domingo, 10 de julho de 2011

AO AMIGO LUIZ RAMOS


Pense num cara bacana,
é esse meu ex-cunhado.
Tá com problema na próstata,
de tanto “tocar” sentado.
Eu avisei pra o cara:
você deve ter cuidado
sentar sempre em pau duro;
tu vás ficar viciado!

Foi isso que aconteceu,
com esse bom tocador;
sentou por 49 anos,
que já nem sentia dor.
Um dia por precaução
foi consultar um doutor
levou apenas dedada,
ai o profissa falou:

Luiz Ramos, meu amigo,
vou te falar a verdade;
vamos tirar tua próstata,
não temas; por caridade!
No teu bilau ninguém mexe,
nem mudas de atividade
Vas tocar somente em pé
Com total dignidade.

Um conselho vou te dar:
de mulher não tenhas medo,
vou te deixar mais tarado.
A excitação vem mais cedo,
te deixarei com dois órgãos
que mostrarás sem segredo,
exibiras sem temer
tua língua e o teu dedo.

Tua viola de sete cordas
tocaras com mais estilo;
teu bandolim vai trilar
com som de maior jubilo;
as pratinelas do pandeiro
agradará quem ouvi-lo;
só lá na parte de baixo
te sentiras intranqüilo.

Ficaras mais elegante,
nas tuas apresentações.
Estarás acompanhado.
por sanfonas e violões;
serás uma raridade
nesse mundo das canções,
serás o único castrado
mesmo tendo os dois culhões.

Só fico aqui esperando,
que continues legal,
e não faças como outros
em desespero total;
resolveram se poupar,
de forma não genial.
Começaram a dar o fiofó
Pra não estragar o bilau.

Saberás dar as funções,
corretas a quem perguntar.
Pra que servem pinto e anus?
Responda sem hesitar:
Cu pra soltar muitas bufas,
eu acho que pra emprestar,
e meu pinto muito em breve,
só vai servir pra mijar.

Por isso meu ex-cunhado,
que de ex tu não tens nada.
continuamos amigos
somos mais que camarada.
Quero te homenagear
nesse momento da estrada,
que da vida é muito longa,
não pares, sigas a jornada.

A vida meu bom amigo,
gira como os bons moinhos.
Estamos na trajetória
sujeitos aos redemoinhos;
não devemos nos entregar
sem lutar pelos caminhos;
lembre-se que a rosa é bela
mas traz com ela espinhos.

Espero que tudo corra
no melhor para você;
saibas que estamos torcendo
vai dar certo podes crer,
te lembras; não ás o único
desse mal a padecer,
o chefe de teu fã clube
é seu amigo – JOTACÊ

A pedido

terça-feira, 5 de julho de 2011

A FACE


Digam-me, por favor,
Quem viu a face de Deus
Sejam árabes ou romanos
Sejam católicos ou judeus
Cada pessoa a conhece
Como a dos filhos seus
Para mim é grandiosa
Como são os coliseus.

Afirmo: Deus não tem face
Você a vê como quer
Pode ser de uma criança
Animal, homem ou mulher
Pode ser de uma arvore
Ou um peixe se quiser
Pode ser de uma montanha
Ou do mar bravio ate.

Esta face pode ser feia?
Duvido muito, amigo
Quando vemos a face feia
É algo que está escondido
É dito pelas pessoas
De um tempo mais antigo
Quando vemos cara feia
Essa é cara do “inimigo”

A face de Deus, porém
Emana amor, afetividade
Transmite muito carinho
Tolerância e caridade
Transmite-nos muita fé
Afasta-nos da maldade
É bom olhá-la de perto
Veras apenas bondade

A face de Deus é bela
Como o raiar do dia
O desabrochar de uma flor
O vento quando assobia
As penas de uma arara
O canto da cotovia
Os sons de uma cachoeira
As ondas quando bravia

O latido de um cão
O sol que abrasa a gente
A beleza de uma noite
Mesmo quando estiver quente
O relincho de um cavalo
Ou uma estrela cadente
O abraço de um amigo
E uma criança contente.

