quinta-feira, 1 de setembro de 2011
UM CONTO DE FADAS
Na madrugada da sexta,
quando a Maria sumiu;
grito nenhum se ouviu
devido o som da retreta.
Fugiu não foi de lambreta
nem de carro meu amigo,
ouviu-se apenas o latido
do vira latas maneta.
Saiu fugida a danada.
Parecia estar doente;
calada feito serpente
sua mãe desconfiada.
Ficava em casa abafada
só pedia pra Maria,
falar-lhe o que sentia
Maria dizia é nada.
No sábado pela manhã
ouviu-se apenas um grito,
era a Rufina palito,
chamando sua pagã.
Sentada em seu divã
chorava que dava dó,
eu não posso viver só
sem a minha jaçanã.
Os dias foram passando
sem Maria aparecer,
ninguém sabia dizer
se já a tinham encontrado.
E todo mundo calado,
sem saber qual o motivo.
Terá sido o depressivo
do viver acabrunhado?
A pobre vivia fechada
naquela casa sombria,
graças a Virgem Maria,
pedia sempre calada;
porque naquela morada,
ninguém quase aparecia,
porque a mãe não queria
nem conversa na calçada.
Assim vivia a menina,
trancada como em prisão,
ninguém tinha compaixão
com medo da guilhotina.
A mãe a dona Rufina,
braba como ela só
não dispensava um cipó
com pregos, da ponta fina
E os anos foram passando,
Só doze anos depois
chegou ela com mais dois
e foi logo apresentando.
Esse é meu filho Hermano
a menina é Margarida,
que vieram a essa vida
com muito amor; sem engano.
Apenas seu Marinaldo
que era o pai da Maria,
pulava de alegria
por ter a filha de lado.
Com um jeito alienado
a Rufina só olhava,
com o seu jeito de brava,
de modo desconfiado
E onde esta teu marido?
Perguntou logo a Rufina.
Me fala logo menina!
Que eu sou toda ouvido.
- Depois falo do querido.
Respondeu rindo a Maria,
ele virá outro dia
e será bem recebido.
Por que fugiste Maria?
Perguntou o Marinaldo.
Eu fiquei desconfiado
que o cara eu conhecia.
- Deixemos de agonia;
ele vai aqui chegar
mas vamos bem devagar;
que não esta na boemia.
Mas; respondendo a papai
que perguntou do marido!
- Ele é muito conhecido
E muita gente atrai.
Ele é um bom samurai
das terras do oriente,
da terra do sol nascente,
chega gritando banzai.
E o pai meio espantado.
Perguntou: ele e chinês?
Não; ele é o Japonês
que morava aqui ao lado,
e era bem empregado
filho do senhor Sokiro,
que era o rei do suspiro
e era um cara abastado.
Me lembro! Disse Rufina;
mas você nem namorava.
Como é que encontrava?
- Era escondida na esquina;
saia com minha prima
escondidas no quintal
corria no matagal
não me importa com o clima.
No dia que nós fugiu
na carroça do Sokiro;
fugimos dando suspiro
escondidos no barril.
Ouvi tiros de fuzil
mas saímos em disparada,
corremos pela estrada
garanto que ninguém viu.
E assim vivemos juntos,
e não vamos nos casar.
Eu acho que da azar,
pode ate sair “presunto”.
Nem falamos no assunto
que isso ate nos da medo,
e dentro desse enredo
tudo fazemos em conjunto.
Dois dias depois de tudo
então chegou o Tahoko.
De saudades; quase louco,
com o rosto todo barbudo
e corpo quase desnudo,
nem banho tinha tomado
tava todo amarrotado
com medo de ser chifrudo.
Mesmo assim tava feliz
por ser ele um samurai;
chegou e gritou “Banzai”!
Como a Maria quis.
Rufina foi a Matriz
com o vigário falar,
dizendo eles vão casar
ela não é meretriz.
Do jeito que a coisa estava,
tinha que tudo mudar.
Eles tinham que casar,
só isso é o que contava.
A menina que amava,
só podia aparecer
casada, pra permanecer
na cidade onde morava.
Marcaram para o domingo
o casamento dos dois.
Mas uma surpresa foi
preparada pelo gringo.
Não vamos deixar respingo
juntou a família e fugiu
para fora do Brasil.
Rufina disse me vingo.
E nunca mais se ouviu
falar naquele casal
de liberdade total,
fugiram da imbecil.
A Rufina tão hostil
que era sem compaixão
quis controlar o coração
de um casal tão viril.
Rufina Morreu! Coitada!
O marido ainda vive,
passando por um declive
esperando na calçada;
por sua filha amada,
que nunca mais deu noticia
mesmo não tendo malicia,
nunca mais foi encontrada.
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