domingo, 12 de setembro de 2010

MATURIDADE


Meu filho-neto, quando resolveu que deveria sair sozinho, para nós foi um trauma, achávamos que ele não tinha idade suficiente para uma investida sem nossa companhia, mas concordamos. Antes, fizemos algumas recomendações, tipo: muito cuidado, não aceite bombons de ninguém, não faça amizade com pessoas desconhecidas, principalmente adultas, etc. etc.
Demos para ele certa quantia em dinheiro para as despesas, como pagar a entrada do local por ele escolhido, e para comprar lanche, a passagem seria usado o vale transporte estudantil, e assim naquela tarde de domingo, começou a primeira investida de um garoto com sede de liberdade.
O local escolhido por ele foi o zoo-botânico, que fica a pouco mais de vinte quilômetros de nossa casa, local que ele já havia ido outras vozes, mas sempre acompanhado por alguma pessoa adulta, tio, tia, mãe, professora.
Depois de pouco mais de duas horas, para nossa surpresa esta de volta nosso aventureiro-desbravador, com um ar de preocupação e um tanto quanto decepcionado, então perguntamos o porquê tem tanta preocupação, já que ele tinha realizado seu desejo? Então ouvimos dele o seguinte relato.
Apanhei um ônibus com destino ao Jardim zoológico, mas estava preocupado em não perder o dinheiro, como o coletivo estava quase vazio, eu por vezes pus a mão no bolso para me certificar que a verba esta lá, mas sempre preocupado em saber se alguém estava olhando para mim, isso para evitar ser roubado, desci do ônibus em frente ao zoológico,
E me dirigi para a bilheteria para adquirir minha entrada, enfrentei uma fila enorme, quando cheguei na bilheteria vi que tinha perdido o dinheiro todo, vi que todos ficaram me olhando, sem estender como eu tinha desistido de entrar no local. Então decepcionado, voltei a parada, para fazer a viagem de volta, aí para minha alegria o coletivo era o mesmo da ida, aí veio em mim a esperança de reaver o dinheiro.
Quando entrei vi que o local onde eu estivera sentado estava ocupado por uma senhora e um adolescente, que conversava festivamente com dois companheiros seus, que estavam sentados no banco da frente.
Logo em seguida a senhora levantou para descer, quando viu o dinheiro sobre o banco, pegou-o e entregou ao jovem, perguntando antes se era dele? Recebeu uma afirmativa, o rapaz todo sorridente agradeceu o “presente”.
Então me senti sem poder reagir, e falar que o dinheiro era meu; tinha eu acabado de entrar no coletivo, como poderia reivindicar a posse do dinheiro, então, fiquei quieto, sentado no local onde estivera sentada a senhora, e tive que ficar ouvindo calado, a afirmação do jovem para seus amigos que, tinha acabado de ganhar uma grana sem ter que trabalhar, e dizia: esse caiu do céu, agora podemos tomar um sorvete extra, por conta não sei de quem.
Mas tudo isso para mim serviu de lição, de fato perdi minha grana, mas com certeza aprendi que muitas vezes a ansiedade pode nos causar problemas, portanto de agora em diante vou ter cuidado em minhas coisas sem ficar nervoso por possuí-las.
Isso é adquirir maturidade.

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