O coaxar de um sapo
Em uma lagoa escura
O vou de um beija flor
Com penas, feito pintura
A braveza de uma águia
Que voa lá na altura
A grandeza da baleia
Uma colossal criatura

O choro de uma criança,
O rugido de um leão
A elevação da fé
Quando se ouve canção
As areias do deserto
Que mudam a aclimatação
A afirmação que a vida
É sempre renovação

A face de Deus comove
A todos que têm fé
Não só padre ou pastor
Mãe de santo ou Pajé
Pode morar em palácio
Casa de campo ou sapé
Deus abraça todo o mundo
Porque não Foi. Ele É

A imagem do sofrimento
De um moribundo na cama
Que quando abrir os seus olhos
Vê pessoas que o ama
Pedindo a Deus que o salve
Daquela doença insana
Sabe que naquele momento
A face de Deus emana

Quero que saibam agora
E contem pra os filhos seus
Que o que há de mais belo
Não se guarda em museus
Esta em todos os lares
Nos gigantes ou pigmeus
Olhem tudo com bons olhos
Essas são faces de Deus.

Ela é pureza, amor
Ternura de uma oração
Saudades de quem se foi
Mas fica no coração
Abraços de entes queridos
Quando em viagem se vão
Deus não castiga nem mata
É só carinho e perdão

Ouçam o canto do uirapuru
Calando toda a floresta
As gargalhadas constantes
Simbolizando uma festa
Os sons todos em harmonia
De uma afinada orquestra
Essas são faces de Deus
Que o coração manifesta

A face de Deus é presente
Na nossa vida diária
Nos momentos de tristeza
De uma vida solitária
Daqueles que estão sem fé
Dentro de uma penitenciária
Dos que estão em liberdade
Feliz vida; extraordinária


Tenham certeza leitores
Que esses versos são seus
Feitos com muito carinho
Para ricos, pobres ou plebeus
Inspirados em todos vós
Com muita fé ou ateus
Para mim todos vocês
São mesmo a face de Deus.

UM PEQUENO ENGANO


Era considerado um cara diferente o Heythor. Diferente no nome, na tomada de decisões, e tudo mais; costumavam afirmar que o Heythor, não era diferente; era estranho, inseguro e porque não dizer displicente.
E com todos esses adjetivos ele se tornou uma pessoa sempre observada por todos, não uma observação de critica, mas era para que não cometesse nenhum ato que viesse prejudicar alguém, ou a si mesmo.
Mesmo assim tinha muitos amigos, de ambos os sexos, e ele sentia-se feliz, costumava afirmar: “sou um cara feliz, mas com restrições”, isso era motivo de fazer com que o ambiente ficasse descontraído nos momentos de tensão (provocado por ele é claro).
O tempo passava, seu ciclo de amizade foi aos pouco diminuendo, pelo fato de alguns dos amigos terem casados, outros se mudaram para locais mais distantes; e, de momento o Heythor sentiu-se só.
Muitas vezes por falta de companhia já não saia como de costume; isso deu motivo para pensar que já estava na hora de conhecer uma pessoa, que pudesse preencher aquele vazio em seu coração.
Aos poucos amigos que lhe restaram ele desabafava: esta na nora de constituir família, ao que comentavam; deves em primeiro lugar rever a forma como te comportas, porque assim não terás chance de conhecer alguém que seja legal e que venha te completar.
Dessa forma Heythor iniciou sua busca, sua caçada como costumava falar, e mesmo assim, devido aos conselhos, tinha que encontrar (através de muita escolha), a esposa ideal. O tempo foi passando; hora, dias, semanas, meses, e anos, e nada, sua forma de escolha estava muito rígida, e alem do mais, na cidade nenhuma garota que conhecesse o Heythor queria namorá-lo; sua fama de desastrado era patente.
Por fim depois de três anos de buscas e escolhas, a esposa ideal tinha sido encontrada.
A maryhenilda, garota com um ano mais nova que o Heythor, morena, cabelos negros como a noite, longos, lisos e brilhantes, olhos de um tom castanho, penetrantes e alegres, pernas longas e bem torneadas, braços firmes e seios fartos, era muito mais que o Heythor tinha pensado, e segundo ele afirmava em tom de brincadeira, alem do mais seu nome também tem Y e H o que me permite saber que é essa a minha rainha.
Casaram-se; recepção apenas para os poucos amigos, e logo cedo uma retirada estratégica dos “pombinhos”, os amigos respiraram aliviados: ate que enfim o nosso amigo terá seu futuro de felicidade.
Três dias depois estava de volta o Heythor, triste, cabisbaixo, com aspecto de doente, falando para o Cleber, (amigo mais próximo).
Cometi um pequeno engano, e agora não sei como sair dessa teia de aranha em que me meti; e desabafou.
Casei domingo; na primeira noite alegando que eu tinha bebido demais, a Maryhenilda, muito brava me fez dormir na sala, ”não suportava cheiro de bebidas”; pela manhã fui trabalhar, à noite quando cheguei estava um jantar fenomenal me esperando, e logo após o jantar; fomos para o quarto, ela outra vez me rejeitou dizendo que tinha sido um engano nosso casamento, ai não me contive; bati com ela no chão, ela revidou e rolamos juntos em uma briga sem juiz e nem platéia que durou mais de uma hora, ate que ficamos os dois sem roupas, e foi ai que vi o pequeno erro que eu havia cometido.
Chorando o Heythor gritou:
A Maryhenilda é homem igual ou mais que eu, meu amigo!

