depois um clarão
Estava em outro terreiro,
Tendo ao lado um arqueiro,
Seu novo e fiel guardião.
30
Estou aqui pra lhe ajudar,
A encontrar o portal,
Ele deve ser transposto,
Antes do Mês o final,
Estarei sempre ao seu lado,
Como se eu fosse colado,
Sou teu protetor real.
31
Saíram em caminhada,
Em direção da floresta,
Todas as aves cantavam,
Como se fosse uma festa.
A princesa Esperança,
Bailava como criança,
Ao som daquela orquestra.
31
Quase ao final do mês,
Os dois chegam ao portal,
Lugar de rara beleza,
Nunca se viu nada igual.
Unicórnios alados,
Estavam por todo lado,
Admirando o casal.
32
Então ela abre o livro,
E leu lá na página três.
“A dois já é do passado,
Começa tudo outra vez.
Escolha seu unicórnio alado,
Pois tudo já está traçado,
Que Deus protege vocês.
33
Montaram em seus cavalos,
E transpuseram o portal,
Os unicórnios voavam,
Numa leveza total,
Não sabiam onde iam,
Sabiam que chegariam,
Ao seu destino final.
34
Voaram por trinta dias,
Só paravam pra comer,
Dormiam sobre os cavalos,
Acordavam ao amanhecer.
Então os cavalos alados,
Voaram pra outro lado,
Começaram a descer.
35
Desceram numa montanha,
Em um gramado verdinho,
Então ambos abrem o livro,
E leram devagarzinho.
“Já chegaram ao final,
Prestem atenção no local,
Este é um novo caminho.
36
Olhem pra o morro branco,
Todo coberto de neve.
Lá, mora a aranha de ouro,
Entrar lá ninguém se atrevem
Captura-la será a missão,
Tragam-na em suas mãos.
Vão logo que o tempo é breve.
37
Devem ter muito cuidado,
Quando chegarem a caverna,
A aranha tem guardiões,
Na época que ela hiberna.
São todos uns valentões,
Elfos, Duendes e Dragões.
Gostam de briga e baderna.
38
A função dos protetores,
É que não exista zoada,
Que perturbe a bela aranha,
Dia, noite ou madrugada.
Ela não pode acordar.
Si. Logo vai devorar,
Quem tá dentro da morada.
39
Façam o que for preciso,
Pra sequestra a aranha,
Aproveitem o seu sono,
Lá no centro da montanha,
Enfrentem seus guardiões,
Lutem como dois leões,
E prendam a figura estranha.
40
Retirem o do velocino,
Um pouquinho de seu pelo.
Façam dele uma gaiola,
Toda coberta de gelo,
Ponham nela a bela aranha,
Aquela figura estranha,
Não deem ouvido aos apelos”.
41
Mas se quando caminharem,
Algum guardião acordar,
Façam um pouco de barulho,
Eles começas a voltar.
Pra proteger a aranha,
Que é cheia de artimanha,
Pode a todos devorar.
42
Então com muita cautela,
Cruzam o salão principal.
Quando olham para cima,
Tiveram um susto brutal,
No teto dorme o tesouro,
Toda coberta em ouro,
Sobre a teia de cristal.
43
O arqueiro sobe a teia,
Pra sequestrar a rainha,
Leva dentro de um bizaco,
Apenas uma gaiolinha,
Dos pelos do velocino,
Pra completar o destino,
Traçado pra princesinha.
44
Ao chegar pega a aranha,
Que esta adormecida,
Coloca dentro da gaiola,
Começa logo a descida,
Antes de chegar no chão,
Vê a princesa em ação,
Numa verdadeira briga.
45
Ele dá um grito forte,
Levanta então a gaiola,
Os defensores recuam
Um pouco naquela hora.
Então a aranha desperta,
Dando um grito de alerta,
Quero que parem agora.
46
Os guardiões se ajoelham,
E deitam todos de bruços,
Os jovens aproveitam a hora,
E agem com seus impulsos.
Os únicos sons que ouviam,
Eram os poucos que saiam
Da gaiolinha os soluços.
47
Os jovens saem embalados,
Em direção a saída,
Se cobrem com o velocino,
Ficam esperando a partida.
Então tudo escureceu,
Um estrondo aconteceu,
A missão estava cumprida.
48
Aparecem em um vale,
Sentam e abrem o cordel.
Estava escrito bem assim:
“Cumpriram bem o papel,
Chegaram a pagina cinco,
Da gaiola abram o tricô,
Deem pra aranha o mel.
49
Esperem alguns segundos,
E aguardando o resultado,
Fixem os olhos na aranha,
Sem olhar pra outro lado,
Façam isso com destreza,
Então terão uma surpresa,
Trinta dias já é passado.
49
Abrem novamente o livro
Leram lá na página seis.
“Agora em vez de dois
O destino é para os três.
Arqueiro, Princesa, Rainha,
Nenhum dos dois adivinha,
O que o destino lhes fez.
50
Então eles se deram conta,
Do que havia ocorrido,
No lugar da aranha de ouro,
Uma mulher tinha surgido,
Era a rainha Malicia,
Sem os membros da milícia,
Tudo mudava de sentido.
51
A princesa tentou falar,
Pela mãe foi impedida.
Que beija a face da filha,
Dizendo; fui transferida,
Por uma bruxa do mau,
Que me tirou do local,
Mas não me dei por vencida.
52
Antes de ser uma aranha,
Fiz uma prece ao divino.
Pedi que ele ajudasse,
A mudar o teu destino,
Então o livro aparece,
Nele só tinha a prece
Transformada em velocino.
53
Devemos voltar ao reino,
Vamos lutar contra o mau,
Derrotar a velha bruxa,
É o motivo principal.
O quebranto tá acabado,
O reino vai ser salvado,
É esse nosso ideal.
54
Então pergunta a princesa,
Como essa bruxa surgiu?
Foi expulsa de um reino,
Quando a Rainha pariu.
Tirando-me da minha cama,
Me colocando na lama,
Nessa hora o pai me viu.
55
Ao completar trinta anos,
Amei um forte guerreiro,
Que entre todos os soldados,
Ele era sempre o primeiro.
Casamos as escondidas,
Para salvar nossas vidas,
E pra fugir do zombeteiro.
56
Para aquela velha bruxa,
Eu era uma marionete.
Vamos abrir nosso livro,
Leiamos a pagina sete,
“Voem nas asas do vento,
Não esperem um só momento,
Enquanto o reino ainda preste.
57
Então foi no mesmo instante,
Que surge uma ventania,
Carregando os três destinos,
Nos seus últimos trinta dias,
Carregando-os ao seu destino,
Cobertos pelo velocino,
Sem nenhuma acrobacia.
58
A chegada em Escaravelho,
Foi durante a madrugada.
Na hora todo reino ouviu,
Uma estrondosa risada.
Montada em sua vassoura,
A velha bruxa estoura,
Nunca mais foi encontrada.
59
No livro a página oito,
Estava escrito assim:
“Que sejam todos felizes
O bom supera o ruim,
Princesa ama o arqueiro.
Um valoroso guerreiro.
Seu protetor querubim.
60
Tudo isso estava escrito,
Em uns desenhos rupestres,
No vale do catimbau,
Em Buíque, no Nordeste.
Não pensem que sou maluco,
Buíque é me Pernambuco,
Lugar de cabra da peste.
sábado, 31 de agosto de 2019
NO OLHO DA FERA
NO OLHO DA FERA
Nivaldo Melo
1
Mais um caso interessante
Contado por minha avó.
É um caso eletrizante
Cheinho de quiproquó,
Prestem bastante atenção
Para nossa narração,
Nessa vamos dar um nó.
2
Histórias do velho Trancoso
São causo bem popular.
Esse que pra vosmencê
Agora passo a narrar;
É uma história gostosa,
Mesmo sendo fantasiosa,
Muito boa pra escutar.
3
Viviam em uma floresta,
Uma gente interessante.
Eles não tinham um Rei,
Nem mesmo um governante.
Em total independência,
Cultuavam apenas a crença,
De um futuro radiante.
4
Durante muitos e muitos anos,
Ninguém nunca os incomodou.
Quando do nada aparece,
Um velho andarilho pastor,
Com ar de muita bondade,
Lhes disse sou a verdade,
E por isso aqui estou.
5
Mas ninguém lhe deu ouvidos,
Deixando-o sempre de lado,
Quando queria conversar,
Todos ficavam calados.
Sentindo-se fora dos trilhos,
Aquele velho andarilho,
Foi ficando injuriado.
6
Como podia o velhinho,
Um profeta tão antigo,
Ser tratado pelo povo,
Como se fosse um mendigo?
Nem o deixavam falar,
Quando só queria avisar,
Da chegada do inimigo.
7
Foi ao morador mais velho,
Ele nem deu atenção.
Então procurou o mais rico,
Recebeu um safanão.
Pegou um recém-nascido,
Sussurrou em seu ouvido,
A sua premonição.
8
A noite ele foi a praça,
Muita gente reunida,
Gritou em alto e bom som,
A criança está ungida.
Podem esperar o tropeço,
Que bem antes do começo,
A coisa vai ser explodida.
9
Esperem uns vinte anos,
Para me verem de volta,
A paz vai ser deletada,
Aqui só vai ter derrota.
Procurem sobreviver,
Quando eu reaparecer,
Para mim abram as portas.
10
Fez um gesto de adeus,
E sumiu em uma fumaça,
Deixando apenas confusos,
Todos que estavam na praça.
Quem foi pelo velho ungido?
Procurem o recém-nascido,
Pra nos tirar da desgraça.
11
Que recém-nascido é esse?
Hoje temos quase mil.
Será que o velho andarilho,
Com o pobre bebê sumiu?
Vamos esperar para ver,
Nada vai nos acontecer,
Essa história é pueril.
12
Nem mesmo a mãe da criança,
Viu o velhinho cochichar,
No ouvido de seu filho,
O que ia se passar.
Ninguém poderia prever,
O que ia acontecer,
Ali naquele lugar.
13
Todas as mães se reuniram,
Tendo seus filhos ao lado,
Não deu todas na igreja,
Foram para o campo gramado.
Foi quando o padre falou:
Quem tudo ao velho negou,
Deve estar preocupado.
14
Uma semana se passou,
Todos já tinham esquecido.
Quando ao longe ouviram,
Um tremendo estampido.
Todos ficaram ali parados,
Esperando os resultados,
Gerados pelo ocorrido.
15
Dois dias já se passaram,
Depois daquele estampido.
Se fosse algum aviso,
Já estava em nosso ouvido.
Vamos festejar na praça,
Aqui não chega desgraça,
Esqueçam o recém-nascido.
16
Mas naquele mesmo dia,
O rio começa a secar,
As aves ao nascer do sol,
Já pararam de gorjear,
O dia foi um calor imenso,
A noite foi de um frio intenso,
Plantas começam queimar.
17
Então no dia seguinte,
A coisa então se inverteu,
A noite ficou muito clara,
O dia ficou como um breu.
Tudo tava diferente,
Naquela cidade descente,
Todo mundo se escondeu.
18
Cinco anos se passaram,
Com todo esse sofrimento.
