quinta-feira, 31 de maio de 2018

VIDA SEXUAL DE UMA MULHER FEIA


Nivaldo Melo

Vinte e nove de fevereiro
Do ano oitenta e quatro
Nasce a mulher mais feia
Não pensem que é boato
Sua mãe; já de idade
Correu pra maternidade
Errou. Entro no teatro.

Lá dentro foi alvoroço
Vendo a mulher correndo
Gritando pra todo mundo
Meu bebe está nascendo
Quero urgente uma parteira
Tragam também um esteira
Acho até que estou morrendo.

Pensem numa bagunça
Lá no Teatro Central
E quem pagou o ingresso
Queria quebrar no pau
Todo mundo reclamando
A peça que estavam encenando
Era Orfeu do carnaval.

O carnaval esse ano
Seria no mês de março
Em menos de uma semana
Do dia do estardalhaço
Pierrô e colombina
Os padrinhos da menina
O padre foi o palhaço.

Foi assim que começou
A vida dessa mulher
Pois quem nasce em teatro
Muitos cuidados requer
Isso causa muito trauma
As vezes atinge a alma
Acredite quem quiser.

O nome para a menina
Foi votado na plateia
Alguns queriam Raimunda
Na votação deu ORFÉIA
Foi tudo na democracia
Como o diretor queria
Tudo como em assembleia.

A menina foi crescendo
E se tornando mulher
Como é feia por demais
Homens nenhum ela quer
Não ficava apavorada
Apenas dava risada
Não quero um homem qualquer.

Com vinte e cinco de idade
Nunca teve um namorado
Rezava todos os dias
Pra aparecer um tarado
Que botasse o olho nela
E lá por trás da capela
Fizesse nela o brocado.

Mas a ORFÉIA era feia
Era feia por demais
Ninguém sabia se ela
Era pra frente ou pra trás
Era uma feiura tão grande
Se a encontras onde andes
Pensas que é satanás.

Vou mostrar como era feia
A dona desse cordel
Não tem nada exagerado
Pois é esse meu papel
Descrever bem direitinho
Com amor e com carinho
Vou fazer isso a granel.

Na cabeça uns cem cabelos
Cada um de uma cor
Os da suas sobrancelhas
De dia eram furta-cor
Seu bigode bem postado
Só tem cabelo em um lado
Os olhos são bicolor.

O nariz avantajado
É um cabo de chaleira
As bochechas salientes
Tem furos feito perneira
Seu queixo é bem quadrado
Mas somente de um lado
Ela nem fede nem cheira.

Tem orelhas salientes
Que parecem dois abanos
Quando a dona vai à rua
Cobre as duas com panos
O cangote é tão roliço
Parece mais o toutiço
Daqueles bois africanos.

Os braços são tatuados
Com tintas da natureza
Manchas amarelas e vermelhas
Aquilo é uma tristeza
Vivem sempre bem coberto
Isso é vergonha por certo.
Quando ela fala gagueja.

O que ela tem de bonito
É um corpo escultural
O que digo é verdadeiro
Acho que isso é legal
É um corpo tão perfeito
Que não vai ter outro jeito
Eu não posso falar mal.

O que a mulher mais queria
Melhorar o seu astral
Fez mais de dez cirurgia
Mas ficava quase igual
Seguiu seu próprio conselho
Quebrou até o espelho
Pra não ver seu visual.

Já no lado sexual
Aos vinte e seis era nada,
Já não saía de dia
Somente na madrugada
Rodava sua bolsinha
Pra ver se algum homem vinha
Pra lhe dar uma cantada.

Então fez uma promessa
Com o rosário ao avesso
Antes dos vinte e sete
Teria que fazer sexo
Queria saber se era bom
Unir sobre qualquer tom
O côncavo com o convexo.

Então pelo carnaval
Preparou a fantasia
Fantasiou-se de freira
Cobriu-se o mais que podia
E logo na primeira noite
Como em um vento de açoite
Conseguiu o que queria.

Pra ela não foi tormento
Teve apenas alegria
Teve um pouco de tristeza
Quem a pegou não sabia
Nem queria procurar
Só queria encontrar
O mesmo no outro dia.

