quarta-feira, 28 de abril de 2010
É pique, é pique, é pique, é pique, é Nilton!
Quando ainda eras pequeno,/ brincavas de pés no chão,/ corrias atrás das chaloupas,/ jogavas bola e pinhão,/ e eu orgulhoso falava,/ esse cara é meu irmão,/ os colegas me chamavam,/ tu és lelé, o babão.
Nas horas do trocar tapas,/ mais valente lá não tinha,/ chegavas sempre na frente,/ da hora da agonia,/ brigavas feito um galinho,/ eu de longe apenas ria,/ se estavas em desvantagem,/ aí eu aparecia.
Se alguém comigo topava,/ contigo não brigo, não,/ te acho muito fraquinho,/ não vou sujar minha mão,/ vou pedir pra um baixinho,/ te bater de cinturão,/ vou te dizer no ouvido,/ o baixinho é meu irmão.
O cara saia doido,/ correndo todo medroso,/ pois sabia tua fama,/ de valente e de tinhoso,/ quando a tapa vadiava,/ tu só batia no ovo,/ e tua fama crescia,/ entre a turma e todo o povo.
Eita tuca arretado!/ Valente como ele só,/ mas, quando Maria sabia,/ os dois iam pro cipó,/ depois tomem um banho frio,/ do tanque de vossa avó,/ água vinda da cacimba,/ gelada como ela só.
Bons tempos aqueles, não achas?/ Liberdade era total,/ tu te lembras da coquita,/ era de sola ou de pau?/ do lado que ela batia,/ ficava um ralo geral,/ a gente chorava muito,/ lá no fundo do quintal.
E das rinhas de nós dois?/ Nem sei quem batia mais,/ se um dia tu perdias,/ acho que eu perdia mais,/ não era muito de brigas,/ pacato eu era demais,/ mas na escola éramos bambas,/ botávamos todos pra traz.
E assim fomos crescendo,/ adolescentes reais,/ não tínhamos muitos amigos,/ mas namoradas, de mais,/ com as gatas do espinheiro,/ nós tínhamos muito cartaz,/ o sexo corria solto,/ lá nas moitas, dos canais.
E a TRUNFA do cabelo?/ Bem colado com laquê,/ pense num cabelo brilhante,/ brilhantina pra valer,/ dos dois o mais vaidoso,/ com certeza era você,/ mas eu era o mais gostoso,/ das meninas, podes crer.
Hoje tu és um velhote,/ com a barriga quebrada,/ se tu olhas para baixo,/ com certeza não vês nada,/ a barriga esta cobrindo,/ o que vês de madrugada,/ que some logo em seguida,/ depois daquela mijada.
Quando foste operado,/ do relógio, camarada,/ fiquei bastante nervoso,/ andando pela estrada,/ rezava pra todos os santos,/ pra ti livrar da jornada,/ pra tu ficar logo bom,/ pra voltar a dar risada.
Quando te vejo bisonho,/ fico bem preocupado,/ porque continuas o mesmo,/ como sempre bem fechado,/ não sabes dividir os dramas,/ mesmo pro mano afastado,/ afastado só no nome,/ pois estamos lado a lado.
Deixemos isso pra lá,/ o momento é de alegria,/ chorar sei que não vás,/ a não ser lá na coxia,/ chorar de emoção nunca,/ sei que isso não farias,/ se choras choro também,/ isso eu sei que não sabias.
Estas nos “sessenta e quatro”,/ faltam cinco pra maior,/ meia nove muitos fazem,/ mesmo sendo de “menor”,/ só fazem isso deitados,/ de pé é muito pior,/ quem tenta só cai de costas,/ na queda quebra o cipó.
Como me tornei poeta,/ isso é dos aposentados,/ quando mando meus presentes,/ mando sempre bem rimados,/ grana não gasto nenhuma,/ mas ficamos bem cansados,/ o presente vem da cabeça,/ de cabelos azulados.
Portanto meu mano novo,/ és mais novo, podes crer,/ mesmo que não pareça,/ sou mais velho, é pra valer,/ já fiz sessenta e seis,/ tou mais perto que você,/ de fazer sessenta e nove,/ mas isso não vou dizer.
Desejo-te mais progresso,/ que continues subir,/ subir, é crescer na vida,/ sem ter medo de cair,/ aqueles que caem são fracos,/ isso não vale pra ti,/ vás pra cento e vinte e oito,/ pois, tens muito a curtir.
Do mano médio (Nivaldo Melo), direto para o mano novo (Nilton Melo)
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