O povo não tinha sossego,
Nem ao menos em um momento.
Então algo aconteceu,
Um menino apareceu,
Com o corpo bem sardento.
19
O garoto aparece nu,
Logo cedinho na praça.
- Deve ser de outro lugar,
Acho que é de outra raça,
Achamos que é doença,
Terem-no de nossa presença,
Por isso estão na desgraça.
20
Então falou o menino:
“Vocês continuam assim?
Chega estranho na cidade,
Acham que é coisa ruim,
Vou voltar pra meu lugar,
E se um dia algo mudar,
Volto como um querubim”.
21
E como um passe de mágica,
O menino então partiu,
Procuraram em todos os cantos,
Mas nenhuma pessoa o viu.
Então outra vez todo povo,
Não podiam ter socorro,
A Segunda chance sumiu.
22
E durante muitos anos
Continua a calmaria.
O sol saia de noite,
A lua vinha de dia.
De dia, todos vão dormir,
Acordam quando a lua sair,
Não sentem mais alegria.
23
Novamente cinco anos,
Vivendo na contramão,
A igreja sempre cheia,
Todos fazendo oração,
A espera de um sinal
Que venha dar fim ao mal,
Acabar com a aflição.
24
Num dia de lua cheia,
No leito seco do rio,
A silhueta de um jovem,
Como mágica ali surgiu,
Estava nuzinho em pelo,
Causando um desmantelo,
Tava em estado viril.
25
Então um homens chegou,
O mais próximos que podia,
Viu que o corpo do rapaz
A sarda todo cobria;
Então ele sai correndo,
Venham ver o que tou vendo,
É a salvação que viria.
26
Com pouco mais de dez anos,
Apresentou-se o rapaz.
“Espero que me recebam,
Das formas que são legais,
Se não aceitam minha ajuda,
Peço a Deus que os acuda,
Que eu aqui não volto mais”.
27
Ainda sou um menino,
Espero apenas o momento,
Pra revelar um segredo,
Que me contaram faz tempo,
Contado por um andarilho,
Segredou sem empecilho,
Quando ainda era um rebento.
28
Vou passar aqui um tempo,
Logo depois vou embora,
Só devo voltar por aqui,
Somente ao chegar a hora.
Quero tudo preparado,
Pra resgatar o passado,
Ao espantar o caipora.
29
Os dias que ali passou,
Foi muito questionado.
Quem era, de onde veio?
Porque do corpo pintado?
- As pintas é o que está escrito,
Pra desmanchar o conflito,
Dar tudo por acabado.
30
Devo seguir adiante,
Para cumprir meu destino,
Recebi essa missão,
Quando eu era um menino.
O velho andarilho profeta,
Veio pra dar um alerta,
Trataram-no como um cretino.
31
Estão passando por isso,
Por causa da prepotência,
Não julguem nunca as pessoas,
Sem procurar sua essência.
Ser humilde é ser legal,
Não existe nenhum mal,
Em demonstrar complacência.
32
Volto daqui a oito anos
Pra começar a missão.
Venho em meu cavalo alado.
Escolham um ancião;
Que será por mil levado,
Iremos pra o outro lado,
Pra enfrentar o dragão.
33
Quando chegar eu espero,
Mudar essa atmosfera,
Chegarei nesse lugar,
No início da primavera.
Lutarei como um titã
Pra pegar um talismã,
Que está no olho da fera.
34
Passaram-se mais oito anos,
Para a volta do rapaz,
Toda cidade esperava,
O mensageiro da paz.
Veio em seu cavalo alado,
Com os arreios enfeitados,
Parecia bom demais.
35
Agora eu posso contar,
O que ouvi no passado,
Daquele velho andarilho,
Por vocês foi rechaçado.
Ele tinha uma missão,
Veio trazer a salvação,
Desse vosso povoado.
36
O velho então sussurrou,
Pra mim, um recém-nascido:
Vou deixar você imune,
O seu corpo está ungido.
Aqui não nasce ninguém,
E nem vai morrer também,
Por um tempo já definido.
37
São apenas vinte anos,
Até que eu possa voltar,
E durante esse tempo
Nada aqui pode mudar,
Terão sempre a mesma idade,
Pra pagar a crueldade,
Que eles sabem praticar.
38
E durante os vinte anos,
Só você que mudará,
Por isso meu bom menino,
Daqui deves te mudar,
Vás à terras dos pardais,
Juntamente com teus pais,
É lá que deves morar.
39
Teu corpo será marcado,
Como se fossem uma sarda,
Mas teu corpo será escrito,
Com frases delineadas,
Tu terás que aprender,
Tudo que deves fazer,
Será tua salvaguarda.
40
Quantos fizeres dezoito,
Ao chegar a primavera,
Voltarás para as raízes,
Onde o povo te espera.
Levarás uma anciã,
Pra pegar o talismã,
Que está no olho da fera.
41
Depois que leres teu corpo,
Deves seguir o caminho,
Não troques nada do que está,
Escrito no pergaminho,
Será ele tua receita,
Seguiras letra por letra,
Que tudo dá bem certinho.
42
Confiaras na pessoa,
Que será uma anciã.
Será pra ti meu presente,
Na verdade é minha irmã.
Ela está preparada.
Para seguir na jornada.
Em busca do talismã.
43
Então o jovem partiu,
Depois de tanta espera.
Ao lado de uma anciã,
Que o profeta impusera.
Cumpririam a missão,
Trazendo a salvação,
Eliminando a fera.
44
Viajaram por um mês,
Com pouca interrupção,
Chegariam a seus destinos
Conforme a premonição.
O tempo ia passando,
E o cavalo voando,
Sempre na mesma direção.
45
Viajavam sempre ao dia,
Evitando a escuridão,
Logo que o sol clareava,
Voavam feito um falcão,
Ao completarem um mês,
Viram na primeira vez,
Um belíssimo casarão.
46
Chegamos a nosso destino,
Falou assim a velhinha.
Vamos ter muito cuidado.
Devido as ervas daninhas.
Podem fechar a passagem.
Precisamos de coragem,
Tá tudo nas entrelinhas.
47
Já está chegando a hora,
De você ler para mim,
O escrito em minhas costa,
Sorrindo ela disse sim,
Pois fique bem preparado,
Que eu vou ler compassado,
Do princípio até o fim.
48
“Peguem um feixe do mato
E coloquem na cintura”
Quando executam as ordens
Tudo virou armadura
“Forjem de pedra as espadas
E na próxima madrugada
Virão a colossal criatura”.
49
“Montem no cavalo alado,
E voem por sobre o muro,
Mas isso deve ser feito,
Quando tudo for escuro,
Deixem a entrada principal,
E sigam para o quintal,
Onde o terreno é bem duro.
50
Entrem na sala principal,
Saiam por trás do colosso,
Sigam de pé-ante-pé,
Vão encontra lá um fosso,
Façam tudo bem devagar,
Pra fera não acordar,
E não causar alvoroço”.
51
Mas se a fera acordar,
Prestem muita atenção,
Só podem vencer a luta,
Se rolarem pelo chão,
Quando a fera se abaixar.
Vocês têm que arrancar,
O único olho do cão.
52
Sem o olho aquela fera,
Nada ela vai pode ver,
Ponham o olho no alforje,
Comessem logo a correr.
Abram a porta principal,
Se escondam no umbral,
Na luz ele vai morrer.
53
Na corrida então a velha,
Se esparramou pelo chão,
Então o jovem voltou,
Lutando feito sansão.
Bate bem firme na fera,
Que logo se recupera,
Pra começar nova ação.
54
A anciã pega um pedra
E rola pelo salão.
A fera que estava cega,
Ficou sem ter direção,
Então eles aproveitaram,
E para fora pularam,
Aguardaram a conclusão.
55
Quando o titã sai pra luz,
Ficou todo estatelado.
Então recebeu um coice,
Do grande cavalo alado,
O coice foi tão certeiro,
Que o bicho cai no terreiro,
Totalmente derrotado.
56
Houve uma grande explosão,
Formando grande cratera,
E dentro daquele buraco,
Se ver apenas uma esfera,
Nas mãos do velho andarilho,
Ela tinha um grande o brilho,
Era o sol da primavera.
57
O velho andarilho profeta,
Essas palavras falou:
“Tudo aqui vai terminar
No local que começou,
Nunca saímos daqui,
Não tínhamos pra onde ir,
Foi aqui que se passou.
58
Todos olharam para o jovem,
Ele estava bem mudado,
Toda sarda de seu corpo,
Por milagre tinha acabado.
Fizeram uma reunião,
Aquele herói rapagão,
Como Rei foi coroado.
59
Procuraram a anciã,
E para as suas surpresa,
Ela tinha se transformados,
Em uma bela princesa.
Toda vestida de dourado,
O jovem a pôs de lado,
Um lindo par com certeza.
60
Os habitantes do lugar,
Receberam uma lição.
Viram que a prepotência,
Fomenta a desunião,
Transforma tudo em fera.
Só a bondade prospera,
Vem trazer a salvação.
sábado, 24 de agosto de 2019
A CAPELA DE VERDADE
A CAPELA DE VERDADE.
Nivaldo Melo
1
Eu vou contar pra vocês
Um causo interessante
Que aconteceu num lugar
Que daqui é bem distante
Não fique injuriado
É um fato já passado
Nele não tem meliante.
2
Numa cidade bonita
Com um povo sem maldade
Homens, mulheres e crianças
Convivendo em amizade
Acho que é a única no mundo
Onde não tem vagabundo
Essa cidade é Verdade.
3
Imaginem um lugar
Com casas bem coloridas
E que de dia na praça
Os velhos jogam biriba
O povo de lá não mente
Se tem alguém indecente
Será do lugar banida.
4
A noite se reuniam
Para contarem historias
Dessas que ficam presentes
Dentro de nossa memória
Uma história só por dia
Quem gostava aplaudia
Pois gostou da oratória.
5
Eu como bom cordelista
Fui visitar o lugar
Pois queria ali ouvir
Algo que pudesse passar
Para o meu fiel leitor
Uma história de valor
Que passo agora a narrar.
6
Prestem muita atenção
Acreditem que é verdade
E se achares estranho
Se calem por caridade
Sou cordelista famoso
Não sou nenhum mentiroso
Sou fã da honestidade.
7
Nessa noite quem contou
A história foi o padre
Que revezou com a freira
Pra reforçar que é verdade
Começou a narrativa
Da forma mais criativa
Que havia na cidade.
8
“Na época que cachorro
Se amarrava com linguiça
Coelho perdia corrida
Até pra bicho preguiça
Elefante levantava voo
Mesmo sem ter um apoio
E fofoqueira era omissa.
9
Apareceu na cidade
Um anjo muito legal
Daquele bem divertido
Anjo da cara de pau
Foi dizendo ao padre Bento
Quero que você tome tento
Mas de forma natural.
10
O tal anjo apareceu
No altar mor da igreja
E falou pra o padre Bento
O que é que tu deseja?
Peças de imediato
Que eu e atendo no ato
O que você mais almeja.