Sua mãe aconselhava
Nunca vá virar o disco
Se fizeres desse jeito
Vás correr um grande risco
Se ele pedir pra virar
Mande ele se lascar
E fujas do compromisso.

Logo no dia seguinte
Na mesma hora e local
Estava pronta a Orféia
Pra viver um bacanal
O cara chegou decidido
E falou ao seu ouvido
Hoje vai ser colossal.

Procuraram um escondido
Lugar que fosse legal
Pra se fazer sexo livre
Só mesmo no carnaval
Foram pra trás da igreja
E para suas surpresas
Tava cheio de casal

Orféia deu um recuo.
Vamos procurar um motel
Tem que ser aqui por perto
Só se for em um bordel
Faremos muito amor
Mas vou pedir por favor
Não queira tirar meu véu

O amante concordou
Sem fazer contestação
Queriam o anonimato
Pra evitar confusão
Fariam fantasiados
O amor do mais safado
Pra ter muita “gozação”.

Foi assim a noite toda
Os dois fazendo amor
Ela uma freirinha pura
Ele um policial robô
A noite os dois embolando
No bordel os dois transando
Ficaram quase em torpor.

E para a noite seguinte
Marcaram de se encontrar
Último dia do carnaval
Iam botar pra quebrar
Queria está bem ativa
Acabar a expectativa
Pedir pra o disco virar.

Como haviam combinado
Na mesma hora e local
Aquele dois se encontraram
Formavam um belo casal
Uma freira abstrata
Com seu amante de lata
No final do carnaval.

No caminho combinaram
Pra transarem diferente
Saíram os dois saltitantes
Felizes e muito contentes
Nessa noite foi motel
Esqueceriam o bordel
Fariam amor saliente.

E lá pra tantas da noite
Ela disse: vou falar
Nesse último encontro
Eu quero o disco virar.
- Não pense que sou omisso
Mas se a gente fizer isso
Você pode engravidar.

Ficou ela sem entender
Se seria assim tão mal
A Orféia ficar prenha
Bem no fim do carnaval
Seria bem diferente
Sentir ele em sua frente
Fazendo um amor normal.

Então daquele dia em diante
Só faria amor decente
Nunca na parte de traz
Somente na parte da frente
Nunca mais faria oral
Nem muito menos anal
Pra ver se faria gente

E depois daquelas noites
Nunca mais viu seu amante
Carnavais, mais carnavais
Se passaram num instante
Orfeia agora idosa
Nunca mais quis ser fogosa
Com um cavaleiro andante.

Ficaram apenas lembranças
Daquele amor colossal
Vivido por dois amantes
De uma forma surreal
Ela uma freira pacata
Amando um homem de lata
Seu robô policial.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

SINTA A CHUVA


Nivaldo Melo

Sinta a chuva.
Não no corpo mas na alma.
Sinta os pingos tocando uma sinfonias em puro Morse, ponto a ponto, traço a traço; em uma harmonia perfeita, sem semitons.
Sinta em seus ouvidos um batuque leve tocando sua alma, trazendo um alento de paz, em um ritmo perfeito e suave.
Sinta a chuva em suas narinas, trazendo aromas inebriantes.
Feche os olhos e sinta a renovação, dando corpo à sua alma.
Então pare.
E simplesmente.
Sinta a chuva.

A REALIDADE NO ESPELHO


NIVALDO MELO

Encontre um ancião
Pegando no velho pinto
Parei, prestei atenção
Seu gesto era diferente
Pensei; é masturbação!
Me aproximei pro ouvir
E vi que ele falava
A seguinte oração.

Quem eras tu Napoleão?
Nos tempos de adolescente
Teu membro era teu irmão
Taravas até as cabrinhas
Tudo sem hesitação
Falavas para os amigos
Ninguém ganha para mim não
Quanto mais pra mim é pouco
Mulher tenho de montão.


Quem eras tu Napoleão?
...Na euforia de teus 40
Esbanjavas só tesão.
Mulheres tinhas demais,
Não gastavas um só tostão
E quando estavas no banho
Por vezes asavas a mão
Te gabavas pra os amigos
Sou o maior garanhão
Metro e meio de chibata
Quilo e meio de cunhão.

