quinta-feira, 1 de maio de 2014

DESENCONTROS


Essa é a historia de amor
Entre João e Maria;
Era um amor danado,
Mas não tinham sintonia,
Viviam em desencontros,
Tanto de noite ou de dia,
Na hora que ele chegava
Nessa hora ela saia.

Ela era Xangoseira,
Ele era um bom cristão,
Ela vegetariana,
Ele carne com feijão.
Maria viajava de ônibus,
De bicicleta o João,
Mas entre o casal reinava
Uma grande união.

Um casal quase perfeito
Mesmo sem ter sintonia.
Maria amava o João
O João amava a Maria.
Desde o tempo de namoro
Tudo nunca acontecia.
Se marcavam algum encontro
Alguém não aparecia.

Mesmo com os desencontros
A Maria “engravidou”
Mas a barriga de Maria
Em vez de crescer murchou,
Isso fez com que o João
Procurasse um doutor.
O medico ficou pasmo
E pra eles assim falou.

Meus amigos e bom casal
Caso assim eu nunca vi,
Vou defender uma tese
Tudo sobre esse guri,
No ultra-som não aparece
Mas sei que está ai,
Ao completar nove meses
Ele vai ter que sair.

O João faz uma promessa
Pra ninguém acreditar,
Até o pimpolho nascer
Eu vou parar de falar
A Maria contestou:
Isso pra mim não vai dar,
Se o João ficar calado
Eu vou é tagarelar.

Mas algo bem diferente
Era notado na Maria,
Enquanto a barriga murchava
Nas costas aparecia
Uma protuberância,
Parecendo melancia
Era a barriga murchando
Enquanto a bunda crescia.

E foi passando o tempo
O João acompanhando,
De pertinho a gravidez,
Maria sempre chorando
Mesmo estando bem feliz
O João se aperreando,
Mas de forma carinhosa
Tava sempre perguntando.

O que tens meu grande amor?
Por qual motivo tu choras?
- Sei que o tempo está passando
E que mais hora menos hora,
Vai nascer nosso filhote
Que cresce aqui por fora.
Não consigo mais sentar
Se tentar a bunda estora.

Estava chegando o momento
Daquela menino Nascer
Mas o doutor não sabia
Como iria proceder
Porque estava em duvida
Do que iria acontecer
E de qual lado a criança
Teria que aparecer.

Por sugestão do doutor
Internaram a Maria
Ela deve ser vigiada
Tanto a noite quanto ao dia
Serão vinte e quatro horas
Um vigia outro vigia
Vamos ver se o bebe nasce
Em uma total sintonia

Com nove meses e dez dias
Veio o primeiro sinal
Apareceram cabelos
Lá; no buraco normal
Era a cabeça do baby
Um pouco descomunal
Mesmo assim todos ficaram
Em euforia geral

Maria nem parecia
Que sentia alguma dor
Ela chorava e sorria
E abraçava o doutor
Não demorou muito tempo
Quando o garoto chorou
Foram momentos de alegria
E quem assistiu gostou

Então lavaram o garoto
Que era muito pesadão
Pesou seis quilos e meio
Para espanto do João
O medico de boca aberta
Contemplava o garotão
E falava para todos
Ta parecendo um anão.

Com seus dois dias de vida
O medico já se espantou
Foram buscar a criança
No berçário não encontrou
Alguém pegou a criança?
Garanto que não doutor
Então se ouviu um alarido
Vindo lá do corredor.

Correram todos pra onde
Ouvia-se a zuadeira
Encontraram lá o garoto
Sentado em uma cadeira
Estava roendo um osso
Conversando a enfermeira
Dizendo: aqui faz frio
Acenda logo a lareira.

A enfermeira sorria
Com o que estava vendo
E foi falando para todos
Ele veio se escondendo
Disfarçado como anão
E foi logo me dizendo
Traga pra mim a comida
Que de fome estou morrendo.

Então o doutor falou:
Recolham esse menino
Ele nasceu antes de ontem
Aqui ele é clandestino
Ele ainda não tem nome
Mas não é nada franzino
Levem-no para os pais
Esse garoto traquino.

Então levaram o garoto
Direto pra enfermaria
Quando ele olhou pra mãe
Disse: oh Virgem Maria
Essa mulher é bonita
Minha mãe eu já sabia!
Vou mamar ate demais
Na noite e durante o dia.

Então pulou sobre a cama
Deu sua primeira mamada
Que começou de manhã
Foi ate a madrugada
A Maria então falava
Sou uma pobre coitada
Quando acabou de mamar
Ela estava extasiada.

Então chamou o João
E disse-lhe encabulada
Foi dos nossos desencontros
Que surgiu essa parada
Vamos comprar uma vaca
Pra proceder a mamada
Será mais um bezerrinho
Pra por na nossa boiada.

Os anos foram passando
E o menino crescendo
Quando completou dez anos
Para seus pais foi dizendo
Vou partir de mundo a fora
Para ver se eu desvendo
Qual o mistério que tenho
Se descobrir eu me rendo.

Com a altura que tinha
Mais de um metro e trinta
Parecia um homem velho
De garoto; nem a pinta,
No lugar que ele passava
Deixava uma marca de tinta
Pra não se perder na volta
Só se ela fosse extinta.

Com meses de caminhada
Um dia ele descobriu
Uma mulher tão grande
Daquela ele nunca viu
Foi direto a procurar
Pois vivia em um covil
Escondida pela família
Pois ainda era infantil.

Ela tinha também dez
Mesma idade do rapaz
Foi um encontro legal
O que queriam era paz
Pediu ela em namoro
Foi aceito pelos pais
Marcaram o casamento
Daqui a uns dias mais.

Comunicaram aos pais
Os velhos Maria e João
Maria falou: já estou indo
João disse: mas eu não
Voltava o desencontro
Que tinham na união
Mas o João foi com a tia
Maria com o irmão.

No dia do casamento
Muita bebida e comida
Quarenta barris de shop
Cachaça só da curtida
Muita vodca, rum e gim,
Para evitar intriga
Cem galinhas quinze porcos
E uma vaca parida.

O grandão e a grandona,
Personagens abstratos;
Artistas dessa novela,
Que não é história, é fato,
Que nesse momento encerro,
Pra não se tornar boato.
Entra pela perna do pinto,
Sai pela perna do pato.

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