11
O padre Bento nervoso
Falou sem pestanejar
Construa uma catedral
Coloque nesse lugar
O anjo sem um sorriso
Com um aspecto bem siso
Aqui está; pode entrar.
12
O padre Bento na hora
Saiu correndo; endoidou
Até hoje está correndo
Nunca mais ele parou
- Onde está a catedral?
Perguntou o Juvenal.
- Um vendaval derrubou.
13
O povo ficou nervoso
Com o que contou padre João
É que eu estava ouvindo
Prestando muita atenção
Estava meio abismado
Por ter ouvido calado
Toda aquela narração.
14
Como o povo é conhecido
Por falar só a verdade
E eu como um estranho
Tava na localidade
Tinham que criar um jeito
Algo tinham que ser feito
Por alguém lá da cidade.
15
Foi nessa hora que a freira
Assumiu a narrativa
E falou alto e em bom tom
Eu tenho muita saliva
Continuo a história
Faço com orgulho e gloria
Vou lhes mostrar a missiva.
16
Levantou bem a batina
Tirou de baixo um cordel
Parecendo um velho livro
Isso causou escarcéu
A freira tava sem nada
Estava mesmo pelada
Por baixo daquele véu.
17
Onde estava escondido
O velho livro da freira?
A batina era sem bolsos
E eu fui cair na asneira
De perguntar pra irmã:
Onde estava o talismã?
“Preso entre as duas beiras”!
18
Então falou o prefeito:
- A Irmã é da verdade
Não fique encabulado
Com o povo da cidade
Continuemos história
Motivo da oratória
De nossa querida madre.
19
A irmã abriu o livro
Sem se importar com o lugar
Nem com que estava escrito
E começou soletrar.
Eu pensei; nessa retreta
Se juntar letra por letra
Quando é que vai terminar?
20
Parece que a freirinha
Leu logo meu pensamento
- Estou só na introdução
Fique quietinho jumento!
Se não tiver paciência
Vá procurar outra crença
Ou cale nesse momento.
21
Falou assim nossa freira
Por favor prestem atenção
Onde parou a história
Narrada por Padre João
Eu agora continuo
Nunca vai haver recuo
Nessa nossa narração.
22
“No vendaval de quarenta
Quando catedral caiu
No lugar da bela igreja
O nosso lago surgiu
O lago cheio de peixes
Se pescava só de feixe
Quem me contou é que viu.
23
Com isso nossa cidade
Ficou cheia de turistas
Gente de muito dinheiro
Milionários, artistas
Chegou a prosperidade
Pra toda comunidade
Fomos capas de revista.
24
E foi mesmo nessa época
Que o mesmo anjo voltou
Tava de cabelos brancos
Pois muito tempo passou
O anjo tava velhinho
Mas demonstrando carinho
Dessa forma ele falou:
25
Meu povo estou de volta
E voltei par terminar
A obra da catedral
Que coloquei no lugar
Faltava o acabamento
Por isso nesse momento
Vamos todos trabalhar.
26
Onde está o padre Bento
O meu velho companheiro?
Que pediu para construir
Mesmo sem ter um pedreiro
Nossa bela catedral
Que a morada principal
De nosso bom padroeiro.
27
Abanou as velhas asas
E começo a perguntar:
Onde está a catedral
Que eu pus nesse lugar?
- Um vendaval derrubou
E um lago se formou
É desse jeito que está.
28
O velho e cansado anjo
Ficou meio injuriado
Tirou da asa uma pena
E num gesto tresloucado
Jogou a pena no chão
Se ouviu uma explosão
Tava o fato consumado.
29
No lugar que a pena caiu
Um vento forte soprou
Fazendo muita poeira
Um funil logo formou
Foi um barulho do cão
Feito pelo furacão
Então o anjo gritou:
30
Se ajoelhem meu povo
Façamos uma oração
Para nossos padroeiros
São Cosme e são Damião
Eles irão nos atender
E vão mostrar pra você
O caminho da salvação.
31
Rezemos o Padre nosso
De um modo diferente
Pra desfazer os mal feitos
Rezem de trás para a frente
Foi feito como foi dito
Do anjo se ouvia o grito
“Plantemos nossa semente”
32
Todo de olhos fechados
Ajoelhados no chão
Formaram uma corrente
Elos unidos por mãos
E em menos de um minuto
O lago ficou enxuto
Causando admiração.
33
O lugar daquele lago
Nossa capela surgiu
É a capela mais bonita
Que uma pessoa já viu
É que o anjo errou a pena
Ele usou uma pequena
Quando o milagre surgiu.
34
Foi uma decepção
Para o povo do local
Queriam algo suntuoso
Esperavam a Catedral
Não veio nem uma Igreja
Então surgiu a peleja
Uma capela? Foi mal!
35
Foram pra cima do anjo
Querendo lhe esganar
O anjo tirou outra pena
Começou a abanar
Foi então que uma fumaça
Surgiu no centro da praça
Botando todos pra chorar.
36
O anjo ficou muito bravo
E pra população falou
Eu vou lhes dar um castigo
Castigo pra pecador
Transportou a capelinha
Para o morro que ali tinha
E mil degraus colocou.
37
A freira então apontou
Num movimento bem leve
Olhei para a direção
Com olhos de quem escreve
Então à capela surge
Ali por trás de uma nuvem
Como que fosse de neve.
38
Fiquei todo abestalhado
Com toda aquela visão
Por cima da capela se via
Um fabuloso clarão
É o brilho de uma estrela
Assim falou logo a freira
E confirmou padre João.
39
Lá na capela se vai
Apenas uma vez por ano
No dia dos padroeiros
Pois ninguém é leviano
Pra curtir os mil degraus
Se tentar vai passar mal
Castigo do soberano.
40
Dessa forma desisti
De conhecer a capela
Continuo acreditando
Ela é mesmo a mais bela
Falam que é colossal
Como a velha catedral
Que só se vê em novela.
41
Eu como bom cordelista
Registro tudo em papel
Tudo cantado em versos
Como faz um menestrel
Feito com carinho e amor
Acredite meu leitor
Termino assim meu cordel.
42
Entra na perna do pinto
E sai na perna do pato
Não sei que o meu escrito
É um fato ou um boato
Se alguém quer creditar
No que acabei de narrar
Para todos eu fico grato.
O PAIS FEITO POR DEUS
O PAÍS FEITO POR DEUS
Nivaldo Melo
1
Um dia o Pai Eterno
Olhou pra terra direito;
Viu um lugar bem bonito,
Pra Ele quase perfeito.
Vou por ali um país,
Com um povo alegre e feliz,
E Vamos ver o efeito.
2
Junto a Ele tinha um Anjo
Ouvindo tudo calado;
Olhava de cima pra baixo
Com os olhos arregalados
Dizendo: que paraíso!
Deus emitia um sorriso;
3
Feliz por tê-lo encontrado. 3
Nesse lugar Eu construo
Um país continental,
Ponho raças diferentes
De uma forma global.
Índios, orientais, africanos,
Europeus, americanos;
Misturo no carnaval.
4
Vou chamar de mistureba
Toda essa “cruzação”;
Sairá um povo pacato
Sem sonho e sem ambição;
Confiarão em políticos
Pois têm medo de conflitos;
Crio a miscigenação.
5
Esse lugar é perfeito
Pra o povo que vou por lá.
Vou dar uma caprichada,
No clima desse lugar;
Lá não vai ter terremoto,
Nem vulcão nem maremoto;
Esse país vai bombar.
6
Nos primeiros cem anos
Vai ser de desbravamento,
Com os grandes bandeirantes
Provocando o crescimento.
Então por diversas vezes
Mando padres portugueses,
Fazerem do povoamento.
7
Com esse desbravamento
Criaremos povoados;
No futuro transformamos
Todos eles em estados,
Divido-os por regiões;
Não aceito opiniões.
Quero todos registrados.
8
Serão vinte e sete estados
Um distrito federal;
Nesse distrito Eu vou por,
Nele o governo central.
Pra comandar a nação
Na mais perfeita união,
Cheio de caras de pau.
9
Os cem anos subsequentes
Serão anos bem legais.
Os colonos roubam o ouro,
E outras riquezas locais;
Madeiras, pedras preciosas;
E as índias mais gostosas,
Mandam lá pra Portugal.
10
Será mesmo nessa época
Que vou por o nome Brasil.
Consolidado por todos
Como um país varonil.
Ilha de Vera Cruz
E Terra de Vera Cruz
Serão primeiro de abril.
11
O nome será perfeito
Retirado da madeira;
Que quando ela for cortada;
Parecerá uma braseira.
Os índios então vão cantar
Sem nenhum medo de errar:
Ayu’ru, tanhimbu, Marã’yêra.
12
E já século dezoito
O país vai melhorar;
Além da extração do ouro
Que nunca vai acabar,
Vão plantar cana e café;
Cria gado quem quiser,
O país vai deslanchar.
13
Vai ter muita consequência;
Nascem os latifundiários,
Que se apossaram das terras,
Sem gastar os numerários.
Com isso surgem os conflitos,
Deixando tudo esquisito.
Quem vai perder? Os otários,
14
Os índios, donos das terras
Serão jogados para o lado,
E se alguém reclamar
Pode ser escravizado.
Por isso na guerra fria,
Quem podia não podia;
Melhor é ficar calado.
15
Lá no século dezenove;
Vou mudar tudo outra vez
Ficarão independentes
Do domínio do português.
Sem nenhuma luta armada
A república é proclamada;
Livro-os do explorador burguês.
16
Então Eu vou promover
A maior libertação;
Homens libertando homens,
Estingo a escravidão.
Apagarei de uma vez
Lembranças do português;
Que foi o maior vilão.
17
Iniciamos um novo século
Com progresso até demais;
Afirmo: o século vinte
Vai ficar lá nos anais;
Como o século do progresso,
Isso vai ser um sucesso.
Vai ser é bom; por demais.
18
Logo na primeira década;
Ênfase para a aviação.
Acontecerá na segunda
Guerra conta o Alemão.
E na década terceira
Arte moderna brasileira,
Tem sua emancipação.
19
Lá na década de quarenta,
Pra guerra serão chamados.
Então nos anos cinquenta,
Serão os anos dourados.
Já na década de sessenta,
Revolução bem sangrenta;
Com todos preocupados.
20
Vou deixar os anos setenta
Sem petróleo. Muita intriga,
E a década de oitenta
Serão anos só de briga.
O dinheiro confiscado,
Um Presidente cassado,
Fim da década inimiga.
21
Na última década do século,
A moeda vai mudar,
Isso muito pouco antes
De o novo século chegar.
Já no século vinte e um
Muita coisa incomum.
Vão ter que se acostumar.
22
Mudarão o presidente
E o partido também;
Quem vai governa agora
Vira puxando um trem,
Cheio de pessoas oprimidas
Muitas delas até banidas;
Aí não tem pra ninguém.
23
A partir desse momento
Meu Anjo; vou esperar.
Aproveito esse tempo
Deito-me e vou descansar;
Já sei o que acontece,
Tudo não sobe só desce,
Pois vão botar pra torar.
24
Os que estão no comando
Vão ficar surdos, não mudos,
Nunca virão os desmando
Por mais que sejam absurdos.
