sábado, 1 de outubro de 2011

O PADROEIRO


São cinco horas da manhã
Ouve-se o sino da igreja
E o Tum, e Trazz dos foguetes
Parece ate que troveja
O povo todo se benze
E seus olhos lacrimejam
É dia do padroeiro
Dessa terra sertaneja

As seis começam a missa
Com igreja bem lotada
Homens de chapéu na mão
Mulheres todas bordadas
Com o véu sobre a cabeça
Quase sempre ajoelhadas
O padre em vestes bonitas
Ta iniciada a jornada

Fala o padre: Meus fieis
Hoje é dia de festa
Dia do nosso padroeiro
Que é protetor de “Floresta”
Essa terra abençoada
Lugar de gente honesta
A tarde tem procissão
Não vai ser nada modesta

Quero todos às duas horas
Bem em frente da igreja
Vistam roupas bem bonitas
Aquela que mais lampeja
Tudo dentro do respeito
É tudo que o santo almeja
Ver seus fiéis bem bonitos
É isso que ele deseja.

Às quatro e meia da tarde
Vai sair à procissão
Quero que todos cantem
Os hinos de louvação
Não esqueçam meus fieis
Levem uma vela na mão
Não pode faltar o terço
Vai ser nossa oração


Bem no horário marcado
Foi armada a procissão
O vigário é responsável
Por toda organização
Grita e levanta os braços
Dando ordens de montão
Todo povo obedecendo
Esperando uma benção.

Armada a corda no chão
Pra ficar tudo arrumado
Homens do lado direito
Mulheres do outro lado
As crianças vão a frente
Com fardamento engomado
No meio as professoras
De grupo escolarizado.

Vamos dispor os andores
No meio da romaria
Meninas vestidas de anjas
No andor da Virgem Maria
As beatas vão carregar
Esse andor com alegria
Logo atrás vêem as freiras
Que moram na abadia

Meninos vestidos de soldado
Guardam o segundo andor
O de São Jorge guerreiro
Que também é protetor
Logo atrás seis cavaleiros
Todos vestido a rigor
Cavalgam como um balé
No papel de apoiador.

Para levar esse andor
Que é muito mais pesado
Tem que ser quatro homens
De músculos avantajados
Levam, o Santo, o cavalo
E mais um dragão alado
Que lutam o tempo todo
La em cima do tablado.

Então agora está armado
O grande andor principal
Quase no final da corda
Qual sua alteza real
Todo coberto de flores
Em cima do pedestal
Ele é o dono da festa
O protetor do local

E como é esse andor?
Vou descrever meu amigo
Tem três metros de altura
Pra não ficar escondido
É nele que fica o foco
Daquele povo sofrido
Que reza e pede muito
E espera ser atendido

No andor tem muitas flores
E luzes por todo lado
Que piscam o tempo todo
Num verdadeiro bailado
Ainda põem gelo seco
Pra ficar esfumaçado
Pra aquele que esta olhando
Ficar emocionado.

Bem na frente do andor
Esta o Bispo da cidade
Que prestigia o local
Emanando só bondade
Vem em baixo de um palio*
E logo atrás tem um frade
Segurando no seu manto
Na maior tranqüilidade

Logo atrás do protetor
Vem a banda musical
Que toca musicas sacra
Aonde o som principal
Sai dos pratos, surdo e tuba
Num compasso crucial
Deixando o povo em transe
Em estado angelical.

E bem atrás da orquestra
Esta toda a população
Que dão o tom de lamento
A toda aquela oração
Eles rezam, choram e cantam
Na sua maior devoção
Ao seu santo padroeiro
Verdadeira adoração.

Então do carro de som
Ouve-se o vigário gritar
Levantem toda a corda
Comecem todos a rezar
Vamos acender as velas
Comecemos caminhar
Sigamos todos em frente
Mas sempre bem devagar.

-Bendito e Louvado seja
Nosso Santo protetor
Patrono dessa cidade
Discípulo de Nosso Senhor
Que perdoa os inimigos
Com carinho e sem furor
E protege nossa “Floresta”
Dando todo seu amor.

Assim sai a procissão
Para correr a cidade
Levando a benção do Santo
A toda comunidade
Os paroquianos agradecem
Com reza e festividade
Nas ruas só bandeirolas
Saudando toda irmandade.