Quem és tu Napoleão?
Hoje és apenas mais um
No meio da multidão
Ontem o que era euforia
Hoje é só desilusão
Por vezes te vejo pensando
Como controlar a razão?
Mulheres? Apenas uma
Que andas pegado à mão
Pensas pouco no futuro
Sem nenhuma atração.

Quem és tu Napoleão?
...No desanimo dos 90
Sabes que és ancião
Esqueceste o que é sexo
Nem te lembras da tesão
Por mais que penses n’aquilo
Não consegues ereção
O membro que te gabavas
Hoje é um membro anão
Dois centímetros de chibata
Só cem gramas de cunhão.

terça-feira, 22 de maio de 2018

O JEGUE



Nivaldo Melo

Quem é que quando menino
Nunca praticou uma arte?
Eu como bom cordelista
Falo-lhe: modéstia à parte
Sempre fui um bom garoto
Como destro e não canhoto
Pra não provocar enfarte.

Já ouvi muitas estórias
Algumas, bem de verdade,
Outras bem mentirosas
Contadas só por maldade;
Pra prejudicar alguém
Querendo se sair bem
É essa a realidade.

Esse causo acompanhamos,
Desde quando começou
A história do José Vicente.
O cara se apaixonou
Por uma jumenta faceira
Que ia com ele à feira
Chamada de meu amor.

A jumenta era morena
E era muito carnuda
Quando estava arreiada
Diziam estar de bermuda
Era como mulher baixinha
Pequena mas gostosinha
Daquela bem rechonchuda.

Nos dias de sexta feira
Com seus arreios de prata
O Zé a levava à feira
Orgulhoso da mulata
Sua jumenta favorita
Para ela a mais bonita
Parecia aristocrata

Pra onde o Zé a levava
Chamava muita atenção
O seu pelo era só brilho
Ela mal pisava o chão
Andava sempre em trote
Nunca andava em galope
Causando admiração.

Por isso o José Vicente
Que era bom lavrador
Criava muitos jumentos
Também era apicultor
Plantava, criava abelhas
Quando lhes dava nas telhas
Era um bom namorador.

Nunca o José quis casar
Namorava por demais
Considerado bom filho
Morou sempre com os pais
O Zé não tinha defeito
Sempre foi um bom sujeito
Bom partido, bom rapaz.

Dos pais herdou a fazenda
Que só produzia mel
O Zé disse um dia eu mudo
Vou aumentar meu plantel
Vou plantar, criar jumento
Dessa forma eu aumento
E vou virar Coronel.

Em pouco tempo o José
Que era um cara alegre
Mudou de José Vicente
Apenas pra Zé dos Jegues
Ele nem se importava
Sempre e sempre ele falava:
Nunca espalhe; Agregue.

Os jumentos do José
Eram todos sangue puro
Quando alguém queria um
Comprava ate no escuro
O Zé sempre foi modesto
Era um fazendeiro honesto
Pensava só no futuro.

Da vida intima do José
Ninguém sabia de nada
Sabiam que ele gostava
De uma mulher safada
Daquelas que tem na zona
Preta, feito uma azeitona,
Só com ela o Zé transava.

A negra era muito bonita
Quase dois metros de altura
Cintura bem torneada
Nada, nada de gordura,
Mereciam uma etiqueta
Nas ancas daquela preta
Pensem numa criatura!

O Zé sempre a visitava
Independente do mês
Isso era corriqueiro
Mas sempre marcava a vez
Só ia quando marcado
Era tudo agendado
Foi assim que sempre fez.

Isso causava inveja
Pra amigas da mulata
Todas as quengas sabiam
Que o Zé tinha muita prata
O fazendeiro tinha grana
E pagava por semana
As despesas da ingrata.

Alguém perguntou à preta:
Porque o Zé não se casa?
Será que é insensível,
Ou casamento o atrasa?
- Somente eu é que aguento
O Zé é feito um jumento
E queima feito uma brasa.

Foi o que estava faltando
Pra noticia se espalhar
As quengas à boca miúda
Queriam também provar
Do excesso do José
Se viam, davam de ré
“Essa não dá pra aguentar”!