PROFISSÃO?


Será que de fato é mesmo
Aposentado profissão?
Aposentado nada faz
Vive na embromação
Passa os dias só pensando
Será que estou abafando?
E os dias vão passando,
Sem ver um futuro são.

No dia que me aposentei,
Disse: tudo vai é melhorar,
Vou juntar toda família
E nós vamos passear,
Mas, nada disso acontece,
Estou ficando com stress,
E isso, ninguém merece,
Quero mesmo é trabalhar

Agora falam que aposentadoria,
É de fato profissão.
Profissão que não produz?
Essa? Não conheço não!
O profissional trabalha,
O aposentado só encalha,
Não produz, só atrapalha,
E vai viver de pensão.

Quando amanhece o dia
Que o profissional acorda,
Vê um futuro à frente,
Acho que você concorda.
E o aposentado o que faz?
Só fica olhando pra traz,
Dizendo fui bom demais,
E vai ficando na borda

O que faz o aposentado
Se não for desenrolado?
Fica o dia só bufando
Ou fica em casa deitado.
A mulher dele reclama
Levanta tira o pijama!
Vamos deixar esse drama
Ou vá embora safado!
.
Mas quando ele é vivo
Faz como eu estou fazendo
Não vou fazer como os outros
Que passam o dia bebendo
Arrumei um bom lazer
Que vou dizer prá você
Faço isso com prazer
Por isso estou escrevendo

Agora estou me tornando
Poeta e bom escritor
Escrevo causos e versos
No cordel eu sou doutor
Do jeito que as coisas estão
Prestem muita atenção
Um dia visto o fardão
Vou ficar no esplendor

Eu vou me tornar famoso
Sempre no primeiro grau
Serei em fim conhecido
Neste país tropical
Na Academia maior
Estarei junto ao melhor
Sem ter que enxugar suor
Vou me tornar Imortal

E assim bem lá pra frente
Lá no século vinte e dois
Vão ver o que escrevi
Somente feijão com arroz
É disso que o povo gosta
Dessa forma estou na aposta
Ninguém me vira às costas
Não vão deixar pra depois

Se alguém lhes perguntar
Ele é o famoso quem?
Não fiquem só gaguejando
Falem de mim só de bem
Digam que Nivaldo Melo
Não é nenhum tagarelo
Ele é um bacharelo
Do cordel, melhor que tem

Estou vendo um mural
Dos versos melhor que tem
Nele estou colocado
Com nota maior que cem
Isso só me traz orgulho
Sem ter que fazer barulho
Não vou ficar no entulho
Sem valer nenhum vintém

Só tenho que agradecer
A aqueles que me prestigiam
E protestar contra aqueles
Que sem rimas me copiam
Para esses o meu desprezo
Não serei um benfazejo
Recebam meu menosprezo
Só louvo aqueles que criam

Eu fiz de tudo que queria
Arrependido? Tou não,
Foi aprendizado de vida
Com muita dedicação
Foi trabalho sem orgia
Foram anos de economia
Por isso que aposentadoria
È de fato profissão

Depois de quarenta anos
De labutar dia a dia
Me aposentei da labuta
Era escrever que eu queria
Por isso eu não divago
Cultura é só o que trago
É nela que eu naufrago
Esbanjando simpatia.