terça-feira, 1 de maio de 2012
DENTRO DO ESPELHO
Quem gosta de escrever
Vê coisas que alguém duvida
Parece ate que é história
Que não foi acontecida
Mas podem ter a certeza
Só escrevo com clareza
Fatos reais dessa vida
Esse caso, por exemplo,
Aconteceu e é fato
Mas vou fazer um preâmbulo
Não pensem que é boato
A coisa não é comum
Mas em momento algum
Vou mudar o meu relato.
Aqui nossos personagens
É resumido em um
Para ficar registrado
Como fato incomum
Sem que tenha testemunha
Pra que ninguém se opunha
Isso em momento algum.
Preparem-se meus leitores
Para o que vocês vão ler
Essa estória aqui narrada
Acabou de acontecer
Foi um fato inusitado
Mas pode ficar sentado.
Que vou narrar pra você.
Pode ser bem diferente
Não pensem que é ilusão
Porque está registrado
No livro do coração
Mas eu dou a liberdade
Que vocês pensem a vontade
Que o fato é ficção.
Mas, vamos ao que interessa,
Que a estória em si,
Não vou deixar por metade
E por isso estou aqui
Escrevendo essa estória
Quero que fique em memória
A coisa que só eu vi.
Em uma casa bonita
Em um lugar solitário
Morava apenas uma pessoa
Era um homem usurário
Desses que na vida só tem
Quem guarda muitos vinténs
Dizia-se bilionário.
Tinha apenas uma pessoa
Que vinha uma vez por mês
Para fazer a limpeza
Daquele casarão inglês
Mas ele deu um conselho
Nunca limpe esse espelho
Senão você perde a vez.
Era um espelho bonito
Um espelho de cristal
Desses que só é encontrado
Em residência real
Mas tinha algo estranho
Devido ao seu tamanho
Era algo colossal.
Tinha dois metros de altura
E era colado ao chão
De largura tinha um metro
Medidos a palmo de mão
Nele ninguém encostava
Porque o homem gritava
Se encosta é agressão.
Outra coisa diferente
Que com ele acontecia
Quando alguém se aproximava
O grande espelho tremia
Tremia bem diferente
Ele dava medo à gente
Que muito rápido saía.
Não era um tremor normal
Como de vidro comum
Era como tremor de água
Fazendo onda incomum
Indo de um lado pra outro
Parecia um mar revolto
Emitindo som nenhum.
Então a jovem empregada
Ficou bem desconfiada
Porque será que o homem
Não quer que eu mecha em nada?
Mas um dia eu fico só
Vou desatar esse nó
E ganho essa parada.
Será esse espelho, mágico?
Pensava a empregada
Era a curiosidade
Agora bem aguçada
Mas um dia eu vou limpar
E quero ver no que dar
E ver se tem coisa errada.
Passou a observar
Os movimentos na casa
Daquele senhor fidalgo
Que tinha o olhar de brasa
De seus olhos vinha um brilho
Desses que dar empecilho,
Olhando você se arrasa.
Foi ai que ela notou
Uma coisa diferente
Ele tinha preso a mão
Algo que parecia um pente,
Que sempre estava limpando
Quando alguém não tava olhando
Era um belo pingente.
Quando a serviçal saia
O homem logo mudava
Chegava frente ao espelho
E o pingente apertava
Então algo acontecia
Porque o espelho se abria
E o homem nele entrava
E só voltava a sair
No dia dela voltar
Ficava sentado a espera
Da moça se apresentar
Então falava com clareza
Pode iniciar a limpeza
Que eu fico a descansar.
E em frente ao espelho
Ele ficava sentado
Enquanto ela trabalhava
Deixando tudo arrumado
Ele com o seu pingente
Com ar de indiferente,
Olhava tudo calado
Em um dia de limpeza
Procurou ela o patrão
Então não o encontrando
Pegou pano, água e sabão,
Então ficou de joelho
Bem em frente ao espelho
E fez uma fricção.
Quando ela, pois o pano,
No espelho pra limpar
Ouviu-se um grito horrível
Um grito de arrepiar
Ate onde não tem cabelo
Parecia um pesadelo
Que ela se, pois a chorar.
Foi um grito estridente
Que do espelho saiu
Ela então apavorada
Quis correr não conseguiu
Olhou e viu o patrão
Com o pingente na mão
Pegou nela e a sacudiu.
Aí ela não viu nada
Porque logo desmaiou
Já fazia uma hora
Foi quando ela acordou
Perguntando aperreada
Já é quase madrugada
Diga-me o que se passou.