O Zé sempre foi discreto
Se sentiu assediado
Estava perdendo o controle
Ficava desconfiado
Então perguntou a preta
Qual motivo da retreta
De estar sendo molestado.

Quando ela contou ao Zé
Aquilo que tinha dito
O cara ficou arretado
E foi logo dando um grito
Sempre te paguei direito
Pra não dizer meu defeito.
Fofoca; não admito.

Foi assim que ele afastou-se
Não frequentou mais a zona
Só frequentava a preta
Quando lhe dava carona
Levava a preta pra gruta
E transava com a enxuta
Deitada dobre uma lona.

Mas o jovem fazendeiro
Sempre quis o celibato
Passou a ficar tristonho
Andando dentro do mato
Assim eu perco a razão
Mas eu acho a solução
Transformo boato em fato.

Viajou para bem longe
Só para comprar jumentos
Comprou uma burra prenha
Quando fez dois juramentos
Prometeu nunca casar
E daquela burra cuidar
Até seu falecimento.

Depois de mais de um ano
Pra fazenda ele voltou
Trouxe mais de cem jumentos
Que o seu pátio lotou
Jumentos de qualidade
Foi festa lá na cidade
E seu plantel melhorou.

E assim foi dessa forma
Que Zé dos jegues encontrou
Sua burra favorita
A qual chamou de amor
Filha daquela jumenta
Muito forte “truculenta”
Que como filha adotou.

Todas as vezes que ia a feira
Levava a pequena cria
Que era a mais bem cuidada
Isso todo mundo via
E assim o tempo passou
Ele cuidando de amor
Ensinava acrobacia.

Tudo sobre seu comando
Ela prendeu a pular
Fazia jeito dengoso
Quando mandava deitar
E pra aumentar sua asa
Mandou fazer uma casa
Pra jumenta Amor morar.

Contratou uma serviçal
Só pra cuidar de Amor
Era banho todo dia
Maquiagem ele comprou
Sabonete de primeira
Gastar com amor é besteira
Perfume francês importou.

Chamava a cabeleireira
Para parar sua crina
Dizia: não quero maltrato
Na minha bela menina
Se chover tem guarda-chuva
Essa será minha uva
O tratador veio da China.

A água que Amor bebia
Do garrafão; mineral
Os demais bebiam água
Do poço ou do torneiral.
Amor não come capim
Só mel com amendoim
Pois não pode passar mal.

Quando tinha exposição
Que a burra Amor concorria
Não ia dar para ninguém
Todo mundo já sabia
E na hora do ganhar
Era primeiro lugar.
Deixava o Zé em euforia.

E o povo na cidade
Estavam todos bolados
Olhavam estranho pra o Zé
Todos bem desconfiados
O ex do Zé só dizia
Me deixou, faz zoofilia
Além de jumento é tarado.

Criaram uma estratégia
Para o Zé investigar
Pagaram pra serviçal
Pra o pobre Zé vigiar
Pensem numa agonia
Vigiavam, noite e dia
Em casa ou noutro lugar.

Mas o zé sempre contente
De nada desconfiava
Andava sempre com amor
Onde ele estava ela estava
Diziam é caso incomum
Um com outro, outro com um
Era só o que faltava.

O veterinário da fazenda
Mandou chamar o patrão
Anunciou que a burra Amor
Tava prenha do alazão
O garanhão mais bonito
O Zé criou um conflito
Foi a maior confusão.

Vamos ter que esperar
O tempo de gestação
Aí vamos ter certeza
Se o filho é do garanhão
Então todos vamos ver
Quando o filhote nascer
Será um lindo potrão,

Depois de catorze meses
Sabe como é minha gente.
Nasceu aquele filhote
Deixando o Zé bem contente
Mas sabem o que aconteceu
O filho de Amor nasceu
Com a cara do Zé Vicente.

O RADICAL



NIVALDO MELO

Meu amigo Amauri
É um cara radical
Quando diz que pau é pedra
E que a pedra é um pau
Não dá para contestar
Nem adianta tentar
Que pode até se dar mal.

A palavra é uma só
Do meu amigo Amauri
Se ele entrar num lugar
Nem peça par ele sair
Ele fica arretado
E dá um grito danado
Eu vou ficar é aqui.

