domingo, 28 de março de 2010

UM CORDEL MUITO SEX


Parece-me que foi ontem,/ que saí de Mirandiba,/ Lilia ia à frente, / com a saia bem comprida,/ a Ana Maria atrás,/ magra, feito uma lombriga,/ Elizeu pulava tanto,/ que parecia um guariba,/ o povo chorava atrás,/ assim foi a despedida.

Pessoal, nesse momento,/ não quero choro nem vela,/ antes de a gente partir,/ vamos rezar na capela,/ pedir para são Cornélio,/ guiar-nos com bem cautela,/ são seis dias de viagem,/ comida? Ta na panela,/ Queijo de coalho, rapadura,/ e água tem na gamela.

Fretamos um carro na praça,/ modelo quarenta e três,/ fretado pra trazer quatro,/ mas no embarque eram seis,/ Lilia, Eu, Elizeu e Ana,/ uma galinha pedrez,/
e um bode muito magro,/ foi presente da Inez,/
que era dona da barraca,/ onde a gente era freguês.

Como eu era a mais mimada,/ na frente com o condutor,/ mamãe no banco do meio, / Elizeu o cobrador,/ mandando em tudo a Ana,/ que parecia um doutor, / galinha vai para o chão,/ porque faz muito cocô,/ o bode estava na frente,/ amarrado no motor.

Só passamos quatro dias,/ pra chegar à capital,/ fomos recebidos na praça,/ pela banda marcial,/ composta por cem músicos,/ tudo profissional./ As músicas que tocavam, / eram frevos, carnaval,/ na banda tinha um pífano,/ noventa e nove berimbau.

Meu pai estava esperando,/ de terno, todo engomado,/ não era um militar,/ mas tava todo fardado,/ era o maestro da banda, / de soldados desgarrados, / todos de cabo pra cima,/ mas eram muito engraçados, / só o maestro era homem, / o resto, todos viados.

Fomos bastante aplaudidos,/ viva os filhos do dentista!/ E viva dona Lilia!/ que parece ser artista,/ das novelas da TV,/ aquela que é Globalista./ Tem churrasco preparado, / de batata com lingüiça,/ Depois, vai ter sopa e dança,/ no bairro da boa vista.

Passamos a primeira parte,/ e vamos para a segunda./
Quando estávamos estudando,/ com a professora Rai - munda, / a mais falada do bairro, / porque era bem corcunda, / trazia um cupim nas costas, / com uma curva profunda, / começando no pescoço,/ que terminava na bunda.

Imaginem eu estudando,/ aplicada até demais,/ estava, dentro da média, / ninguém, passava pra traz
, / estava sempre em destaque,/ das meninas e do rapaz,/ um gordinho, Rola dupla, / labutava na Petrobras./
Não! Ele vendia petróleo,/ mas das multinacionais.

O gordinho era enxerido,/ mas, eu o achava legal./
E o tempo foi passando,/ só brincávamos na moral,/
um dia saímos juntos,/ fomos lá num matagal,/
tiramos as nossas roupas,/ em cima de um jirau,/
foi quando me apaixonei, / pelo cara de dois pau.

Lilia sabia de tudo,/ e ficava injuriada,/ chamava-me num cantinho,/ dizia toda enjoada./ Esse gordinho é safado,/
acho que não vale nada,/ vou voltar para o sertão, / mas volto preocupada,/ vou saber só da notícia,/ a Mira ta embuchada!

Por isso minha filhota,/ procure mesmo estudar,/ só dê par esse safado,/ no dia que se casar,/ mas demore muito tempo,/ até você se formar,/ vamos ver se ele desiste,/ é de querer te lanchar,/ mãinha fica feliz,/ mas papinho vai vibrar.

Terminei o segundo grau,/ prestei meu vestibular,/ passei só Deus sabe como, / foi em primeiro lugar,/ olhando de baixo pra cima,/ mas consegui lá chegar,/ no curso de medicina, / eu consegui me formar,/ ai fui pra o engenho do meio,/ “meu” pau duplo procurar.

Agora já estou formada,/ vim aqui te procurar,/precisamos acertar tudo,/ não podemos demorar,/ pois estou ficando louca,/ louquinha para te dar,/ o que lá no matagal, / você queria arrancar./ O bimba dupla falou:/ então vamos aproveitar.

Corremos lá pra o quintal,/ bem no mato a gente fez, / aquilo que nós queríamos,/ fazer a mais de um mês,/ entrou a lingüiça fina,/ o caminho ela já fez, / agora bota a segunda,/ quero tudo de uma vez,/ como você é gulosa!
O churrasco dar pra seis.

Era o churrasco, prometido,/ pelo gordo petroleiro./ Prá gente fazer menino,/ juntando pelo com pelo,/ tem que pedir pra Lilia,/ autorização primeiro,/ sertaneja é mais difícil,/ de se comer sem tempero,/ mas ele comeu mesmo assim,/ Mesmo com muito cabelo.

Agora esta tudo bem,/ eu formada em medicina,/ meu caçula também é,/ doutor, e ainda me ensina,/ o mais velho advogado,/ delegado gente fina,/ Bimba dupla aposentado,/ mas está com tudo em cima,/ as duas bimbas estão murchas,/ mas eu cumpro minha sina.

Sou feliz com meus amigos,/ que estão aqui presentes,/ vivemos como irmãos,/ mesmo não sendo parentes,/ amamo-nos de verdade,/ mesmo tristes ou contentes, / portanto gritem agora, / Viva Mira, minha gente! / Parabéns que agora é SEX,/ SAGENÁRIA, diferente.

Nisso eu nunca falei,/ agora devo falar,/ o nome de meu amado,/ É o Elson, podem acreditar,/ sou por ele apaixo- nada./ Isso eu posso jurar./ Minha paixão pelas “duas”,/
nunca vai desmoronar,/ Porque sem ela não vivo,/ sem elas vou me acabar.

Mirandiba terra minha,
Isso; esqueço jamais,
Rica terra sertaneja,
Índio aí tem demais,
Agora vou confessar,
Nela nasceu o meu pai,

Todos gratos a você,
Onde a chuva nunca cai,
Recordo-me de ti feliz,
Reconheço-te muito mais,
Es, do sertão a mais bela,
Semente dos pedregais.

Na vida temos amigos,
Uns deles aqui estão.
Nivaldo meu bom amigo,
Eu estou em atenção,
Serei a ti muito grata,

por essa recordação,/ recebas um grande abraço,/ dessa velha sessentão,/ - sei que tens por mim carinho,/
no fundo do coração.

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