Se perguntarem? Não sei,
Não vi, não participei,
Essas não têm conteúdo.
25
Distribuirão o dinheiro
Dos quais ele não são donos;
E gritam por todos os cantos:
Dos pobres somos patronos.
É dando que se recebe,
Roubem que ninguém percebe.
Isso de inverno a outono.
26
O Querubim perguntou:
Como assim meu Pai Eterno;
Se deixar abandonado
Tudo não vira um inferno?
+ O povo tem que resolver;
Espero acontecer,
Enquanto isso Eu hiberno.
27
O Anjo ficou meditando
Será que o Pai fala sério?
Se eles voltam ao que eram,
Para o tempo do império?
+ Vão roubar do mesmo jeito
Só vão mudar o conceito,
Como também o critério.
28
E como eu vou responder
Se alguém me perguntar:
Caminhando desse jeito,
Como o país vai ficar?
+ Você não vai fazer nada;
Dê apenas um rizada,
Responda: DEUS PROVERÁ.
Nivaldo Melo
1
Um dia o Pai Eterno
Olhou pra terra direito;
Viu um lugar bem bonito,
Pra Ele quase perfeito.
Vou por ali um país,
Com um povo alegre e feliz,
E Vamos ver o efeito.
2
Junto a Ele tinha um Anjo
Ouvindo tudo calado;
Olhava de cima pra baixo
Com os olhos arregalados
Dizendo: que paraíso!
Deus emitia um sorriso;
3
Feliz por tê-lo encontrado. 3
Nesse lugar Eu construo
Um país continental,
Ponho raças diferentes
De uma forma global.
Índios, orientais, africanos,
Europeus, americanos;
Misturo no carnaval.
4
Vou chamar de mistureba
Toda essa “cruzação”;
Sairá um povo pacato
Sem sonho e sem ambição;
Confiarão em políticos
Pois têm medo de conflitos;
Crio a miscigenação.
5
Esse lugar é perfeito
Pra o povo que vou por lá.
Vou dar uma caprichada,
No clima desse lugar;
Lá não vai ter terremoto,
Nem vulcão nem maremoto;
Esse país vai bombar.
6
Nos primeiros cem anos
Vai ser de desbravamento,
Com os grandes bandeirantes
Provocando o crescimento.
Então por diversas vezes
Mando padres portugueses,
Fazerem do povoamento.
7
Com esse desbravamento
Criaremos povoados;
No futuro transformamos
Todos eles em estados,
Divido-os por regiões;
Não aceito opiniões.
Quero todos registrados.
8
Serão vinte e sete estados
Um distrito federal;
Nesse distrito Eu vou por,
Nele o governo central.
Pra comandar a nação
Na mais perfeita união,
Cheio de caras de pau.
9
Os cem anos subsequentes
Serão anos bem legais.
Os colonos roubam o ouro,
E outras riquezas locais;
Madeiras, pedras preciosas;
E as índias mais gostosas,
Mandam lá pra Portugal.
10
Será mesmo nessa época
Que vou por o nome Brasil.
Consolidado por todos
Como um país varonil.
Ilha de Vera Cruz
E Terra de Vera Cruz
Serão primeiro de abril.
11
O nome será perfeito
Retirado da madeira;
Que quando ela for cortada;
Parecerá uma braseira.
Os índios então vão cantar
Sem nenhum medo de errar:
Ayu’ru, tanhimbu, Marã’yêra.
12
E já século dezoito
O país vai melhorar;
Além da extração do ouro
Que nunca vai acabar,
Vão plantar cana e café;
Cria gado quem quiser,
O país vai deslanchar.
13
Vai ter muita consequência;
Nascem os latifundiários,
Que se apossaram das terras,
Sem gastar os numerários.
Com isso surgem os conflitos,
Deixando tudo esquisito.
Quem vai perder? Os otários,
14
Os índios, donos das terras
Serão jogados para o lado,
E se alguém reclamar
Pode ser escravizado.
Por isso na guerra fria,
Quem podia não podia;
Melhor é ficar calado.
15
Lá no século dezenove;
Vou mudar tudo outra vez
Ficarão independentes
Do domínio do português.
Sem nenhuma luta armada
A república é proclamada;
Livro-os do explorador burguês.
16
Então Eu vou promover
A maior libertação;
Homens libertando homens,
Estingo a escravidão.
Apagarei de uma vez
Lembranças do português;
Que foi o maior vilão.
17
Iniciamos um novo século
Com progresso até demais;
Afirmo: o século vinte
Vai ficar lá nos anais;
Como o século do progresso,
Isso vai ser um sucesso.
Vai ser é bom; por demais.
18
Logo na primeira década;
Ênfase para a aviação.
Acontecerá na segunda
Guerra conta o Alemão.
E na década terceira
Arte moderna brasileira,
Tem sua emancipação.
19
Lá na década de quarenta,
Pra guerra serão chamados.
Então nos anos cinquenta,
Serão os anos dourados.
Já na década de sessenta,
Revolução bem sangrenta;
Com todos preocupados.
20
Vou deixar os anos setenta
Sem petróleo. Muita intriga,
E a década de oitenta
Serão anos só de briga.
O dinheiro confiscado,
Um Presidente cassado,
Fim da década inimiga.
21
Na última década do século,
A moeda vai mudar,
Isso muito pouco antes
De o novo século chegar.
Já no século vinte e um
Muita coisa incomum.
Vão ter que se acostumar.
22
Mudarão o presidente
E o partido também;
Quem vai governa agora
Vira puxando um trem,
Cheio de pessoas oprimidas
Muitas delas até banidas;
Aí não tem pra ninguém.
23
A partir desse momento
Meu Anjo; vou esperar.
Aproveito esse tempo
Deito-me e vou descansar;
Já sei o que acontece,
Tudo não sobe só desce,
Pois vão botar pra torar.
24
Os que estão no comando
Vão ficar surdos, não mudos,
Nunca virão os desmando
Por mais que sejam absurdos.
Se perguntarem? Não sei,
Não vi, não participei,
Essas não têm conteúdo.
25
Distribuirão o dinheiro
Dos quais ele não são donos;
E gritam por todos os cantos:
Dos pobres somos patronos.
É dando que se recebe,
Roubem que ninguém percebe.
Isso de inverno a outono.
26
O Querubim perguntou:
Como assim meu Pai Eterno;
Se deixar abandonado
Tudo não vira um inferno?
+ O povo tem que resolver;
Espero acontecer,
Enquanto isso Eu hiberno.
27
O Anjo ficou meditando
Será que o Pai fala sério?
Se eles voltam ao que eram,
Para o tempo do império?
+ Vão roubar do mesmo jeito
Só vão mudar o conceito,
Como também o critério.
28
E como eu vou responder
Se alguém me perguntar:
Caminhando desse jeito,
Como o país vai ficar?
+ Você não vai fazer nada;
Dê apenas um rizada,
Responda: DEUS PROVERÁ.
quinta-feira, 22 de agosto de 2019
A ESPADA DOURADA
A ESPADA DOURADA
Nivaldo Melo.
1
Mais um caso interessante
Contado por vovozinha,
Numa noite de lua cheia
Na casa de uma vizinha.
Reuniam a meninada,
Todos iam pra calçada
Só pra ouvir a velhinha.
2
Era um tremendo respeito,
Ouvíamos tudo calado.
Até quem morava longe
Também tava ali sentado,
Só pra ouvir as historias
Contadas pelas senhoras,
De Duendes, Fadas e Reinados.
3
E foi numa dessas noites
Que não esqueço jamais,
Vovó contou essa história,
Que constava em seus anais.
Foi uma das mais bonitas
Nunca antes foi escrita,
Quem ouvi não esquece mais.
4
Foi nas terras do sem fim
No século toro totó.
Era assim que iniciava
Toda história, a minha vó.
Prestem bastante atenção,
Para a minha narração,
Que eu conto um vez só.
5
Apareceu em um povoado
Um rapaz muito estranho,
Era bem apessoado,
Seus olhos eram castanhos,
Vestia sempre uma roupa,
Feita de pano de estopa.
Diferentes no tamanho.
6
Não sabiam onde morava,
Nunca alguém o perguntou.
Sentiam sempre receio,
Pois ele nunca falou.
Um dia um homem afamado
Jogou o medo pra o lado,
E o rapaz abordou.
7
Quem é você meu rapaz?
Que fazes por esses lado?
Estas sempre aqui na praça,
Esperando alguém sentado.
Onde é que o amigo mora?
Diga por nossa Senhora,
Deixe o povo descansado.
8
Eu moro lá na montanha,
Dentro de uma caverna.
Não conheço nada aqui,
E não gosto de baderna,
Estou aqui pra provar,
Que aqui nesse lugar,
Tá o coração da terra.
9
Eu vim mandado para aqui
Depois de um sonho real.
Procurar uma espada
De brilho descomunal.
Se alguém viu essa estada,
Por mim deve ser guardada.
Pra salvar esse local.
10
Então o homem afamado,
Pôs-se então a meditar.
- Há quase cinquenta anos
Que fundamos esse lugar.
Para fugir de uma guerra,
Foi que descemos a serra,
Para aqui vir morar.
11
Quando chegamos aqui
No local não tinha nada,
Sempre foi um vale lindo
Próprio pra nossa morada.
Portanto posso afirmar,
Aqui não vãs encontrar,
Por certo nenhuma espada.
12
Vou lhe fazer uma pergunta.
Falou então o rapaz.
Por aqui passa um riacho,
Com muitas pedras iguais?
Onde a água é cristalina,
Usam-na como medicina,
Quem se banha encontra a paz?
13
- Quem lhe falou o segredo
De nosso riacho santo?
- Me contaram foi no sonho
Não faça disso um espanto.
Algo vai lhes acontecer,
Vamos juntos resolver,
E acabar com o quebranto.
14
Vamos pra minha caverna
Em cima daquele morro.
- Mas lá tem muito perigo
Só tem lobo ou cachorro.
- Pode ficar bem tranquilo
Sou dono de tudo aquilo
É lá que presto socorro.
14
Posso levar um alguém,
Membro de minha família?
Sou chefe da comunidade
Vivo só com minha filha.
Ela é muito inteligente
E pode ajudar a gente.
O seu nome é Maravilha.
15
Espero os dois na caverna
Pela manhã, logo cedo.
Sigam a trilha pela mata;
Dos bichos não tenham medo.
Vou deixar todos avisados
Nunca vão ser atacados.
Mas fica tudo em segredo.
16
O homem falou pra filha
Tudo que tinha ocorrido.
A jovem diz para o pai;
Não procuro um marido.
O senhor vai lá é só
Não me meto em rococó,
Mesmo com desconhecido.
17
Mas quando o homem falou
Da tal espada brilhante.
Aguçou o pensamento
A jovem ficou radiante.
Disse gostar de aventura.
Pôs as mãos sobre a cintura,
Quero partir nesse instante.
18
Saíram de casa cedinho,
Pra caverna do rapaz.
O homem ia na frente
Ela ia um pouco atrás.
Caminharam meia hora,
Antes do romper da aurora,
Chegaram aos metros finais.