Os objetos que usa
Ele dá maior valor
Se perde a serventia
Dele perde o amor
Diz: não vou querer mais isso
Joga essa merda no lixo
É esse seu divisor.

Quando lhe, cumprimentar
Não faça só um aceno
Se não for na mesma ênfase
Para ele é um veneno
Fica meio invocado
Acha que tem algo errado
Faz até gesto obsceno.

Bom de papo, bom amigo
Gosta de contar estória
Todas vividas por ele
Pois tem tudo na memória
Mas muito bem coerente
Que deixa você contente
E ele cheio de glória.

O carro do Amauri
É lavado todo dia
Se tem um grão de poeira
Isso o deixa em agonia
Pense num cara limpinho
Isso ele faz por carinho
Nem diga que é mania.

Quando ele diz uma coisa
E você não aceitar
Tome o fato por verdade
E deixe o tempo passar
Depois, retruque com jeito
Mostrando logo o defeito
Que ele vai concordar.

O Amauri é radical
Mas não é incoerente
O que pode acontecer
É ele pensar diferente
Se você o conhecer
Vai logo, logo entender
O Amauri é decente.

O Amauri é assim
Só gosta de música antiga
Se ganha um disco atual
Isso pode até dar briga
Valsa, bolero, baião
Ópera e samba canção
Esses não geram intriga.

É normal você ouvir
De longe a sua voz
Cantando letras antigas
Do tempo de seus avós
E seus astros preferidos
São aqueles mais antigos
Com plateia ou mesmo a sós.

É um torcedor ferrenho
Do clube de coração
Os outros times locais
Chama-os de decepção
Seu time é cobra coral
Qualquer um outro é do mal
Timbu, patativa, leão.

E se alguém falar mal
De torcedor de seu time
Ele sai logo em defesa
Até com vara de vime
Defende, grita e briga
Se tiver chance, castiga
De toda forma, reprime.

Seu coração é radical
Tanto no ódio ou no amor
No primeiro ele despreza
Quando ama é com furor
É radical em qualquer lado
Mas é um amigo arretado
Coração de beija-flor.

Gosta de servir qualquer um
Sem esperar recompensa
É nisso que ele acredita
Essa é a sua crença
No trabalho é respeitado
Com seu jeito abusado
E nunca aceita ofensa.

O radical é meu amigo
Pra mim é mais que irmão
Acho que o radical
Tem a mesmo opinião
Ele é um bom companheiro
Acreditem é cavalheiro
Mesmo sendo um brigão.

Radical, bravo, emotivo
Chora com facilidade
Só dessa forma consegue
Externar sua bondade
Dos amigos tem o direito
De exigir só respeito
Com também a lealdade.

Educou com disciplina
Uma família legal
Bom dia, boa tarde, boa noite
Pra ele é fundamental
Com licença, por favor
Para os filhos ensinou
Que isso é o essencial.

Para um cara radical
Difícil é se desculpar
O que diz sempre tá certo
E ele não vai mudar
Mudar o que é verdade
Lhe foge a capacidade
Não dá pra ninguém negar

Falam que ser radical
É ser muito exagerado
Naquilo que diz ou faz
Eu digo que estás errado
É ser muito coerente
Conservador, não doente
Nem nenhum alienado

As vezes bem humorado
Poucas vezes introvertido
Se ama é de verdade
Odeia ter inimigo
Pode até ser diferente
Mas se o olhares de frente
Veras o que é ser amigo

Nos momentos mais difíceis
Tá sempre bem humorado
Diz que não é o momento
De ficar preocupado
Pois se a preocupação
Resolvesse a questão
Os médicos tavam lascados.

Agora dou dois exemplos
Do que é ser radical
Ser radical ao extremo
Foi o senhor Juvenal
Quando chegou na idade
Por falta de atividade
Mandou cortar o bilau.

Outro exemplo que conheço
Vejam como é meu povo
O dono da padaria
É radical e gastoso
O carro furou o pneu
Ele nem se aborreceu
Comprou foi um carro novo.

Voltamos a realidade
Do amigo radical
Só fiz esses dois versinhos
Pra melhorar o astral
Sair daquela rotina
Que as vezes nos embobina
Fazendo-nos irracional.

