segunda-feira, 26 de abril de 2010
UM VELHO AMIGO QUE MORRE
Como é difícil aceitar a morte de um amigo, principalmente de um amigo que nos traz grandes e belas recordações, um amigo de infância, um amigo que nos fez conhecer outros amigos que com o passar dos tempos se tornaram grandes, é esse o fato!
Pensei; como estará hoje o meu velho Beberibe? Então resolvi voltar aos áureos tempos de menino, e fui rever os locais onde costumávamos tomar nosso bom banho de rio. Não existem mais. Apenas recordações e boas lembranças de algo que hoje é motivo de revolta pelo que fizeram e continuam fazendo por um rio que antes (e não faz muito tempo), era um dos responsáveis pela formação do grande Oceano Atlântico.
Afinal, quem é (era) o rio Beberibe?
O nosso Beberibe, não nasce, ele se forma, (como se forma o Amazonas), da junção de dois pequenos riachos, o rio Pacas e o rio Araçá, (um pouco menores que o Solimões e o Negro), ele não é um rio internacional, é um rio quase municipal, é quase local, não atravessa estados, mas atravessa municípios, corta bairros, serve como referencia parta separar cidades, é um rio para se amar, singelo.
E quem o viu a pouco mais de quatro décadas, sabe perfeitamente que ele assim o era.
Vamos tomar banho na raiz? Não; vamos tomar banho no cipó, antes vamos observar a beleza da chácara Cantinho do céu. Em suas margens era muito fácil encontrar pés de ingá, manga, goiabas, jacas, dura ou mole, tudo aquilo parecia não ter dono, mas tinha, éramos os proprietários daquele ambiente quase lírico,
Cruzávamos as pontes, as pinguelas, e quando queríamos; íamos tomar banho no banheiro do Cabo Gato, local cercado por palhas de coqueiros que servia bebidas para os adultos, que se deleitavam pulando de suas margens para sentirem a contato de suas águas frescas. E a travessia de Barco entre os bairros de Campina do Barreto (Recife), até o largo de Peixinhos (Olinda), quando a maré estava alta, era mais de um quilometro sentado em barcos toscos, guiados por barqueiros que utilizavam varas para mover a embarcação. Íamos a feira livre comprar frutas, verduras, carnes ainda quentes que vinham do Matadouro de Constancio Maranhão.
Hoje o nosso RIO, resume-se a um filete de água com menos de cinqüenta centímetros de lamina, se é que podemos chamar aquilo de água, com uma largura que pode ser atravessado com um simples pulo, suas margens estão totalmente tomadas por casebres de madeira, até de papelão, que contribuem com seus esgotos a piorar a situação de um rio que agoniza.
Sinto muito amigo, mas muito mesmo, por não ter lutado em prol de tua sobrevivência, para que continuastes dando tua beleza para outras e outras gerações que como a minha teve o privilégio de te ter conosco.
Mas continues lutando; porque enquanto existires haverá esperança de te termos um dia, belo como eras antes.
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