domingo, 8 de dezembro de 2013

Mãos ao alto!


Aconteceu terça feira
No dia três de setembro
Do ano dois mil e treze
Todos os dias eu lembro
Desse fato inusitado
Quando fomos assaltados
Não atirem; eu me rendo!

Estávamos dentro do banco
Foi no banco do Brasil
Quando assim de repente
Um bando de caras surgiu
Eram mais ou menos dez
Todos chegaram de pés
Bem armados, com fuzil.

Pegaram uma atendente
No pescoço da menina
Gritaram: é um assalto
Todos quietos; gente fina
Fiquem todos, agachadinhos
Quero todos caladinhos,
Velho, menino ou menina.

Já estavam bem rendidos
Vigilantes, porteiros, gerente.
Mas quem sofreu mais pressão
Foi a pobre atendente
Que não podia falar
Com o revolver a lhe apontar
Chorava copiosamente.

E foi com uma coronhada
Que eles quebraram a porta
Vidros todos estilhaçados
Com ferragem toda torta
Fez-se um silencio total
Quando uma velha do mal
Disse: eu acho que estou morta!

E não parou por ai
Gritava pra todos os lados
Eles são filhos de putas
São todos; cabra safados!
E vou dizer pra você
Não tenho nada a perder
Devem ser eliminados.

Alguém disse cale a boca
Por favor, minha senhora
Ou então fale baixinho
Senão a coisa piora.
- Fique calado você
Se tem medo de morrer
Então você caia fora.

Então um bandido falou:
Eu não quero ouvir zoada
Vamos levar só do banco
De vocês não quero nada
Mas por favor, pessoal
Digam pra velha do mal
Que ela fique calada.

Então a velha falou
Você é quem vai calar
Senão uma bofetada
Tou com vontade de dar
Então o bandido olhou
Com um olhar de furor
Que fez a velha chorar.

Que velhinha corajosa
Parece que e do comando
E pra aumentar a tensão
Ela continuou falando
Eu fiquei só de butuca
Será que a filha da puta
Também faz parte do bando?

Olhei para o lado direito
E vi um senhor sentado
Branco feito uma cera
Cabisbaixo e calado
Vi que estava com vergonha
Mas com cara de pamonha
Estava todo mijado.

A coisa ficaria hilária
Se não fosse uma tragédia
Uns choravam outros riam
Tava parecendo comédia
Então eu falei baixinho
Fique calmo amiguinho.
- Eu quis fazer uma média.

Eu escondi meu relógio
Meus óculos, o celular,
Minha aliança de ouro
Meu pingente, meu colar
Minha cueca de helanca
Comprada lá na sulanca;
Meu chapéu do Panamá.

Dinheiro nenhum eu tinha
Mas eu tinha meu cartão
O que fiz rapidamente;
Coloquei-o ali no chão,
Botei o meu pé em cima
Pra preservar a auto-estima
Escondi ate a mão.

Então resolvi contar
Quantos bandidos eu via
E fui contando ate cinco
Mais que isso eu não sabia
Aí fiquei sem memória
E pra piorar a estória
Pois dali ninguém saía.

Os ladrões então entraram
Para buscar o dinheiro
Saíram com os malotes
Pra mim foi um dia inteiro
Então eu fiquei olhando
Os bandidos se mandando
Acabou meu desespero.

Foi ali naquele instante
Que eu pude respirar
As palavras não saiam
Eu não podia falar
Batam aqui na minha costa
Porque o saco de bosta
Ta querendo pipocar.

Foi quando alguém gritou:
Não sai ninguém do local
Vamos esperar a policia
Quem sair vai se da mal
E se sair bem contente
Esse vai ser conivente
E vai levar muito pau.

Durou uma eternidade
Até a polícia chegar
Todos estavam nervosos
E doidos pra se mandar
Com duas horas de espera
Alguém falou na galera
Não vai dar pra esperar.

Então começou o cortejo
Pareciam em oração
Eu disse vamos sair
Se não prenderam o ladrão
Porque querem nos prender?
Nada eu devo pra você
Porque sou um cidadão.

Vieram em meu apoio
Foi gritaria geral
- O cidadão está certo
Ele é gente bem legal
Saiamos fora daqui
Quem quiser que fique aí
Vamos sair do local.

Quando a milícia chegou
Já estavamos todos fora
Misturados a multidão
Fazia mais de uma hora
Aí a policia entrou
E um policial falou
Por favor, vão todos embora.

Então sai de mansinho
Em direção ao meu lar
Coisa boa é ta em casa
Ficar de papo pro ar
Sem pensar nem no passado
Sentindo o vento arretado
Da brisa que vem do mar!

E quando cheguei a casa
Fiquei todo envergonhado
Por saber que tudo aquilo
Ainda não tinha acabado
Senti um cheiro fugaz
Passei a mão bem atrás,
Estava todo CAGADO.

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