quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

PROGRAMA MAIS MÉDICOS


Vamos todos pensar juntos,
Que fizeram os governantes?
Trazendo para o país
Médicos de terras distantes
Totalmente analfabetos
Sem saber se vão dar certos
Mesmo sendo emigrantes

Os médicos que aqui chegam
Falam línguas diferentes
Só a língua de seus países
Falam, e bem fluentemente
Mas no Nordestines
Nenhum deles vão ter vez
Digo isso com patente.

Observem bem um médico
Atendendo um paciente
Que descreve sua doença
Com linguagem diferente.
Estou com dor de viado
Que incomoda aqui de lado
E me dói constantemente.

Tou com o figo inflamado
E me sinto enfraquecido
Estou com o bucho quebrado
Mas quase não tenho comido
Dói nas tabuas de meu queixo
Sinto formigar meu beiço
Por isso tenho sofrido.

Tou cheio de pano branco
Espero que dê um jeito
De noite tem tosse braba
Devido ao catarro no peito
Se olhar para meu pé
Garanto, não é chulé
To cheio de calo seco.

Essa coceira no corpo
Me deixa com farnizim
Quando coço as perebas
Sai bicho feito cupim
Eu fico ate com difruçu
Me pareço com um urso
Tenho ate pena de mim

Essa semana a morroia
Ta me deixando neuvoso
Passei a mão lá por baixo
Senti um caroçim no ovo
Ate a minha mulher
Tem muito bicho de pé
Mesmo estando de entojo

Olhe aqui minha cabeça;
Tem muita lêndia e piolho
Ontem à noite coloquei
O meu cobreiro no molho
Pra ver se vira esporão
Os pratos da minha mão
Ta parecendo um repolho.

Só, numa banda do corpo
Eu sinto muita dormência
Pra mim isso é muito ruim
Pois muda minha aparência
Me sinto todo empenado
Estou andando de lado
Coluna pede clemência.

O bico de papagaio
Parece hérna de disco
Tenho espinhela caída
Que dói aqui no toitiço
Sofro ate de peito aberto
Eu não sei se estou certo
Mas pra mim isso é feitiço.

Meus zóio tão remelando
Acho que é um tersó,
Minha cara só tem prega
Tou parecendo vovó
Até minha pobre tia
Tem coceira na viria
Mesmo sendo ela cotó.

Meu filho ta com berruga
No osso do mucumbu
Passa os dias escondido
Porque ta vivendo nu.
Isso afetou minha veia
Que mesmo cheia de péia
Passa os dias de lundum.

Ate meu pequenininho
Sofre de mulera mole
Fica só churumingando
Si come, ele não engole
Ta com os zoio inframado
Tou com pena do coitado
Peço a mãe que o console.

E a dor do espinhaço
Que a muito não doía
Voltou na boca da noite,
Na hora que eu comia
E para que ela passasse
Mamãe disse que eu rezasse
Pai Nosso e Ave Maria.

Estou com vista cansada
Pissinêz não vou usar
Me dói o pé da barriga
Na hora que vou peidar
Estou com ventre caído
Fico todo esmorecido
Na hora que vou cagar.

Encontrei foi uma landra
Bem em baixo do suvaco
Acontece algo estranho
Ta crescendo o meu saco
Acho que é hidrocele
Quero que o senhor debele
Antes que fique mais fraco.

Estou falando baixinho
Por causa da campainha
Que deve ta inflamada
Acho que ta inchadinha
Por isso que falo rouco
E tou falando bem pouco
Pra não doer a bichinha.

Eu já tive ate vertige
Quando sai na calçada
Levei um tombo tão grande
Que fiquei de cuca inchada
E antes que eu esqueça
Meus cabelos, os da cabeça
Tão caindo de camada.

Ta todo mundo doente
Não acho isso besteira
A mulher ta com unheiro
Meu filho ta com boquei
Mamãe passa o dia inteiro
Sentada lá no banheiro
Porque ta com caganeira.

Ta nascendo uma impinge
Aqui no meio da minha bunda
Tou com um lubim nas costas
Sei que vou ficar corcunda
Já ontem eu vi minha tia
Empenada da bacia
Sentido uma dor profunda.

Estou muito preocupado
Com as dores nas cadeiras
Sinto muitas comichões
Se transformando em coceiras
Contei pra minha mulher
Ela disse: eu coço Zé
Isso pra mim é besteira.

A minha irmã ta tão tisga,
Ta parecendo um graveto
Por causa da tosse braba
Tem ate gôgo no peito,
Acho que ta com cezão
Devido ao amarelidão,
Todos dizem que é maleito.

Meu avo tem uma xanha,
Bem em baixo do cunhão
De tanto ele ta coçando
Já ta passando pra mão
Ele acha tão gostoso
Ta coçando aquele ovo
Diz que da muita tesão.

Essa linguagem só nossa
Espero que não conteste
É o dialeto bem próprio
De quem mora no Nordeste
Região bem afamada
Ninguém foge da parada
No Brasil cabra da peste.

As doenças aqui citadas
Não tem nada de invenção
Na capital não se ouve
Ouve-se lá no sertão
Para onde vão os médicos
Garanto-lhes que por certo
Não vão fazer papelão.

E agora quero que sintam
Como se sente o doutor
Ou aprende o Nordestines
Ou contrata um tradutor
Pra não fazer como muitos
Que sem entender do assunto
Foi, e nunca mais voltou.

Aqui vai o meu conselho
Praqueles que estão chegando
Comprem um dicionário
E vão ele consultando
Do jeito que a coisa está
Não da pra se acostumar
Vão terminar se mandando.

Agora para o governo.
Dê condição de trabalho
Contratem os médicos daqui
E lhes pague um bom salário
Assim vai dar todo certo
Não mais queiram por perto
Esse bando de otário.

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