domingo, 14 de março de 2010
A BORBOLETA DAS NEVES
Quase sempre víamos mulheres reunidas na praça da matriz, eram as mulheres dos pescadores, que se agrupavam, esperando seus maridos que tenham se aventurado mar adentro, na labuta de seus dias cansativos, a espera de peixes que pudessem saciar a fome de seus filhos e trazer produtos para a venda nos mercados.
Não se podia afirmar que todas eram casadas, isso porque dentre ela estava a Maria. Uma linda morena de pele curtida pelo sol e pelo sal do mar era a única solteira dentre todas. As demais costumavam chamá-la para alegrar suas conversas, de fato, a Maria era a alegria de todas, víamos sempre ela recebendo abraços das amigas.
O assunto daquela conversa alegre era sempre as histórias contadas pela Maria, as quais versavam sempre sobre borboleta (a qual ela chamava de minha borbuleta), e pelo visto ela sabia contar essas histórias de uma forma muito bem humorada, isso porque a cada conclusão as outras se desmanchavam em gargalhadas, aguçando a curiosidade dos que ao longe observavam o grupo.
E quando no final das tardes os barcos e jangadas estavam se aproximando da praia, o assunto era encerrado, todas corriam ao encontro de seus amados, menos a Maria, que ficava sentada, rindo e distribuindo bom humor para todos, e logo estava cercada pelos jovens que também eram pescadores, que a rodeavam e com ela entre eles dirigiam-se a suas casas.
Pesquisamos então, o que faz da Maria uma pessoa tão carismática? E descobrimos por que.
A Maria não era simplesmente Maria; morena fogosa, morena faceira, morena bonita, morena alegre. Era a Maria das Neves, ou apenas Maria ou ainda (para os mais próximos) a Das Neves. A Das Neves que alegrava as noites dos pescadores solteiros da vila, e que segundo ela possuía a “borbuleta”, mais vibrante, aquela que (para ela), fazia os jovens saírem voando, quando deixavam seus braços, e garantia a Da Neves que nunca nenhum homem que tenha tido contato com sua “borbuleta”, tenha conseguido esquecê-la, e por mais que ele tentasse, sempre sonhava em estar deitado ao lado da Maria, apreciando aquela belíssima e fogosa borboleta.
Até hoje, vemos na praça da matriz, reunidas as mulheres dos pescadores, que adoram ouvir da Maria das Neves as histórias de suas noites de amante prefeita, onde a atriz principal é a famosa.
BORBOLETA DAS NEVES.
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