Para mim foi muito fácil
Descrever esse perfil
De um amigo bipolar
Hora grosso, hora gentil
É uma amigo irmão perfeito
Admiro esse seu jeito
De atirar sem fuzil.

No mundo que nós vivemos
Cada um tem um papel
Você é bom no volante
E eu sou bom no cordel
Acetes essa homenagem
Feita com amor e coragem
Por seu irmão CO-RO-NEL.


Metódico e inflexível
Integro, de forma total
Respeitar e ter caráter
Pra ele é fundamental
Odeia ser contestado
Pois é esse eu legado
O que diz; ponto final.

MEU AMIGO MEU IRMÃO




Nivaldo Melo

Alguém então perguntou:
O que achas de amigo?
Não fiquei nada inibido
Para pode responder.
Imagine então você,
Viver essa situação,
Ficar de cara na mão,
Sem poder fugir da luta.
Eu como um cara batuta
Respondo sem sentir medo:
Bom amigo dá enredo
Ate de escola de samba,
E se for um cara bamba
Aí a coisa aparece.
De um amigo não se esquece
Pois amigo é permanente.
Por isso fico contente
Quando falo de um amigo
E por isso eu lhe digo;
É bom você preservar,
Pois podes até precisar
De um a qualquer momento.
Para amigo não há tempo
Difícil pra ti servir,
Isso faz você sentir
Que está prestigiado.
Nunca ponha um de lado,
Nem mesmo na contra mão;
Um amigo é um irmão,
Filho de mãe diferente.
Nunca dele se ausente,
Na hora mais incomum.
Amigo não é qualquer um,
Que possa ser descartado.
Nunca o deixe afastado
De outro amigo seu.
Foi você que o escolheu
No meio da multidão,
Tornou-o mais um irmão
Que deve ser preservado
Então não fique calado
E grite pra multidão
Eu tenho amigos irmãos.



DEVANEIOS



Nivaldo Melo

Eu queria ter nascido em um pais pequeno, tão pequeno que sua população fosse composta de pessoas onde a cor de suas peles não fomentasse, perseguição nem discriminação porque todos os seus habitantes seriam daltônicos.
Eu queria ter nascido em um pais que em sua bandeira tivessem grafadas as palavras, HONESTIDADE E CARÁTER.
Eu queria ter nascido, em um pais que fosse chamado de nação na plenitude total de seu significado.
Eu queria ter nascido em um pais onde o respeito as diferenças fossem o lema de todos os seus habitante.
Eu queria ter nascido em um pais onde os idosos tivessem por parte dos mais jovens, o respeito; não pelas suas idades, mas pela experiência de vida, que carregam consigo, e que podem servir como ensinamentos àqueles que por ventura precisem delas.
Eu queria ter nascido em um pais onde o Estado não interferisse na educação de seus menores, apenas se preocupasse em transmitir para eles conhecimentos.
Eu queria ter nascido em um pais onde os políticos representassem realmente aqueles que os elegeram.
Eu queria ter nascido em um pais onde as leis fossem iguais para todos, e que aqueles que são guardiões dessas leis, pudessem aplica-las, sem interpretações que venham beneficiar um em detrimento do outro.
Eu queria ter nascido em um pais onde os privilégios fossem banidos, e que apenas a igualdade e o respeito fossem vistos como um meio correto de se alcançar um objetivo.
Eu queria ter nascido em um pais onde os desonestos fossem reconhecidos por toda população e que esses fossem banido de forma sumária do meio social.
Enfim; sei que utopias mas eu queria ter nascido em um pais que me desse o direito de sonhar, e que um dia esse sonho pudesse ser realizado.

É ASSIM.


Nivaldo Melo

Quando o amor se instala em seu “peito”
Você perde todo o seu jeito
Se dedicando inteiramente ao amor
A dor deixa mesmo de ser dor
E passa a ser apenas sentimento
Você quer viver apenas o momento
De amar, e amar sem preconceito
Só valem as virtudes, não defeitos
Da pessoa que amas verdadeiro
E ti dedicas sempre por inteiro
Para viver aquilo que não vês.

quarta-feira, 16 de maio de 2018

UM PEQUENO EQUIVOCO.