19
O rapaz estava esperando-os,
Na entrada da caverna,
Rodeado por três lobos,
Todos faltando uma perna.
O homem todo admirado
- Os lobos são aleijados?
- Somente quando hiberna.
20
O jovem falou aos dois:
Entrem aqui em minha casa,
Não tem porta nem janelas,
É minha caverna rasa.
Ela oferece aconchego,
Aqui tem muito sossego,
Quem fica aqui não se atrasa
21
Quero que me contém tudo,
Que eu não vou intervir,
Logo após eu conto o sonho,
Espero que possam ouvir.
E prestem muita atenção,
Do mundo o coração;
Com certeza está aqui.
22
Pai e filha então contaram,
Tudo sobre a comunidade,
De seu povo hospitaleiro;
Que espalham só bondade;
Todos vivem em união.
Parece que somos irmãos,
Praticamos a caridade.
23
Nós temos nosso riacho
Que para nós é sagrado;
Para o povo é como um santo
Que deve ser cultuado;
A natureza o colocou,
Pra servir como doutor,
Nele o mal será sanado.
23
Ninguém sabe da nascente,
Nunca fomos procurar.
Nunca procuramos saber,
Onde ele vai desaguar.
Nosso riacho querido,
Jamais será poluído
Enquanto por aqui passar.
24
Ao terminar o relato
O homem estava soado,
Seu corpo tremia um pouco,
Estava emocionado.
Quando o rapaz perguntou
Alguma coisa faltou?
O homem chorou calado.
25
Está faltando o principal,
Que não queria contar.
Mas confiamos em você
E por isso eu vou falar.
Quando fugi eu era o Rei
Vou confessar que errei;
Só pra os parentes salvar.
26
Eu não tinha conhecimento
Fala a filha para o rapaz,
Ninguém nunca me falou
A decepção é demais.
Acho que a mãe morreu,
Da vergonha que sofreu,
Pelos erros de meu pai.
27
Nada disso agora vale.
Falou o jovem estrangeiro.
Deixem que narre pra vocês
O que eu sonhei primeiro.
Depois vamos debater,
Como vamos proceder,
Pra salvar o vale inteiro.
28
- No meio daquela guerra
Os meus pais também fugiram;
Foram pra o lado contrário,
E sem destino seguiram.
Depois de muitos tropeços,
Tiveram um novo começo,
Novos caminhos surgiram.
29
Chegaram em outro reino
Bem diferente do seu;
Um monarca muito bom
Foi ele que os recebeu;
Demonstrando seu carinho
Deu pra eles um novo ninho;
Foi assim que aconteceu.
30
Ele levou os meus pais
A presença de um Mago.
Que quando olhou para os dois
Demonstrou muito afago.
Falou sem ter empecilho:
Os dois vão ter um só filho
Que vai salvar do estrago.
31
É ele quem vai restaurar
Os destinos do reinado.
De onde vocês fugiram
Um pouco atrás do passado.
Mas logo que ele crescer
Novo destino vai ter.
O bem vai ser restaurado.
31
Minha mãe engravidou
Por oito anos seguidos.
Nenhuma barriga vingou.
Meus pais tinham desistido.
Mas o Mago assim falou;
Tenham fé em seu amor;
Basta fazer um pedido.
32
Vocês vão ter que seguir
Para dentro da floresta;
Lá demonstrem seu amor
Deixem os corações em festa.
Façam então os seus pedidos,
Mas só um será concedido,
Que o deus da mata atesta.
33
Meus pais então combinaram
Fazerem os dois um pedido.
Para que não haja dúvida
Esse será concedido.
Na hora do “vamos ver”
Pediram para nascer
Um filho forte e destemido.
34
Foi assim que aconteceu,
A forma que fui gerado.
Quando eu fiz dezoito anos,
Para aqui eu fui mandado.
Foi em um dia bem tristonho,
Que eu tive um belo sonho,
Que agora vai ser contado.
35
Eu acho que não foi sonho,
Pra mim foi uma visão.
Estava a noite sentado,
Quando avistei um clarão.
A coisa não existia,
Vi a anoite virar dia.
Cai prostrado no chão.
36
De dentro da luz saiu
Um vulto não definido,
Não era homem ou mulher
O que tinha ali surgido,
Era algo bem diferente,
Desse que deixa a gente
Um tanto quanto aturdido.
37
Da luz saiu uma voz
Que me falou bem assim:
Tens que sair em missão
Que deve ser bem ruim,
Voltes as terras de teus pais
Se procuras encontraras
O princípio, o meio e o fim.
38
E nesse exato momento,
Aquela luz se escondeu;
Tudo voltou ser escuro
Que parecia um breu.
Eu não entendi foi nada
E só pela madrugada
É que a mente adormeceu.
39
Então procurei meu pai,
Para falar sobre a guerra.
Como a coisa aconteceu,
Lá por traz daquelas serras.
Ele contou apavorado,
Foi guerra sem ter soldado,
Por isso deixamos a terra.
40
Não se via um soldado,
Mas muita gente morria.
Apenas quem escapava,
Era aquele que corria.
Quem ficou lá no local,
Por certo passou tão mal
E morreu em agonia.
41
Até mesmo o nosso Rei,
Fugiu daquele lugar.
Lá não ficou viva alma
Para a história contar.
Nunca mais minguem falou
O que por lá se passou,
E nem eu fui procurar.
42
Então falei pra meus pais
Sobre a minha ilusão.
Ele falou que foi sonho
E que eu não desse atenção.
Acho que foi um pesadelo.
Por isso faço um apelo;
Esqueça logo a visão.
43
Mas naquela mesma noite
Novamente aconteceu.
Aquele vulto chegou
E vejam o que sucedeu.
Ele sentou ao meu lado
E com voz em som timbrado
Uma missão ele deu.
44
Vás morar numa caverna.
No morro do vale bonito.
Eras cumprir uma missão.
Pois já está tudo escrito;
Vás procurar a espada.
Que está bem enterrada.
Naquele lugar bendito.
45
No vale tem um riacho.
Onde as pedras são iguais.
É um riacho sagrado
Pra os moradores locais.
As águas que nele corre
Aos habitantes socorre
Esses são fatos reais.
46
Fiques esperando na praça
Que um dia aparecerá.
Alguém bastante educado,
Que vai querer te ajudar.
Levará com ele alguém
Outra pessoa do bem.
Neles podes confiar.
47
Vão encontrar a espada
Lá no coração da terra.
Ela deve estar sem brilho
Pois no momento ela hiberna.
Peguem pedras no riacho,
Ponham elas em um tacho
E levem para a caverna.
48
Coletem agua do rio,
Nessa caneca de ouro,
Tragam com muito cuidado
Na água está o tesouro.
Na primeira madrugada.
Dê um banho na espada.
Com isso acaba o agouro.
49
- Aonde é o coração da terra?
Perguntou o ex monarca.
- É o que vamos procurar
Deve existir uma marca.
A jovem em tom inocente
Disse: tá tudo lá na nascente
Onde esconderam a arca.
50
Foram os três para a nascente,
Tiveram grande emoção.
A nascente do riacho,
Tem forma de coração.
Olharam pra todo lado,
Encontraram bem guardado
Algo em forma de caixão.
51
Quando abriram a arca
Estava ali a espada.
Dentro da velha bainha
Ela estava bem guardada.
Coletaram agua do riacho,
Puseram as pedras no taxo,
Aguardaram a madrugada.
52
Seguiram bem direitinho
Tudo que o sonho ensinou.
Botou água sobre as pedras
E a velha espada banhou.
Esperaram um só segundos,
Quando um estouro profundo,
A caverna se iluminou.
53
Naquele exato momento,
Todos ouviram uma voz.
- Ponham a luz na bainha
Com movimento veloz.
Todos ficaram de pé,
Viram um vulto de mulher,
De uma beleza atroz.
54
A figura quase humana
Tinha asas coloridas,
Pareciam feitas em ouro,
De formas bem definidas.
- Agora vou lhes dizer,
Como devem proceder
Para a missão ser cumprida.
55
Todos estavam extasiados
Só podiam ver e ouvir.
Estavam feito estátuas,
Não podiam nem sair.
Ficaram somente ouvindo,
O som que vinha saindo,
Somente para instruir.
56
“Peguem a espada brilhante,
Sigam pra velha cidade,
Passem no riacho santo,
Peguem água a vontade.
Vão soltando devagarinho,
A água pelo caminho,
Que vai brotando bondade.
57
Quando chegarem a cidade
Frente ao portão principal;
Joguem o resto da água,
Esperem em frente ao umbral,
As portas vão se abrir,
E vocês virão logo ali,
As causas do grande mau.
58
Desse momento em diante
Tudo fica com vocês,
Ajam de forma compacta,
Que ocupe sempre os três.
A força está na espada,
Que deve ser levantada
Sempre com muita altivez”.
59
Quando as portas se abriram,
Surgiu uma nuvem escura,
Os três levantam a espada,
Demonstrando só bravura.
A espada então brilhou,
E a nuvem se dissipou,
Levando uma criatura.
60
Passaram aquela etapa,
Seguiram pelo caminho,
Nele brotavam só flores,
Onde antes era espinhos.
Tavão os três de mãos dadas,
Segurando aquela espada,
Sempre com muito carinho.
61
Viram o antigo palácio
Guardado por três dragões,
Que quando viram a espada,
Se transformaram em anões.
Rodaram feito carrapeta,
Viraram três borboletas,
E sumiram sem agressões.
62
Quando chegaram ao palácio,
A jovem tomou a frente.
Abriu com força as portas
Olhou quem tava presente.
Pegou na mão do rapaz,
Pediu permissão ao pai
E lhe deu um beijo ardente.
63
Naquele mesmo instante,
Tudo ali se transformou.
A espada sai voando,
No trono ela se cravou.
Então se ouve um grito,
Frente ao trono cai proscrito,
O grande destruidor.
64
Todos correm para perto
Daquele ser moribundo.
O jovem disse é o Mago,
Que me mandou pra o mundo,
- Sou oposto da bondade,
Perdoem por caridade.
E cai no sono profundo.
65
Nesse instante aparece
Bem em frente ao umbral,
Os pais do jovem e o Mago,
Que é oposto de mau.
- O mal tinha sucumbido,
Era o irmão do falecido,
Que chagara ao local.
66
Aos pouco foram chegando
De volta para o reinado,
Todos que tinham fugido
Logo atrás, no passado.
Foi grande a emoção
Que surgiu no coração
Dos dois jovens apaixonados.
67
O velho Rei sobe ao trono
Bastante emocionado,
Traz consigo os dois jovens
Colocando-os ao seu lado.
São meu filho e minha filha,
Que formarão a família,
Pra comandar nosso estado.
68
Graças a esses dois jovens,
Nossa paz foi resgada,
Chegaram aqui com bravura
Depois de bela jornada.
Também fiz parte da história
E vou guardar na memoria
Aquela mulher alada.
69
Quando o Rei falou aquilo
Tudo ali resplandeceu.
A bela mulher aparece
No esplendor que é só seu.