Nas janelas dos casebres
Toalhas são estendidas
As pessoas debruçadas
Aplaudem aquela partida
E ficam ali esperando
Pela volta prometida
Aplaudem também no regresso
Na forma de despedida.

No caminho muita gente
Vai aderindo ao cortejo
Segurando sempre a corda
Do seu santo benfazejo
Pagando promessas feitas
Desse povo sertanejo
Pelo santo ter ajudado
A satisfazer seu desejo.

O cortejo fica belíssimo
Quando a noite esta chegando
As luzes todas apagadas
A procissão vai passando
Com todas as velas acesas
Toda a rua iluminando
Um coral quase perfeito
É o povo todo cantando

Não precisa de maestro
Par reger a homilia
Homens, mulheres, crianças
Dão o tom com alegria
Parece o som de uma onda
Que ao longe se ouvia
É todo povo cantando
Ave, Ave, Ave Maria

Às sete horas da noite
Acaba a procissão
O vigário agradece
A toda população
O povo todo abraçado
Demonstrando união
E rezam pra o padroeiro
Dar a sua proteção

Agora chega a hora
Do movimento profano
É o festejo de rua
Esperado todo ano
No parque diversão
Tem ate um marciano
Que veio de outro planeta
E toma forma de humano.

Quando a banda musical
Der um toque de corneta
Todos correm pra o coreto
A banda vira retreta
Tocam, samba frevo e rumba
Tudo ao som da clarineta
E o povão gastando a grana
Nos brinquedos e na roleta.

É assim meus bons leitores
As festas do padroeiro
Que acontecem todos os anos
Nesses sertões por inteiro
Vivida por sua gente
De pensamento ordeiro
É a demonstração de fé
Desse povo Brasileiro.

CERTOS CONCEITOS


Quando chega uma hora
Que o coração mais chora
Agente fica tristonho
Um tanto quanto bisonho
Por saber que não vai ver
Aquela que por um tempo
Tava em nosso pensamento
Ajudando-nos a viver
SAUDADE

Se o homem muito luta
Afastado da disputa
Por um ideal só seu.
Mesmo que seja plebeu,
No dia que ali chegar
Não se sentirá vencedor
Porque por certo herdou
Outro ideal pra alcançar.
PERSISTENCIA

Quando lhe foge a certeza
De que algo tem beleza
Não diga isso a ninguém
Para evitar que alguém
Faça julgamento errado
Por ti sentirão respeito
Porque agiste de um jeito
Então serás preservado.
PRUDENCIA

Se em teu caminho tiver
Muitos momentos de fé
Em teu corpo trabalhado
Sentiras-te muito honrado
Por aquilo que no tempo
Seguiste sem padecer
De mal nenhum a sofrer
Nunca tiveste tormento.
SAUDE

Se fores um bom político
E veres um parente aflito
Mais em baixo a te implorar
Um lugar pra descansar
Não faças disso um estilo
Porque outros vão pedir
A mesma coisa pra ti
Se atenderes; é vacilo
NEPOTISMO

Quando quase é madrugada
Que o sol belo aparece
Toda a terra se aquece
Abraçando os filhos seus
Pra o céu mandamos prece
Ao ver que. O que acontece
É tudo obra de Deus.
NATUREZA

Se um dia vires uma flor
E sobre ela uma abelha
Estas vendo uma centelha
De vida naquele inseto
É que o pólen, por certo
Ela esta a transportar
E aos pouco vai levar
De flor em flor sem parar
Podes ter toda certeza
Um fruto ali vai brotar.
FECUNDAÇÃO

Se te fechares em copas
E não preservares amigos
Por certo os inimigos
Farão em ti um esteio
É bom sair desse meio
Porque o mundo é cruel
Se procurares um papel
Onde a ira é natural
Ficaras em baixo astral
Pra toda a vida e assim
Ficaras no isolamento
Mais triste será teu fim.
SOLIDÃO

Se vires o passar dos anos
De forma bem natural
Sem querer ser o central
Ponto desse universo
Conseguirás; isso é certo
O respeito dos amigos
Nunca estarás escondido
Dos acontecimentos do tempo
A partir desse momento
Terás muito mais da vida
Porque em relação aos outros
Ela foi bem mais vivida.
LONGEVIDADE

