segunda-feira, 28 de setembro de 2015
A CÃIBRA
Cavalcante; grande Cavalcante!
Amigo de longas datas, profissional de uma competência impar, caráter ilibado, um pouco extrovertido, finalmente; uma pessoa que podemos chamar de legal.
Voltamos a nos encontrar depois de uns 20 anos de afastamento, foi àquela festa, porque não dizer felicidade. Havíamos nos separado por conta de trabalho, ele tornou-se empresário e eu continuei como executivo em uma empresa prestadora de serviços hospitalares.
Com nosso reencontro, teríamos que reviver velhos hábitos do passado, tais como visitas as residências um do outro, viajarmos juntos com as esposas, coisas que amigos costumam fazer. Só uma coisa havia mudado; somos hoje dois senhores septuagenários, e algumas coisas ou hábitos daquele passado têm que ser executadas com um pouco mais de leveza, isso quando realmente podemos ou tentamos fazer, (vocês entendem do que estou falando).
E em um desses nossos encontros, que aconteceu algo que fugia de tudo que tínhamos programado. Ele o Cavalcante convidou-nos para um final de semana em uma chácara tipo clube de campo, pertencente a um parente seu.
Tudo normal, durante o dia recordamos velhos tempos, lembramo-nos de amigos comuns, falamos até sobre trabalho, (eu aposentado e ele ainda na ativa), isso foi motivo de descontração, visto que esse papo foi regado com um bom Whisky.
Dia seguinte notei que o Cavalcante estava um tanto quanto triste, acabrunhado, pensativo, macambúzio, reticente, pouco falante, fiquei preocupado; visto que, esse não era o mesmo Cavalcante do dia anterior.
Perguntei por diversas vezes o que havia acontecido e o que estava preocupando o amigo? Nada companheiro (respondia o mesmo). Depois de muito insistir, ele disse apenas: foi a *cãibra. (Cãibra: contração muscular súbita, involuntária e dolorosa, de caráter transitório, geralmente. causada por problemas vasculares decorrentes de esforço excessivo ou do frio).
De imediato perguntei: estás dessa forma por causa de uma cãibra? Que é isso rapaz, uma cãibra te deixou sem animo, pra baixo? Ele me olhou e responde fazendo várias perguntas. Já tiveste cãibra naquele lugar? Lá no baixo ventre? E na hora do bem bom? Eu as gargalhadas respondi: Nunca ouvi falar em cãibra no “pinto”, isso pra mim é novidade ou coisa de gente que quer fazer aquilo que já estava esquecido de como se faz.
Como bons amigos eu ria e o Cavalcante balançava a cabeça em sinal de negação.
O resto da manhã, ficamos conversando, mas o amigo continuava preocupado,
Após o almoço nos recolhemos para tirarmos uma *soneca (Soneca: Sono breve; curto período de tempo em que se está dormindo; cochilo. Sono incompleto; sonolência).visto que havíamos tomado umas cervejinhas e precisávamos dirigir de volta a nossas casa. Quando acordamos notei que o Cavalcante estava completamente recuperado, na realidade era outro homem, e vi também que sua esposa a Lourdinha também estava com outro semblante, eles haviam tirado uma soneca juntos.
Perguntei para o Cavalcante em tom de brincadeira, se ele havia melhorado da cãibra?
Ele respondeu sorrindo: “aquilo foi coisa de gente que quer fazer aquilo que já estava esquecido de como se faz”, mas que depois se lembra de como; aí é um santo remédio para curar a cãibra.
Entramos em nossos carros e voltamos para casa eu feliz por ter passado um final de semana com um bom amigo e ele com certeza feliz e cônscio do dever cumprido sem cãibra.
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