- Trouxe de volta a espada,
Que só deve ser usada,
Pelo meu jovem plebeu.
70
Transferiram o novo Reino
Para o coração da terra.
A espada dourada garantia
Aqui jamais terá guerra.
Todos felizes e contentes,
Dessa forma minha gente;
Que nossa história se encerra.
quarta-feira, 21 de agosto de 2019
AS ÁRVORES FALANTES
AS ARVORES FALANTES
Nivaldo Melo
1
Essa é mais uma estória
Contada por minha vó
Que ela costumava narrar
Não pra uma pessoa só
Reunia-nos na calçada
Até alta madrugada
Lá no sitio Carimbo.
2
Como é normal em estórias
Dos tempos da carochinha
Tudo que aqui se conta
É verdade inteirinha
A nossa vó está contando
E a gente escutando
Prestigiando a velhinha.
3
O que aqui vou narrar
Aconteceu já faz tempo
Os antigos vêm guardando
Não deixam no esquecimento
Precisamos preservar
Por isso é que vou contar
Aguardem só um momento.
4
Quando Deus criou o mundo
Mais de cem mil anos atrás
Só existiam os anjos
E não tinha nada mais
Deus com sua onipotência
Demonstrava competência
Criou os mundos atuais.
5
Não tinha céu e nem terra
Era um escuro total
Não se via nada mesmo
Aqui, tudo era igual
A noite não existia
Nem existia o dia
Tudo era muito real
6
Deus disse. Faça-se a luz
Para iluminar o mundo
Porque durante milênios
Tudo estava em penumbro
Mandou que se fizesse luz
E num segundo fez “PLUSH”
E foi um clarão profundo.
7
E Deus viu que era bom
E criou o firmamento
O céu a terra e o mar
Surgiu naquele momento
Na terra pôs animais
No mar peixes por demais
Para seu contentamento.
8
Então Deus criou as matas
Com plantas e flores bonitas
Serviriam de alimentos
Naquela terra bendita
Sentou-se pra descansar
E começou a meditar
Vou melhorar essa escrita.
9
Antes de criar o homem
Deu vida pra natureza
Deu vós para os animais
Estava ficando beleza
Pensou que estava brincando
Ao ver os bichos falando
Acabando com a tristeza.
10
E com as plantas; o que fazer?
Eu vou faze-las falar
Terão uma forma própria
Para se comunicar
Pra cumprir o mandamento
Farão isso por um tempo
É assim que vou deixar.
11
E dessa forma foi feito
Como quis o Criador
Todos se comunicavam
Sem ter o menor temor
Ao contemplar o efeito
Estava tudo perfeito
Como previa o Senhor.
12
E durante muitos anos
Na terra as plantas falavam
Da forma mais incomum
Elas se comunicavam
Cada palavra uma ação
Lá não tinha palavrão
Até sugestão elas davam.
13
E foi em uns dias desses
Em um momento fugaz,
Que as plantas resolvera
Dar nomes pra os animais
Foram falar com o Senhor
Ele; o Mestre autorizou
Com a presença de fiscais.
14
Nomeou quatro fiscais.
O Pau ferro, Jequitibá
Sucupira e o Cedro
Vão ter que fiscalizar
Se eles acharem certo
Será o nome correto
Que os bichos vão usar.
15
Convocaram todas a plantas
Criaram uma comissão
As plantas baixas dão nomes
Aos que vivem pelo chão
E as de altura média
Farão uma enciclopédia
Pra não ter duplicação.
16
As aquáticas darão nomes
Aos que vivem no mar
Rios, riachos e lagoas
Esses não podem errar
E peixe que não é peixe?
Se encontrar você deixe
O nome o Mestre é que dá.
17
As plantas chamadas árvores
As mais altas da floresta
Vão dar nome aos que voam
Isso vai ser uma festa
É preciso evitar as brigas
Não alimentem intrigas
Se tiver o Pai contesta.
18
Primeiro as plantas baixas
Deram os nomes do Tatu,
Cupim, Formiga, Minhoca,
Esse quem deu foi Guandu
Marmota, Gôgo, Lagartixa
Doninha, bicho Preguiça
Besouro, Rato, Timbu
19
Tamanduá, Paca, Cuteu,
Borboleta, e bicho de pé,
Galinha, Pato, Peru,
Ganso, Anta e Guiné
Pantera, Tigre e Leão
Mariposa, Calango, Zangão
Caracol e a Galinha Garnisé.
20
Bisão, Lince, Marmota
Zebra, Elefante, Gato,
Ovelha, Tamanduá,
Abelha, Onça, Macaco
Aranha, Bode e Touro
Lagarta, Cabra, Besouro,
Castor, o Urso e o Pato.
21
Alce, Anta, Avestruz,
Canguru, Barata, Galinha,
Cobra, Castor, Cavalo
Coelho, Esquilo, Joaninha
Jaguar, Piolho, Javali
Pantera, Lebre, Quati
Mosca, Hipopótamo, Fuinha.
22
As plantas mandavam nomes
A lista ia aumentando
Quando chegou mais de mil
Alguém gritou: vão parando
Agora vamos aguardar
A planta aquáticas mandar
Enquanto estou anotando.
23
Dessa forma começou
Das plantas d’agua a lista,
Os Nomes que inventaram
Pareciam de artista
Laila, Merluza, Leão
Garoupa, Cavala, Salmão,
Peixe palhaço, Espadista.
24
Sardinha, Acará e Mero,
Anchova, Bagre, Guaru,
Bodião, Castanha, Moreia,
Bacalhau, Atum, Muçu,
Carpa, Agulha, Matrinxã
Peixe pedra, Aruanã,
Beta, Neon e Pacu.
25
Tilápia, Corvina, Cavala,
Peixe pedra, Tubarão,
Papagaio e Robalo
Barrigudo, e Camarão
Piaba, Piau, Pitu,
Peixe aranha, Baiacu,
Soia, Arraia, Bodião.
26
Bacalhau, Cascudo, Piranha,
Barba, Bicuda, Acará,
Peixe anjo, Peixe boi,
Atum, Traíra, Curimatá
Truta, Xaréu, Pirarucu,
Bagre, Piaba, e Jaú,
Peixe galo, Jundiá.
27
Peixe gato, Carapeba,
Barracuda, Peixe espada,
Só não sei quem deu o nome
Ao nosso peixe Queixada,
Deve ter sido um louco
Que inventou o peixe Porco.
Bonito, Sarda, Pescada.
28
Todos os dias vinham nomes
Para aumentar o plantel,
Se eu quisesse listar todos,
Não davam nesse cordel
Vamos passar pra quem voa
Isso vai ser coisa boa
Vou preparar o papel.
29
As arvores de mais altura
Com seus galhos imponentes
Já tinham listado muitos
Por isso estavam contentes
Preparem lápis e caneta
Vai começar a retreta
Praqueles que são descrentes.
30
Tudo iria começar
Naquele momento exato
Quando surgiu uma duvida
Do bicho chamado macaco
Que só pra contrariar
Quis o seu nome mudar
Dizendo não quero papo
31
A Presidente das arvores
A tal da Catuabeira
Falou assim pra o macaco
Amigo deixe de asneira.
Qual o nome que tu quer?
- Quero ser bicho de pé.
Tá parecendo doideira.
32
Começou um bafafá,
Ali ninguém se entendia.
Muitos bichos acusavam
Só poucos é que defendia
O Pau Ferro então gritou
Vamos parar com o andor
Tá virando anarquia.
33
Foi quando o Mestre falou:
Tragam aqui esse nanico
Tem três nomes pra escolher,
Macaco, Símio ou Mico
Toda plateia bradou:
Macaco mesmo Senhor.
Logo acabou o conflito.
34
O macaco insatisfeito
Gritava dizendo assim:
Vou dividir minha espécie
Tudo vai ficar assim
Macaco que é macaco
Vive trepado no mato
Somente ele e saguim.
35
Vamos ter um Rei Macaco
Que reinara entre nós
Vou chama-lo de Gorila
Será nosso porta voz
Vai ser o bicho mais forte
Que selará nossa sorte
Diante de todos vos.
36
Nessa hora o Pai falou
Tá tudo tumultuado
Quem tiver que reclamar
Que venha pra esse lado
Quem quiser pode ir falando
Que alguém vai anotado
Depois dou o resultado.
37
Muitos animais seguiram
Para o lado indicado
Na frente foi o Leão
Seguido pelo veado
Em seguida o jacaré
E o macaco chimpanzé
Que era o mais afobado.
38
Notaram? Não tinha aves
Entre aquela formação
É que nenhuma tinha nome
Dado pelo Anfitrião
As aves estavam olhando
Apenas observando
Sem fazer contestação.
39
Enquanto não acontecia
Acordo entre os insatisfeitos
As grande arvores faziam
Uma lista sem defeito
Estava tudo encaminhado
Tudo bem catalogado
Para surtir seus efeitos.
40
A arvore que é Pau-ferro
Junto com a Catuabeira
Iniciaram a nomeação
Não iam fazer besteira
Pau d’ardo e Jequitibá
É que iriam assinar
A relação por inteira.
41
Começaram com Andorinha
Essa grande relação
Papagaio, Periquito
Rolinha, Anum, Cancão,
Arara, e Barrigudinho
Bico de Prata, Arirambinho,
Canário e Corrupião.
42
Asa branca, Bacurau
Pomba rola, Bem-te-vi,
A Ave do Paraiso
Curicaca e Doremi,
Águia e o Gavião,
Açum Preto e Azulão
Canário belga, Chopim.
43
Alegrinho, Arredio,
Maritaca, e Jaçanã,
Serrote e Pica-pau
Patativa, e Acauã,
O pássaro de Anambé
O estranho Caburé,
O belo pássaro Sanã
44
Vem a Casaca de couro
Tico-tico, Tangará,
Relógio e o Risadinha
Pinta silvo, Carcará,
Saracura, Uirapuru.
Pombo, Rolinha, Urubu,
Sanhaçu e Sabiá.
45
Viuvinha, João de barro
Trica ferro e Ferreiro
Pintadinho, Patativa,
Galinha d’água, Guerreiro,
Flautim e Fogo pagou
Passarinho saltador
Quero-quero e Rendeiro.
46
Soldadinho, Tuim, Tiziu,
Gralha, Japi, Falcão,
Pássaro de fogo, Tucano
Inhapim, Pardal, Carão,
Lavadeira, e o Xoró,
Saia amarela, Socó,
Galo de campina, Faisão.
47
Papa formiga, Grauna,
Macuco e Barbudinho,
Mãe da lua e Mutum,
Jacutinga, Rapazinho,
Turuarim, Arribaçã,
Araponga, Aracuã,
Albatroz, Cisne, Noivinho.
48
Atobá e Albatroz,
Pelicano, Curió,
Fragata e o Tesourão,
Piau, Coruja, Mocó,
Beija-flor, Jacurutu,
Papa-capim Tuiuiú,
Pavão, Condor, Cricrió.
49
Centenas de outros nomes
Foi posto na relação
Houve apenas um protesto
Vindo do pássaro Cancão
Como não tinha mais jeito
Ele se deu por satisfeito
Então fizeram um festão.