Nivaldo Melo

Era considerado um cara diferente o Heythor. Diferente no nome, na tomada de decisões, e tudo mais.
Costumavam afirmar que o Heythor, não era diferente; era estranho, inseguro e porque não dizer displicente.
E com todos esses adjetivos ele se tornou uma pessoa sempre observada por todos, não uma observação de critica, mas era para que não cometesse nenhum ato que viesse prejudicar alguém, ou a si mesmo.
Mesmo assim tinha muitos amigos, de ambos os sexos, e ele sentia-se feliz, costumava afirmar: “sou um cara feliz, mas com restrições”, isso era motivo de fazer com que o ambiente ficasse descontraído nos momentos de tensão (provocado por ele é claro).
O tempo passava, seu ciclo de amizade foi aos pouco diminuendo, pelo fato de alguns dos amigos terem casados, outros se mudaram para locais mais distantes; e, de momento o Heythor sentiu-se só.
Muitas vezes por falta de companhia já não saia como de costume; isso deu motivo para pensar que já estava na hora de conhecer uma pessoa, que pudesse preencher aquele vazio em seu coração.
Aos poucos amigos que lhe restaram ele desabafava: esta na hora de constituir família, ao que comentavam: “deves em primeiro lugar rever a forma como te comportas, porque assim não terás chance de conhecer alguém que seja legal e que venha te completar”.
Dessa forma Heythor iniciou sua busca, sua caçada como costumava falar, e mesmo assim, devido aos conselhos, tinha que encontrar (através de muita escolha), a esposa ideal. O tempo foi passando; hora, dias, semanas, meses, e anos, e nada, sua forma de escolha estava muito rígida, e alem do mais, na cidade nenhuma garota que conhecesse o Heythor queria namorá-lo; sua fama de desastrado era patente.
Por fim depois de três anos de buscas e escolhas, a esposa ideal tinha sido encontrada.
A maryhenilda, garota com um ano mais nova que o Heythor, morena, cabelos negros como a noite, longos, lisos e brilhantes, olhos de um tom castanho, penetrantes e alegres, pernas longas e bem torneadas, braços firmes e seios fartos, era muito mais que o Heythor tinha pensado, e segundo ele afirmava em tom de brincadeira, alem do mais seu nome também tem Y e H o que me permite saber que é essa a minha rainha.
Casaram-se; recepção apenas para os poucos amigos, e logo cedo uma retirada estratégica dos “pombinhos”, os amigos respiraram aliviados: ate que enfim o nosso amigo terá seu futuro de felicidade.
Três dias depois estava de volta o Heythor, triste, cabisbaixo, com aspecto de doente, falando para o Cleber, (amigo mais próximo).
Cometi um pequeno engano, e agora não sei como sair dessa teia de aranha em que me meti; e desabafou.
Casei domingo; na primeira noite alegando que eu tinha bebido demais, a Maryhenilda, muito brava me fez dormir na sala, ”não suportava cheiro de bebidas”; pela manhã fui trabalhar, à noite quando cheguei estava um jantar fenomenal me esperando, e logo após o jantar; fomos para o quarto, ela outra vez me rejeitou dizendo que tinha sido um engano nosso casamento, ai não me contive; bati com ela no chão, ela revidou e rolamos juntos em uma briga sem juiz e nem plateia que durou mais de uma hora, ate que ficamos os dois sem roupas, e foi ai que vi o pequeno erro que eu havia cometido.
Chorando o Heythor gritou:
A Maryhenilda é homem igual ou mais que eu, meu amigo!

O QUE É ISSO ?


O QUE É ISSO?
Nivaldo melo

A cada dia nascemos novamente, (renascemos) diferentes do que fomos antes, e do que seremos depois.
A cada milésimo de segundo renovamo-nos.
A cada passo uma nova descoberta surge sob nossos pés.
E jamais conseguiremos colocá-los no mesmo lugar.
Nascemos, renovamo-nos, e descobrimo-nos a cada milionésimo de segundo.
Giros em círculos helicoidais, constantes mas imperceptíveis. A ideia de inercia faz-nos sonhar com uma realidade irreal.
Nunca conseguiremos parar, vivemos em um eterno movimento constante.
O tempo é nosso termômetro.