quarta-feira, 9 de outubro de 2013
O SENHOR “EX”
Como era de costume, ele se apresentava em qualquer lugar, da mesma forma.
Muito prazer; Ex, “ato continuo”; apertava forte a mão do apresentado.
Isso normalmente aguçava a curiosidade de todos que acabavam de conhecê-lo, e a pergunta vinha sempre da mesma forma: é esse mesmo seu nome? O que causava de imediato, risos muitas vezes transformados em gargalhada, dependendo apenas do ambiente em que estavam reunidos.
Outra pergunta que sempre se ouvia: porque Ex? Então ele não se dava às explicações. Normalmente chamava um de seus mais antigos amigos e, pedia que o mesmo descrevesse o porquê Ex.
Isso já era comum, e sempre o “justificador da vez” o fazia da melhor maneira possível e da forma mais clara para que nunca houvesse a menor dúvida, (então vinha o relato) isso com a devida vênia do Sr Ex.
O Sr Ex não nasceu “ex”, nasceu... (e para dar um ar de seriedade a sua narrativa pausava; e se voltava para onde estava parado o SR Ex), então solicitavam a ajuda d’ele, e nesse momento, e apenas nesse momento o Sr Ex, pronunciava: eu sou “ex Bipediano Batrasyco Lopes”, e vocês hão de convir que seja muito melhor ser Senhor EX “que ter um nome desse te acompanhando durante toda a vida”.
- Com isso alguns concordavam plenamente.
Então o narrador da vez continuava sua exposição de motivos: o nosso nobre amigo, foi criado em uma família abastada (porque não dizer rica), mas devido à má administração dos bens de seus pais, ficou pobre.
Ele é Ex-rico
Foi funcionário público de carreira, mas não conseguindo se adaptar com a burocracia, pediu exoneração do cargo que ocupava.
Hoje é Ex-funcionário público.
Deixou de exercer a profissão de Médico para se dedicar ao Direito.
Ex-Médico.
Casou por quatro vezes, (divorciando-se tantas quantas), e desses casamentos surgiram dois filhos, que com as separações veio descobrir que não eram de fato seus; ele então abandonou tudo e resolveu ficar solteiro.
É Ex-casado e Ex-pai.
Então nessa altura da narrativa, o Sr. Ex, solicitava a palavra e concluía a justificativa, em um tom de galhofa e brincadeira.
Então senhores; com tantos “Eis” durante toda minha trajetória de vida, estou resolvido que; definitivamente permanecerei Ex. E tem mais: estou tentando arrumar uma formula que não venha prejudicar minha hombridade, meu caráter e meu machismo, afirmo para todos, nesse momento solene que, em breve terei o prazer de acrescentar mais um Ex para corroborar com tudo que foi aqui narrado tão eloquentemente pelo meu amigo... (e falava o nome do narrador da vez).
Será acrescentado nas narrativas que também serei.
Sr. Ex-hétero.
“Mas ninguém terá o direito de afirmar que serei HOMO, porque para mim, OMO sexual, é marca de sabão para lavar as partes “Eróticas ou Íntimas” do corpo”.
Nesse momento todos os espectadores saiam em gargalhadas, não somente pela narrativa, mas pela cara de pau do Lopes.
O velho conhecido e gaiato.
Senhor EX.
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