sábado, 1 de outubro de 2011

FIM DA FESTA


Tenho ouvidos uns boatos
que o mundo vai acabar.
Mas será que isso é fato?
Ou tão querendo enganar?
Já tou querendo ser gato.
Sete vidas vou ganhar.
Ou então virarei um pato;
Posso nadar ou voar.

Temos que estar prevenidos,
Pra sobreviver da “ressaca”.
Não sei se tape os ouvidos,
Ou me transforme em barata.
Falei com entes queridos:
Não façam jangada fraca;
Senão serão engolidos,
E vão é tomar na jaca.

Todo o dia olho pro céu,
Pra ver se vejo um sinal.
Vejo-o como um véu;
Não vislumbro nenhum mal.
Mas vou comprar um chapéu
Pra me sentir bem legal
Pois se for um fogaréu
Estarei em alto astral.

Meu bisavô me falou:
Que seu bisavô dizia
Nostradamus declinou
Escreveu em profecia
Ninguém sentirá mais dor
Que mais dia menos dia
Tudo que ele anotou
De fato aconteceria.

Eu fui ler no livro velho,
O que o profeta falou.
Quase que me destrambelho.
O mundo já acabou!
Nesse livro não me espelho.
Todo louco meu senhor.
Vou morar no cemitério,
Antes que vá, eu já vou.

Isto lá, tá nos escritos.
O mundo vai acabar!
Em água, fogo e detritos,
mas ninguém vai suportar.
Se acabarão os conflitos;
nosso mundo vai mudar.
E no universo infinito,
nova geração surgirá.

Aí só farão o bem,
Os habitantes da terra;
ninguém terá um vintém;
para não entrar em guerra.
Tudo será de ninguém.
É assim que o livro encerra.
Rico e pobre, isso não tem,
Pois se tiver; tudo emperra.

Será que tudo é verdade?
Verdade bem verdadeira?
Eu que vivo em liberdade,
não acredito em asneira.
Mas só por curiosidade,
Vou comendo pela beira.
Espero a oportunidade,
Pra dizer: isso é besteira.

Falei tudo pra um amigo;
Ele saiu na carreira.
Vou procurar um abrigo,
Lá em cima da ladeira.
Se acontecer isso comigo,
Vou morrer de caganeira.
Mas eu que sou do antigo,
Não perco minha estribeira.

Comecei meu planejamento;
Vou pegar toda a família,
Darei pra cada; um jumento,
Vamos lá pra Farroupilha.
Vou cumprir meu juramento
Já tá tudo na planilha
Antes do agravamento
Vou distribuir apostilha.

Nessa apostilha vai ter,
Todo o procedimento;
Os quais todos vão fazer;
Sem que haja contratempo,
Assim é que deve ser.
Se tudo sair a contento
Todos vão sobreviver,
Desse grande turbulento.

Lá no capitulo primeiro,
Se fala do dia a dia
Mauricio será o barbeiro
Quem cozinha é a Maria
Meu irmão toca o pandeiro
Mas quem canta é minha tia
Meu avo; vai no banheiro,
Só tomando anestesia.

A vovó que não tem dente,
Já não pode roer osso.
Tem que comer decente,
Só na hora do almoço;
No resto do experiente
Só dê alimento insosso.
Esconda dela aguardente.
Se ela beber vai pro poço.

Essa viagem só termina,
Quando em Farroupilha chegar.
Minha filha hoje é menina
Casada ela já vai estar.
Não vou rasgar a cortina
Pro povo não se espantar,
Se a coisa toda combina,
Da tragédia vamos escapar.

De todo plano que fiz,
Vai tudo dar bem certinho.
Mas eu vou ser o juiz
Durante todo caminho,
Tracei toda diretriz.
Ninguém andara sozinho,
E quando chegar a noite;
Todos procuram seu ninho.

Já no segundo capitulo;
Vamos tratar do transporte.
Todos vão ter seu cubículo,
De papelão muito forte.
Não achem isso ridículo;
É melhor que um pacote,
Serão abrigos de titulo,
Por favor, não amarrote.

Como a família é grande,
Contratei setenta jegues,
Espero que não desande;
E que ninguém desagregue.
Desejo que nenhum debande,
E que todo mundo trafegue,
Que ninguém corra, só ande
Em vez de espalhar; congregue!

Como já esta definido
O dia do cataclismo.
Vamos a Tambaba unidos,
Passar um mês de nudismo,
Seremos bem acolhidos;
Faremos nossos batismos.
Os homens serão benzidos,
Pra não ter medo de cismo.

As mulheres da caravana,
Ficam fora dessa praia.
Porque pra ficar bacana,
Nunca vão tirar a saia.
Vão ficar lá na cabana
Para não entrar na raia.
Mulher nua com homem,
Tudo vai virar gandaia.

Dois mil e doze já é
O ano pré definido;
Vai pegar no contrapé
Aqueles desprevenidos,
homem, menino e mulher
Devem ser abduzidos
Não vou meter a colher,
Que fique bem entendido.

O dia é vinte e um
Do mês de dezembro sim.
Até lá o zum, zum, zum,
Por certo não terá fim.
No dia faça jejum;
Pra não servir de estopim,
Ou se apegue com Ogum,
Do Candomblé espadim.

Lá no capitulo terceiro,
Vamos falar da chegada.
Em Farroupilha o primeiro,
Vai chegar de madrugada.
Então prepara o terreiro,
Pra fazer a churrascada
Na entrada, um letreiro.
Tá chegando a Nordestada.

Aí vai começar a festança,
Com todo gaúcho irmão.
Vai rolar shop e dança
Com batata e chimarrão.
Então será feita a aliança,
Com nós e o grupo alemão.
Espalharemos confiança,
Que sacramenta a união.

Que faremos com a frota?
Gritarão lá da parada.
Manda tudo pra Pelota,
Providenciar charqueada.
Pega tudo e empacota
Pra iniciar a jornada
Depois faremos paçoca
Pra dar tudo a meninada.

Olharemos o calendário,
A data já terá passado.
Chamaremos de otário,
E comeremos assado,
Aquele protozoário
Que lá no antepassado
Escreveu tudo em glossário,
Que a festa tinha acabado.

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