Quando os teus olhos molhados
Tiver alguém a enxugar
E alguém pra levantar
A tua cabeça baixa
Jamais cairás em desgraça
Mesmo dentro de espinhos
Abrirão-te mais caminhos
Para que tenhas opção
De teres sempre uma mão
Em teu ombro a te apoiar
Agora tu vás notar
Como é bom ter amizade
Então veras em verdade
Que nunca estarás sozinho.
AMIZADES

Se estas sempre de costas;
A aquele que te pede um pão.
Quando te pedem ajuda;
Respondes sempre com não.
Andas de bolsos vazios,
Mesmo tendo muitos grãos.
Em tua morte por certo
Não terás ninguém por perto;
Para levar teu caixão.
AVAREZA

Quando notas que te cercam,
Para pedir-te conselhos.
Fazes disso um espelho,
Que possas olhar de frente.
Porque se toda essa gente
Vão a ti se aportar;
Entre eles tens um lugar
Sempre e sempre garantido.
Nunca terás inimigo,
Que possa te perturbar.
CONFIABILIDADE

Quando pautas tua vida,
Em caminhos sempre retos.
Por ele vês objetos
Que não são teus. Com certeza
Terás sempre uma mesa
Com todo de que precisas,
Isso te caracteriza
Como pessoa de bem;
Porque aquilo que tens,
Conseguistes com suor,
Esse é teu bem maior;
Só mereces parabéns.
HONESTIDADE

Quando nunca te satisfazes,
Com aquilo que tu tens.
Sempre olhas pra alguém,
Que tem pouco mais que você;
Ficas sempre a padecer,
Querendo ter algo igual.
Ficaras com esse mal,
Em teu peito a corroer.
Deves parar de sofrer.
Com certeza isso é defeito,
Dos que são insatisfeitos;
Por isso podes morrer!
INVEJA

Quando és solicitado,
Para executar uma ação,
Não deixas ninguém na mão,
Resolvendo o problema.
Mesmo que não entendas
Deixas tudo resolvido.
Essa coisa meu amigo,
Que por simplicidade não sabes,
E não deixas que a vaidade,
Tome conta de você.
Um dia tu vás saber,
O que a vida te deixou.
Pois aquilo que fizeste,
Nunca ninguém se queixou.
COMPETENCIA.

Se a alegria é constante,
Dentro de teu coração.
É grande tua emoção,
Quando vês certa pessoa.
Não é uma coisa atoa,
Isso que estas sentindo.
Se é que estas me ouvindo,
Falo-te com bem clareza,
E disso tenhas certeza;
Não tenhas nada a temer.
O que acontece à você,
Não é nada esquisito;
Por isso não fiques aflito,
E deixe tudo de lado.
Podes ficar bem tranqüilo,
É que estás apaixonado.
AMOR

FIM DA FESTA


Tenho ouvidos uns boatos
que o mundo vai acabar.
Mas será que isso é fato?
Ou tão querendo enganar?
Já tou querendo ser gato.
Sete vidas vou ganhar.
Ou então virarei um pato;
Posso nadar ou voar.

Temos que estar prevenidos,
Pra sobreviver da “ressaca”.
Não sei se tape os ouvidos,
Ou me transforme em barata.
Falei com entes queridos:
Não façam jangada fraca;
Senão serão engolidos,
E vão é tomar na jaca.

Todo o dia olho pro céu,
Pra ver se vejo um sinal.
Vejo-o como um véu;
Não vislumbro nenhum mal.
Mas vou comprar um chapéu
Pra me sentir bem legal
Pois se for um fogaréu
Estarei em alto astral.

Meu bisavô me falou:
Que seu bisavô dizia
Nostradamus declinou
Escreveu em profecia
Ninguém sentirá mais dor
Que mais dia menos dia
Tudo que ele anotou
De fato aconteceria.

Eu fui ler no livro velho,
O que o profeta falou.
Quase que me destrambelho.
O mundo já acabou!
Nesse livro não me espelho.
Todo louco meu senhor.
Vou morar no cemitério,
Antes que vá, eu já vou.

Isto lá, tá nos escritos.
O mundo vai acabar!
Em água, fogo e detritos,
mas ninguém vai suportar.
Se acabarão os conflitos;
nosso mundo vai mudar.
E no universo infinito,
nova geração surgirá.

Aí só farão o bem,
Os habitantes da terra;
ninguém terá um vintém;
para não entrar em guerra.
Tudo será de ninguém.
É assim que o livro encerra.
Rico e pobre, isso não tem,
Pois se tiver; tudo emperra.