50
Os bichos estão satisfeitos
O Pai supremo também
As arvores estão falando
Entre si; mas pra ninguém
Diante do Pai se ajoelharam
E em coro todos gritaram
Viva Deus Pai e Amem!!!
A PEDRA MÁGICA
A PEDRA MÁGICA
Nivaldo Melo
1
No reino do faz de conta,
Em um lugar bem distante
Aconteceu essa história
Que é muito interessante
É quase um conto de fada
Que vai aqui ser narrada
É um caso eletrizante.
2
Vivia aquele reino
Dias de muita alegria
Na rua o povo cantava
Era aquela euforia
A princesa ia casar
Era bom se alegrar
Porque todo mundo ia.
3
O noivo era o herdeiro
De um reino diferente
Onde o povo era bem triste
Porque o rei era ausente
E o príncipe herdeiro
Era louco por dinheiro
Mas era meio demente.
4
A princesa não sabia
Como era seu prometido
Sabia que era um príncipe
De um lugar meio escondido
Mas ela só protestava
De seu jeito adivinhava
Um futuro indefinido.
5
Certo dia lá na praça
A bela noiva foi vista
Passando em carruagem
Parecia uma artista
Seguida por dez soldados
Montando cavalos alados
E pondo o povo em revista.
6
Então para seus espantos
A comitiva parou
E a princesa desceu do trole
E pra o povo assim falou:
Meus súditos e bons amigos
Prestem atenção no que digo
Acho que meu pai falhou.
7
Porque estou prometida
Para quem eu não conheço
Não temos informação
Nem do fim nem do começo
De quem será meu marido
Que pra mim tá escondido
Desse jeito eu enlouqueço.
8
Foi aquele alvoroço
No meio daquela praça
Todos se compadeciam
Antevendo a desgraça
Foi aí que se ouviu um grito
Para não ter um conflito
Vamos criar uma farsa.
9
Mas que farsa vai ser essa
Perguntou logo a princesa
Como nós vamos mudar
Os pratos que estão na mesa
- Diga que tivestes um sonho
Foi daquele tão medonho
Que assombrou a nobreza.
10
Fale que só podes casar
Com o homem mais valente
Que ele tem que trazer
Pra ti um belo presente
Não um presente comum
Dos que em mil se encontre um
Algo belo e diferente.
11
O desejo da princesa
Muito rápido se espalhou
E o príncipe prometido
Aos gritos só protestou
Não vou abrir minha mão
Vou comprar um presentão
Mas alguém assim falou.
12
Comprar presente, pra que?
Se a princesa só casa
Com quem trouxer um presente
Desses que tudo arrasa,
Portanto caias no mundo
Tire a ferrugem do fundo
Mas traga o presente em brasa.
13
E do outro lado do mundo
Num lugar quase esquecido
Um rapaz muito educado
Mas daqueles decidido
Resolveu participar
E saiu para caçar
O presente prometido.
14
Seu pai era lavrador
Então falou pra o rapaz
Tenha cuidado meu filho
Porque isso é demais
Se vás sair pelo mundo
Não esmoreça um segundo
Que por certo casaras.
15
Então pegou seu cavalo
E entregou para o filho
Deu pra ele um bisaco
Contendo nele um polvilho
E disse só podes usar
Se alguém quiser tirar
Do teu caminho o trilho.
16
O rapaz agradeceu
E prometeu para o pai
Vou chegar aqui casado
Porque sou um samurai
Comigo trago a princesa
E pode ter a certeza
Chego gritando Banzai.
17
Durante mais de cem dias
Esse rapaz galopou
Subia e descia morros
Até que um dia chegou
Em frente a um grande rio
E quando parou ele viu
Foi ali que ele aportou.
18
Viu que lá dentro do rio
Algo estranho reluzia
Queria saber o que era
Vou pegar ele dizia
Então saiu a nadar
Até poder encontrar
Aquilo que ele queria.
19
Era uma pedra brilhante
De cores verde e amarela
Ela mudava de tom
Se alguém olhava nela
Olhou e viu a princesa
Com toda sua beleza
Debruçada na janela.
20
Quando já ia voltar
Algo estranho aconteceu
Saiu do rio uma cobra
Ai ele se benzeu
Jogou nela aquele pó
E a cobra de cipó
Logo desapareceu.
21
Então veio lá de cima
Um lagarto voador
Ele lhe mostrou a pedra
Então o bicho voltou
Deu um grito estridente
Desse que espanta gente
O rapaz então gostou.
22
Foi ai que o samurai
Jogou o pó no cavalo
Então ele criou asas
Como asas de um galo
Com penas bem coloridas
E pontas muito compridas
Que perguntou: eu disparo?
23
Em menos de quatro horas
Voaram até o destino
Quando chegou encontrou
Tudo em grande desatino
Tinha muitos pretendentes
Querendo se mostrar valente
Mostrando presente fino.
24
Ficou muito preocupado
Foi o último a chagar
Os portões foram fechados
Porque não tinha lugar
Pra colocar tanta gente
Todos eles pretendentes
Pra princesa desposar
25
De início não queriam
Que o rapaz concorresse
Ao olharem suas vestes
Perderam o interesse
Como iriam esmorecer
Nunca iremos perder
Pra um pobre como esse.
26
É que eles não sabiam
De onde veio o rapaz
Ele veio do oriente
Lugar longe por demais
Sabiam que tinha chegado
Montando cavalo alado
Muito normal, aliais
27
O rei chamou todo mundo
Falou sereno demais
Quero todos em harmonia
Todos em calma e muita paz
O que eu disser fica dito
E não quero nada escrito
Não volto a palavra atrás.
28
Então ficou acertado
Tudo pelo soberano.
Quero que todos coloquem
Seus presentes em um pano
Não pode ser mais de um
Porque é caso incomum
Não entrem em desengano. 29
O samurai colocou
Sua pedra em um pano preto
E colocou o seu nome
Todo feito um folheto
Como se fosse um cordel
Pôs o melhor papel
E esperou o efeito.
30
O pano preto causou
De todos, muita atenção
Porque pulava da mesa
E descia para o chão
Saia de dentro uns raios
Que provocava desmaios
Naquele que punha a mão.
31
Quando a princesa chegou
E viu todos os presentes
Fez recusa a quase todos
Com aquele jeito descente
Seus olhos não tinham jeito
Só viam o pacote preto
Que dentro era reluzente.
32
E quando a princesa abriu
E viu a pedra verde amarela
De brilho tão reluzente
Quis logo ficar com ela
Foi falando para o rei
Agora meu pai eu sei
Encontrei minha costela!
33
Então chamaram o rapaz
Que trouxe aquele presente
Ele veio em disparada
Se apresentou bem contente
Beijou a mão da rainha
E no rei deu um tapinha
De forma bem diferente.
34
Foram iniciadas as festas
Desse novo casamento
Durariam trinta dias
A partir desse momento
O novo casal teria
Dias de muita alegria
Nesse acontecimento.
VIVA, VIVA O CORONEL!
VIVA,VIVA O CORONEL!
Nivaldo Melo
1
Me convidaram pra festa
Nos confins, do interior
Lá vi muitos advogados
E tinha até um doutor
Pra lhes falar a verdade
Só foi no início da tarde
Que a festa começou
2
Só se falava no churrasco
Da carne do boi mimoso
Para uns era verdade
Para outros era Trancoso
O Bartô, dono da festa
Só passava a mão na testa
Pensava em ficar famoso
3
Quando acenderam o fogo
Foi perto do meio dia
Porque o Biu churrasqueiro
Foi pra uma romaria
E chegou foi atrasado
Pois estava manguaçado
Ele, a mulher e a tia.
4
Que seja feito a justiça.
Comida ali não faltava
Mas estava toda crua
Pois o fogo não pegava
Abana ali sopra aqui
As labaredas há subir
Mas não fazia uma brasa.
5
Sem brasa não tem churrasco
Gritava o Biu churrasqueiro
Vão chamar compadre Beto
Filho de zé carvoeiro
Digam que traga o gás óleo
Derivado do petróleo
Que o fogo vira braseiro.
6
E desse jeito foi feiro
Enquanto o Bartô olhava
Os convidados sentados
Enquanto a barriga roncava
Na festa só se bebia
Pois ali ninguém sabia
Que hora a carne chegava
7
O pai do dono da casa
Um senhor da boa idade
Dizia: eu vou pra casa
Me levem, por caridade
Lá eu como pão com ovo
Que é a comida do povo
Eu sou da antiguidade.
8
De repente ouviu-se um grito
Tá chegando o coronel
Foi um core, corre danado
Eu como bom menestrel
Pedi logo uma caneta
Que é minha escopeta.
Para atirar meu cordel.
9
Olhei para meu relógio
Já era mais de uma hora
Se o churrasco não sai
Garanto-lhes que estou fora
Tomei meu café as sete
Só comi um pão baguete
Valei-me Nossa Senhora!
10
Chegou nosso Coronel
Gritaram lá da calçada
Olhamos na direção
Garanto; ninguém viu nada
Vimos só um cara magro
Com sua esposa de lado.
O Coronel de brigada.
11
As crianças saíram correndo
Pensei, é papai Noel
Foi um tremendo engano
Desse vosso menestrel
Dizendo ho, ho, ho, ho
Com jeito de professor
Era o tal de coronel.
12
Foi quando a coisa mudou
Logo naquele ambiente
Colocaram o coronel
No lugar que era mais quente
Encontraram um guarda sol
Num formato de lençol
Pra proteger o decente.
13
Na mesma hora chegou
Na mesa do coronel
Um litraço de uísque
Um litro de moscatel
Quatro latas de cerveja
Tudinho naquela mesa
Era só pra o coronel.
14
E a coisa foi mudando
O Bartô todo empolgado
E o coronel tinha fama
De ter o cabelo pintado
Tinha como um diferencial
Ter um cabelo anormal
Penteado só pra um lado
15
Respeitavam o coronel
Só por pintar os cabelos
Quando a tinta vadiava
Pintava todos os pelos
Era preto, era azul
Cor de sapo cururu
Era aquele desmantelo.
16
Mas o coronel mandava
Em todo aquele ambiente
Pra onde o coronel olhava
Todos gritavam contentes
Viva nosso coronel
Que desempenha o papel
De grande protetor da gente.
17
O sogro da dona da festa
Que é o velho pai de Bartô
Tava meio sem espaço
Mas ele não reclamou
Ficava chupando o dedo
Meio acanhado, sem medo
Do coronel protetor.
18
Em qual quartel ele serve?
Ele perguntou pra nora
Ele não serve de nada
Do quartel ele tá fora
É que ele é gente fina
Quando pinta aquela crina
A turma acha da hora.
19
O coronel eleva o dedo
Começa chegar comida
Churrasco do boi mimoso
Muita linguiça e bebida
O Bartô seu puxa saco
Demonstra ser cara fraco
Com proteção garantida.
20
Tudo gerava em torno
Do senhor papai Noel
A pobre aniversariante
Perdeu logo seu papel
Pois as atenções agora
Eram para o cara da hora
O garboso coronel.