Ele então lhe explicou
De forma bem definida
É bom que você saiba logo
Mas não fique deprimida
Para difundir a verdade
Entre todos da cidade
Foste a pessoa escolhida.
O espelho em nossa frente
Que parece colossal
Não é um espelho comum
É algo quase irreal
Nele esta bem dividida
Em duas partes a vida
A do bem e a do mal.
Sabe o lado que estamos?
Esse é o lado da luz
O lado que tudo brilha
Esse lado Deus conduz
O outro lado é escuro
Nele ninguém tem o futuro
Lá nada se reproduz.
E com um movimento brusco
Apontou com o pingente
O espelho se abriu
E de forma comovente
Foi assim que ele falou
Missão cumprida! E eu vou.
Pra o outro lado contente.
Ela olhou para o espelho
Lá dentro nada ela viu
Então naquele momento
O grande espelho partiu
O prédio ficou todo inteiro
Mas aquele cavalheiro
Nunca mais ninguém o viu.
O FOLGADINHO
- Bom dia senhora!
- Bom dia senhor.
- Senhora ou senhorita?
Essa era a forma com que o Ednilson, fazia sua abordagem. Logo que via uma mulher que de alguma maneira tinha chamado sua atenção, isso independente de idade, raça, cor, credo religioso, ou ate partido político. Para ele tudo isso não tinha a menor importância, isso porque para o Ednilson, o importante era a aproximação, o restante viria depois do primeiro contato.
Dessa forma ele se achava o melhor na paquera, e fazia questão de contar para os amigos, quais os resultados finais de suas abordagens, como ele falava: se a aterrissagem for perfeita, o restante é só uma questão administrativa.
Saía todas as manhãs para uma caminhada rápida pela praça do bairro, (era conselho médico), isso porque o Ednilson já havia sobrevivido a dois infartos, e outras complicações coronarianas, era slogan dele: enquanto o coração velho aguentar eu estou pra paquerar, e ria de sua maneira folgada de ver a vida.
Eu sou um bom vi van, (e ria da cara que seus amigos faziam), mas todos sabiam que de fato o Ednilson era um “enxeridinho” inveterado, só a esposa dele, (a Dona Acássia), ciumenta aos extremos; não sabia dessa qualidade de seu esposo, (porque se soubesse...), ninguém saberia avaliar sua reação.
Os amigos mais próximos e familiares aconselhavam: cara; um dia você vai se dar mal, aí, nunca mais você se aproxima das mulheres com segundas intenções.
Nada amigos; nessa matéria sou catedrático, e alguma delas achar que estou sendo inconveniente, peço desculpas, digo que fui mal interpretado e saio de fininho; assim sempre deu certo.
E foi assim que em um desses dias de caminhada matinal que o velho e safenado Ednilson, notou que também caminhava uma bela senhora, ele nunca tinha visto aquele “monumento” por aquelas paragens, e de imediato procedeu a investida.
Bom dia Senhora!
Bom dia Senhor,
Senhora ou senhorita?
Senhora, Rosa, por favor!
Ednilson, e me considere seu criado.
Faz caminhada todos os dias dona Rosa?
Não, hoje é um primeiro.
Então; ele iniciou aquele papo, (o cerca Lourenço), com perguntas, e elogios, não a ela, mas as condições climáticas daquela manhã.
De repente ele para.
Ela também o faz.
Então ele iniciou a investida final, para o abate (como ele costumava falar).
Senhora Rosa; hoje estou fazendo essa caminhada com meu coração em frangalhos.
Sim senhor Ednilson; e por quê?
É que ontem morreu minha cadelinha de estimação, (e olhou para ela com aquele olhar de pesar).
Senhor! Não se preocupe, eu tenho uma amiga que tem duas cadelinhas novinhas e com certeza, a meu pedido ela dará uma, para o senhor!
Não dona Rosa, a senhora não esta entendendo; é que agora minha necessidade não é de uma cachorrinha quadrúpede, e sim de uma bípede.
O que ocorreu ele não lembra, só lembra que algumas pessoas estavam de pé a sua frente, todos com ares de preocupação, por ele ter (aparentemente) sofrido um desmaio, e na queda machucou o olho direito.
E que dona Acássia (desconfiada) teve que colocar um pedaço de bife, pra amenizar o inchaço daquele olho que agora estava completamente roxo.
Dessa maneira o Ednilson jura para os amigos que não vai deixar de caminhar, apenas vai mudar de lugar, e que com certeza ira mudar sua tática de abordagem.
E que nunca mais quer encontrar dona Rosa a sua frente.
Ela tem a mão muito pesada.
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