Será que tudo é verdade?
Verdade bem verdadeira?
Eu que vivo em liberdade,
não acredito em asneira.
Mas só por curiosidade,
Vou comendo pela beira.
Espero a oportunidade,
Pra dizer: isso é besteira.

Falei tudo pra um amigo;
Ele saiu na carreira.
Vou procurar um abrigo,
Lá em cima da ladeira.
Se acontecer isso comigo,
Vou morrer de caganeira.
Mas eu que sou do antigo,
Não perco minha estribeira.

Comecei meu planejamento;
Vou pegar toda a família,
Darei pra cada; um jumento,
Vamos lá pra Farroupilha.
Vou cumprir meu juramento
Já tá tudo na planilha
Antes do agravamento
Vou distribuir apostilha.

Nessa apostilha vai ter,
Todo o procedimento;
Os quais todos vão fazer;
Sem que haja contratempo,
Assim é que deve ser.
Se tudo sair a contento
Todos vão sobreviver,
Desse grande turbulento.

Lá no capitulo primeiro,
Se fala do dia a dia
Mauricio será o barbeiro
Quem cozinha é a Maria
Meu irmão toca o pandeiro
Mas quem canta é minha tia
Meu avo; vai no banheiro,
Só tomando anestesia.

A vovó que não tem dente,
Já não pode roer osso.
Tem que comer decente,
Só na hora do almoço;
No resto do experiente
Só dê alimento insosso.
Esconda dela aguardente.
Se ela beber vai pro poço.

Essa viagem só termina,
Quando em Farroupilha chegar.
Minha filha hoje é menina
Casada ela já vai estar.
Não vou rasgar a cortina
Pro povo não se espantar,
Se a coisa toda combina,
Da tragédia vamos escapar.

De todo plano que fiz,
Vai tudo dar bem certinho.
Mas eu vou ser o juiz
Durante todo caminho,
Tracei toda diretriz.
Ninguém andara sozinho,
E quando chegar a noite;
Todos procuram seu ninho.

Já no segundo capitulo;
Vamos tratar do transporte.
Todos vão ter seu cubículo,
De papelão muito forte.
Não achem isso ridículo;
É melhor que um pacote,
Serão abrigos de titulo,
Por favor, não amarrote.

Como a família é grande,
Contratei setenta jegues,
Espero que não desande;
E que ninguém desagregue.
Desejo que nenhum debande,
E que todo mundo trafegue,
Que ninguém corra, só ande
Em vez de espalhar; congregue!

Como já esta definido
O dia do cataclismo.
Vamos a Tambaba unidos,
Passar um mês de nudismo,
Seremos bem acolhidos;
Faremos nossos batismos.
Os homens serão benzidos,
Pra não ter medo de cismo.

As mulheres da caravana,
Ficam fora dessa praia.
Porque pra ficar bacana,
Nunca vão tirar a saia.
Vão ficar lá na cabana
Para não entrar na raia.
Mulher nua com homem,
Tudo vai virar gandaia.

Dois mil e doze já é
O ano pré definido;
Vai pegar no contrapé
Aqueles desprevenidos,
homem, menino e mulher
Devem ser abduzidos
Não vou meter a colher,
Que fique bem entendido.

O dia é vinte e um
Do mês de dezembro sim.
Até lá o zum, zum, zum,
Por certo não terá fim.
No dia faça jejum;
Pra não servir de estopim,
Ou se apegue com Ogum,
Do Candomblé espadim.

Lá no capitulo terceiro,
Vamos falar da chegada.
Em Farroupilha o primeiro,
Vai chegar de madrugada.
Então prepara o terreiro,
Pra fazer a churrascada
Na entrada, um letreiro.
Tá chegando a Nordestada.

Aí vai começar a festança,
Com todo gaúcho irmão.
Vai rolar shop e dança
Com batata e chimarrão.
Então será feita a aliança,
Com nós e o grupo alemão.
Espalharemos confiança,
Que sacramenta a união.

Que faremos com a frota?
Gritarão lá da parada.
Manda tudo pra Pelota,
Providenciar charqueada.
Pega tudo e empacota
Pra iniciar a jornada
Depois faremos paçoca
Pra dar tudo a meninada.

Olharemos o calendário,
A data já terá passado.
Chamaremos de otário,
E comeremos assado,
Aquele protozoário
Que lá no antepassado
Escreveu tudo em glossário,
Que a festa tinha acabado.