21
Quem chegou com o coronel
Foi a sua acompanhante
Era muito parecida
Com a aniversariante
Será que eram parentes
Acho que só aderentes
A partir daquele instante.
22
O coronel estava ali
Em cima de seu pedestal
Todo metido a cu doce
Pois se achava o astral
Se colocou de repente
Acima desde toda gente
Era o ator principal.
23
E a aniversariante coitada
Ficou só meio acanhada
Preparou toda comida
Até ata madrugada
Sarapatel, sururu,
Assado de baiacu
Demonstrando está cansada.
24
E a aniversariante do dia?
Foi lhe tirada a atenção
Somente os familiares
Apertavam sua mão
Davam nela um abraço
Pois tinha perdido o espaço
Daquela comemoração.
25
Parecia que o aniversariante
Era o tal do coronel
E eu cá com meus botões
Ela perdeu o papel
De comemorar os cinquenta
Mas acho que ela aguenta
Viver naquele ostracél.
26
Vamos cantar parabéns
A música vai de capela
O coronel então soprou
Foi quem apagou a vela
A pobre aniversariante
Sem ar, naquele instante
Sentiu-se fora da tela.
27
O coronel pega a faca
E corta o bolo no meio
Metade levo pra casa
Faço isso sem receio
Entrego a outra metade
Para assenhora beldade
Mas vou tirar o recheio.
28
Foi com tremenda euforia
Em favor do coronel!
Que é o cara mais folgado
Dentro de nosso plantel.
Ele é um cara batuta.
Ele é um filho da puta
Viva, viva o coronel.
terça-feira, 20 de agosto de 2019
O BAILE DAS FADAS
O BAILE DAS FADAS
Nivaldo Melo
1
No meu tempo de criança,
Sempre ouvi vovó contar,
Histórias muito bonitas,
Logo depois do jantar.
Reuníamos na calçada,
Até quase madrugada,
Bem antes de nos deitar.
2
Eram muito interessantes.
Ouvirmos, todos calados,
Não se ouvia um pio,
Era um silencio danado.
Vovó bem compenetrada,
Ficava muito animada,
Narrando fatos inventados.
3
Por isso estou motivado,
Pra lhes passar mais um fato.
Que por mim foi inventado.
Podem crer, não é boato;
Histórias da carochinha,
Era um dom que vovó tinha,
Herdei dela e lhe sou grato.
4
Vamos ao que interessa.
Quero que prestem atenção,
Leiam com muito carinho,
Sintam se é verdade ou não,
A história aqui contada,
Quero que fique gravada,
Na mente e no coração.
5
Toda noite e madrugada
Havia luz na floresta,
Alguém falava. Deve ser
Os vagalumes em festa,
Muitas músicas se ouvia,
E o som que dali saía,
Parecia de uma orquestra.
6
Era um som maravilhoso.
Nunca alguém foi conferir.
Era um som muito gostoso,
Daqueles que faz dormir,
Se alguém se aproximava
A música logo sessava,
Parava-se logo de ouvir.
7
O som subia e descia,
Embalado pelo vento,
Começava logo cedo,
Não parava um só momento.
E quem morava ali perto,
Queria saber ao certo,
De onde vinha o evento.
8
Um dia, logo à tardinha,
Duas crianças espertas,
Esconderam-se na mata,
Foram, o Luiz e a Roberta.
Queriam descobrir o motivo,
De todo aquele festivo,
E ficaram bem alertas.
9
E na noite da lua nova,
Se esconderiam melhor,
Viram uma arvore bem alta,
A que tinha mais cipó,
Ficariam em segurança,
Amarrados numa trança.
Seria uma noite só.
10
Ficaram ali escondidos.
Sem emitirem um som,
Logo a noite escureceu,
Deixando tudo marrom.
De repente viram tudo,
Deixando os dois quase mudo,
Início de um sonho bom.
11
Viram que mil vagalumes,
Iluminavam o ambiente,
E vultos bem coloridos,
Povoaram de repente.
Desciam todos do céu,
Todos envoltos em véu,
Em um bailar permanente.
12
Começaram a solfejar,
Só musica inebriante,
Deixando os dois abobados,
A partir daquele instante,
Ficaram bocas in abertas,
Com medo da descoberta,
Do povo bem cintilante.
13
Era o início das festa,
Com músicas em tom maior.
E as duas jovens crianças,
Tremiam feito cipó,
Observavam lá do alto,
Vendo aquele fogo fátuo,
Pareciam dois bocó.
14
Ficaram observando,
Tudo que acontecia,
Olhavam aquele balé,
O som subia e descia,
Os vultos ali dançavam,
E nunca eles cansavam,
Todos com muita alegria.
15
Era uma dança bonita,
Nenhum pisava no chão,
Flutuavam tão bonito,
Numa perfeita união.
Terra, água, fogo e ar,
E as figuras a bailar,
Causando grande emoção.
16
E o tempo foi passando,
As crianças nem notaram.
Foram muitas horas ali,
E eles nem se ligaram.
Quando caíram em si,
Não dava mais pra fugir,
Ali mesmo pernoitaram.
17
Mas não dava pra dormir,
Devidos aos sons tão bonitos,
Sentiam-se hipnotizados,
Foi quando ouviram apitos,
Vinha do meio da floresta,
Foi quando acabou a festa,
Então ouviram os gritos.
18
Os gritos diziam assim:
Onde estão Luiz, Roberta?
Sumiram de nosso sítio,
Se embrenharam na floresta.
Crianças muito peraltas,
Vocês fazem muita falta,
Pra nossa gente modesta.
19
Em seguida vinha o silencio,
Não se ouvia viva voz,
As crianças com muito medo,
Sabiam que estavam sós.
Saíram do escondido.
O que tinham visto e ouvido,
Só contariam aos avós.
20
Voltando apenas um pouco,
A um fato que sucedeu,
Com a fuga das crianças,
Fato estranho aconteceu.
O povo tinha esquecido,
Do que tinha acontecido,
Foi aí que apareceu.
21
Por volta das sete horas,
Surge no sítio uma ave,
Com penas bem coloridas,
Gritando: Precisamos de coragem!
Vão procurar as crianças,
Parar com essa lambança,
Antes que a coisa trave.
22
Sou o Papagaio falante,
Da floresta o porta voz,
Vim aqui trazer um recado,
Por isso vim tão veloz.
As crianças curiosas,
Tão botando a vida à prova
Estão num perigo atroz.
23
O Luiz e a Roberta,
Fugiram a tardezinha,
E foram lá pra floresta,
Pesquisar o que ali tinha,
Acho que correm perigo,
Na mata não tem abrigo,
Coitadas das pobrezinhas.
24
O som que vem da floresta,
É do encontro das fadas,
Começa logo à noitinha,
Vai às altas madrugadas.
Fadas e Elfos em reunião,
Sua voz viram canção,
Jamais foram observadas.
25
É por isso é lhes peço,
Invadam logo essa mata.
Quem já tentou assistir,
Foi transformado em barata,
E são jogadas ás formigas,
Transforma todos em comida,
E delas ninguém escapa.
26
Foi um tremendo alarido.
Chamem todo povo aqui,
Temos que traçar um plano,
Vamos resgatar os guris.
Como está tudo escuro,
Se fizerem algum barulho,
As Fadas podem fugir.
27
Por favor. Falou a ave:
Não façam nenhum barulho,
Usem somente os apitos,
Pois deles só sai arrulho.
Vão andando devagar,
Pras Fadas não espantar.
Lá por cima eu patrulho.
28
Quem comandou a procura,
Foi o papagaio “Louro”,
Que reuniu seus amigos,
Doninha, abelha besouro,
Fariam uma busca geral,
Pra descobrir o local,
Onde estava o logradouro.
29
As duas crianças amigas,
Reuniram as suas avós,
Contaram tudo que viram,
Naquela noite atroz.
- Sabemos que foi errado,
Olhando por outro lado,
O risco foi só para nós.
30
Depois que ouviram o relato,
As avó estavam chorando,
As crianças espantadas,
Sem falar, ficaram olhando.
- Vocês vão ter que voltar,
Nós queremos estar por lá,
Só nós quatro observando.
33
Mexeram na auto estima.
Do papagaio falante,
Que ficou todo fofado,
A partir daquele instante.
Ele falou; venham comigo,
Vamos procurar um abrigo,
Sigam aqui o comandante.
34
Entraram então na floresta,
Pra assistir ao festival,
O balé daquelas Fadas
Verdadeiro carnaval.
Esconderam-se num buraco,
Todo coberto de mato,
Só pra ver o ritual.
35
Quando tudo começou,
Que iluminaram a floresta,
Chegaram Elfos e Fadas,
Estava começando a festa.
Era um balé tão bonito,
Não dava pra ser escrito,
Viam tudo pela fresta.
36
De repente algo estranho,
Deixou os três sem ação.
Na porta do esconderijo,
Apareceu um anão,
Com roupa toda bordada,
Numa mão uma espada,
Na outra um lampião.
37
Podem sair do buraco,
Vocês já eram esperados,
Os Elfos e nossas Fadas,
Querem vocês confinados,
Presos aqui neste lugar,
Vocês não vão escapar,
Até que sejam julgados.
38
Serão entregues as formigas,
Logo após o julgamento,
Você serão devorados,
De gritar nem vai dar tempo,
Amarraram-nos de cipó,
Levaram ao casal maior,
Os juízes no momento.
39
Fadas e Elfos bem sentados,
Numa vitrine colorida,
Cobertos com véus brilhantes,
Deixam as crianças aturdidas.
Todos de cabeças baixas,
Presos dentro de uma caixa,
Serviriam de comida.
40
Mas quem primeiro falou,
Foi o Papagaio louro.
Que disse assim para os Reis;
Eles dois não são besouro,
São crianças de coragem,
Queriam ver as imagens,
Saídas desse tesouro.
41
Nos desculpem majestades,
São apenas criancinhas,
Dessas que sonham bastante,
Com contos das carochinhas,
O que elas irão contar,
Sabem quem vão divulgar?
Serão suas vovozinhas.
42
Fadas e Elfos no momento
Começaram a gargalhar.
Trouxemos os dois para aqui,
Pra poder lhes convidar,
Participarem com alegria,
Sentirem nossa euforia,
Por viver nesse lugar.
43
As crianças de alegria,
Abraçaram o papagaio,
Que grito: me soltem logo
Senão eu viro lacaio.
Vamos todos aproveitar,
Brincar de roda, dançar,
Aproveitar bem, o ensaio.
44
As crianças se deleitaram
E curtiram a noite inteira,
Comeram manja de mel,
Feito pela feiticeira.
Acharam o melhor do mundo,
Caíram em sono profundo,
Em cima de uma esteira.
45
Então na manhã seguinte
Tiveram um susto medonho,
Dormiram foi na calçada
Era tudo muito estranho,
Algo lhes fez estranhar,
Ninguém lhes foi procurar.
Será que tudo foi sonho?
46
Então tiveram vergonha
De não serem compreendidas.
Dirão que é só devaneios
De mentes bem coloridas.
Mas à noite no sarau,
Transformam o sonho em real,
E foram muito aplaudidas.
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